Artigos e Opinião

OPINIÃO

Venildo Trevizan: Somos a pátria

Frei

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Celebramos mais um aniversário do grito de independência de nossa Pátria amada. Esta Pátria que ainda não conquistou plenamente sua independência e sua liberdade. Ainda existem muitas algemas aprisionando nosso povo. Continuamos vendo seres humanos mendigando emprego, saúde, moradia e escola.

Uma nação soberana não pode aceitar essa desigualdade social. Urge tomar atitudes mais corajosas em defesa de nossa cidadania e de um cultivo mais racional dos valores sociais e religiosos. Não podemos continuar enganados por promessas que não se concretizam.

Somos seres humanos e queremos ser tratados com respeito e com dignidade. Pouco adianta promover homenagens aos heróis da independência se ainda continuamos dependentes e enganados. Nossa sensibilidade precisa ser respeitada e cultivada de tal maneira que possamos usufruir alegremente dos benefícios de um povo livre e bem governado.

Somos essa Pátria amada e querida. Somos essa Pátria generosa e solidaria com todos aqueles e aquelas que andam à procura de um aconchego humano e social. Somos essa Pátria que precisa ser liberta da dependência das multinacionais que não nos deixam ser e ter aquilo que precisamos como povo livre e autônomo. Creio que ainda é possível nossa liberdade e nossa independência.

Penso também que somos caminheiros e peregrinos de uma outra Pátria que é soberana e atenta às nossas necessidades. Essa é a Pátria celeste que oferece tudo quanto necessitamos para nos sentir amparados contra os males e iluminados em percorrer os caminhos das virtudes garantindo estabilidade espiritual e igualdade de direitos e deveres.

A essa Pátria pertenceremos na medida em que formos solidários com os mais necessitados de conforto e de esperança. Participaremos ainda dessa Pátria na medida em que colocarmos à disposição nossos dons e nossas capacidades. Nessa Pátria só não haverá lugar para os egoístas e acomodados.

Sabemos ainda que, com o passar do tempo, surgirão dificuldades e desafios. São situações que podem pôr em crise a própria fé, causando vazios no interior, insegurança no escolher e perturbações sobrenaturais. Mesmo assim não poderemos desanimar.

Aconteça o que acontecer precisamos acreditar e nos afirmar naquilo que abraçamos. Precisamos desafiar nossas dúvidas e nossas fraquezas. Precisamos agir corajosamente. Mesmo que surjam dúvidas, mesmo que venham tentações de desânimo, será necessário renovar o entusiasmo e fortalecer a fé.

Só mesmo a fé será garantia e segurança nessa caminhada. Com ela conseguiremos superar os desafios e garantir a alegria em nossos desejos e em nossos sonhos de conquistar um lugar de honra entre aqueles e aquelas que põem sua esperança em Deus.

E quando conquistarmos esse espaço sentiremos em nosso íntimo um prazer somente reservado a quem se propõe seguir os ensinamentos da verdade e da justiça, do amor e da honestidade, da fé e da solidariedade.

Esse prazer será fruto do empenho e do cumprimento dos deveres como cristão honrado tanto da Pátria terrestre quanto da Pátria celeste.

EDITORIAL

É preciso passar um pente-fino na Cosip

O que a sociedade exige e com razão é transparência permanente sobre a aplicação da Cosip. Trata-se de uma contribuição pesada no bolso do contribuinte

20/12/2025 07h15

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A deflagração da Operação Apagar das Luzes, nesta sexta-feira, pelo Grupo Especializado de Combate à Corrupção (Gecoc) do Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS), é mais um daqueles episódios que deixam claro que a iluminação pública de Campo Grande guarda muito mais sombras do que se imaginava.

E, ao que tudo indica, ainda há muito a ser revelado sobre contratos, cifras e responsabilidades envolvendo um serviço essencial para a cidade.

Campo Grande figura entre os municípios que mais arrecadam no Brasil com a Contribuição para o Custeio do Serviço de Iluminação Pública (Cosip). Trata-se de uma arrecadação robusta, bilionária ao longo dos anos, paga mensalmente pelo cidadão na conta de energia elétrica.

Ainda assim, a realidade vista nas ruas é contraditória: bairros inteiros convivem com postes apagados, avenidas mal iluminadas e áreas que se tornam vulneráveis à criminalidade justamente pela ausência de luz.

A investigação que apura fraudes estimadas em R$ 62 milhões lança uma pergunta inevitável: como é possível faltar iluminação em um município que arrecada tanto?

Reportagem publicada pelo Correio do Estado no ano passado mostrou que a Cosip de Campo Grande superava, à época, a arrecadação de Curitiba – cidade com mais que o dobro da população. Mesmo assim, a capital sul-mato-grossense convive com um serviço precário e reclamações recorrentes da população.

O mais preocupante é que essas suspeitas de irregularidades surgem em meio a um discurso constante de crise financeira propagado pela administração municipal.

Se confirmadas, as fraudes não estariam ocorrendo em um cenário de escassez, mas sim em um verdadeiro manancial de recursos. Isso agrava ainda mais o quadro, pois revela que o problema pode não ser falta de dinheiro, mas falhas graves de gestão, fiscalização e zelo com o dinheiro público.

É legítimo esperar explicações detalhadas sobre os contratos firmados, os critérios de pagamento e a execução dos serviços. Mas isso, por si só, não basta. O que a sociedade exige – e com razão – é transparência permanente sobre a aplicação da Cosip. Trata-se de uma contribuição pesada no bolso do contribuinte, que deveria retornar em forma de ruas iluminadas, mais segurança e melhor qualidade de vida.

Nesse contexto, o trabalho do Gecoc merece reconhecimento. Mais uma vez, o MPMS cumpre seu papel institucional de investigar, cobrar respostas e iluminar áreas em que a administração pública falhou.

Combater a corrupção não é apenas punir culpados, mas também criar condições para que os serviços públicos funcionem melhor e com mais eficiência.

Iluminação pública não é luxo. É segurança, mobilidade e dignidade urbana. Se há dinheiro sobrando e luz faltando, algo está profundamente errado – e precisa ser corrigido com urgência, transparência e responsabilidade.

ARTIGOS

Redes sociais: o "estacionamento" da reputação corporativa

Qual é o limite entre a liberdade de expressão do trabalhador e a proteção da honra e da imagem empresarial

19/12/2025 07h45

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No ambiente corporativo contemporâneo, a fronteira entre opinião pessoal e responsabilidade profissional se tornou quase invisível. Com a hiperconectividade, qualquer manifestação nas redes sociais tem potencial para alcançar ampla visibilidade. Um único comentário ofensivo de um funcionário é capaz de comprometer a confiança interna, afetar a reputação da marca e desencadear litígios.

Quando as manifestações de funcionários ultrapassam o limite da crítica construtiva e se convertem em acusações ou declarações com potencial de impactar negativamente a imagem e a credibilidade da organização, abre-se espaço a um debate essencial: qual é o limite entre a liberdade de expressão do trabalhador e a proteção da honra e da imagem empresarial?

A repercussão, em casos como esse, costuma ser imediata. Colegas, clientes, fornecedores e demais parceiros têm acesso ao conteúdo, potencializando seus efeitos e ampliando o risco reputacional.

Qualquer que seja o caminho de resposta, a análise jurídica deve ser cuidadosa. A Consolidação das Leis do Trabalho (art. 482, alíneas j e k) prevê a possibilidade de dispensa por justa causa quando o empregado pratica ato lesivo à honra ou à boa fama de qualquer pessoa “no serviço”, especialmente quando dirigido ao empregador ou superiores hierárquicos.

A jurisprudência tem entendido que publicações em redes sociais podem produzir efeitos equivalentes aos de condutas praticadas no ambiente físico de trabalho, legitimando a aplicação da penalidade.

A Constituição Federal (art. 5º, incisos IV, V e X) assegura a liberdade de expressão, mas estabelece limites claros quando essa manifestação viola direitos relacionados à honra, à imagem e à dignidade. Já o Marco Civil da Internet reforça mecanismos de responsabilização de plataformas mediante notificação, permitindo respostas mais ágeis a conteúdos ilícitos.

Com a evolução da sociedade, a linha que separa opinião de ofensa se tornou cada vez mais tênue. A liberdade de expressão é garantida, mas não é absoluta: quando a crítica se transforma em injúria ou difamação, há quebra de confiança, podendo configurar justa causa, inclusive quando a conduta ocorre fora do expediente.

O desafio, agora, reside na interpretação. A definição do que constitui “crítica legítima” ou “falta grave” ainda é variável entre diferentes julgadores, o que aumenta o risco de reversão de penalidades, pedidos de indenização e danos à reputação corporativa.

Em um ambiente empresarial cada vez mais exposto ao escrutínio público, sobretudo nas redes sociais, torna-se imprescindível que as organizações adotem políticas claras, protocolos seguros de apuração e documentação robusta para fundamentar suas decisões e que as decisões e a gestão de tópicos sensíveis considerem estratégia, cautela e respaldo técnico.

Condutas inadequadas de colaboradores podem gerar impactos relevantes, mas a resposta empresarial deve estar alinhada à legislação e às melhores práticas de governança.

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