O Ministério Público Estadual de Mato Grosso do Sul (MP-MS) aceitou a denúncia feita contra Delziene da Silva de Jesus, mãe de Stephanie de Jesus da Silva, e avó de Sophia de Jesus Ocampo, morta aos dois anos de idade após sofrer maus-tratos e abuso sexual.
De acordo com o Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO), Delziene teria mentido para a polícia durante seu depoimento no dia da morte da neta. Além disso, ela também poderá responder por omissão, já que não denunciou a violência sofrida por Sophia por mais que soubesse da situação antes mesmo da neta ser morta.
Ainda de acordo com a denúncia, quando foi chamada para prestar esclarecimentos sobre a morte de Sophia, Delziene informou à polícia que não sabia das agressões e que Stephanie havia mandado mensagem para ela no mesmo dia para informar que a criança não estava bem de saúde.
No entanto, em áudio anexo à denúncia, ficou claro que a avó materna sabia das agressões, tanto que, conforme o apurado pelo Correio do Estado, foi uma conversa dela com o pai da Sophia, Jean Carlos Ocampo, que motivou a primeira denúncia contra a mãe e o padrasto da menina.
Como já mostrado pela reportagem logo após a morte de Sophia, Jean Carlos teria tido uma longa conversa com Delziene, na qual ela relatava todas as violências que a criança sofria enquanto estava na casa da mãe. A conversa foi gravada e apresentada como indício de que ela se omitiu e não denunciou o fato à polícia.
No diálogo, que aconteceu um ano antes da morte da menina, Delziene revela à Jean que está preocupada com Sophia porque, das vezes em que conseguiu ter contato com a neta, ela apresentava arranhões e hematomas, sinais claros de que estava sofrendo maus-tratos.
A investigada ainda destacou, à época, que Stephanie escondia Sophia dos familiares quando a menina estava com marcas de violência, inclusive cerceando o direito de convivência com o pai e com os avós. A guarda era unilateral e as visitas eram agendadas conforme o querer de Stephanie, o que facilitava quando ela queria esconder a menina dos demais familiares.
"Ela me proibiu de ter contato [com Sophia]. Às vezes eu via escondida, na casa da mãe do Jean e essa foi a fase mais difícil pra mim", destaca.
Na audiência pública realizada na Câmara Municipal de Campo Grande, no dia 15 de fevereiro, Delziene destacou que seu luto foi duplo, já que perdeu a neta e a filha, uma vez que alegava não reconhecer mais Stephanie. Ela diz que sua filha foi influenciada por Christian Leitheim.
Na audiência de instrução realizada no na segunda-feira (17), Delziene relatou que, no dia da morte de Sophia, apenas foi avisada por Stephanie que a criança estava passando mal e foi encontrá-las na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Coronel Antonino, local em que a vítima já chegou morta.
Ela ainda informou, durante seu depoimento, que acredita que a Sophia já estava morta enquanto Stephanie mandava mensagens relatando o estado de saúde da menina, tendo em vista que os laudos apontaram que o falecimento tinha ocorrido pelo menos quatro horas antes dela ser levada ao médico.
"Nas mensagens ela estava com a voz apavorada, de uma forma diferenciada. Ela estava chorando quando me mandou um áudio falando que a Sophia tinha morrido. Ela chorou e disse 'falaram que a Sophia morreu', mas não tinha como ela não saber isso antes", disse Delziene ao juiz.
Ao final, ela se contradisse, e afirmou que, por conta do contato reduzido com a vítima, não conseguiu perceber os sinais de violência e apenas soube do que aconteceu e do que saiu nos laudos pelo que a imprensa divulgou.


Os ônibus voltaram a pegar passageiros na noite de ontem, após três dias inteiros sem nenhum carro em circulação na Capital - Gerson Oliveira/Correio do Estado
Feito por Denis Felipe com IA


