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COMBUSTÍVEL VERDE

BR-262 pode ser a segunda rodovia mais sustentável do País, indica Banco Mundial

Ao todo, foram analisados 13 corredores em todo o Brasil; rodovia que vai de Corumbá a Vitória (ES) foi a segunda melhor

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Em ranking elaborado pelo Banco Mundial, a BR-262, de Corumbá (MS) a Vitória (ES), foi considerada a segunda  melhor rodovia do Brasil  para criar um corredor que garanta o abastecimento com hidrogênio verde e um sistema com pontos de carregamento elétrico que atendam carretas, caminhões e outros veículos que utilizem estas fontes energéticas.

A constatação faz parte de um estudo, em fase inicial, encomendando pelo governo federal, em outubro do ano passado, com objetivo de reduzir a emissão de poluentes por veículos de cargas. 

Este levantamento solicitado pelo Ministério dos Transportes foi realizado pela consultoria IDOM, contratada pelo Banco Mundial, para definir uma estratégia de descarbonização do transporte de mercadorias e um plano de implementação da infraestrutura de abastecimento de corredores logísticos  verdes nas rodovias federais do país.

Este relatório aborda dois temas principais: o estado atual da logística no Brasil e um diagnóstico preliminar de viabilidade para os corredores existentes. Ao todo foram analisados 13 corredores em todo o país.

Foram considerados como parâmetros para a adoção desta nova logística índices de 2019, no qual o transporte rodoviário de carga contribuiu com 196,5 milhões de toneladas (Mt) de dióxido de carbono equivalente (CO2e), ou 83% das emissões totais do setor.

O transporte de cargas sozinho representou 78,9 Mt de CO2e, ultrapassando as emissões da geração de eletricidade. 

Até 2019, o sistema contava com uma frota de 2 milhões de caminhões que consumiram 40,5 bilhões de litros de diesel, equivalente a 76% do consumo do Brasil.

Essa dependência de combustíveis fósseis, especialmente no transporte rodoviário de carga, teve repercussões ambientais, contribuindo com mais de 40% das emissões de gases de efeito estufa (GEE) do setor de transporte em 2019. 

Quanto às emissões de GEE no transporte de cargas, o Brasil atingiu um pico de 3,82 gigatoneladas (Gt) de (CO2e) em 2003.

O estudo aponta que estas emissões se devem ao grande volume de mercadorias transportadas, citando que em 2015 o Brasil movimentou 1,9 bilhão de toneladas de mercadorias, percorrendo uma distância impressionante de 2,4 trilhões de toneladas-quilômetro, principalmente por ser importante exportador de produtos agrícolas, como soja, açúcar, milho e café, predominantemente transportados por rodovias e ferrovias.

Como solução para este problema, o levantamento aponta que “ao trocar caminhões de combustíveis fósseis tradicionais por alternativas mais limpas, como biocombustíveis, gás natural ou eletricidade, é possível reduzir significativamente as emissões de GEE. Esses combustíveis com menor teor de carbono oferecem o potencial de descarbonizar o setor, mantendo a potência e a autonomia necessárias para o transporte de longa distância.”

De acordo com a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores(Anfavea), da total ausência de caminhões  elétricos em 2011,  o número cresceu para 714 em 2022. 

“Para lidar com essa complexidade, foram desenvolvidas estruturas especializadas para auxiliar na formulação de estratégias de descarbonização coesas. Uma dessas estruturas é a Identidade de Kaya, que desmembra as emissões em quatro fatores-chave: população, riqueza (expressa pelo PIB), uso de energia e conteúdo de carbono da energia. Outra estrutura, ASIF (Avaliar, Mudar, Melhorar, Alimentar), oferece uma abordagem abrangente para reduzir as emissões de carbono no setor de transporte. Além disso, um framework específico de logística verde foi desenvolvido para abordar a ambientalização das operações de transporte de cargas. Esse framework mapeia as complexas relações entre produção econômica, efeitos ambientais e custos associados à logística”, explica o relatório do Banco Mundial. 

Para definir os critérios do ranking, que teve como foco específico as emissões de GEE, foram considerados dimensões físicas e funcionais dos corredores, entre elas se uma ou mais rotas  conectam centros de atividades econômicas; se desempenham um papel crucial na promoção do comércio entre cidades e países ao longo do corredor e se fornecem serviços de transporte e logística que apoiam o crescimento econômico regional.

Ao avaliar todos esses fatores, a BR-262, ficou em segundo lugar no ranking, perdendo a primeira posição para o Corredor São Paulo-Aracaju por ter menos pontos de conexão com a produção de hidrogênio. A BR que corta Mato Grosso do Sul obteve nota 3,67, de um total possível de cinco.

“Embora este corredor (BR-262) tenha um desempenho melhor em critérios como Integração com nós de produção de energia renovável e Volume de Carga por quilômetro ao longo do corredor do que o corredor São Paulo – Aracaju (que teve nota 3,92), ele pontua menos no critério Conexão com centros produtores de hidrogênio na dimensão técnica”, pondera o levantamento.

Ao todo são 18 pontos de conectividade intermodal (ferrovia e hidrovia); dois pontos de conexão com produtores de hidrogênio; nove pontos de conexão com geradores de energia renovável distribuídos nos 2.223 quilômetros da BR-262, sendo que o volume de carga transportada é de 1,9 milhão de tonelada/km.  O estudo considera o trecho de Corumbá (MS) a Vitória, capital do Espírito Santo, atravessando os estados de Minas Gerais e São Paulo. 

O maior fluxo de tráfego de carga corresponde a 19.072 veículos em Belo Horizonte, e esta rodovia federal transversal contabiliza um total de 262.781 veículos mobilizados em ambas as direções, de acordo com o tráfego estimado de veículos em 2021.  

O documento afirma que é uma “conexão entre um dos principais portos do Brasil em Vitória com uma das principais cidades fronteiriças, Corumbá; permitindo ter um corredor de integração regional com a Bolívia”, bem como “envolve o nó de Corumbá no corredor internacional de hidrovias Paraguai-Paraná”.

Na conclusão do estudo é afirmado que: “Como resultado deste diagnóstico inicial de viabilidade, este relatório mostra que os corredores São Paulo - Aracaju, Corumbá - Vitória e Recife - Belém devem ser estudados com mais detalhes nas próximas etapas da consultoria, nessa ordem de prioridade, considerando seu potencial para a implementação de corredores verdes associados à eletricidade renovável e hidrogênio verde.”

PORTO MURTINHO

No mesmo levantamento foi avaliado o Corredor Porto Murtinho- São Paulo, com 1.412 quilômetros, que ficou em antepenúltimo lugar no ranking. 

A estrada inicia em São Paulo na BR-374 até o entroncamento com a rodovia estadual SP-209, que se conecta à cidade de Botucatu com a rodovia estadual SP-300, e torna-se a rodovia federal BR-267, continuando até chegar a  Porto Murtinho.    

Este trajeto ficou entre as últimas colocações no ranking, mesmo com a perspectiva da Rota Bioceânica entrar em atividade nos próximos anos.

“Os corredores com as menores pontuações finais são São Paulo - Porto Murtinho (11º lugar), Barreiras - Pecém (12º lugar) e Paranaguá - Foz do Iguaçu (13º lugar). Os baixos desempenhos desses corredores são atribuídos principalmente à dimensão técnica, que apresenta baixa conexão com hubs produtores de hidrogênio, integração com nós de produção de energia renovável e volume de carga por quilômetro ao longo do corredor”, constatou o estudo. 

CONCEITO

O conceito de corredores verdes de transporte de carga tem como objetivo desenvolver transporte de cargas integrado, eficiente e ecologicamente amigável entre grandes centros e em longas distâncias.
Eles são definidos por seis componentes-chave que destacam seu propósito.

Esses elementos englobam conectividade ecológica, conservação da biodiversidade, uso sustentável da terra, adaptação às mudanças climáticas, envolvimento da comunidade e desenvolvimento econômico.

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Cidades

Padronização para horário de entrada e saída de hotéis começa a valer

Portaria do Ministério do Turismo deu 90 dias para estabelecimentos se ajustarem a novas regras para check-in e check-out

16/12/2025 14h00

Foto: Álvaro Rezende / Arquivo

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Começaram a valer nesta terça-feira (16) as novas regras para entrada e saída (check-in e check-out) de hóspedes em hotéis brasileiros. A mudança, promovida pelo Ministério do Turismo (MTur), define que a diária cobre 24 horas, dentro das quais os hotéis têm três horas para a arrumação dos quartos.

A regra permite que os hotéis definam seus próprios horários de check-in e check-out dentro desses critérios, e essas informações devem ser comunicadas ao hóspede de forma clara e prévia, tanto pelos hotéis como pelas agências de turismo e as plataformas digitais intermediárias de reservas.

A medida foi modificada por meio de uma portaria do MTur publicada em setembro, com prazo de 90 dias para vigorar.

Segundo o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis, Manoel Linhares, a prática já era adotada pelas redes de hotéis usualmente, mas havia um pedido do setor para que o assunto fosse regulamentado e incluído nas últimas mudanças promovidas na Lei Geral do Turismo.

“São três horas de intervalo entre as saídas e entradas dos hóspedes, para que nossos colaboradores tenham tempo de preparar a hospedagem e para que a gente possa receber melhor. Isso no Brasil já era de praxe, mas, com a regulamentação exata, serve para tirar qualquer dúvida”, explica.

Além das três horas de intervalo para limpeza da hospedagem, a regulamentação também flexibiliza a cobrança de tarifas diferenciadas para entrada antecipada ou saída postergada e detalha a comunicação sobre horários e frequência dos serviços de arrumação, higiene e limpeza da unidade habitacional.

Por meio de nota, a Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav), que reúne agências de viagens e operadoras, avaliou de forma positiva a regulamentação do tema.

“A definição objetiva do período de hospedagem ajuda a alinhar expectativas do viajante no momento da compra e reduz ruídos na comercialização de pacotes turísticos, trazendo mais segurança para toda a cadeia”, destaca.

Além de maior transparência, a flexibilização quanto às tarifas diferenciadas permite ajustes conforme a disponibilidade de cada meio de hospedagem informa a nota da Abav.

“Embora a adaptação possa exigir ajustes, especialmente para pequenos empreendimentos, a entidade entende que a medida acompanha práticas já adotadas internacionalmente e contribui para a modernização e competitividade do turismo brasileiro”, conclui.

Registro de Hóspedes

As mudanças promovidas pelo MTur incluem ainda a adoção do novo modelo digital da Ficha Nacional de Registro de Hóspedes (FNRH), em substituição ao modelo de papel. A portaria que trata do assunto foi publicada em novembro, com prazo de 90 dias para começar a valer em 13 de fevereiro.

Com a adoção da nova ferramenta, os estabelecimentos terão um QR Code, com link para a página de pré-check-in, que poderão ser preenchidas pelos hóspedes. No momento de entrada, o estabelecimento só precisará conferir os dados com os documentos apresentados.

“Fica o check-in mais tranquilo, tanto para a hotelaria como para o hóspede que, na sua chegada, já vem de um voo cansativo e, às vezes, pega um grupo e fica em uma fila esperando para preencher uma ficha, aquela coisa toda”, afirma Manoel Linhares.

A versão digital da ficha ficará também disponível na Plataforma FNRH Digital, com outras funcionalidades, como elaboração de relatórios analíticos, módulo de reservas e módulo de consulta para os hóspedes.

Demandas

De acordo com Manoel Linhares, as mudanças são regulamentações importantes para o setor, mas ainda há demandas a serem incluídas nas leis que tratam do turismo no país, como a regulamentação de aplicativos de hospedagem, como os que alugam imóveis por temporada.

“Nós, hoteleiros, geramos emprego e temos uma carga tributária muito alta, como é do conhecimento de todos. Nós temos a responsabilidade de dar o melhor aos nossos hóspedes, desde o check-in ao check-out. E o que acontece? Esses aplicativos não ficam nem no Brasil, então a operação é desigual”, avalia.

A demanda é antiga, mas com o surgimento de diferentes plataformas e o impacto sentido pelo setor, a avaliação da ABIH é de urgência.

“Só em Fortaleza, do ano passado para cá, fecharam seis hotéis. Se nós não tivermos essa demanda, vão fechar muitos hotéis, como já estão fechando no Brasil todo”, conclui Linhares.

A reportagem da Agência Brasil entrou em contato com a assessoria do MTur sobre a regulamentação das plataformas para locação de imóveis por temporada. Até a publicação, não houve resposta. O espaço permanece aberto.

CAMPO GRANDE

Em crise, prefeitura concede reajuste de 10,19% para construtora

Apesar do acréscimo de R$1,5 milhão ao contrato, a Capital está longe de um aparente equilíbrio financeiro, com greve do transporte coletivo, de dentistas e cenário de corte de gastos

16/12/2025 13h01

Prazo de execução previsto seria de 540 dias, levando asfalto e drenagem para bairros como Parque do Sol e Dom Antônio. 

Prazo de execução previsto seria de 540 dias, levando asfalto e drenagem para bairros como Parque do Sol e Dom Antônio.  Reprodução/Segov/alvaro-rezende

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Enquanto a Cidade Morena vive dias de crise que, entre outros pontos, estende-se desde a suspensão de atendimentos odontológicos em postos de saúde até uma greve dos trabalhadores do transporte coletivo, o Executivo de Campo Grande concedeu um reajuste de  10,19% para a construtora responsável por obras no Complexo Lageado na Capital. 

Conforme o extrato do contrato firmado entre a Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos (Sisep) e a Empresa Sagres Engenharia Ltda., o valor inicial dessa contratação era de exatos R$15,3 milhões. 

Agora, com acréscimo de R$1.560.277,28, o valor da contratação sobe para R$16.860.277,28, que corresponde a um aumento de 10,19% e, em tese, seriam empenhados para execução de obras de infraestrutura urbana para serviços de pavimentação asfáltica e a chamada drenagem de águas pluviais. 

Para além disso, o prazo de execução previsto seria de 540 dias, ou seja, aproximadamente um ano e meio a contar a partir do recebimento da ordem de serviços, levando asfalto e drenagem para bairros como Parque do Sol e Dom Antônio. 

Caos na Capital

Entretanto, apesar do reajuste concedido a essa construtora, o cenário em Campo Grande está longe de ser de aparente equilíbrio financeiro, com a greve do transporte coletivo na Cidade Morena, por exemplo, entrando em seu segundo dia nesta terça-feira (16) e já sendo é a maior das últimas três décadas, desde que os ônibus ficaram parados por três dias em 1994.

No caso da paralisação dos ônibus, por exemplo, a classe trabalhadora do transporte coletivo de Campo Grande reivindica: 

  • Pagamento do 5º dia útil, que deveria ter sido depositado em 5 de dezembro – foi depositado apenas 50% - está atrasado
  • Pagamento da segunda parcela do 13º salário – vai vencer em 20 de dezembro
  • Pagamento do vale (adiantamento) – vai vencer em 20 de dezembro

Por outro lado, o caos em Campo Grande e reflexo de um suposto desequilíbrio financeiro não se restringem ao transporte coletivo, com os dentistas suspendendo atendimentos em 44 postos de saúde da Capital, após decisão de forma unânime por uma greve de pelo menos 30 dias.

A novela fiscal de Campo Grande em 2025, porém, começou com cortes radicais nos gastos e nomeações ainda no início de março, por decreto da chefe do Executivo após ser pressionada por servidores que há três anos não eram contemplados por reajustes.

Inicialmente a medida previa uma espécie de moratória válida até o fim de junho, uma dilatação de prazo que afasta a possibilidade de conceder reposição salarial ao funcionalismo, cuja data-base é maio. 

Junto disso foi decretado corte de pelo menos 25% em gastos com água, luz, combustíveis, impressões e demais serviços de terceiros prestados por pessoa física e/ou jurídica, em uma ação que a prefeita classificou à época como "coisas caminhando como devem acontecer". 

em junho - e longe da meta - Adriane renovou esse decreto para corte de gastos, prorrogando a medida de arrocho por mais três meses. 

Toda essa movimentação impediu reajuste salarial linear aos servidores municipais, sendo que nesse primeiro prazo de três meses a prefeitura conseguiu economizar R$19 milhões na folha de pagamentos, apesar do aumento da ordem 27% no próprio salário, que beneficiou em torno de 500 integrantes da elite do funcionalismo municipal. 

Desde abril, o salário da prefeita, que serve como teto para o serviço público municipal, passou de R$21,2 mil para R$26,9 mil. Em fevereiro de 2026 sobe para R$31,9 e um ano depois, para R$35,4 mil.

Enquanto isso, porém, a base do funcionalismo está há três anos sem reajuste e, com a renovação de decreto, a possibilidade de pôr fim ao congelamento acaba de vez. 

Além da redução dos R$19 milhões na folha de pagamento, a administração municipal também reduziu em quase um milhão de reais os gastos com locação de imóveis, conforme afirmou a Prefeita em 18 de junho.

De acordo com ela, “mais de cinco imóveis” teriam sido devolvidos nestes três meses de vigência do decreto de arrocho de gastos. 

 

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