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Decisão de desapropriar terras esbarra em autoria dos incêndios

Em 2024, foram identificados em Mato Grosso do Sul mais de 140 pontos de ignição de fogo no Pantanal, mas até agora ninguém foi punido criminalmente

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O ministro Flávio Dino, do  Supremo Tribunal Federal (STF), expediu decisão para que a União desaproprie terras que tenham sido alvo de incêndios, porém, só nos casos criminosos ou em situação de desmatamento ilegal. Além disso, é preciso ter a comprovação da responsabilidade do proprietário. A medida jurídica é talvez a mais dura editada até hoje para combater os incêndios florestais no Pantanal.

A decisão, portanto, esbarra em um dos principais problemas jurídicos: a dificuldade de se identificar a autoria dos incêndios florestais no território pantaneiro.

Apesar de toda a polêmica causada pela determinação de Flávio Dino, expedida nesta segunda-feira, na prática, as investigações das Polícias Federal e Civil conseguem alcançar poucas conclusões. 

A autoria dos incêndios florestais em áreas remotas do Pantanal acaba não sendo identificada, fazendo com que não sejam geradas penalidades criminais.

Até mesmo as multas administrativas ambientais demoram anos para serem pagas, quando simplesmente não ficam em um limbo por conta dos recursos que são possíveis de serem impetrados.

A determinação do STF ocorreu por julgamento de processo de arguição de descumprimento de preceito fundamental. 

O requerente foi o partido Rede Sustentabilidade, com protocolo feito em setembro de 2020, e tinha como intimados os estados do Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Maranhão, Pará, Rondônia e Tocantins.

As discussões envolviam medida de expropriação, ou seja, retirar a propriedade sem pagamento. Em um dos processos, o governo do Estado ainda solicitou que houvesse recurso do Fundo da Amazônia, no valor de R$ 46 milhões, para a compra de aeronave a ser destinada para o combate a incêndios florestais. Nesse caso, Dino determinou que a União avaliasse o pedido.

Depois de analisar as defesas, Dino determinou que a União promova a desapropriação e que os estados devem criar barreiras para impedir a regularização de propriedades que apresentam problemas. 

“Determino a intimação da União para que promova as medidas administrativas necessárias à desapropriação, por interesse social, de imóveis atingidos por incêndios dolosos ou desmatamento ilegal quando a responsabilidade do proprietário esteja devidamente comprovada”, disse Dino em trecho da decisão. 

“Determino a intimação da União e dos estados que integram a Amazônia Legal e o Pantanal para que: adotem instrumentos normativos e operacionais que impeçam a regularização fundiária de áreas em que se constate, de forma inequívoca, a prática de ilícitos ambientais; e promovam ações de indenização contra proprietários de terras que sejam responsáveis por incêndios dolosos e desmatamento ilegal”, completou o ministro em sua sentença.

Está correndo, agora, prazo de 15 dias úteis para que a União faça manifestação para liberar ou não a compra de avião para Mato Grosso do Sul, além de que haja detalhamento sobre a implantação do Sistema de Registro Eletrônico de Imóveis (SREI) em âmbito nacional, o que cabe ao Operador Nacional do Sistema de Registro de Imóveis (ONR).

FISCALIZAÇÃO

No Estado, o Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) tem avançado na fiscalização para identificar os pontos de ignição dos incêndios florestais no Pantanal. Nos casos de 2024, foi identificado que 149 pontos de ignições começaram em fazendas particulares. Esse fogo avançou por 1,3 milhão de
hectares.

“Em 2024, 332 propriedades foram classificadas como prioritárias para monitoramento pelo Programa Pantanal em Alerta. Dessas, 202 (60,84%) sofreram impactos diretos dos incêndios ao longo do ano. Este é um dado importante, o qual indica que a metodologia adotada na identificação das áreas prioritárias tem um nível satisfatório de acerto”, divulgou o MPMS, em nota.

Enquanto a tecnologia tem auxiliado a identificar o início do fogo, a autoria ainda é um desafio. 

“Embora a identificação de incêndios dolosos ou culposos que resultariam em processos criminais e multas seja difícil, o MPMS mantém seu compromisso na atuação firme para a responsabilização cível, especialmente com foco na prevenção. Até o momento, 75 investigações foram instauradas, entre inquéritos civis e notícias de fato, referentes aos 105 casos acompanhados, e que ainda estão em andamento”, detalhou o órgão fiscalizador.

As fiscalizações, até agora, resultaram em autuações aplicadas pela Polícia Militar Ambiental (PMA) e pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), totalizando mais de R$ 100 milhões em multas.

FAMASUL

O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), Marcelo Bertoni, está em Brasília (DF) e divulgou vídeo para criticar a medida e comentar que a decisão trouxe insegurança jurídica. 

“Isso não é aceitável, principalmente porque não há uma lei de regulamentação de que forma que vai ser feita [a desapropriação]. Uma decisão do STF monocrática do Dino. Estamos trabalhando para regulamentar uma lei, quais critérios, de que forma vai ser feito. Trazer uma segurança jurídica”, declarou.

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TRIBUTAÇÃO

Morador de Campo Grande é o que mais gasta com iluminação pública no Brasil

Arrecadação bruta da Cosip da Capital se aproximou de R$ 200 milhões em 2024, três vezes maior que a de Porto Alegre

22/12/2025 09h00

Em 2024, Campo Grande arrecadou R$ 196,8 milhões com a Cosip, o que significa um custo de R$ 206,24 por habitante

Em 2024, Campo Grande arrecadou R$ 196,8 milhões com a Cosip, o que significa um custo de R$ 206,24 por habitante Súzan Benites/Correio do Estado

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Entre as grandes cidades brasileiras com mais de 200 mil habitantes, Campo Grande é o lugar onde moradores mais gastam com a Contribuição Social para o Custeio da Iluminação Pública (Cosip).

Proporcionalmente, a capital do estado de Mato Grosso do Sul está entre as que mais arrecadam no Brasil e tem uma receita anual com a taxa, cobrada de maneira casada com a conta de luz, maior que a do município de Curitiba (PR), que tem o dobro da sua população.

Levantamento da Frente Nacional dos Prefeitos (FNP) indica que, em todo o ano de 2024, a capital de Mato Grosso do Sul teve uma receita bruta de R$ 196,8 milhões com a Cosip. O custo per capita para os moradores da cidade é de R$ 206,24 – o maior do Brasil.

Na capital paranaense, que tem 1,83 milhão de habitantes, praticamente o dobro dos 960 mil habitantes de Campo Grande, foram arrecadados R$ 154,1 milhões em 2024, resultando em uma Cosip per capita de R$ 84,27.

Foi o suposto mau uso desta verba de centenas de milhões de reais que levou o Grupo Especial de Combate à Corrupção (Gecoc) a desencadear, na sexta-feira, a Operação Apagar das Luzes, que investiga um esquema de corrupção em contratos de iluminação pública da Prefeitura de Campo Grande.

Foram cumpridos 14 mandados de busca e apreensão, em um caso que indica a ocorrência de reiteradas fraudes na licitação, além de contratos firmados para a execução de serviço de manutenção do sistema de iluminação pública de Campo Grande, já tendo sido identificado superfaturamento superior a R$ 62 milhões. As empresas envolvidas na operação seriam a Construtora B&C Ltda. e a Construtora JLC Ltda.

A JLC, por exemplo, é a empresa contratada pelo Município para promover a decoração natalina de Campo Grande, por R$ 1,7 milhão. Neste ano, apesar do valor, a decoração se restringiu apenas à área central da cidade.

Em 2024, Campo Grande arrecadou R$ 196,8 milhões com a Cosip, o que significa um custo de R$ 206,24 por habitante

ALTA ARRECADAÇÃO

Os números do levantamento da FNP mostram que na Região Centro-Oeste a arrecadação com a Cosip destoa de outras capitais. Os R$ 196 milhões arrecadados pela Prefeitura de Campo Grande em 2024, que correspondem a 3,6% de sua receita corrente líquida, são mais que o dobro do valor arrecadado em Goiânia.

Na capital de Goiás o município recolheu R$ 98,4 milhões na cobrança casada com a conta de luz. Goiânia, contudo, tem 1,4 milhão de habitantes, o que corresponde a uma Cosip per capita de R$ 65,87, quase um terço dos R$ 206,24 de Campo Grande.

No Centro-Oeste, a segunda e terceira maiores contribuições de iluminação pública estão em Cuiabá (R$ 142,45 per capita) e Dourados (R$ 142,04).

No Brasil, nenhuma cidade com mais de 200 mil habitantes tem uma Cosip per capita superior à de Campo Grande.

CONTRATOS

Como mostrou reportagem do Correio do Estado, dados do site da Transparência da Prefeitura de Campo Grande trazem que a iluminação pública da Capital é dividida em sete contratos independentes, para cada uma das regiões da cidade: Anhanduizinho (Lote 1); Bandeira (Lote 2); Centro (Lote 3); Imbirussu (Lote 4); Lagoa (Lote 5); Prosa (Lote 6); e Segredo (Lote 7).

A Construtora B&C é responsável pelos lotes 4, 5 e 7, que, somados, estão avaliados em R$ 14.885.371,67. Já a Construtora JLC administra a iluminação dos lotes 1, 2 e 3, que resultam em R$ 17.837.068,21.

Avaliado em R$ 4.300.411,70, o Lote 6 ficou sob responsabilidade da MR Construtora. Segundo o titular da Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos (Sisep), Marcelo Miglioli, essa empresa também estaria sendo investigada por estar envolvida nos contratos.

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CAMPO GRANDE

Cavalos invadem avenida e são recolhidos no Terminal Guaicurus

Manada estava vagueando pela avenida Guaicurus, em pleno trânsito, no meio dos carros, apresentando risco tanto para os motoristas quanto para os animais

22/12/2025 08h45

Manada permaneceu abrigada no Terminal por algumas horas, até a chegada dos donos dos bichos.

Manada permaneceu abrigada no Terminal por algumas horas, até a chegada dos donos dos bichos. Reprodução

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Uma cena inusitada chamou atenção, na madrugada desta segunda-feira (22), em Campo Grande: seis cavalos foram recolhidos para dentro do Terminal Guaicurus após serem flagrados perambulando pela região.

Conforme apurado pela reportagem, a manada estava vagueando pela avenida Guaicurus, em pleno trânsito, no meio dos carros, apresentando risco tanto para os motoristas quanto para os animais.

Em seguida, o Corpo de Bombeiros (CBMMS) flagrou a tropa andando pela pista e resolveu recolhê-los para dentro do Terminal Guaicurus, com o objetivo de mantê-los em segurança e resguardar a vida da população.

A manada permaneceu abrigada no Terminal por algumas horas, até a chegada dos donos dos bichos.

Os bombeiros acionaram o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), mas, o órgão não possui plantão noturno. Também acionaram a Polícia Militar Ambiental (PMA), mas, de acordo com a PMA, só é possível atender animais silvestres.

Logo em seguida, o dono dos animais foi localizado. Ele afirmou aos bombeiros que a porteira ficou aberta e por isso os animais fugira. Com isso, os militares conduziram o animal até o local de origem.

 

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