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Stalking: o crime que parece roteiro de filme de terror

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Não é de hoje que o ser humano e suas relações interpessoais são alvo de estudos. Tais relações formam, inclusive, tipos penais novos, a partir de condutas tidas como inaceitáveis na sociedade, e que passam, portanto, a serem consideradas condutas criminosas. O mais novo delito do Código Penal, inserido pela Lei nº 14.132, de 2021, trata-se de um crime silencioso e sorrateiro, mas igualmente perigoso. Diz respeito ao artigo 147-A, que torna criminosa a conduta de perseguir alguém.

Pela lei brasileira, o ato de perseguir ou, em inglês, stalkear alguém significa ter condutas reiteradas que envolvam mandar mensagens excessivas, ligações telefônicas muitas vezes ao dia, estar sempre nos mesmos locais que sua vítima, saber tudo sobre a vida ou o paradeiro da outra, etc. O que parecem situações, em um primeiro momento, inofensivas acabam por apresentar um risco grande à vítima do crime de stalking/ perseguição, pois, quando se dão conta da gravidade e da intensidade que as atitudes do(a) agressor(a) tomaram, já é difícil desvencilhar-se de seu algoz. 

O agressor, aquele que comete o delito de stalking, muitas vezes entende legítimo seu comportamento, pois pode sofrer de uma condição psíquica chamada de erotomania, também conhecida como síndrome do amor não correspondido ou síndrome de Clerembault. Tal síndrome tem por explicação uma condição de mania, ou seja, de estado não normal do psíquico de alguém, em que a pessoa acredita estar em um relacionamento com sua vítima, quando, na verdade, muitas vezes mal se conhecem. 

Mas o crime de stalking não ocorre somente na modalidade romântica, pode vir também em um contexto em que a agressora ou agressor buscam proximidade com suas vítimas de forma a serem amigos/amigas, tentando enturmar-se em um grupo social ou familiar. Sendo rejeitados(as) por qualquer motivo, sentem-se humilhados e, a partir daí, usam da violência psicológica, e às vezes física, para atingirem aqueles que o(a) ignoraram.

Essa perseguição física e/ou virtual imputa graves prejuízos à vida da vítima, e a problemática do crime de stalking vai muito além de um “simples incômodo”. Na verdade, o delito de perseguir traduz-se com atitudes doentias que passam a limitar a vida das vítimas, que se sentem acuadas até mesmo para saírem de suas casas e viverem suas vidas cotidianas, pois passam a temer as aproximações insistentes de seus agressores.

O stalking destaca e ofende um dos principais princípios constitucionais do ser humano: a liberdade. A forma com a qual o(a) agressor(a) expõe, até mesmo de forma on-line, por meio das redes sociais (cyberstalking), acaba por difamar e prejudicar suas vítimas, que se sentem expostas por alguém com quem sequer têm intimidade.

O delito, agora tipificado no Código Penal, pode levar uma pessoa, quando condenada, a uma pena que varia de seis meses a dois anos de reclusão, podendo essa pena chegar a quatro anos se for cometida contra criança/adolescente, mulher ou idoso ou com uso de arma de fogo. Por enquanto, o crime possui uma abordagem embrionária, sendo necessário que juristas de todos os âmbitos, sejam advogados, autoridades policiais, juízes, serventuários da Justiça como um todo, estudem e consigam, ao ouvir o relato da vítima, identificar com precisão, a fim de que não haja subnotificação, ou seja, falta de registros precisos dos casos.

Com a evolução da internet, o que se pode esperar é que a modalidade do cyberstalking seja uma prática cada vez mais comum, em especial pela falsa sensação de impunidade que perfis fakes nas redes podem gerar aos possíveis stalkers. Para as vítimas, a orientação principal é que, ao identificarem que estão sendo perseguidas, seja de forma física ou virtual (ou ambas), procurem a delegacia mais próxima para registrar a ocorrência, por meio de um boletim de ocorrência, em que conste o delito de perseguição e outros que eventualmente tenham sido cometidos em conjunto. Ao registrar o B.O., a vítima pode procurar um advogado para requerer judicialmente outras medidas em desfavor de seu agressor, como, por exemplo, as medidas cautelares, com eventual prisão.

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EDITORIAL

2026: o ano do cerco ao crime organizado

Que 2026 seja, de fato, o ano em que o Estado brasileiro avance além do discurso eleitoral e entregue à sociedade ações concretas, eficazes e permanentes

22/12/2025 07h15

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O ano de 2026 desponta no horizonte como um marco decisivo para o enfrentamento ao crime organizado no Brasil. Não por acaso, trata-se de um ano eleitoral, quando a segurança pública volta a ocupar o centro do debate político e social.

Mas seria um erro reduzir o endurecimento do discurso e das ações apenas ao calendário das urnas. A realidade impõe, por si só, uma resposta mais firme, coordenada e inteligente do Estado frente ao avanço das facções criminosas e à sofisticação de suas engrenagens financeiras e operacionais.

É verdade que, em anos eleitorais, governos tendem a intensificar operações e anúncios na área da segurança. A sociedade, cansada da violência cotidiana, cobra respostas.

Ainda assim, pouco importa a motivação inicial, desde que as ações sejam efetivas, estratégicas e produzam resultados duradouros. Combater o crime organizado não pode ser sinônimo de operações midiáticas ou ações pontuais. É preciso ir ao coração do problema: o dinheiro.

Descapitalizar e desmobilizar quadrilhas deve ser o objetivo central. Facções sobrevivem e se expandem porque movimentam cifras milionárias, lavadas por meio de empresas de fachada, contratos simulados, criptomoedas e uma infinidade de artifícios cada vez mais sofisticados.

Sem atacar a lavagem de dinheiro, qualquer combate ao crime será superficial e ineficaz. O mesmo vale para os golpes cibernéticos, que se multiplicam em velocidade alarmante, atingindo cidadãos comuns, empresas e o próprio poder público.

A criminalidade de rua também precisa ser enfrentada com seriedade. Roubos e furtos, especialmente de telefones celulares, tornaram-se uma epidemia urbana.

Para muitas famílias de baixa renda, o celular é o principal – e às vezes o único – patrimônio, além de ferramenta essencial de trabalho, comunicação e acesso a serviços básicos. Proteger esse bem é, também, proteger a dignidade de milhões de brasileiros.

No contexto regional, o alerta é ainda mais grave. Combater o crime organizado é também impedir que grandes facções ampliem seu domínio territorial.

Mato Grosso do Sul já convive com a presença do PCC e do Comando Vermelho, organizações conhecidas por sua capacidade de infiltração, violência e articulação interestadual.

Agora, conforme mostramos nesta edição, o Terceiro Comando Puro (TCP) também chegou ao Estado. Trata-se de mais uma engrenagem criminosa a disputar espaço, rotas, mercados ilegais e poder.

Esse cenário exige das forças de segurança muito mais do que retórica. É necessário levar esse combate a sério, com integração entre polícias, Ministério Público, Judiciário e órgãos de inteligência financeira. Investigações técnicas, compartilhamento de informações, uso de tecnologia e foco na asfixia financeira das facções precisam ser prioridades absolutas.

O crime organizado não se combate apenas com viaturas nas ruas, mas com inteligência, planejamento e coragem institucional.

Que 2026 seja, de fato, o ano em que o Estado brasileiro avance além do discurso eleitoral e entregue à sociedade ações concretas, eficazes e permanentes. A população já esperou demais.

ARTIGOS

Câncer na juventude: inesperado e devastador

Costuma ser associada a idosos, porém isso é um engano fatal, porque desde que nascemos, estamos sujeitos a ela

20/12/2025 07h45

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O diagnóstico de câncer não é algo simples, pois muitas vezes requer diversos exames. Mas, desde o momento em que se cogita a possibilidade, o reflexo desta simples suposição começa a impactar a vida do paciente e de todos à sua volta.

Esta doença costuma ser associada a idosos, porém isso é um engano fatal, porque desde que nascemos, estamos sujeitos a ela. São tipos e riscos diferentes, mas tanto um bebê quanto um idoso podem sofrer de câncer.

Um idoso entende a doença como consequência da sua longevidade, e um bebê não compreende o que está acontecendo. Porém, um jovem, que muitas vezes se acha imortal, com tantos anos de vida pela frente, sofre um abalo devastador, não apenas financeiro, mas também emocional.

Um jovem acha que pode superar qualquer obstáculo, e, de repente, a vida lhe coloca diante de uma doença que pode abreviar sua longa história, transformando o que seria um livro num simples artigo de uma página. 

Nada passa a ser racional. Alguns são mais receptivos, outros mais agressivos. O fato é que toda ajuda será necessária, e agora aquele jovem independente e invencível precisará entender que, sozinho, não vai a lugar nenhum.

Um jovem morrendo não é algo fácil para seus pais, família e amigos aceitarem. A doença se entranha na estrutura familiar e abala seus alicerces. 

A vida social é deixada de lado para enfrentar um tratamento no qual o paciente não sabe se sairá vivo ao final. Sua vida está por um fio, e ele precisa acreditar que vai dar certo, ter esperança. Por isso, o suporte emocional é um forte aliado no sucesso do tratamento.

Existem entidades privadas e governamentais que trabalham para reduzir o sofrimento criando bancos de sangue e órgãos, profissionais que dão apoio, organizações que apoiam financeiramente o tratamento, voluntários que se propõem a ajudar no dia a dia. 

Nessa busca por suporte, apesar do importante papel das entidades, é nas histórias contadas por meio de livros, filmes e outras famílias que o paciente encontra um colo para deitar, um ombro amigo. São experiências que foram vividas por outras pessoas, mas que servem de referência sobre as batalhas que estão por vir, as mudanças de hábitos, sequelas e dores.

São histórias de vida e de superação que transmitem acolhimento, trazem esperança e dão forças para seguir em frente na busca da cura de uma doença implacável que não tem idade.

Essas histórias criam conexões que afastam a solidão, trazem o conhecimento de quem passou pela mesma dor e ajudam a criar pontes para superar os maus momentos.

É importante que o jovem perceba que não está enfrentando essa batalha sozinho, que ele se sinta acolhido, que acredite no tratamento. Como toda doença, identificar cedo é importante e a melhor chance de cura. Vamos estar alertas porque ninguém está livre do câncer.

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