Laudo necroscópico feito no corpo do índio Semião Fernandes Vilhalva, 24, indica que ele morreu com um tiro na cabeça, no intervalo das 7 às 15h, do dia 29 de agosto passado, dois sábados atrás, justo no dia que ao menos 100 ruralistas entraram nas fazendas Barra e Fronteira, com o propósito de retomar a área que havia sido invadida por indígenas guarani-caiuá, na cidade de Antônio João, fronteira de Mato Grosso do Sul com o Paraguai.
O desfecho deste exame pode confrontar com a versão dos fazendeiros que entraram na área e disseram que assim que chegaram lá o índio já estava morto e seu corpo caído na estrada que conduz à fazenda Fronteira, em estágio de rigidez cadavérica.
Nesta região, índios e fazendeiros disputam pelo domínio de terras desde 2005, ano que o ex-presidente Lula decretara 9,3 mil hectares como território indígena.
O ruralistas, nove donos das áreas em questão, recorreram e o processo ainda hoje segue sem definição na Justiça Federal.
A informação acerca da autópsia foi confirmada ontem à tarde ao Correio do Estado, por telefone, pelo delegado da Polícia Federal, Bruno Raphael Barros Maciel, que conduz o inquérito do caso.
O exame indica que o projétil disparado e que ficou alojado na cabeça do índio saiu de uma “arma pequena, provovalmente de calibre 22”, segundo o delegado.
Ainda conforme o laudo, o tiro que acertou a vítima foi ativado a longa distância.
Pela regra policial, disse Barros Maciel, o termo longa distância quer dizer que o espaço do disparo até o alvo é considerado a partir de um intervalo de 50 centímetros, em torno de dois palmos.
Ou seja, todo o tiro disparado com espaço superior a 50 centímetros é, na linguagem policial, para efeitos de investigação, tido como de longe.
O delegado informou que aguarda outro laudo para concluir seu inquérito. No caso, ele espera o resultado da perícia feita no local do crime.
*A matéria está na edição de hoje do Correio do Estado.