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Covid: Reinfecção pode aumentar risco de agravamento e sequelas, sugere estudo

No estudo os ônus foram cumulativos, com os resultados podendo ser piores a cada nova contaminação

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A reinfecção por covid-19 parece trazer riscos adicionais de complicações em diversos órgãos, além de incrementar a chance de morte e de hospitalização, sugeriu um estudo de pesquisadores da Universidade de Washington, publicado na renomada revista científica britânica Nature.

Segundo os pesquisadores, os riscos foram mais pronunciados na fase aguda da doença, mas persistiram na fase pós-aguda, aos seis meses subsequentes.

Além disso, os ônus foram cumulativos, com os resultados podendo ser piores a cada nova contaminação.

Os pesquisadores relatam que “os mecanismos subjacentes ao aumento dos riscos de morte e resultados adversos à saúde na reinfecção não são completamente claros”.

Porém, apontam que “a saúde prejudicada, como consequência da primeira infecção, pode resultar em risco aumentado de consequências adversas à saúde após a reinfecção”.

O estudo joga luz sobre o risco da reinfecção em um momento em que o Brasil enfrenta um novo aumento de casos da doença, puxado por subvariantes da Ômicron, a BQ.1 e a BE.9, que parecem ser mais transmissíveis e ter maior escape vacinal. Especialistas orientam que pacientes, principalmente os que ficaram com sequelas, devem redobrar cuidados e evitar nova infecção.

Em entrevista à agência de notícias britânica Reuters, um dos autores do estudo Ziyad Al-Aly, da Faculdade de Medicina da Universidade de Washington, contou que pacientes têm chegado aos serviços de saúde com certo “ar de invencibilidade”. “Eles se perguntam: reinfecção realmente importa?’

A resposta é sim, com certeza”, afirmou. “A reinfecção aumenta o risco de resultados agudos e de covid longa.”

O estudo estimou que, quem se infecta novamente, tem duas vezes mais chance de óbito e três vezes mais probabilidade de necessitar de internação hospitalar, do que paciente sem quadro prévio.

Além de 3,5 vezes mais risco de desenvolver sequela pulmonar, mas também em sistemas extrapulmonares, como 2,4 vezes mais chance de distúrbio gastrointestinal.

Para chegar aos resultados, os pesquisadores analisaram um grupo de mais de 5 milhões de pacientes registrados no Departamento de Assuntos de Veteranos dos Estados Unidos. Do total, 40,9 mil tiveram duas ou mais infecções pelo coronavírus, enquanto 443 mil apenas uma.

Análise limitada

Embora robusto, o grupo analisado impôs limitações para a análise. A maioria dos pacientes são homens brancos, além disso, os pesquisadores consideraram apenas infecções comprovadas por teste.

O infectologista Julio Croda, professor da Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS) e da Yale School of Public Health, que não está envolvido na pesquisa, acrescenta que os pacientes devem ser de um grupo bastante específico de pessoas mais vulneráveis à doença e suscetíveis a manifestações graves.

“Muito provavelmente é um grupo de pessoas mais idosas, imunossuprimidas.”

No entanto, fala que o estudo é uma prova da gravidade da covid, uma vez que avalia que o aumento de risco de hospitalização e morte é um “comportamento comum” de “doenças graves que geram sequelas”.

“Como as infecções podem gerar sequelas cumulativas, o risco de hospitalização e óbito é cumulativo também.” Nesse sentido, pede cautela aos que já tiveram a doença, principalmente aos que “evoluíram com alguma sequela”.

O estudo destaca que o aumento de risco foi “evidente” quando comparou pessoas que estavam com a imunização completa.

A infectologista Raquel Stucchi, da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), porém, destaca que isso não significa que a vacina não funcione ou não seja importante.

“A vacinação diminui o risco de você ter uma forma grave na infecção aguda. O que o estudo mostra é que, mesmo quadros leves, podem, no período de seis meses, ter complicações relacionadas a essa infecção leve. E que isso a vacina acaba não conseguindo diminuir o risco.”

Para ela, o recado do artigo é claro: é preciso evitar pegar a doença. “E evitar ter covid novamente é evitar aglomeração, voltar a usar máscara e higienizar as mãos quando estiver em ambiente fechado ou aberto com aglomeração.”

Croda avalia também que fica cada vez mais evidente o desenvolvimento de uma vacina que proteja melhor contra a infecção, para além da proteção conta hospitalização e óbito.

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Colapso na saúde

Deputado protocola ação pedindo intervenção urgente do Estado na saúde de Campo Grande

O parlamentar classifica a situação do SUS da Capital como grave e à beira de um colapso

19/12/2025 18h15

Saúde de Campo Grande é alvo de ações e acumula discussões por estar

Saúde de Campo Grande é alvo de ações e acumula discussões por estar "à beira de um colapso" FOTO: Gerson Oliveira/Correio do Estado

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O deputado estadual Pedrossian Neto entrou com uma ação no Ministério Público de Mato Grosso do Sul pedindo que o Governo do Estado adote medidas e providências na saúde de Campo Grande. 

O parlamentar classifica o quadro como “grave, estrutural e persistente”, além de “risco concreto de desassistência à população”. 

No documento encaminhado ao procurador-geral de Justiça, Romão Ávila, o deputado afirma que a crise na saúde da Capital não apresenta mais episódio pontuais de descaso, mas, sim, falhas recorrentes de organização, financiamento e governança, afetando diretamente na segurança dos pacientes, capacidade de resposta da rede de urgência e emergência, além do funcionamento regular do Sistema Único de Saúde. 

Um dos pontos centrais do pedido é a situação da Santa Casa de Campo Grande, o maior em atendimento do SUS no Estado e referência em urgência, emergência e alta complexidade. 

O documento mostra alertas e registros públicos que apontam superlotação extrema, atendimento de pacientes em corredores e macas, ocupação acima da capacidade e risco iminente de um colapso assistencial, repercutindo em toda a rede estadual. 

Além disso, o hospital sofre com desabastecimento de insumos e medicamentos na área de urgência e atenção básica, segundo já foi alertado pelo Conselho Regional de Medicina (CRM-MS), além de falhas estruturais na rede de odontologia, como comunicado pelo Conselho Regional de Odontologia (CRO-MS), o que já levou à paralisação de atendimentos e prejuízo à assistência. 

Pedrossian ainda destacou a fragilidade da governança da saúde municipal, evidenciada pela reprovação do Relatório Anual de Gestão da Saúde de 2024 pelo Conselho Municipal de Saúde, aliado à ausência de secretário municipal de Saúde, deixando a pasta sob condução de um comitê gestor, que não condiz com o princípio de direção única do SUS. 

Para o deputado, a intervenção estadual não se trata de uma medida política, mas de “providência excepcional prevista na Constituição, necessária para assegurar a continuidade de um serviço público essencial, evitar um colapso sistêmico e proteger o direito à saúde da população”. 

PLANO DE AÇÃO

O Ministério Público de Mato Grosso do Sul determinou na última quinta-feira (18) que o Estado de Mato Grosso do Sul e o Município de Campo Grande têm 90 dias para apresentarem um Plano de Ação que se mostre eficaz à plena retomada do atendimento integral no Hospital Santa Casa. 

A decisão foi dada após o MPMS entrar com uma Ação Civil com o objetivo de impedir o agravamento da crise assistencial enfrentada pela Santa Casa de Campo Grande. 

O hospital, maior do Estado que atende o Sistema Único de Saúde (SUS), enfrenta problemas constantes de superlotação extrema, falta de insumos, dívidas acumuladas com médicos e fornecedores, comprometendo a continuidade dos serviços prestados. 

Na ação, o MPMS descreve o cenário como um “colapso institucional”, com setores essenciais funcionando muito acima da capacidade, superlotação do pronto-socorro agravada por uma reforma iniciada sem planejamento financeiro e sem conclusão após mais de dois anos de obras. 

Segundo o órgão, a unidade funciona em condições precárias há anos, com pacientes aguardando atendimento em ambiente inadequado, como os corredores, além do desabastecimento de medicamentos e insumos, falta de materiais cirúrgicos, dívidas com médicos e prestadores e o risco real de paralisação de atendimentos de alta complexibilidade. 

Diante desse quadro, o Estado e o Município, com a participação da Santa Casa, têm 90 dias para apresentarem um plano emergencial concreto voltado para a regularização integral dos atendimentos, regularização dos estoques, reorganização do fluxo do Pronto-Socorro, além de garantir um cronograma físico-financeiro para a retomada plena dos serviços. 

Em caso de descumprimento, deve ser aplicada multa no valor de R$ 12 milhões mensais, valor correspondente ao déficit apontado pelo hospital. O valor deve ser pago de forma dividida igualmente entre o Estado e o Município, mediante o sequestro de R$ 6 milhões das contas de cada um. 

A decisão da 76ª Promotoria de Justiça enfatiza que a situação ultrapassou o limite da gestão interna do hospital e ameaça diretamente o direito fundamental à saúde. 

“A ação civil pública destaca que o que está em risco não é apenas a administração de um hospital, mas a vida de milhares de pacientes que dependem diariamente da Santa Casa. A crise instalada ultrapassa qualquer margem de tolerância administrativa, e o MPMS atua para impedir que a situação se transforme em tragédia assistencial, garantindo respostas imediatas e soluções estruturais para que o SUS continue a prestar atendimento em saúde com segurança e respeito ao cidadão”, ressaltou o Ministério Público. 
 

Cidades

Projeto de lei quer converter multas de trânsito em doação de sangue e medula

Infrator que optar pela doação não pagará multa, mas outras sanções podem ser mantidas, como pontos na CNH

19/12/2025 18h00

Multas leves de trânsito poderão ser convertidas em doação voluntária de sangue ou medula

Multas leves de trânsito poderão ser convertidas em doação voluntária de sangue ou medula Foto: Arquivo

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Um projeto de lei protocolado na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (Alems) propõe converter multas aplicadas no trânsito, relativas a infrações de natureza leve, em doação voluntária de sangue ou medula óssea. Como a Casa está em recesso, a matéria tramitará no ano que vem.

Conforme a proposta, de autoria do deputado estadual Junior Mochi, a conversão do pagamento das multas em doação de sangue ou medula teria caráter alternativo e facultativo, não constituindo direito subjetivo do infrator, e deverá ser expressamente requerida pelo interessado, nos termos de posterior regulamentação.

Ainda conforme o projeto, a conversão da multa em doação somente será admitida quando:

  • a infração for de natureza leve, nos termos do Código de Trânsito Brasileiro;
  • não houver reincidência da mesma infração no período de 12 meses;
  • a multa não decorrer de infração que tenha colocado em risco a segurança viária, a vida ou a integridade física de terceiros;
  • a doação seja realizada em hemocentros públicos ou privados conveniados ao Sistema Único de Saúde (SUS), ou em instituições oficialmente reconhecidas;
  • haja aptidão médica do doador, conforme critérios técnicos estabelecidos pelo Ministério da Saúde.

Cada doação de sangue corresponderá a conversão de uma multa de trânsito, assim como a inscrição no Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome).

Caso o doador seja compatível com alguma pessoa precisando de transplante e faça a doação efetiva da medula óssea, poderá ser convertida até duas multas de trânsito.

A comprovação da doação ou da inscrição no Redome será realizada mediante apresentação de documento oficial emitido pela instituição responsável, observado o prazo e os procedimentos definidos em regulamento

O projeto veda a compensação parcial da multa, bem como a conversão de penalidades acessórias, como suspensão ou cassação do direito de dirigir.

A conversão será apenas relacionada ao pagamento da multa, mas não exime o infrator das demais obrigações legais decorrentes da infração de trânsito, inclusive quanto ao registro de pontos na Carteira
Nacional de Habilitação (CNH), quando aplicável.

O Poder Executivo poderá celebrar convênios e parcerias com municípios, hemocentros e instituições de saúde, com vistas à operacionalização da lei, caso seja aprovada e sancionada.

Objetivos

Na justificativa do projeto, o deputado afirma que o objetivo é conciliar o caráter educativo das sanções
administrativas de trânsito com políticas públicas de incentivo à doação voluntária de sangue e de medula óssea, "práticas essenciais à manutenção da vida e à efetividade do Sistema Único de Saúde".

"A proposta não elimina a penalidade, mas a ressignifica, convertendo-a em uma ação de relevante interesse social, capaz de estimular a solidariedade, a cidadania e a responsabilidade coletiva. Trata-se de medida alinhada aos princípios da dignidade da pessoa humana, da função social das sanções administrativas e da eficiência das políticas públicas, diz a justificativa.

Em caso de aprovação e sanção, a adesão pelos municípios será facultativa, preservando o pacto federativo.

"Ressalte-se que a iniciativa respeita a autonomia municipal e o Código de Trânsito Brasileiro, limitando-se às infrações leves e excluindo aquelas que representem risco à segurança viária. A adesão pelos Municípios é facultativa, preservando-se o pacto federativo", conclui o texto.

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