Talvez o que mais perturbe a mente do ser humano seja o fato de querer amar e ser amado. As correntes filosóficas e as escolas espiritualistas se empenham em discernir o sentido e a importância do amor na vida e nos relacionamentos humanos. Muitas são as tentativas de explicar. Muitos e variados são os posicionamentos em torno desse sentimento.
Permanecem dúvidas por toda a parte. As especulações continuam. E as respostas demoram a ser convincentes. A inteligência continua nas buscas de conceitos e efeitos. Constata limitações a cada dia mais reais por não conseguir posicionar-se diante dos fatos que desafiam tanto o raciocínio quanto a fé.
Será preciso ter claro que o amor é um valor espiritual, e não apenas social. Precisamos ter claro que amar se torna um desafio permanente para nossas pesquisas e nossas buscas. Nada melhor e mais seguro para nossa compreensão do que buscar no livro sagrado o conteúdo e o desenvolvimento dessa riqueza sobrenatural.
Para os homens e mulheres que compõem a sociedade, o amor é visto como fonte de um relacionamento afetivo. E, por isso, a tendência será amar quem nos ama e odiar quem nos odeia. Fazer o bem para quem nos faz o bem e fazer o mal para quem nos faz o mal.
Para os cristãos tudo deverá ser diferente. A Bíblia Sagrada nos mostra com clareza qual a maneira de amar, quem se deve amar e quanto será preciso amar. E o Mestre dos mestres é quem nos propõe um desafio vital. Um desafio que atinge o íntimo do ser: “Amai os vossos inimigos, fazei o bem a quem vos odeia, abençoai aos que vos amaldiçoam e orai pelos que vos injuriam” (Lc. 6, 27).
Essa proposta significa um compromisso vital de fazer o mesmo que o Mestre fez por nós quando no alto da cruz pediu ao Pai que perdoasse os que o estavam crucificando. Na sua humildade, dizia que aqueles malfeitores não sabiam o que estavam fazendo. Com isso, revelou a generosidade do seu coração. Revelou a misericórdia infinita do Pai.
Essa é a medida de amor que Deus deixa a todos: ser misericordioso com os demais quanto ele é para nós; perdoar o tanto quanto ele nos perdoa; amar o tanto quanto ele nos ama; procurar não ser para os outros o que eles são para nós e evitar a falsidade e a vingança; se alguém lhe ferir uma face, oferece-lhe a outra. E estará demonstrando maturidade na fé.
A vingança é atitude de covardes. O perdão é atitude do cristão. A regra de ouro da vida do cristão de acordo com os ensinamentos do Mestre se resume nessa expressão: “O que vocês desejam que os outros façam a vocês, isso vocês façam a eles”. Não será fácil viver de acordo com esses ensinamentos. A tendência será revidar com a mesma moeda.
No entanto, a consciência só terá paz a partir de atitudes de compreensão, de respeito e de amor transformador. A vingança só provocará vingança e produzirá mortes. Só o perdão poderá produzir vida.
Entenderemos que só o amor poderá atualizar o gesto do pai do filho pródigo que o acolhe com veste nova, sandálias novas, anel novo e banquete novo para celebrar a vida nova.


