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NARCOTRÁFICO

Tráfico de cocaína "traz paz" e derruba número de assassinatos em MS

Em Ponta Porã, por exemplo, uma pessoa era assassinada a cada cinco dias, em média, em 2016. Agora em 2024, este intervalo subiu para um caso a cada 19 dias

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Números da Secretaria de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul (Sejusp) mostram que desde o começo do ano até este sábado foram assassinadas 379 pessoas no Estado. Este é o menor número de homicídios desde 2014, ano em que os dados começaram a ser divulgados pela secretaria. A principal explicação para isso é a trégua na “guerra” entre narcotraficantes da região de fronteira.

Em 2014, por exemplo, aconteceia um assassinato a cada 11,5 horas. Em 2024, esse intervalo é de 23,5 horas. E essa trégua coincide com a chegada massiva da cocaína às fronteiras com a Bolívia e, principalmente, com o Paraguai, onde a tráfico da maconha predominava até o começo desta década.

As mesmas estatísticas que mostram queda no número de assassinatos também apontam disparada nas apreensões de cocaína. Em 2020, por exemplo, foi computada a apreensão de 4,3 toneladas de cocaína. No ano passado foram 18 toneladas e nos primeiros 11 meses de 2024 já são quase 17 toneladas. 

Porém, o volume de apreensões de cocaína é bem superior a isso, pois a Sejusp não contabiliza as interceptações da Polícia Federal e nem aquelas que a Polícia Rodoviária Federal faz e entrega em alguma delegacia da Polícia Federal. 

Na chamada faixa de fronteira, a quantidade de assassinatos segue alta, mas na comparação com dez anos atrás, literalmente despencou. Em 2014, por exemplo, foram mortas 399 pessoas. Neste ano, até agora, foram computados 183, o que representa recuo superior a 50%.

FONTE: SEJUSP

Em Ponta Porã, que faz fronteira seca com a paraguaia Pedro Juan Caballero, foram assassinadas 71 pessoas em 2016, ano em que o megatraficante Jorge Raffat foi executado.

Em 2024, até agora, foram 18 casos. Ou seja, naquele ano uma pessoa era assassinada a cada cinco dias, em média. Agora, esse intervalo é de 19 dias. E, na cidade vizinha a situação é parecida. 

Em Campo Grande, onde o narcotráfico também está presente em todas das regiões da cidade, neste mesmo período, também houve recuo, mas bem menor. Em 2014 foram contabilizados 197 assassinatos na Capital. Em 2024, foram 114 do começo do ano até o fim da primeira semana de dezembro. 

FENÔMENO MUNDIAL

A explosão nas apreensões de cocaína está diretamente ligada ao aumento do volume em circulação pelas estradas daqui e isso não é um fenômeno local. Está diretamente ligado ao aumento na produção mundial de cocaína. 

Segundo dados do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODOC), as culturas de coca e a produção de cocaína atingiram seu máximo histórico nos últimos três anos na Colômbia, Peru e Bolívia, países que concentram a quase totalidade da produção deste tipo de entorpecente. 

FONTE: SEJUSP

Em 2022, havia 355 mil hectares de coca nestas três nações. Isso representa um aumento significativo em relação a 2021 (316 mil hectares) e 2020 (234 mil hectares), conforme este mesmo estudo. 

"Há muita cocaína na Colômbia, há mais cocaína na Bolívia e no Peru, há mais opções de onde comprar, e há mais cocaína em todo o mercado. Isso dá ao traficante a liberdade de estabelecer novas condições", diz Ana María Rueda, coordenadora da área de Políticas sobre Drogas da Fundação Ideias para a Paz, em reportagem publicada pela BBC Brasil.

O aumento da produção de coca, explicam os especialistas, é motivada em parte pela procura. Conforme o mesmo estudo divulgado pela ONU em 2023, existem cerca de 22 milhões de consumidores de cocaína no mundo,  o que é um recorde.

E "é um mercado em crescimento na Europa Ocidental e especialmente em outras áreas não tradicionais. Por exemplo, na Austrália, na Nova Zelândia, na Ásia e até na África, o mercado de cocaína que antes não existia está crescendo agora", afirma Candice Welsh, representante para a América do Sul do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime nesta mesma reportagem publicada pela BBC Brasil. 

LUCRO FÁCIL

Sergio Saffon, investigador sênior da InsightCrime, uma organização que investiga e analisa o crime organizado, concorda que os traficantes de drogas estão desenvolvendo novos mercados para a cocaína em outras partes do mundo.

Além do enorme número de potenciais consumidores em países como a Austrália ou a China, eles são atraídos pelos elevados preços pagos nas ruas desses países pela cocaína. "À medida que o destino se afasta das áreas de produção e fica mais difícil e arriscado transportá-lo, vemos preços exorbitantes", explica Saffon.

Em 2022, a polícia australiana afirmou que um quilo de cocaína poderia chegar a cerca de US$ 250 mil (R$ 1,3 milhão), mais que o dobro do que custa nos Estados Unidos.

Após apreensão de meia tonelada feita nesta quinta-feira pelo DOF em Paranhos, na fronteira com o Paraguai, o quilo foi avaliado em 12 mil dólares pela corporação. E esta alta possibilidade de lucro está fazendo com que traficantes que antes eram rivais passem a atuar em conjunto. 

Mas, além do aumento na oferta, existe hoje uma importante mudança neste mercado. Ao contrário da época em que as Farc controlavam a maior parte do negócio, atualmente vários grupos armados, em cada uma das regiões produtoras de coca, lutam pelo controle do mercado, aponta o relatório da ONU. 

As constantes guerras entre grupos armados pelo mercado das drogas tornam a logística empresarial mais difícil para os compradores estrangeiros. Comprar numa região em guerra é muito mais complicado do que quando existe um claro controle hegemônico, explica Sergio Saffon. 

E isso, ao que tudo indica, ajuda a explicar esta trégua na demorada guerra que existia entre traficantes que tentavam dominar a região de fronteira entre o Brasil e o Paraguai em Mato Grosso do Sul.

Da droga circulante, sabe-se que apenas 10% são apreendidas por medidas repressivas, estima a própria ONU. E, “as redes criminosas consideram as apreensões como parte do custo de fazer negócios”, diz Sérgio Saffon, em entrevista à BBC Brasil. 

Enquanto isso, a “indústria” do comércio de drogas ilegais cresce e lucra de maneira a acumular 500 bilhões de dólares americanos por ano, segundo estimativas da UNODOC (O Programa da ONU para Controle das Drogas e do Crime). 

MACONHA

No mesmo período em que as apreensões de cocaína dispararam, as de maconha encolheram nos últimos anos em Mato Grosso do Sul. Em 2020, pico da série, a Sejusp contabilizou quase 766 toneladas. Depois disso houve queda seguida e no ano passado foram 421 toneladas. Em 2024 as interceptações voltaram a subir e até agora são 530 toneladas. 

Cidades

Em crise financeira, Hospital Alfredo Abrão terá contratos analisados pelo MPMS

Os documentos analisados pela Promotoria de Justiça apontam um déficit mensal próximo de R$ 780 mil, reconhecido pela própria gestão municipal

18/12/2025 19h20

O Hospital do Câncer atende cerca de 70% dos pacientes com câncer no Estado

O Hospital do Câncer atende cerca de 70% dos pacientes com câncer no Estado Divulgação: Hospital do Câncer Alfredo Abrão

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O Hospital de Câncer Alfredo Abrão (HCAA) vive cenário de desequilíbrio financeiro, agravado por limitações orçamentárias e pela crescente demanda por serviços oncológicos de média e alta complexidade no Sistema Único de Saúde (SUS). Diante das circunstâncias, o Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) instaurou procedimento administrativo para acompanhar a contratualização e o financiamento do local.

De acordo com os documentos analisados pela 76ª Promotoria de Justiça de Campo Grande, há um déficit mensal próximo de R$ 780 mil, reconhecido pela própria gestão municipal, além de perdas adicionais decorrentes da não cobertura de produção excedente desde novembro de 2024. 

O hospital também enfrenta atrasos no pagamento de procedimentos já realizados, redução temporária do teto MAC (Média e Alta Complexidade), pendências de liberação de emendas parlamentares e insuficiência de repasses para custear cirurgias, quimioterapias, radioterapias, exames de imagem e manutenção de leitos clínicos. 

Como o HCAA atende cerca de 70% dos pacientes com câncer no Estado, qualquer interrupção representa risco imediato de desassistência em larga escala.

Em resposta às requisições, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) informou repasses mensais que totalizam R$ 1.738.005,52, distribuídos entre incentivos de custeio e projetos específicos.

A Secretaria Municipal de Saúde (Sesau), por sua vez, reconheceu o excedente de produção e informou que o pedido de majoração do teto MAC está protocolado no Ministério da Saúde desde 2023, aguardando disponibilidade orçamentária federal.

O Ministério da Saúde confirmou que os pleitos permanecem em análise, tendo havido apenas um repasse pontual de R$ 2.999.840,00 ao Município para ações de média e alta complexidade.

Diante desse quadro, o MPMS expediu portaria e edital tornando pública a instauração do procedimento e notificou formalmente o Ministério da Saúde, a SES, a Sesau e a direção do HCAA.

Entre as diligências determinadas, estão pedidos de informações sobre repactuações contratuais, recomposição financeira, cobertura da produção excedente, valores recebidos em 2025, déficit acumulado e providências adotadas para garantir a continuidade dos atendimentos.

O MPMS destaca que sua atuação é preventiva, institucional e colaborativa, voltada para preservar a continuidade do atendimento oncológico e a promover soluções coordenadas entre Município, Estado e União. O objetivo é assegurar estabilidade financeira ao HCAA, evitar a interrupção de tratamentos que não podem ser suspensos e garantir que a assistência oncológica permaneça integral, resolutiva e acessível à população.

Com o procedimento instaurado, a Promotoria de Justiça seguirá monitorando respostas, prazos, repasses e eventuais reprogramações orçamentárias, além de fomentar pactuações que permitam ampliar a oferta de serviços com segurança, transparência e qualidade. A atuação ministerial busca prevenir o colapso assistencial e assegurar a efetividade do direito fundamental à saúde dos pacientes oncológicos de Mato Grosso do Sul.

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Cidades

Portaria autoriza IBGE a contratar 39 mil temporários para Censo Agro e de população nas ruas

A seleção e ingresso dos trabalhadores temporários ocorrerá através de processo seletivo simplificado

18/12/2025 19h00

Agentes do IBGE em MS

Agentes do IBGE em MS FOTO: Marcelo Victor/Correio do Estado

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O Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) E O Ministério do Planejamento e Orçamento informaram a autorização de contratação temporária de 39.108 trabalhadores para atuarem no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na realização do Censo Agropecuário e do Censo da População em Situação de Rua. A Portaria Conjunta MGI/MPO Nº 90 liberando as admissões foi publicada na quarta-feira, 17.

"As contratações têm como objetivo viabilizar a operacionalização dos levantamentos censitários, que envolvem desde o planejamento técnico até a coleta, supervisão e processamento das informações em todo o território nacional. Os contratos serão firmados nos termos da Lei nº 8.745, de 1993", informou o MGI, em nota à imprensa.

A seleção e ingresso dos trabalhadores temporários ocorrerá através de processo seletivo simplificado, observando as políticas de reserva de vagas previstas em lei e assegurando que "todas as etapas do certame estejam alinhadas à efetividade das ações afirmativas".

A portaria determina que o IBGE defina a remuneração das vagas, "respeitando os critérios legais relacionados à relevância e à complexidade das funções".

O edital de abertura das inscrições para o processo seletivo simplificado será publicado em até seis meses, "contados a partir da publicação do ato normativo".

O IBGE ainda aguarda a aprovação do orçamento de R$ 700 milhões necessários aos preparativos do já atrasado Censo Agropecuário em 2026, para que possa ir à coleta de campo em 2027.

O cronograma inicial previa os preparativos em 2025 e coleta em campo em 2026, mas foi adiado por falta das verbas demandadas no orçamento da União. O levantamento censitário prevê a coleta de informações de cerca de 5 milhões de estabelecimentos agropecuários em todo o País.

No novo cronograma, caso os recursos previstos no Projeto de Lei Orçamentária Anual sejam garantidos, o IBGE dará início em outubro de 2026 ao cadastro de estabelecimentos para coleta de dados online, que começaria a ser feita em janeiro de 2027. Em abril de 2027 teria início a coleta presencial.

 

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