Artigos e Opinião

OPINIÃO

"Pirralha ou fedelha?"

Antonio Carlos Siufi Hindo: "Pirralha ou fedelha?"

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A grande imprensa nacional deu um destaque diferenciado às declarações prestadas pelo presidente Bolsonaro ao chamar de pirralha a ativista Greta Thunberg, que exteriorizou as suas opiniões a respeito das queimadas na Amazônia e das mortes de índios no território brasileiro. Não temos nenhuma procuração para fazer a defesa do presidente. O mandatário brasileiro tem um colégio de profissionais para o desempenho dessa importante mister. Ela tem outra vertente. 

O enfoque do artigo está circunscrito à fala da ativista e também à surpresa presidencial. 

A ativista exteriorizou seu pensamento, estribada em documentos que lhe foram apresentados por ONGs – com as colocações próprias e impróprias dessas organizações. Dissiparam-se como as nuvens. Não poderia ser outra nossa interpretação. Primeiro porque as declarações não mudam a política do governo nessas áreas. Depois porque o colóquio de Madrid teve um fim desastroso. Nesse contexto, temos que o mandatário brasileiro, ao se expressar daquela forma, não quis menosprezar a dignidade da pessoa humana. Não pretendeu de outro vértice machucar nenhum sentimento. No dicionário da nossa língua portuguesa o termo pirralha é indicativo de criancice, de ação infantil ou mesmo de menina. 

Todavia, se o termo usado por Bolsonaro fosse outro, como, por exemplo, fedelha, a intenção seria a mesma, embora de forma pejorativa indicasse a qualidade da criança ou do adolescente com pretensões de adulto. Mas esse é um tema para ser tratado pelos nossos experts na área, os professores de Língua Portuguesa. Os nossos imortais da Academia de Letras do Estado também possuem essa autoridade. Tem o domínio do vernáculo. Mas, de qualquer forma, tratam-se de interpretações diferenciadas que precisam ser respeitadas. 

O estardalhaço que as declarações produziram pode ser debitado por conta da cultura do povo brasileiro que impede a correta interpretação do termo. As nossas crianças, os adolescentes, os jovens e também uma parcela significativa dos nossos adultos não possuem o razoável domínio da nossa língua. Nesse contexto, surge a imprensa com os seus principais protagonistas emprestando o brilho das suas interpretações. Podem formar opiniões a favor e contra o pronunciamento presidencial. 

Em todos esses contextos existem ainda outros tantos oceanos de interpretação que podem ser emprestados para o enfrentamento do tema. O que temos de concreto é que a ativista não se sentiu indignada. Mudou seu indicativo nas redes sociais para pirralha. Aqui também cabe outra interpretação. Depois foi a vez de Trump. Chamou de idiota os diretores da revista americana que homenageou a ativista. Fez um elogio à ativista, que mudou novamente o seu indicativo nas redes sociais para homenagear o mandatário norte-americano. Sempre com espírito elevado. Não houve nenhuma repercussão na grande imprensa internacional. 

Dias desses, o presidente Donald Trump voltou a surpreender o mundo com outras declarações bombásticas. Disse a Emmanuel Macron que a França estaria falando, nos dias que correm, a língua alemã se não fosse a intervenção americana na Segunda Grande Guerra Mundial. Claro que a frase teve o indicativo de brincadeira. Do tamanho exato da inteligência dos seus protagonistas. Nada mais. Essas alfinetadas ou provocações no bom sentido tornam a política interessante, atraente e divertida. Também, questionadora. Deixam marcas indeléveis. É assim que marcha a humanidade. A história segue inexoravelmente o seu curso. Novos fatos inusitados surgirão. Outras interpretações surpreenderão a grande imprensa. 

A política é assim mesmo dinâmica e resulta capaz de produzir belos espetáculos teatrais. Essa passagem significativa traz-me à lembrança o grande político João Leite Schimidt, cidadão ilustre do nosso Estado e filho singular da sua sempre linda e amada Coxim. Salientou o ilustre homem público em um colóquio na cidade de Campo Grande que a atividade política, quando rotineira, fica insossa, sem graça e desmotivada. Precisa haver, de vez em quando, essas intervenções criativas e com a formação de protagonismos que possam despertar nos cidadãos o gosto pela compreensão dos fatos que os circundam. Disso dou meu testemunho. Trata-se de uma grande verdade. Um verdadeiro e precioso dogma. 

Essas brincadeiras, quando surgem no arco-íris do bom gosto e sem nenhum indicativo de ofensas à dignidade pessoal das partes envolvidas, evidencia o humor dos protagonistas e ainda engrandece a política como instrumento garantidor da democracia. Simples assim.

EDITORIAL

2026: o ano do cerco ao crime organizado

Que 2026 seja, de fato, o ano em que o Estado brasileiro avance além do discurso eleitoral e entregue à sociedade ações concretas, eficazes e permanentes

22/12/2025 07h15

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O ano de 2026 desponta no horizonte como um marco decisivo para o enfrentamento ao crime organizado no Brasil. Não por acaso, trata-se de um ano eleitoral, quando a segurança pública volta a ocupar o centro do debate político e social.

Mas seria um erro reduzir o endurecimento do discurso e das ações apenas ao calendário das urnas. A realidade impõe, por si só, uma resposta mais firme, coordenada e inteligente do Estado frente ao avanço das facções criminosas e à sofisticação de suas engrenagens financeiras e operacionais.

É verdade que, em anos eleitorais, governos tendem a intensificar operações e anúncios na área da segurança. A sociedade, cansada da violência cotidiana, cobra respostas.

Ainda assim, pouco importa a motivação inicial, desde que as ações sejam efetivas, estratégicas e produzam resultados duradouros. Combater o crime organizado não pode ser sinônimo de operações midiáticas ou ações pontuais. É preciso ir ao coração do problema: o dinheiro.

Descapitalizar e desmobilizar quadrilhas deve ser o objetivo central. Facções sobrevivem e se expandem porque movimentam cifras milionárias, lavadas por meio de empresas de fachada, contratos simulados, criptomoedas e uma infinidade de artifícios cada vez mais sofisticados.

Sem atacar a lavagem de dinheiro, qualquer combate ao crime será superficial e ineficaz. O mesmo vale para os golpes cibernéticos, que se multiplicam em velocidade alarmante, atingindo cidadãos comuns, empresas e o próprio poder público.

A criminalidade de rua também precisa ser enfrentada com seriedade. Roubos e furtos, especialmente de telefones celulares, tornaram-se uma epidemia urbana.

Para muitas famílias de baixa renda, o celular é o principal – e às vezes o único – patrimônio, além de ferramenta essencial de trabalho, comunicação e acesso a serviços básicos. Proteger esse bem é, também, proteger a dignidade de milhões de brasileiros.

No contexto regional, o alerta é ainda mais grave. Combater o crime organizado é também impedir que grandes facções ampliem seu domínio territorial.

Mato Grosso do Sul já convive com a presença do PCC e do Comando Vermelho, organizações conhecidas por sua capacidade de infiltração, violência e articulação interestadual.

Agora, conforme mostramos nesta edição, o Terceiro Comando Puro (TCP) também chegou ao Estado. Trata-se de mais uma engrenagem criminosa a disputar espaço, rotas, mercados ilegais e poder.

Esse cenário exige das forças de segurança muito mais do que retórica. É necessário levar esse combate a sério, com integração entre polícias, Ministério Público, Judiciário e órgãos de inteligência financeira. Investigações técnicas, compartilhamento de informações, uso de tecnologia e foco na asfixia financeira das facções precisam ser prioridades absolutas.

O crime organizado não se combate apenas com viaturas nas ruas, mas com inteligência, planejamento e coragem institucional.

Que 2026 seja, de fato, o ano em que o Estado brasileiro avance além do discurso eleitoral e entregue à sociedade ações concretas, eficazes e permanentes. A população já esperou demais.

ARTIGOS

Câncer na juventude: inesperado e devastador

Costuma ser associada a idosos, porém isso é um engano fatal, porque desde que nascemos, estamos sujeitos a ela

20/12/2025 07h45

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O diagnóstico de câncer não é algo simples, pois muitas vezes requer diversos exames. Mas, desde o momento em que se cogita a possibilidade, o reflexo desta simples suposição começa a impactar a vida do paciente e de todos à sua volta.

Esta doença costuma ser associada a idosos, porém isso é um engano fatal, porque desde que nascemos, estamos sujeitos a ela. São tipos e riscos diferentes, mas tanto um bebê quanto um idoso podem sofrer de câncer.

Um idoso entende a doença como consequência da sua longevidade, e um bebê não compreende o que está acontecendo. Porém, um jovem, que muitas vezes se acha imortal, com tantos anos de vida pela frente, sofre um abalo devastador, não apenas financeiro, mas também emocional.

Um jovem acha que pode superar qualquer obstáculo, e, de repente, a vida lhe coloca diante de uma doença que pode abreviar sua longa história, transformando o que seria um livro num simples artigo de uma página. 

Nada passa a ser racional. Alguns são mais receptivos, outros mais agressivos. O fato é que toda ajuda será necessária, e agora aquele jovem independente e invencível precisará entender que, sozinho, não vai a lugar nenhum.

Um jovem morrendo não é algo fácil para seus pais, família e amigos aceitarem. A doença se entranha na estrutura familiar e abala seus alicerces. 

A vida social é deixada de lado para enfrentar um tratamento no qual o paciente não sabe se sairá vivo ao final. Sua vida está por um fio, e ele precisa acreditar que vai dar certo, ter esperança. Por isso, o suporte emocional é um forte aliado no sucesso do tratamento.

Existem entidades privadas e governamentais que trabalham para reduzir o sofrimento criando bancos de sangue e órgãos, profissionais que dão apoio, organizações que apoiam financeiramente o tratamento, voluntários que se propõem a ajudar no dia a dia. 

Nessa busca por suporte, apesar do importante papel das entidades, é nas histórias contadas por meio de livros, filmes e outras famílias que o paciente encontra um colo para deitar, um ombro amigo. São experiências que foram vividas por outras pessoas, mas que servem de referência sobre as batalhas que estão por vir, as mudanças de hábitos, sequelas e dores.

São histórias de vida e de superação que transmitem acolhimento, trazem esperança e dão forças para seguir em frente na busca da cura de uma doença implacável que não tem idade.

Essas histórias criam conexões que afastam a solidão, trazem o conhecimento de quem passou pela mesma dor e ajudam a criar pontes para superar os maus momentos.

É importante que o jovem perceba que não está enfrentando essa batalha sozinho, que ele se sinta acolhido, que acredite no tratamento. Como toda doença, identificar cedo é importante e a melhor chance de cura. Vamos estar alertas porque ninguém está livre do câncer.

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