Mato Grosso do Sul está próximo de viver uma transformação logística histórica. Depois de décadas em que a malha rodoviária foi tratada como problema secundário, começam a se consolidar investimentos robustos em segurança e modernização.
As concessões da BR-163 e dos trechos a leste das rodovias BR-262 e BR-267, já contratadas com a iniciativa privada, representam um avanço que pode mudar não apenas o transporte de cargas, mas a vida de todos que trafegam diariamente por essas estradas.
As obras previstas não se limitam à duplicação de pistas – recurso essencial nos trechos de maior movimento. A ampliação da largura das vias em áreas onde a duplicação não é viável, somada à implantação de terceiras faixas em diversos pontos, mostra uma preocupação técnica: dar fluidez ao tráfego, reduzir ultrapassagens arriscadas e, sobretudo, salvar vidas.
Porque segurança viária não se mede apenas em estatísticas de fluxo, mas em acidentes evitados, famílias preservadas e histórias que deixam de ser interrompidas.
É comum atribuir as tragédias nas estradas ao álcool, ao excesso de velocidade ou à imprudência de motoristas. Fatores humanos são, de fato, relevantes. Mas insistir apenas nessa explicação é ignorar metade do problema.
A infraestrutura também determina o nível de risco. Rodovias bem conservadas, com pistas duplas, sinalização eficiente e terceiras faixas abundantes, reduzem drasticamente o número de colisões frontais e de acidentes graves. Onde o investimento chega, a violência no trânsito recua. Onde falta, a morte insiste em fazer morada.
O quadro atual ainda é alarmante. Como mostramos nesta edição, as rodovias de Mato Grosso do Sul seguem violentas. A cada semana, seguem os registros de vidas interrompidas em trechos que, em muitos casos, já deveriam ter sido modernizados.
E a lição é clara: só haverá mudança estrutural quando os investimentos forem priorizados. Segurança no trânsito custa caro, é verdade. Mas nada é mais dispendioso – social e moralmente – do que a perda de vidas em acidentes que poderiam ser evitados.
Diante do volume de recursos que o poder público arrecada nas três esferas e do tanto que se perde em burocracia e ineficiência, a pergunta não pode ser evitada: quanto vale a vida do usuário da rodovia? O Estado brasileiro precisa responder não com discursos, mas com obras.
A transformação logística que se avizinha em Mato Grosso do Sul será um marco. Mas só será histórica, de fato, se for medida não apenas em quilômetros de asfalto, e, sim, em vidas preservadas.


