Artigos e Opinião

ARTIGO

Venildo Trevisan: "Maneira de amar"

Frei

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Talvez o que mais perturbe a mente do ser humano seja o fato de querer amar e ser amado. As correntes filosóficas e as escolas espiritualistas se empenham em discernir o sentido e a importância do amor na vida e nos relacionamentos humanos. Muitas são as tentativas de explicar. Muitos e  variados são os posicionamentos em torno  desse sentimento.

Permanecem dúvidas por toda a parte. As especulações continuam. E as respostas demoram a ser convincentes. A inteligência continua nas buscas de conceitos e efeitos. Constata limitações a cada dia mais reais por não conseguir posicionar-se diante dos fatos que desafiam tanto o raciocínio quanto a fé.
Será preciso ter claro que o amor é um valor espiritual, e não apenas social. Precisamos ter claro que amar se torna um desafio permanente para nossas pesquisas e nossas buscas. Nada melhor e mais seguro para nossa compreensão do que buscar no livro sagrado o conteúdo e o desenvolvimento dessa riqueza sobrenatural.

Para os homens e mulheres que compõem a sociedade, o amor é visto como fonte de um relacionamento afetivo. E, por isso, a tendência será amar quem nos ama e odiar quem nos odeia. Fazer o bem para quem nos faz o bem e fazer o mal para quem nos faz o mal.

Para os cristãos tudo deverá ser diferente. A Bíblia Sagrada nos mostra com clareza qual a maneira de amar, quem se deve amar e quanto será preciso amar. E o Mestre dos mestres é quem nos propõe um desafio vital. Um desafio que atinge o íntimo do ser: “Amai os vossos inimigos, fazei o bem a quem vos odeia, abençoai aos que vos amaldiçoam e orai pelos que vos injuriam” (Lc. 6, 27).

Essa proposta significa um compromisso vital de fazer o mesmo que o Mestre fez por nós quando no alto da cruz pediu ao Pai que perdoasse os que o estavam crucificando. Na sua humildade, dizia que aqueles malfeitores não sabiam o que estavam fazendo. Com isso, revelou a generosidade do seu coração. Revelou a misericórdia infinita do Pai.

Essa é a medida de amor que Deus deixa a todos: ser misericordioso com os demais quanto ele é para nós; perdoar o tanto quanto ele nos perdoa; amar o tanto quanto ele nos ama; procurar não ser para os outros o que eles são para nós e evitar a falsidade e a vingança; se alguém lhe ferir uma face, oferece-lhe a outra. E estará demonstrando maturidade na fé.

A vingança é atitude de covardes. O perdão é atitude do cristão. A regra de ouro da vida do cristão de acordo com os ensinamentos do Mestre se resume nessa expressão: “O que vocês desejam que os outros façam a vocês, isso vocês façam a eles”. Não será fácil viver de acordo com esses ensinamentos. A tendência será revidar com a mesma moeda.

No entanto, a consciência só terá paz a partir de atitudes de compreensão, de respeito e de amor transformador. A vingança só provocará vingança e produzirá mortes. Só o perdão poderá produzir vida.
Entenderemos que só o amor poderá atualizar o gesto do pai do filho pródigo que o acolhe com veste nova, sandálias novas, anel novo e banquete novo para celebrar a vida nova.

EDITORIAL

Crises de fim de ano expõem falha na gestão

A raiz comum dessas crises é conhecida, embora frequentemente ignorada: mau planejamento, gestão ineficiente e falta de zelo por parte de quem executa

19/12/2025 07h15

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A virada para 2026 entra para a história recente de Campo Grande como uma das mais conturbadas dos últimos anos. Talvez desde meados da década passada não se via uma sucessão tão clara de crises financeiras e falhas na engrenagem dos serviços públicos locais justamente no momento em que a cidade deveria buscar estabilidade para atravessar o novo ano.

O problema não é pontual tampouco isolado: ele se repete em áreas essenciais e expõe fragilidades estruturais que vêm sendo empurradas com a barriga.

A greve do transporte coletivo, encerrada apenas no início da noite de ontem, é um retrato fiel desse cenário. Durante quatro dias, a população ficou refém de um sistema que parou porque o Consórcio Guaicurus não tinha recursos para pagar salários.

A solução não veio de uma gestão eficiente ou de um planejamento responsável, mas de um socorro emergencial do governo do Estado, que antecipou mais de R$ 3 milhões referentes a uma das parcelas do subsídio ao passe do estudante. Ou seja, o serviço só voltou a funcionar quando o dinheiro público entrou para tapar mais um buraco.

Situação semelhante se repete na Saúde. A Santa Casa, há anos em crise, agora está sob determinação judicial para apresentar um plano capaz de enfrentar um deficit que parece não ter fim. No transporte coletivo, a Justiça foi além e determinou uma intervenção no consórcio responsável pelo serviço.

Quando decisões judiciais passam a ditar os rumos da gestão, fica evidente que algo falhou muito antes, seja na formulação dos contratos, seja na fiscalização ou na condução cotidiana desses serviços.

A raiz comum dessas crises é conhecida, embora frequentemente ignorada: mau planejamento, gestão ineficiente e falta de zelo por parte de quem executa e, principalmente, de quem deveria fiscalizar contratos milionários. Não se trata apenas de escassez de recursos.

Trata-se de como esses recursos são utilizados, de modelos que se mostram esgotados e de contratos que não resistem ao primeiro choque mais sério.

O mais preocupante é que, mesmo após a injeção de milhões de reais do poder público na Santa Casa e no Consórcio Guaicurus, o dinheiro continua insuficiente. Isso deixa claro que o problema é estrutural.

As verbas estão, de fato, mais apertadas neste ano, mas a crise não nasceu agora. Ela é fruto de anos de escolhas erradas, de ausência de transparência e de tolerância com resultados ruins.

A virada de ano conturbada serve, portanto, como um alerta. Não basta apagar incêndios com aportes emergenciais, é preciso rever modelos, refazer contas, cobrar responsabilidades e, sobretudo, planejar com seriedade.

Caso contrário, Campo Grande corre o risco de transformar crises excepcionais em rotina permanente, e isso, definitivamente, a cidade não pode mais aceitar.

ARTIGOS

O combalido Congresso Nacional

A prática do corporativismo, dos conchavos, da legislação em causa própria, com um "orçamento secreto" que nada mais é do que um passaporte para a impunidade, aprovado na calada da noite

18/12/2025 07h45

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Para falar sobre o tema, não poderia deixar de citar uma frase célebre do ilustre brasileiro Ruy Barbosa, que foi político, jurista, advogado, diplomata e jornalista, nascido em 1849 e falecido em 1923.

“De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto”.

Uma frase com cerca de um século de sua criação nunca foi tão atual, se comparada com os mórbidos acontecimentos vividos neste último período pela Câmara dos Deputados.

Fica evidente a prática do corporativismo, dos conchavos, da legislação em causa própria, com um “orçamento secreto” que nada mais é do que um passaporte para a impunidade, aprovado na calada da noite, propiciando a prática de atos ilícitos e imorais, travestidos de legalidade.

Deputados processados pelos mais variados tipos de crime, inclusive de lesa-pátria, incitando nação poderosa a invadir nosso país e a causar enormes prejuízos às classes produtoras e trabalhadoras, que geram as receitas que proporcionam a força necessária ao bom funcionamento da roda da economia.

Pior: parece que tudo o que vem acontecendo é encarado como fato corriqueiro pelo comandante da Câmara dos Deputados, que até chegou a ser deposto de sua cadeira por um grupo de parlamentares desordeiros e, até o momento, sem qualquer punição.

As telecomunicações alcançaram níveis impensáveis em termos de transmissão de dados, como imagens e sons de alta precisão, e, com isso, o planeta Terra tem assistido às barbáries ocorridas no plenário da Casa de Leis, habitada por um seleto grupo de homens e mulheres escolhidos pelo voto e que lhes proporciona os mais variados tipos de privilégios, consumindo recursos bilionários oriundos de pessoas físicas e jurídicas pagadoras de impostos, que não veem o necessário retorno em obras e serviços essenciais, como saúde, segurança pública e transportes.

Um fator preponderante para a continuidade desses desmandos é a hereditariedade nos cargos políticos, em que os ungidos não precisam provar capacidade técnica ou profissional para exercer um mandato.

Basta ter QI de força para manter em cabrestos os seus apaniguados, com nomeações que os tornam fiéis aos seus patrões e que, quase sempre, só deixam o cargo aposentados, com gordos salários, diferentemente do trabalhador brasileiro aposentado pelo famigerado INSS.

No ano que vem, teremos eleições majoritárias. É evidente que quem está lá não quer sair, mas está passando da hora de o cidadão consciente valorizar o poder de sua arma, qual seja, o Título Eleitoral, para promover a varredura necessária no Poder Legislativo, tanto federal como estaduais.

Por uma questão de justiça, a exceção se faz em relação aos parlamentares que reconhecidamente prestam bons serviços à comunidade.

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