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Caminhoneiros bolsonaristas fazem cerca de 100 bloqueios em estradas de 18 estados

Mato Grosso do Sul é um dos estados que tiveram estradas bloqueadas

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Caminhoneiros apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) iniciaram na noite deste domingo (30) bloqueios em estradas em protesto ao resultado das eleições, que teve Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como vencedor para o cargo de presidente. A PRF (Polícia Rodoviária Federal) confirmou nesta segunda (31) ter sido registrado até o momento bloqueios ou aglomerações em vias de 18 estados e do Distrito Federal, com cerca de 100 bloqueios em todo o país.


A corporação não informou quantas ocorrências em cada um dos estados. Houve ou estão em andamento protestos no Rio Grande do Sul, em Santa Catarina, no Paraná, em Minas Gerais, São Paulo, no Rio de Janeiro, no Espírito Santo, na Bahia, no Maranhão, em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Rondônia, no Pará, no Acre, no Amazonas, Tocantins, em Roraima e no Distrito Federal.


Os caminhoneiros foram importante base de Bolsonaro em 2018, mas o apoio da categoria refluiu nos últimos anos, principalmente com o aumento no preço dos combustíveis. Recentemente, o presidente anunciou a antecipação do auxílio pago aos profissionais autônomos, o que foi visto como uma tentativa de impulsionar a campanha pela reeleição entre o grupo.


Vídeos que circulam na internet mostram pneus pegando fogo na via. Em um deles, é possível ouvir o hino nacional ao fundo.


No Telegram, um grupo chamado "Caminhoneiros e Agro pelo Brasil" reúne cerca de 890 pessoas. Em algumas mensagens, usuários mencionam o artigo 142 da Constituição Federal, comumente citado por apoiadores do atual presidente para defender a hipótese da legalidade de um golpe. "Dia de Finados já queremos que tenham tido a intervenção militar", escreveu um dos integrantes na noite deste domingo.


A descrição do grupo diz que a ideia é "fazer o maior protesto da história desses planeta". "Não aceitamos a covardia que foi feita com o povo trabalhador brasileiro, nós que contribuímos muito para o funcionamento do país, não podemos mais ser tratados como lixo", diz o texto.


O deputado federal Nereu Crispim (PSD-RS), presidente da Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Caminhoneiros Autônomos e Celetistas, disse em nota oficial que os caminhoneiros não irão parar para protestar contra o resultado das eleições.


A categoria "não participa e nem participará de nenhum movimento de paralisação ou bloqueio de rodovias para protestar e questionar o resultado das eleições que elegeu o candidato Luiz Inácio Lula da Silva como novo Presidente do Brasil", afirmou.


BLOQUEIOS EM SÃO PAULO E NO RIO


No estado de São Paulo são pelo menos nove focos de manifestação em rodovias registradas no período da tarde, segundo a PRF e a empresa CCR.


Em Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo), a rodovia Anhanguera está com uma faixa da pista e o acostamento interditados no km 312 no início da tarde, causando congestionamento de pelo menos três quilômetros devido à manifestação dos caminhoneiros.


Já no Rio de Janeiro, o bloqueio da rodovia Presidente Dutra em Barra Mansa, no sul do estado, teve início antes da 1h, de acordo com a concessionária CCR RioSP. As barreiras se espalharam pelas rodovias federais que cortam o estado no início da tarde. Boletim da PRF aponta agora oito pontos, contra cinco da contagem anterior.


No boletim divulgado às 16h15, a PRF diz ainda que, além das interdições, há dois pontos de concentração de manifestantes, um na BR-040, na altura de Petrópolis, e outro na Rodovia Presidente Dutra, na altura de Seropédica.


Dos locais onde há interdição, cinco estão totalmente bloqueados: quatro na Dutra (nas alturas de Barra Mansa, Volta Redonda, Queimados e Nova Iguaçu), e um na BR-101, em Itaguaí.


Interdições parciais ocorrem na BR-101, em Angra dos Reis e Itaperuna, e na BR-116, em Teresópolis. A PRF contabilizou 270 manifestantes, além de veículos de carga, em todos os pontos de interdição.


Um deles, em Barra Mansa, foi liberado por volta das 15h. Em Nova Iguaçu e Teresópolis, há objetos incendiados na pista.
Os bloqueios em Angra dos Reis e Teresópolis também são feitos por populares e têm interdição parcial da pista. Em Queimados, na região metropolitana, há uma concentração de pessoas, mas ainda sem bloqueio, segundo a PRF.


A manifestação na Presidente Dutra provoca reflexos até para quem ainda está distante do ponto da manifestação. É o caso da servidora pública Maria Luiza Cruz, 34.


Ela passou o fim de semana no Rio, onde trabalhou como mesária nas eleições, e tentava retornar para São Paulo de ônibus, onde mora. A passagem já estava comprada para uma viagem às 7h30, mas acabou cancelada em razão da manifestação dos caminhoneiros.


"Acabei de cancelar minha passagem e estou vendo quanto está custando o bilhete de avião", relatou.


Os reflexos já são vistos também na indústria. O polo automotivo da Stellantis em Porto Real (RJ) suspendeu a produção na manhã desta segunda, em decorrência das manifestações que interromperam o tráfego na rodovia que dá acesso ao complexo industrial, impedindo a chegada de funcionários e peças.


A fábrica, que fica perto da via Dutra, na região de Resende (RJ), produz motores e automóveis das marcas Citroën e Peugeot e emprega cerca de 1.800 pessoas.


A empresa diz estar pronta para retomar as atividades quando as condições logísticas permitirem.


Já o abastecimento de alimentos, segundo a Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo), não foi afetado por ora. O entreposto na Vila Leopoldina, bairro da zona oeste, afirma que está normal a chegada de frutas, legumes e outros alimentos.


"Na manhã desta segunda-feira, não houve impactos ou reflexos dos bloqueios nas rodovias. A movimentação e o abastecimento continuam normais", disse a companhia, em nota.


ESTRADAS COM MANIFESTAÇÕES EM MINAS NO ESPÍRITO SANTO


Em Minas Gerais, há interdição no entroncamento das BRs 262 e 116 em Manhuaçu, na zona da mata.
A 262 faz a ligação do Mato Grosso do Sul ao Espírito Santo. A 116 percorre a região leste do país do nordeste ao sul.
Os caminhoneiros no local, porém, permitem a passagem de veículos de passeio, ambulâncias, ônibus e cargas perecíveis. Há congestionamento no local, conforme a Polícia Rodoviária Federal.


Ao menos até o momento, conforme informações da corporação, esse é o único ponto de protesto dos caminhoneiros em Minas Gerais, que tem a maior malha rodoviária do país.


A 262 faz a ligação de Mato Grosso do Sul ao Espírito Santo. A 116 percorre a região leste do país do Nordeste ao Sul.
Os caminhoneiros no local, porém, permitem a passagem de veículos de passeio, ambulâncias, ônibus e cargas perecíveis. Há congestionamento no local, conforme a Polícia Rodoviária Federal.


A primeira interdição total de estrada no Espírito Santo ocorreu no início da tarde. Conforme a PRF, caminhoneiros fecharam a BR-101 no quilômetro 247, município de Serra. A interdição começou por volta das 14h30.


MANIFESTAÇÕES EM MATO GROSSO E MATO GROSSO DO SUL


Em Mato Grosso, manifestantes apoiadores de Bolsonaro interditavam a BR-163 em seis pontos.
A concessionária Rota do Oeste, que administra a rodovia, confirmou em balanço às 5h27 o fechamento nos seguintes pontos: Nova Mutum, na altura do km 594, sentido sul; Lucas do Rio Verde, no km 691; Sorriso, km 746; Sinop, no km 835; Cuiabá, no km 395 e Várzea Grande, no km 524.


Segundo a concessionária, também houve bloqueio em Rondonópolis na altura do km 119, mas a via foi liberada.
A rodovia é uma importante rota de transporte para produtos do agronegócio de Mato Grosso em direção aos portos do Arco Norte, como o de Miritituba, em Itaituba, no Pará.


"A concessionária segue acompanhando, sem interferência, as manifestações com foco na segurança viária. As equipes operacionais da Rota do Oeste estão sinalizando o final da fila, como forma de evitar acidente", afirmou a Rota do Oeste, em nota, destacando que o seu papel é apenas de monitoramento.


A reportagem procurou a Secretaria de Segurança de Mato Grosso, mas não conseguiu contato. A Polícia Rodoviária Federal de Mato Grosso também foi procurada, mas não respondeu imediatamente.


No vizinho Mato Grosso do Sul a BR-163 apresenta maior número de manifestações de caminhoneiros bolsonaristas, diz a PRF. São cinco pontos: km 614, em São Miguel do Oeste, km 679, em Rio Verde de Mato Grosso, km 767, em Coxim, km 490, em Campo Grande e km 550 em Bandeirantes.


Foram registrados protestos também no km 11 da BR-060, em Chapadão do Sul, e 383 da BR-262, em Terenos. A PRF não informou se alguns dos trechos já foram liberados pelos motoristas.


PARALISAÇÃO EM ESTRADAS NO SUL DO PAÍS


Santa Catarina registrou 18 pontos de bloqueios em rodovias estaduais. Os atos iniciaram ainda na noite de domingo, após o resultado nacional da eleição, e se ampliaram em diversas regiões do estado. A cúpula da Segurança Pública do Estado agendou reunião para início da tarde para avaliar ações de liberação dos trechos interditados.


Pelo menos nove pontos de bloqueios foram na BR-101, principal rodovia que corta o litoral do estado de norte a sul. Em Palhoça, na Grande Florianópolis, manifestantes queimaram pneus e bloquearam a rodovia nos dois sentidos. Os manifestantes se aglomeram em frente à loja da Havan e se recusam a deixar o local.


Em vídeo que circula pela internet, os manifestantes dizem não reconhecer o resultado das urnas e pedem intervenção militar. A PRF informou que tenta negociar saída dos manifestantes de forma pacífica.


No Rio Grande do Sul, a PRF local contabilizou 15 bloqueios em curso em rodovias federais às 12h30.


As rodovias afetadas são BR-290 (em Pantano Grande), BR-386 (em Nova Santa Rita, Sarandi e Iraí), BR-116 (dois bloqueios em Vacaria), BR-470 (Garibaldi, Nova Prata e Bento Gonçalves), BR-392 (Pelotas), BR-285 (Lagoa Vermelha, Ijuí, Entre Ijuís e São Luiz Gonzaga) e BR-158 (Panambi).


Dois bloqueios na BR-386 - em Nova Santa Rita e Sarandi -são do tipo "pare e siga", mantendo o fluxo lento de veículos. Na BR-158, em Panambi, e na BR-392, em Pelotas, os caminhões foram parados e direcionados a postos de gasolina.
A situação do Paraná, em relação às rodovias federais, é similar. Foram divulgados 19 pontos de bloqueio total.


PROTESTOS DE CAMINHONEIROS NO NORTE DO PAÍS


No estado do Pará são cinco pontos com manifestação monitorados pela PRF. No km 575 da BR-163, em Trairão, os manifestantes interditaram a pista nos dois sentidos impedindo a passagem de veículos. Interdição total também no km 14 da BR-010, em Dom Eliseu.


Em Santarém, no km 986 da BR-163, os manifestantes autorizam apenas a passagem de veículos de emergência e viaturas policiais. Também há manifestação em Novo Progresso, com trânsito lento.


No Amazonas, há um ponto da Transamazônica (BR-230) bloqueado na altura do km 430. A informação é da PRF no estado, que não deu detalhes sobre a extensão do bloqueio, sobre os impactos para a região e sobre o que vem sendo feito para liberação da via.


No início da tarde, um novo protesto foi realizado na BR-174 em Manaus. Apoiadores do presidente Bolsonaro ocuparam o local com bandeiras, e caminhoneiros passaram a interditar a rodovia.


Já no Acre, a PRF tratou como "pacífica" uma interdição de rodovia e disse apenas "observar" e "aguardar" a movimentação.
A interdição ocorre no km 298 da BR-317, em Brasileia, a 230 km da capital Rio Branco. Segundo a PRF, o "movimento pacífico" interditou parcialmente a rodovia. A polícia não diz quantos são os veículos e manifestantes.


A entrada do anel viário em Boa Vista, capital de Roraima, foi interditada por manifestantes, que impedem o tráfego de veículos de carga no km 493 da BR-174, segundo a PRF em Roraima.


Apenas carros de passeio e de emergência estão passando, de acordo com a corporação. A polícia diz que existem tratativas com manifestantes para liberação da via.


No Tocantins, um bloqueio parcial na BR-153, na região do município de Paraíso do Tocantins, permite apenas carros de passeio atravessarem.


MOVIMENTO SE DIVIDE E LIDERANÇAS PEDEM FIM DE BLOQUEIOS


Caminhoneiro autônomo e diretor da CNTTL (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística), Carlos Alberto Litti Dahmer diz que a manifestação dos motoristas é antidemocrática e não defende os interesses da categoria.
"A pauta que está sendo discutida agora não é uma pauta dos trabalhadores do transporte, não é uma pauta econômica. A pauta econômica que deve ser mantida e levada, independente do governo".


Presidente da ANTB (Associação Nacional de Transportes do Brasil), José Roberto Stringasci afirma que as ações que culminaram nos bloqueios das rodovias não foram organizadas por entidades que representam os caminhoneiros.


Segundo ele, a ação é organizada por pessoas que não participam da categoria e que estão obrigando os caminhões e pararem na pista.


"Não necessariamente é o caminheiro que está parando. Eles estão parados por causa dos bloqueios. Existem alguns caminhoneiros que estão apoiando. Mas não é a categoria no geral que está fazendo. É um ou outro motorista que está participando", diz Stringasci.


*
LISTA DE RODOVIAS PELO PAÍS COM BLOQUEIOS


Segundo relatório atualizado pela CCR às 14h05
- Rodovia Presidente Dutra (liga RJ e SP): bloqueio na altura de Barra Mansa, no km 281, em ambos os sentidos; reflexos: pista sentido Rio de Janeiro: 18 km de retenção; pista sentido São Paulo: 10 km de retenção na Via Dutra
- Anhanguera (SP-330): Situação: pista bloqueada nos dois sentidos na cidade de Limeira (SP). Há 4 km de retenção nos dois sentidos
- SP 340 (km 156): Em Mogi Mirim, trecho bloqueado nos dois sentidos
- SP 344 (km 223): Em São João da Boa Vista, bloqueado nos dois sentidos, com 100 metros de retenção
- BR-163 (Mato Grosso do Sul): Pontos totalmente bloqueados. Há retenção nos seguintes pontos: Campo Grande (kms 466, 487 e 490); Bandeirantes (km 550, com1 km de congestionamento nos dois sentidos), São Gabriel do Oeste (km 614), Rio Verde de Mato Grosso (km 679, com 1 km de congestionamento nos dois sentidos), Pedro Gomes (km 767), Caarapó (km 206), Dourados (km 256), Mundo Novo (km 0). Em Campo Grande, no km 466, 3 km de congestionamento no sentido no norte, 1 km no sentido sul. No km 490, 6 km de congestionamento no sentido norte, e 2 km no sentido sul
- BR-101 (Santa Catarina): Pontos totalmente bloqueados nos seguintes trechos: Imbituba (km 282), Tubarão (km 341), Içara (km 379), Maracajá (km 401), Santa Rosa do Sul (km 445). Em média há 3 km de retenção

 

RODOVIAS ESTADUAIS DO PARANÁ COM BLOQUEIOS TOTAIS


Segundo o Batalhão de Polícia Rodoviária, no início da tarde:
- PR-182, km 484, trevo de acesso a Realeza, com pneus incendiados
- PR-412, km 10, em Guaratuba, com caminhão e pneus
- PR-170, em Bituruna, caminhão e pneus
- PR-466, km 100, em Jardim Alegre, veículos fluindo pelas laterais
- PR-092, km 304, em Joaquim Távora, veículos fluindo pelas laterais
- PR-281, Chopinzinho, cerca de 50 pessoas bloquearam a rodovia e colocaram fogo em pneus
- Outras sete rodovias estaduais têm bloqueios parciais

 

RODOVIAS DO RIO GRANDE DO SUL


- BR 290 (km 77) Gravataí, bloqueio total; (km 213) Pantano Grande, bloqueio total; (km 26) Santo Antônio da Patrulha; (km 78) em Gravataí, sentido crescente, com bloqueio; km 22, Santo Antônio da Patrulha bloqueio total
- BR 386 (km 435) em Nova Santa Rita, bloqueado novamente (para e siga); km 412 em Triunfo bloqueio parcial (sentido norte)
- BR 116 (km 41 e 44) em Vacaria bloqueio total
- BR 470, (km 225), em Garibaldi; (km 159 e 162), em Nova Prata; km 209, em Bento Gonçalves, todas com bloqueio total
- BR 392 (km 66), em Pelotas bloqueio parcial (caminhões são direcionados para dentro do pátio do posto); km 117, em Canguçu bloqueio total
- BR 386 (km 136) em Sarandi bloqueio total (pare e siga); km 6, em Iraí bloqueio total; (km 112), em Constantina bloqueio total
- BR 285 (km 199), em Lagoa Vermelha bloqueio total
- BR 470 (km 10) em Barracão bloqueio total
- BR 153 (km 53), Erechim - bloqueio total com liberação alternada cada 30 min
- BR 285 (km 181), Carazinho (Trevo da Bandeira) bloqueio total
- BR 287 (km 282), em São Pedro do Sul bloqueio total
- BR 285 (km 460), em Ijuí, acesso a Cruz Alta - bloqueio total - trânsito fluindo pelas alças
- BR 285 (km 496) em Entre-Ijuís - bloqueio total (veículos desviando pelo pátio do posto de combustível, filas) e (km 564) em São Luiz Gonzaga bloqueio total em trevo de acesso secundário à cidade
- BR 158 (km 158) em Panambi bloqueio parcial
- BR 290 (km 575), em Alegrete bloqueio parcial (só passam carros) e km 720, em Uruguaiana bloqueio total

 

OUTRAS RODOVIAS


- BR-060 (Goiás): em dois trechos em Anápolis, no km 101, com pistas totalmente interditadas;
- BR-153 (Goiás): Itumbiara, km 703, com pistas totalmente interditadas;
- BR-153 (São Paulo): Em São José do Rio Preto, no km 51, interdição nos dois sentidos da pista por volta das 6h. Pista foi totalmente liberada por volta de 8h.
- BR-040 (Distrito Federal): Em Cristalina, no entorno do DF, no km 94, com trânsito fluindo lentamente.
- BR-040 (Goiás): Em Luziânia, no km 19.
- BR-020 (Bahia): Luiz Eduardo Magalhães, houve bloqueio durante a noite de domingo. Segundo a PRF bloqueio foi encerrado às 2h da manhã.

INCERTEZAS

Gigante da celulose recua e engaveta projeto de R$ 15 bilhões em MS

No fim de novembro a Eldorado informou que ampliaria o plantio de eucaliptos em 2026 de olho da duplicação da fábrica. Agora, porém, diz que esse aumento não sairá do papel

20/12/2025 16h50

A Eldorado, dos irmãos Batista, funciona em Três Lagoas desde 2012 e existe a previsão de que sua capacidade aumente em 100%

A Eldorado, dos irmãos Batista, funciona em Três Lagoas desde 2012 e existe a previsão de que sua capacidade aumente em 100%

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Depois de anunciar, no final de novembro, que a partir do próximo ano pretendia ampliar de 25 mil para até 50 mil hectares o plantio anual de eculiptos na região de leste de Mato Grosso do Sul, a indústria de celulose Eldorado deixou claro nesta semana que engavetou, pelo menos por enquanto, o projeto de expansão. 

Com o recuou, a empresa, que produz em torno de 1,8 milhão de toneladas de celulose por ano, deixa claro que está adiando a prometida duplicação de capacidade de produção da Eldorado, o que demandaria investimentos da ordem de R$ 15 bilhões US$ 3 bilhões), conforme anunciado em abril do ano passado pelos irmãos Joesley e Wessley Batista, donos da empresa. 

Em entrevista ao site AGFeed, especiliazado em agronegócio, o diretor florestal da Eldorado, Germano Vieira, afirmou que a empresa tem atualmente 305 mil hectares de pantações de eucaliptos na região, mas precisa de apenas dois terços disso para abastecer a fábrica. 

Ou seja, a empresa tem em torno de 100 mil hectares de eucaliptos sobrando e este excedente está sendo vendido ou permutado com a Bracell e a Suzano, que opera duas fábricas do setor na região, em Três Lagoas e Ribas do Rio Pardo. 

Então, caso o comando da Eldorado decida desengavetar repentinamente o projeto da duplicação,  já existe um excedente que seria capaz de abastecer a segunda unidade no período inicial, mesmo que não ocorra o início do plantio extra a partir de 2026, explicou Germano Vieira.

Atualmente são colhidos em torno de 25 mil hectares por ano para abastecer a indústria e o mesmo tanto é replantado, fazendo um giro para que sempre haja florestas "maduras".

São necessários, em média, sete anos para que a planta chegue ao estágio de corte e por conta disso havia a programação de começar o plantio agora (2026) para que houvesse matéria-prima suficiente quando a ampliação da fábrica estivesse concluída. Em três anos é possível fazer a ampliação da indústria, acredita Germando Vieira.  

Uma das explicações para o recuo, segundo a reportagem do AGFeed, é que a Eldorado ainda têm uma série de ajustes financeiros a serem feitos depois que os irmãos Batista conseguiram, em maio deste ano, fechar um acordo e colocar fim a batalha judicial com a Paper Excellence.

Para retomarem o controle total da Eldorado, que funciona em Três Lagoas desde 2012 e havia sido vendida parcialmente em 2017, eles se comprometeram a pagar US$ 2,640 bilhões à canadense Paper, que detinha pouco mais de 49% das ações do complexo industrial.  

Para duplicar a produção, segundo Germando Vieira, serão necessários 450 mil hecteres de florestas. Para chegar a esse montante, a empresa teria que arrendar mais 150 mil hecteres, o que demandaria um investimento da ordem de R$ 180 milhões anuais, já que o arrendamento custa em torno de R$ 1,2 mil por ano por hectare. 

Além disso, somente para o plantio de 25 mil hectares anuais a mais, conforme chegou a ser anunciado, seriam necessários em torno de R$ 220 milhões extras no setor florestal por ano, uma vez que o custo do plantio está na casa dos R$ 8,7 mil por hectare. E isso sem contabilizar os custos com o combate a pragas e combate a incêndios, entre outros. 

No final de novembro, Carlos Justo, gerente-geral florestal da Eldorado, chegou a informar ao site The AgriBiz que 15 mil hectares já haviam sido arrendados para dar início à ampliação do plantiu a partir do próximo ano. 

Preços da celulose

Embora Germano Vieira diga que a demanda mundial por celulose cresça em torno de um milhão de toneladas por ano e por conta disso a Eldorado mantem viva a promessa da duplicação, a empresa pisou no freio em meio à queda nos preços mundiais e ao aumento da oferta. 

Neste ano, o faturamento das três fábricas de Mato Grosso do Sul literalmente despencou. Por conta da ativação da unidade de Ribas do Rio Pardo, que tem capacidade de até 2,55 milhões de toneladas por ano, as exportações de Mato Grosso do Sul aumentaram em 57% nos dez primeiros meses de 2025, passando de 3,71 milhões de toneladas para 5,84 milhões de toneladas. 

Porém, o faturamento cresceu apenas 25,6%, subindo de U$ 2,121 bilhões para U$ 2,665 bilhões. No ano passado, quando a cotação da celulose já não estava nos melhores patamares, o valor médio da tonelada rendeu 570 dólares aos cofres das três indústrias. Neste ano, porém, elas tiveram rendimento médio de apenas 456 dólares, o que representa queda de 20%. 

Em decorrência desta queda nos preços, as indústrias deixaram de faturar em torno de 666 milhões de dólares, ou algo em torno de R$ 3,6 bilhões na moeda local, nos dez primeiros meses deste ano. 

Por conta disso, a Suzano, concorrente da Eldorado, chegou a emitir um alerta no começo de novembro dizendo que os preços internacionais estavam "completamete insustentáveis" e por isso estava reduzindo sua produção em cerca de 3,5%. 

O alerta da Suzano foi feito durante a prestação de contas relativa aos resultados do terceiro trimestre da empresa. E, segundo Leonardo Grimaldi, diretor do negócio de celulose da Suzano, a situação é crítica e “o setor está sangrando há meses”. 

Mas, apresar deste cenário de apreensão, investimentos da ordem de R$ 25 bilhões estão a todo vapor em Inocência, onde a chilena Arauco está instalando uma fábrica que terá capacidade para colocar 3,5 milhões de toneladas de celulose por ano a partir do final de 2027. 

Outra empresa, a Bracell, pretende começar, em fevereiro do próximo ano, em Batagussu, as obras de uma fábrica que terá capacidade para 1,8 milhão de toneladas por ano. Os investimentos previstos são da ordem de R$ 16 bilhões. 


 

MATO GROSSO DO SUL

Em pleno período de chuvas, Hidrelétrica Porto Primavera reduz vazão

Com a barragem mais extensa do País (10,2km), redução segue determinação emitida pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e havia sido anunciadano último dia 12, como medida para garantir a "segurança energética" brasileira

20/12/2025 14h14

Usina Hidrelétrica Engenheiro Sérgio Motta, também conhecida como Porto Primavera

Usina Hidrelétrica Engenheiro Sérgio Motta, também conhecida como Porto Primavera Reprodução/Cesp

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Usina Hidrelétrica Engenheiro Sérgio Motta, também conhecida como Porto Primavera, a unidade começou nesta sexta-feira (19) através da Companhia Energética de São Paulo (Cesp) a redução da vazão, para preservar os estoques de água dos reservatórios da bacia do Rio Paraná. 

Com a barragem mais extensa do País (10,2 km), essa redução segue determinação emitida pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e havia sido anunciada pela Cesp no último dia 12, prevista para começar ainda em 15 de dezembro, como medida para garantir a "segurança energética" brasileira. 

"O patamar mínimo defluente será reduzido de forma gradual e controlada, passando dos atuais 4.600 metros cúbicos por segundo para 3.900 m³/s, seguindo diretrizes operacionais do ONS", cita a Cesp em nota. 

Além disso, a Companhia frisa que, durante o processo, será mantido o plano de conservação da biodiversidade que havia sido aprovado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama), e teve início em maio deste ano, para monitoramento do Rio Paraná justamente nos trechos da jusante - parte rio abaixo - da Porto Primavera até a foz do Ivinhema. 

Ou seja, entre outros pontos, equipes embarcadas formadas por biólogos e demais profissionais especializados, devem trabalhar como os responsáveis por acompanhar a qualidade da água, bem como a conservação e comportamento dos peixes locais enquanto durar a flexibilização da vazão. 

Importante frisar a redução adotada também ao final de novembro (24/11) e mantida até 1° de dezembro, a partir de quando houve a retomada gradativa aos patamares originais. 

Problemas com a vazão

Em épocas passadas, como bem acompanha o Correio do Estado, o controle da vazão em Porto Primavera já trouxe prejuízo e revolta de produtores que chegaram a culpar a ONS pelas fazendas alagadas por mais de quatro meses em Batayporã no ano de 2023, por exemplo. 

Nessa ocasião, o problema começou com a abertura das comportas de Porto Primavera no dia 18 de janeiro de 2023, com a usina avisando a Defesa Civil de Batayporã da liberação de até 14,7 mil metros cúbicos de água por segundo. 

Sendo a maior vazão desde o começo do período chuvoso, as águas se somaram ainda à liberação dos cerca de 3 mil metros cúbicos por segundo do Rio Paranapanema, juntando em torno de 18 mil metros cúbicos por segundo. 

Na linha cronológica em 2023, o problema dos alagamentos começou no final de janeiro, indo até o mês de abril diante do fechamento das comportas em 31 de março. 

Quando a água já havia recuado, saindo de boa parte dos nove mil hectares alagados, as comportas foram reabertas na terceira semana de abril, com vazão máxima de dez mil metros cúbicos.

Depois, o aumento da vazão para até 13 mil metros cúbicos chegou a alcançar 14,7 mil m³, sendo que antes disso o volume anterior já havia sido responsável por invadir casas de moradores locais pela terceira vez no ano. 

Estimativas da Defesa Civil de Batayporã à época apontaram que pelo menos sete mil animais tiveram de ser remanejados na região por causa do mesmo problema. E, mesmo depois que a água baixar, são necessários de dois a três meses para que o pasto cresça e esteja em condições para alimentar os rebanhos. 

 

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