A safra que acaba de ser colhida em Mato Grosso do Sul é motivo de comemoração – e de reflexão. Conforme o leitor poderá conferir com mais detalhes adiante, trata-se da segunda maior colheita da história do Estado, um feito notável que merece destaque, não apenas pelos números impressionantes, mas também pelas circunstâncias em que foi alcançado.
Em um ano marcado por desafios climáticos, com períodos de estiagem severa e chuvas mal distribuídas, seria natural esperar perdas mais significativas na produtividade. No entanto, o campo sul-mato-grossense deu uma demonstração inequívoca de sua resiliência e capacidade de adaptação. A safra, apesar das adversidades, manteve-se robusta e produtiva, superando previsões pessimistas e se consolidando como um marco na história recente do agronegócio local.
Esse desempenho é, acima de tudo, simbólico. Ele expressa a força do agro em Mato Grosso do Sul, setor que se confirma como coluna vertebral da economia estadual. Não é exagero dizer que, em um momento de incertezas para muitos segmentos, o campo foi – mais uma vez – o alicerce da estabilidade econômica. A produtividade recorde não beneficia apenas produtores e trabalhadores do setor rural, mas também reverbera por toda a cadeia econômica, do transporte à indústria, do comércio ao setor de serviços.
É também uma vitória moral. Durante o ciclo da safra, não foram poucas as notícias desanimadoras: atrasos, perdas pontuais, preços pressionados. E, no entanto, o desfecho é honroso. A colheita se encerra com dignidade e impacto positivo, reforçando a importância do trabalho árduo e da competência técnica de quem vive da terra. Um alento em tempos tão carentes de boas notícias.
Mas é justamente no êxito que se encontram as melhores oportunidades de aprendizado. Para as próximas safras, o primeiro desejo é de que o regime de chuvas colabore – o que sempre estará fora do nosso controle. Contudo, cabe a todos os elos da cadeia produtiva trabalhar para que os impactos climáticos sejam mitigados com mais planejamento, tecnologia e segurança, inclusive com instrumentos de crédito, seguro rural e gestão de risco cada vez mais acessíveis e eficientes.
Além disso, há um desafio estratégico a ser encarado com mais ambição: é preciso transformar mais e exportar menos matéria-prima in natura. A agroindústria deve ser fortalecida para agregar valor à produção local. Soja e milho, por exemplo, podem – e devem – dar origem a ração animal, biocombustíveis, alimentos processados, produtos farmacêuticos, entre outros. Isso significa mais empregos, mais arrecadação e mais desenvolvimento para o Estado como um todo.
Em resumo, esta foi uma safra histórica, não apenas pelos números, mas pelo que representa em termos de superação, competência e potencial de futuro. Que ela sirva de inspiração – e de ponto de partida – para um novo ciclo de crescimento sustentável, com inovação, segurança e industrialização. Mato Grosso do Sul mostrou sua força. Agora é hora de transformar essa força em oportunidades ainda maiores.



