Com os hospitais superlotados e com falta de leitos há dois meses em Campo Grande, a Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) conseguiu ampliar o número de leitos para atendimento adulto. Entretanto, o principal problema continua sendo os espaços pediátricos, que seguem sem alternativa de melhoria na capacidade.
Conforme informou a Sesau para a equipe de reportagem do Correio do Estado, todos os 32 leitos que foram ampliados no Hospital de Câncer Alfredo Abrão e no Hospital São Julião são destinados para os setores de enfermaria adulto. Além desse quantitativo, a expectativa da Pasta é de conseguir adquirir mais 30 leitos no Hospital Filantrópico Pênfigo.
Com relação aos leitos pediátricos, a Sesau informou que nenhum hospital de Campo Grande disse à Pasta que teria condições estruturais de abrir novos leitos pediátricos e que, por esse motivo, não há previsão no momento para a ampliação de leitos hospitalares no atendimento infantil.
Segundo dados do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (Cnes), atualmente, a Capital conta com 132 leitos de pediatria clínica existentes. Desse total, a Santa Casa de Campo Grande conta com o maior número de leitos para esse setor (36).
No mês passado, a Sesau – conforme noticiou o Correio do Estado – já havia dito que, para resolver a situação crítica de superlotação dos hospitais, esteve em trativas com a Secretaria de Estado de Saúde (SES) para “consultar a viabilidade de firmar aditivos aos convênios já existentes com hospitais filantrópicos, para uma possível ampliação do quantitativo de leitos de internação disponíveis ao SUS [Sistema Único de Saúde] em Campo Grande em mais 50 leitos”.
Em contato com os hospitais da Capital, a informação sobre a ocupação de leitos segue a mesma, isto é, de que as unidades estão, neste momento, superlotadas, operando próximo ou acima da capacidade de atendimento.
O Hospital Regional de Mato Grosso do Sul (HRMS) comunicou, por meio de nota, que enfrenta hoje uma situação de superlotação em sua estrutura hospitalar.
“Na tarde desta sexta-feira, o Pronto Atendimento Médico do HRMS registrou a presença de 78 pacientes, o dobro da capacidade ideal, que é de 39 pacientes. Nas unidades de terapia intensiva [UTIs] – que incluem as UTIs adulto, coronariana, neonatal e pediátrica –, a taxa de ocupação é superior a 90%”, manifestou o hospital.
A Santa Casa de Campo Grande também afirmou que, na tarde desta sexta, o pronto-socorro do hospital fazia o atendimento de 46 pacientes – o setor de urgência e emergência, originalmente, foi projetado para acomodar 13 leitos.
A mesma situação de superlotação também foi divulgada pelos hospitais particulares, de acordo com a Unimed.
“Desde abril, é registrado um aumento significativo no número de atendimento nos prontos atendimentos pediátrico e adulto do nosso hospital, principalmente por doenças respiratórias”, disse a Unimed, por meio de nota.
Sobre a ocupação de leitos, a Unimed acrescentou que, “nesta semana, a ocupação de leitos se intensificou, mas reforçamos que atuamos com uma contingência, a qual inclui a dinâmica de giro de leitos, a fim de atender todas as demandas dos pacientes”.
“Ainda, reforçamos que, neste momento de alta das doenças respiratórias em toda a cidade, é preciso que a população evite aglomerações, contato com pessoas com sintomas gripais, mantenha a higienização frequente das mãos e se vacine contra a influenza”, declarou.
O Hospital Cassems de Campo Grande também informou que “está operando em sua capacidade máxima, com 100% dos leitos ocupados. Esse cenário é consequência do aumento expressivo na demanda por atendimentos, reflexo do atual surto de doenças respiratórias que acomete nossa cidade.
A Cassems orienta ainda aos beneficiários que sentirem sintomas leves a buscarem atendimento no nosso pronto atendimento digital, disponível pelo telessaúde”, destacou.
MINISTÉRIO PÚBLICO
A situação de urgência no atendimento de pacientes nos hospitais da Capital resultou na instauração de um inquérito civil do Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul (MPMS) para apurar “a falta de leitos e vagas na Rede Municipal de Saúde [de Campo Grande]”.
A investigação do MPMS visa, entre seus objetivos, apurar se a mudança de gestão do HRMS não interferiu na gestão do sistema de saúde e os motivos dos pacientes com classificação de risco azul e verde procurarem atendimento nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), sobrecarregando-as, em vez de serem encaminhados às unidades de atenção primária (USFs, UBS, etc.), o que não ocorre por uma possível recusa de atendimento nessas unidades.
A morte de uma criança de 8 anos de Camapuã que apresentava quadro de lesão glútea e demais sintomas graves foi um dos motivos que geraram a investigação na saúde, uma vez que a solicitação de transferência do paciente para o HRMS só foi liberada após a criança morrer.
Os autos instaurados pelo MPMS também informam que, mesmo com a execução do projeto do Hospital Municipal de Campo Grande, a falta de leitos na Capital ainda não será resolvida.
Saiba
Atualmente, a Rede Municipal de Saúde de Campo Grande dispõe de 1.704 leitos via SUS. Conforme dados do dia 7, em torno de 140 pacientes estavam na fila de espera para internação hospitalar.





