Cidades

IGREJA CATÓLICA

"Cidadão sul-mato-grossense" está entre os cardeais que podem virar o novo papa

Salesiano, o espanhol Ángel Fernández, que participará do conclave, recebeu o título quando esteve em MS no ano passado

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Entre os cardeais que votarão para decidir quem será o novo líder da Igreja Católica, o cardeal espanhol Ángel Fernández Artime, 64 anos, é o “cidadão sul-mato-grossense” que está entre os candidatos ao papado no conclave que se inicia hoje.

Com a experiência de estar à frente da Reitoria-Mor da Congregação Salesiana, sendo o 10º sucessor de Dom Bosco, o cardeal Artime esteve em Mato Grosso do Sul, em março do ano passado, para participar das celebrações dos 130 anos da Missão Salesiana em território mato-grossense e sul-mato-grossense.

Na ocasião, a Assembleia Legislativa de MS, como forma de reconhecimento da importância salesiana na formação educacional de milhares de jovens no Estado, concedeu à Eminência Reverendíssima o título de cidadão sul-mato-grossense.

Em entrevista para o Correio do Estado, o padre Ricardo Carlos, atual presidente da Missão Salesiana de Mato Grosso, informou como foi a visita de Artime pelo Estado.

“O cardeal Artime ficou 10 dias em Mato Grosso do Sul, esteve em Campo Grande e Corumbá e também visitou Cuiabá e as nossas missões indígenas de Boe Bororo e Xavante em Mato Grosso”, disse.

Durante a visita na Capital, o cardeal espanhol celebrou missas para salesianos na capela do Instituto São Vicente e na Obra Social Paulo VI, onde participou de uma roda de conversa com jovens dentro da Escola Estadual Rui Barbosa. Artime também visitou, na ocasião, a Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora, no Bairro Santo Antônio.

“Ele [cardeal Artime] recebeu o título de Cidadão Sul-Mato-Grossense porque ele é o sucessor de Dom Bosco, e justamente a história religiosa e de educação de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul se confunde com a história dos salesianos. Em suma, o título foi dado como um reconhecimento da ação salesiana na educação e na evangelização dos salesianos no Estado”, complementou o padre Ricardo.

Cardeal Ángel Fernández Artime em roda de conversa com os jovens na quadra da Escola Estadual Rui Barbosa - Foto: Arquivo / Missão Salesiana de Mato Grosso (MSMT)

CONCLAVE

O cardeal Artime é um dos 133 participantes que integrarão e votarão durante o conclave que decidirá quem será o novo papa da Igreja Católica.

Artime, como membro do conclave, está junto aos demais cardeais nas congregações que estão ocorrendo em Roma, nas quais os cardeais começam a dialogar qual deve ser o perfil do novo papa.

O atual conclave terá a maior diversidade entre representantes de países, mudança que foi promovida ao longo do papado de Francisco, que nomeou 80% dos atuais votantes. 

Países como Mongólia, Laos, Papua-Nova Guiné e Mali, por exemplo, estrearão na assembleia. Na América Latina, o número de cardeais – que era de 13 na era do papa Bento XVI – passou para 46 com o papa Francisco.

Conforme informou o padre Ricardo à reportagem, os cardeais salesianos contribuem com a escolha do novo papa dentro do campo de atuação da Congregação Salesiana.

“Os salesianos presentes sempre dão a contribuição da vida salesiana no conclave, sobretudo dentro do carisma salesiano, que é uma especialidade nesse campo da juventude missionária, com o qual podemos contribuir bastante”, disse.

Sobre a escolha do novo papa, o padre Ricardo também externou o desejo de que o eleito tenha um perfil parecido com o de Francisco. 

“Eu, pessoalmente, gostaria que eles [cardeais] pudessem escolher alguém que fosse muito semelhante àquilo que o papa Francisco deixou para nós, uma igreja sensível aos necessitados, o diálogo, a acolhida, é o que a gente espera”, analisou o salesiano.

TRAJETÓRIA

 Cardeal Artime ao lado do Papa Francisco Foto: Divulgação

Ángel Fernández Artime nasceu em Gozón-Luanco Oviedo, na Espanha. É filho de pescador e trabalhava com o seu pai até ser enviado para internatos e, posteriormente, para a Universidade de Valladolid, onde estudou Filosofia e Pedagogia antes de se aprofundar na Teologia Pastoral.

Em sua província de origem, Espanha-Leão, o atual cardeal foi delegado da Pastoral Juvenil e, de 2000 a 2006, inspetor. Em 2009, foi nomeado inspetor salesiano da Argentina Sul.

Após 10 anos como reitor-mor dos salesianos, Artime deixou a função em 31 de julho de 2024, meses após ter a honraria de ser nomeado cardeal pelo papa Francisco, em setembro de 2023.

Segundo o padre Ricardo, Artime e o então arcebispo de Buenos Aires, Jorge Mario Bergoglio, se conheciam desde quando o espanhol era inspetor salesiano na Argentina.

“O cardeal Artime era padre e inspetor dos salesianos em Buenos Aires quando conheceu o papa Francisco, que era na época conhecido como cardeal Bergoglio e era o arcebispo da capital. Então, eles trabalharam na mesma cidade e se tornaram ali conhecidos. Eu acredito que desde aquela época o papa Francisco já estava de olho em sua trajetória, nomeando-o cardeal anos depois”, opinou o padre.

Como cardeal nomeado, Artime assumiu em janeiro a função de pró-prefeito do Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica.

Segundo o presidente da Missão Salesiana de Mato Grosso, Artime foi nomeado cardeal pelo papa Francisco por ter todos os requisitos exigidos para assumir essa função.

“Como reitor-mor dos salesianos, o cardeal Artime visitou praticamente 137 países onde estão as presenças salesianas do mundo. Então, ele é um cardeal que tem uma visão de mundo e de igreja muito grande, preenchendo um perfil excelente para ser cardeal e podendo contribuir muito com a Igreja Católica e agora com a escolha do novo papa”, declarou.

SAIBA

Além de Ángel Fernández Artime, os cardeais salesianos presentes no conclave são Cristóbal López Romero (Marrocos), Daniel F. Sturla Berhouet (Uruguai), Charles Maung Bo (Mianmar) e Virgílio do Carmo da Silva (Timor-Leste).

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INCERTEZAS

Gigante da celulose recua e engaveta projeto de R$ 15 bilhões em MS

No fim de novembro a Eldorado informou que ampliaria o plantio de eucaliptos em 2026 de olho da duplicação da fábrica. Agora, porém, diz que esse aumento não sairá do papel

20/12/2025 16h50

A Eldorado, dos irmãos Batista, funciona em Três Lagoas desde 2012 e existe a previsão de que sua capacidade aumente em 100%

A Eldorado, dos irmãos Batista, funciona em Três Lagoas desde 2012 e existe a previsão de que sua capacidade aumente em 100%

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Depois de anunciar, no final de novembro, que a partir do próximo ano pretendia ampliar de 25 mil para até 50 mil hectares o plantio anual de eculiptos na região de leste de Mato Grosso do Sul, a indústria de celulose Eldorado deixou claro nesta semana que engavetou, pelo menos por enquanto, o projeto de expansão. 

Com o recuou, a empresa, que produz em torno de 1,8 milhão de toneladas de celulose por ano, deixa claro que está adiando a prometida duplicação de capacidade de produção da Eldorado, o que demandaria investimentos da ordem de R$ 15 bilhões US$ 3 bilhões), conforme anunciado em abril do ano passado pelos irmãos Joesley e Wessley Batista, donos da empresa. 

Em entrevista ao site AGFeed, especiliazado em agronegócio, o diretor florestal da Eldorado, Germano Vieira, afirmou que a empresa tem atualmente 305 mil hectares de pantações de eucaliptos na região, mas precisa de apenas dois terços disso para abastecer a fábrica. 

Ou seja, a empresa tem em torno de 100 mil hectares de eucaliptos sobrando e este excedente está sendo vendido ou permutado com a Bracell e a Suzano, que opera duas fábricas do setor na região, em Três Lagoas e Ribas do Rio Pardo. 

Então, caso o comando da Eldorado decida desengavetar repentinamente o projeto da duplicação,  já existe um excedente que seria capaz de abastecer a segunda unidade no período inicial, mesmo que não ocorra o início do plantio extra a partir de 2026, explicou Germano Vieira.

Atualmente são colhidos em torno de 25 mil hectares por ano para abastecer a indústria e o mesmo tanto é replantado, fazendo um giro para que sempre haja florestas "maduras".

São necessários, em média, sete anos para que a planta chegue ao estágio de corte e por conta disso havia a programação de começar o plantio agora (2026) para que houvesse matéria-prima suficiente quando a ampliação da fábrica estivesse concluída. Em três anos é possível fazer a ampliação da indústria, acredita Germando Vieira.  

Uma das explicações para o recuo, segundo a reportagem do AGFeed, é que a Eldorado ainda têm uma série de ajustes financeiros a serem feitos depois que os irmãos Batista conseguiram, em maio deste ano, fechar um acordo e colocar fim a batalha judicial com a Paper Excellence.

Para retomarem o controle total da Eldorado, que funciona em Três Lagoas desde 2012 e havia sido vendida parcialmente em 2017, eles se comprometeram a pagar US$ 2,640 bilhões à canadense Paper, que detinha pouco mais de 49% das ações do complexo industrial.  

Para duplicar a produção, segundo Germando Vieira, serão necessários 450 mil hecteres de florestas. Para chegar a esse montante, a empresa teria que arrendar mais 150 mil hecteres, o que demandaria um investimento da ordem de R$ 180 milhões anuais, já que o arrendamento custa em torno de R$ 1,2 mil por ano por hectare. 

Além disso, somente para o plantio de 25 mil hectares anuais a mais, conforme chegou a ser anunciado, seriam necessários em torno de R$ 220 milhões extras no setor florestal por ano, uma vez que o custo do plantio está na casa dos R$ 8,7 mil por hectare. E isso sem contabilizar os custos com o combate a pragas e combate a incêndios, entre outros. 

No final de novembro, Carlos Justo, gerente-geral florestal da Eldorado, chegou a informar ao site The AgriBiz que 15 mil hectares já haviam sido arrendados para dar início à ampliação do plantiu a partir do próximo ano. 

Preços da celulose

Embora Germano Vieira diga que a demanda mundial por celulose cresça em torno de um milhão de toneladas por ano e por conta disso a Eldorado mantem viva a promessa da duplicação, a empresa pisou no freio em meio à queda nos preços mundiais e ao aumento da oferta. 

Neste ano, o faturamento das três fábricas de Mato Grosso do Sul literalmente despencou. Por conta da ativação da unidade de Ribas do Rio Pardo, que tem capacidade de até 2,55 milhões de toneladas por ano, as exportações de Mato Grosso do Sul aumentaram em 57% nos dez primeiros meses de 2025, passando de 3,71 milhões de toneladas para 5,84 milhões de toneladas. 

Porém, o faturamento cresceu apenas 25,6%, subindo de U$ 2,121 bilhões para U$ 2,665 bilhões. No ano passado, quando a cotação da celulose já não estava nos melhores patamares, o valor médio da tonelada rendeu 570 dólares aos cofres das três indústrias. Neste ano, porém, elas tiveram rendimento médio de apenas 456 dólares, o que representa queda de 20%. 

Em decorrência desta queda nos preços, as indústrias deixaram de faturar em torno de 666 milhões de dólares, ou algo em torno de R$ 3,6 bilhões na moeda local, nos dez primeiros meses deste ano. 

Por conta disso, a Suzano, concorrente da Eldorado, chegou a emitir um alerta no começo de novembro dizendo que os preços internacionais estavam "completamete insustentáveis" e por isso estava reduzindo sua produção em cerca de 3,5%. 

O alerta da Suzano foi feito durante a prestação de contas relativa aos resultados do terceiro trimestre da empresa. E, segundo Leonardo Grimaldi, diretor do negócio de celulose da Suzano, a situação é crítica e “o setor está sangrando há meses”. 

Mas, apresar deste cenário de apreensão, investimentos da ordem de R$ 25 bilhões estão a todo vapor em Inocência, onde a chilena Arauco está instalando uma fábrica que terá capacidade para colocar 3,5 milhões de toneladas de celulose por ano a partir do final de 2027. 

Outra empresa, a Bracell, pretende começar, em fevereiro do próximo ano, em Batagussu, as obras de uma fábrica que terá capacidade para 1,8 milhão de toneladas por ano. Os investimentos previstos são da ordem de R$ 16 bilhões. 


 

MATO GROSSO DO SUL

Em pleno período de chuvas, Hidrelétrica Porto Primavera reduz vazão

Com a barragem mais extensa do País (10,2km), redução segue determinação emitida pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e havia sido anunciadano último dia 12, como medida para garantir a "segurança energética" brasileira

20/12/2025 14h14

Usina Hidrelétrica Engenheiro Sérgio Motta, também conhecida como Porto Primavera

Usina Hidrelétrica Engenheiro Sérgio Motta, também conhecida como Porto Primavera Reprodução/Cesp

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Usina Hidrelétrica Engenheiro Sérgio Motta, também conhecida como Porto Primavera, a unidade começou nesta sexta-feira (19) através da Companhia Energética de São Paulo (Cesp) a redução da vazão, para preservar os estoques de água dos reservatórios da bacia do Rio Paraná. 

Com a barragem mais extensa do País (10,2 km), essa redução segue determinação emitida pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e havia sido anunciada pela Cesp no último dia 12, prevista para começar ainda em 15 de dezembro, como medida para garantir a "segurança energética" brasileira. 

"O patamar mínimo defluente será reduzido de forma gradual e controlada, passando dos atuais 4.600 metros cúbicos por segundo para 3.900 m³/s, seguindo diretrizes operacionais do ONS", cita a Cesp em nota. 

Além disso, a Companhia frisa que, durante o processo, será mantido o plano de conservação da biodiversidade que havia sido aprovado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama), e teve início em maio deste ano, para monitoramento do Rio Paraná justamente nos trechos da jusante - parte rio abaixo - da Porto Primavera até a foz do Ivinhema. 

Ou seja, entre outros pontos, equipes embarcadas formadas por biólogos e demais profissionais especializados, devem trabalhar como os responsáveis por acompanhar a qualidade da água, bem como a conservação e comportamento dos peixes locais enquanto durar a flexibilização da vazão. 

Importante frisar a redução adotada também ao final de novembro (24/11) e mantida até 1° de dezembro, a partir de quando houve a retomada gradativa aos patamares originais. 

Problemas com a vazão

Em épocas passadas, como bem acompanha o Correio do Estado, o controle da vazão em Porto Primavera já trouxe prejuízo e revolta de produtores que chegaram a culpar a ONS pelas fazendas alagadas por mais de quatro meses em Batayporã no ano de 2023, por exemplo. 

Nessa ocasião, o problema começou com a abertura das comportas de Porto Primavera no dia 18 de janeiro de 2023, com a usina avisando a Defesa Civil de Batayporã da liberação de até 14,7 mil metros cúbicos de água por segundo. 

Sendo a maior vazão desde o começo do período chuvoso, as águas se somaram ainda à liberação dos cerca de 3 mil metros cúbicos por segundo do Rio Paranapanema, juntando em torno de 18 mil metros cúbicos por segundo. 

Na linha cronológica em 2023, o problema dos alagamentos começou no final de janeiro, indo até o mês de abril diante do fechamento das comportas em 31 de março. 

Quando a água já havia recuado, saindo de boa parte dos nove mil hectares alagados, as comportas foram reabertas na terceira semana de abril, com vazão máxima de dez mil metros cúbicos.

Depois, o aumento da vazão para até 13 mil metros cúbicos chegou a alcançar 14,7 mil m³, sendo que antes disso o volume anterior já havia sido responsável por invadir casas de moradores locais pela terceira vez no ano. 

Estimativas da Defesa Civil de Batayporã à época apontaram que pelo menos sete mil animais tiveram de ser remanejados na região por causa do mesmo problema. E, mesmo depois que a água baixar, são necessários de dois a três meses para que o pasto cresça e esteja em condições para alimentar os rebanhos. 

 

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