Artigos e Opinião

OPINIÃO

Venildo Trevizan: "O melhor lugar"

Frei

Redação

31/08/2019 - 01h00
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Muitos são os desejos que perambulam pela mente humana. São desejos de saúde, de felicidade, de um bom emprego, de riqueza e de sucesso, sem contar com um enorme desejo de paz, de harmonia e de uma vida saudável. Esses e muitos outros motivam as mais diversas atitudes na convivência humana.

Algumas dessas atitudes são programadas e outras afloram em momentos inesperados. Podem ser vistas como atitudes que não deixam muito espaço para o raciocínio. Ou serão atitudes provocadas pela ganância de ser o melhor, o mais poderoso e o mais rico. E isso muitas vezes provoca desentendimentos, atritos familiares e divisões de interesses.

Essa ganância é causadora de mal estar no ambiente em que convive. Embora saibamos que todos tem direito a um bom lugar, a um valioso prêmio e ao sucesso em seus empreendimentos, mesmo assim faz-se necessário o devido respeito pelos demais e muita compreensão com os mais fragilizados.

Essa ganância é muito perigosa. Tenho a impressão de que chega a criar como que uma venda nos olhos, não permitindo enxergar os demais que também estão lutando com seus objetivos pessoais, com seus interesses profissionais e com suas esperanças sobrenaturais. Todos sonhando com o melhor, o mais precioso e o mais rico.

Mas cuidado! É importante sonhar! É importante competir! E é sagrado o desejo de ser o melhor e o mais bem-sucedido. Contudo, será preciso paciência no caminhar e humildade no competir. Será necessária a fé naquilo que busca, o respeito no jeito de lutar e esperança naquilo que deseja atingir.

O Mestre dos mestres, conhecedor desses detalhes, chama a atenção de seus seguidores que procuravam os melhores lugares em um determinado banquete. Percebia a pressa que os movia a buscar o melhor e o mais confortável lugar.
Com sua habilidade, chamou um deles e lhe disse: “Se alguém convida você para uma festa de casamento, não ocupe o primeiro lugar. Pode ser que tenha sido convidado alguém mais importante do que você; e o dono da casa, que convidou os dois, venha dizer a você: Dê o lugar para ele. Então você ficará envergonhado e ocupará o último lugar”.

“Pelo contrário”, continuou o Mestre, “quando você for convidado, vá sentar-se no último lugar. Assim, quando chegar quem o convidou, ele dirá a você: Amigo, venha mais para cima. E isso vai ser uma honra para você na presença de todos os convidados” (Lc. 14,8-11).

Esperar ser convidado. Aguardar o chamado. Manter a simplicidade. Alimentar a humildade. São atitudes de quem possui um coração bem abastecido de espiritualidade. São atitudes de quem acredita em valores humanos e em valores espirituais.

Esses valores vão iluminando o caminho de quem tem lucidez de consciência e bem-estar espiritual. Não se acomoda naquilo que conquistou, mas continua buscando a perfeição em tudo o que realiza.

Sabedor de suas limitações é também sabedor de suas esperanças. Sabedor de suas fraquezas é também sabedor de suas riquezas. E saberá ocupar, confiante, o último lugar e aguardar a generosidade de Deus.

EDITORIAL

Crises de fim de ano expõem falha na gestão

A raiz comum dessas crises é conhecida, embora frequentemente ignorada: mau planejamento, gestão ineficiente e falta de zelo por parte de quem executa

19/12/2025 07h15

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A virada para 2026 entra para a história recente de Campo Grande como uma das mais conturbadas dos últimos anos. Talvez desde meados da década passada não se via uma sucessão tão clara de crises financeiras e falhas na engrenagem dos serviços públicos locais justamente no momento em que a cidade deveria buscar estabilidade para atravessar o novo ano.

O problema não é pontual tampouco isolado: ele se repete em áreas essenciais e expõe fragilidades estruturais que vêm sendo empurradas com a barriga.

A greve do transporte coletivo, encerrada apenas no início da noite de ontem, é um retrato fiel desse cenário. Durante quatro dias, a população ficou refém de um sistema que parou porque o Consórcio Guaicurus não tinha recursos para pagar salários.

A solução não veio de uma gestão eficiente ou de um planejamento responsável, mas de um socorro emergencial do governo do Estado, que antecipou mais de R$ 3 milhões referentes a uma das parcelas do subsídio ao passe do estudante. Ou seja, o serviço só voltou a funcionar quando o dinheiro público entrou para tapar mais um buraco.

Situação semelhante se repete na Saúde. A Santa Casa, há anos em crise, agora está sob determinação judicial para apresentar um plano capaz de enfrentar um deficit que parece não ter fim. No transporte coletivo, a Justiça foi além e determinou uma intervenção no consórcio responsável pelo serviço.

Quando decisões judiciais passam a ditar os rumos da gestão, fica evidente que algo falhou muito antes, seja na formulação dos contratos, seja na fiscalização ou na condução cotidiana desses serviços.

A raiz comum dessas crises é conhecida, embora frequentemente ignorada: mau planejamento, gestão ineficiente e falta de zelo por parte de quem executa e, principalmente, de quem deveria fiscalizar contratos milionários. Não se trata apenas de escassez de recursos.

Trata-se de como esses recursos são utilizados, de modelos que se mostram esgotados e de contratos que não resistem ao primeiro choque mais sério.

O mais preocupante é que, mesmo após a injeção de milhões de reais do poder público na Santa Casa e no Consórcio Guaicurus, o dinheiro continua insuficiente. Isso deixa claro que o problema é estrutural.

As verbas estão, de fato, mais apertadas neste ano, mas a crise não nasceu agora. Ela é fruto de anos de escolhas erradas, de ausência de transparência e de tolerância com resultados ruins.

A virada de ano conturbada serve, portanto, como um alerta. Não basta apagar incêndios com aportes emergenciais, é preciso rever modelos, refazer contas, cobrar responsabilidades e, sobretudo, planejar com seriedade.

Caso contrário, Campo Grande corre o risco de transformar crises excepcionais em rotina permanente, e isso, definitivamente, a cidade não pode mais aceitar.

ARTIGOS

O combalido Congresso Nacional

A prática do corporativismo, dos conchavos, da legislação em causa própria, com um "orçamento secreto" que nada mais é do que um passaporte para a impunidade, aprovado na calada da noite

18/12/2025 07h45

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Para falar sobre o tema, não poderia deixar de citar uma frase célebre do ilustre brasileiro Ruy Barbosa, que foi político, jurista, advogado, diplomata e jornalista, nascido em 1849 e falecido em 1923.

“De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto”.

Uma frase com cerca de um século de sua criação nunca foi tão atual, se comparada com os mórbidos acontecimentos vividos neste último período pela Câmara dos Deputados.

Fica evidente a prática do corporativismo, dos conchavos, da legislação em causa própria, com um “orçamento secreto” que nada mais é do que um passaporte para a impunidade, aprovado na calada da noite, propiciando a prática de atos ilícitos e imorais, travestidos de legalidade.

Deputados processados pelos mais variados tipos de crime, inclusive de lesa-pátria, incitando nação poderosa a invadir nosso país e a causar enormes prejuízos às classes produtoras e trabalhadoras, que geram as receitas que proporcionam a força necessária ao bom funcionamento da roda da economia.

Pior: parece que tudo o que vem acontecendo é encarado como fato corriqueiro pelo comandante da Câmara dos Deputados, que até chegou a ser deposto de sua cadeira por um grupo de parlamentares desordeiros e, até o momento, sem qualquer punição.

As telecomunicações alcançaram níveis impensáveis em termos de transmissão de dados, como imagens e sons de alta precisão, e, com isso, o planeta Terra tem assistido às barbáries ocorridas no plenário da Casa de Leis, habitada por um seleto grupo de homens e mulheres escolhidos pelo voto e que lhes proporciona os mais variados tipos de privilégios, consumindo recursos bilionários oriundos de pessoas físicas e jurídicas pagadoras de impostos, que não veem o necessário retorno em obras e serviços essenciais, como saúde, segurança pública e transportes.

Um fator preponderante para a continuidade desses desmandos é a hereditariedade nos cargos políticos, em que os ungidos não precisam provar capacidade técnica ou profissional para exercer um mandato.

Basta ter QI de força para manter em cabrestos os seus apaniguados, com nomeações que os tornam fiéis aos seus patrões e que, quase sempre, só deixam o cargo aposentados, com gordos salários, diferentemente do trabalhador brasileiro aposentado pelo famigerado INSS.

No ano que vem, teremos eleições majoritárias. É evidente que quem está lá não quer sair, mas está passando da hora de o cidadão consciente valorizar o poder de sua arma, qual seja, o Título Eleitoral, para promover a varredura necessária no Poder Legislativo, tanto federal como estaduais.

Por uma questão de justiça, a exceção se faz em relação aos parlamentares que reconhecidamente prestam bons serviços à comunidade.

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