Durante uma expedição de pesquisa pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), o biólogo Paulo Robson de Souza, de 62 anos, teve uma experiência inexplicável e preocupante. Enquanto tirava fotos de um formigueiro no Cerradinho da UFMS, foi picado por uma formiga-bala, conhecida no Brasil como tocandira, uma espécie encontrada em regiões úmidas da América do Sul.
“Além de biólogo, sou professor e sempre estou saindo do campo para tirar fotos de formigas para usar nos estudos. Em um momento que encontrei um formigueiro, acabei não prestando atenção, quando ajoelhei perto do ninho acabei levando ferroada na mão, no antebraço e nas coxas. Foi uma dor terrívelmente imensa”, relatou o biólogo ao Correio do Estado.
Paulo relatou à reportagem que o encontro com a formiga tocandira (Paraponera clavata) ocorreu em 2016, mas as memórias dessa experiência ainda estão vivas em sua mente.
Ainda de acordo com o biólogo, esta espécie é conhecida por habitar regiões mais úmidas e tropicais da América Central e do Sul, com maior distribuição pelo Brasil, Bolívia, Peru, Costa Rica e Honduras. Ela é facilmente encontrada em regiões úmidas das Américas Central e do Sul. O Brasil, devido às suas características semelhantes, possui um dos biomas mais preferidos dessas formigas, que é o Cerrado, abrangendo boa parte do estado.
“Foi uma dor terrível, pior que uma dor de dente.”
Ao Correio do Estado, o professor e biólogo relatou que geralmente vai ao campo acompanhado para fotografar tocandiras, mas naquele dia acabou cometendo um erro e saiu sozinho. Embora as ferroadas não tenham deixado marcas na pele, as dores persistem em sua memória, e ele jamais esquecerá dessa experiência.
“Acabei me deparando com diversos artigos relatando que as dores de uma ferroada de tocandira dura 24 horas, mas no meu caso durou 12 horas. Na verdade, depende de cada pessoa. No meu caso foi uma dor terrível que consegui amenizar somente com gelo”, relembra.
De acordo com Paulo, o nome tocandira tem origem no idioma tupi-guarani e é bastante encontrado em locais de umidos da América Central e do Sul.
“Na língua inglesa é usada como formiga-bala, por causa da dor que se assemelha demais a um tiro queimando dentro do corpo”, acrescentou o professor da UFMS, Paulo Robson de Souza para a reportagem.
Divulgação/ Biólogo- Paulo Robson de Souza
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Biólogo e professor, Paulo Robson de Souza/ DivulgaçãoO biólogo afirma que esta espécie, apesar de ser bem tímida, pode ser encontrada em qualquer região de Campo Grande ou em áreas bem conservadas como a área de Cerradinho da UFMS.
Natural de Vitória da Conquista (BA), e com mais de 20 anos de experiência, o professor se dedica à divulgação científica e à produção de material didático para adolescentes e crianças. Por causa dessa experiência, o biólogo relata cuidados para aqueles que gostam ou queiram observar formigas na natureza.
“A tocandira formiga que tem patas grandes e mede em torno de 3 centímetros e pode ser confundida com outras espécies. Eu cometi um erro ao sair sozinho, por isso acabei sendo picado. Nesses caso, saia sempre com alguém porque essa pessoa pode avisar em caso de deparar com a tocandira ou outra espécie”,
“Temos uma máxima na biologia que ninguém sai sozinho para o campo para pesquisar. Naquele dia eu cometi um erro, até porque se tivesse uma pessoa do meu lado, teria me avisado. Não cumpri o protocolo de segurança, por isso nunca saia sozinho porque nesse caso, o acidente ou uma picada pode ser evitado”, finaliza o professor.


