Cidades

NOVA PORTARIA

Mortes em confronto com a polícia ou sem autoria definida passam a ser atribuição da Homicídios

Delegado-geral esclarece que mudanças são para otimizar investigações

Continue lendo...

Após a publicação da nova portaria feita nesta segunda-feira (8), que prevê mudanças no tratamento acerca dos casos de homicídios, o Delegado-Geral da Polícia Civil, Roberto Gurgel, explicou, em coletiva de imprensa nesta quarta-feira (10), que haverá mudanças sobre a responsabilidade nas investigações de assassinatos.

Dentre as principais mudanças, está o fato de que os casos de homicídios sem autoria definida serão todos investigados pela Delegacia Especializada de Homicídios. Atualmente, a investigação fica a cargo da delegacia da região onde houve o crime.

Gurgel contextualizou o decreto 12.218 de 2006, que especifica que cada delegacia tem suas atribuições, destacando-se as especializadas, já que elas têm matérias específicas. 

Além disso, explanou as deficiências da Delegacia de Homicídios, sendo um dos principais motivos para a mudança prevista na nova portaria. 

“A matéria específica da Delegacia de Homicídios a época era algo muito esparso. Se vocês forem procurar nesse decreto, a principal atribuição da Delegacia de Homicídios, vejam vocês, é os casos de homicídio que o diretor do departamento entenda que tem que ser investigado.”, comentou o Delegado-Geral.

Roberto também comenta que, na época em que foi diretor do Departamento de Polícia Especializada, eles já pensavam em uma forma de objetivar a Delegacia de Homicídios. 

Depois de assumir como Delegado-Geral, juntamente com o Conselho Nacional dos Chefes de Polícia, estudos e pesquisas foram realizadas para que essa regularização viesse da melhor maneira. 

“Aqui na capital, crime de homicídio tentado ou consumado que existe autoria definida, esses crimes vão continuar sendo investigados pelas delegacias diárias. Há sete delegacias que nós temos na capital", explicou.

"Crimes tentado ou consumado de homicídio, que não tem autoria definida, aí vai direto[para a Homicídios] faz o boletim de ocorrência, eventualmente o GOI faz um relatório preliminar de informações, de diligências, a perícia e tudo mais, mas imediatamente isso vai para a Delegacia de Homicídios”, acrescentou Gurgel.

Agora, sobre os casos de homicídios decorrentes de oposição à intervenção policial, o Delegado explicou que há uma diferença no encaminhamento, dependendo se o policial envolvido for civil ou militar.

“Os casos desses homicídios em razão de oposição à intervenção policial praticado por policial civil em todo o Estado, vai ser apurado pela Delegacia de Homicídios”, pontuou. 

“Por policiais militares, nós temos uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) que questiona de uma forma definitiva quem deve investigar esses casos, e essa decisão ainda não saiu do Supremo. Então, a Procuradoria-Geral do Estado se manifestou e a Secretaria de Segurança Pública nos orientou que, enquanto não tivermos a decisão do Supremo, quem faz a investigação nos casos dos policiais militares é a
Corregedoria da Polícia Militar. Após a decisão, o que ficar definido pelo Supremo, aí sim o Estado vai regulamentar.”, explicou o delegado-geral.

Sobre os casos de feminicídio, do qual houve um aumento no número de ocorrências no Mato Grosso do Sul, Roberto esclareceu que continuam sendo de atribuição da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), e no interior, em todas as regionais.

De acordo com Roberto, no ano de 2023, os crimes de homicídio doloso sem autoria foram de 37% na Capital, enquanto os dolosos contra a vida com autoria definida foram 62%.

Questionado sobre a capacidade da Delegacia de Homicídios em conseguir lidar com o aumento na demanda, o delegado afirmou que o departamento não trará reforços, já que, segundo os dados apresentados, o aumento não seria significativo para adicionar novas pessoas ao Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP).

“Nós estamos falando de 48 inquéritos por delegado, uma Delegacia de Homicídios, para você aumentar 37% dentro dos 48, vai dar coisa de 55 inquéritos, talvez um pouco mais, 60 inquéritos, mas nós estamos falando de colegas que têm 351.”, pontuou.

Mesmo não trazendo reforços inicialmente, o delegado não descartou a possibilidade, caso a demanda aumente em um nível desgastante, já que além da parte material, afirmou que também pensa na parte humana dos colegas, do qual podem ficar sobrecarregados.

ASSINE O CORREIO DO ESTADO
 

DECISÃO

Justiça volta atrás em decisão e libera joias apreendidas de famoso designer

O juiz entende que se o Fisco promoveu a apuração do valor tributável e a constituição do crédito, não há justificativa de reter as mercadorias como providência investigativa

23/12/2025 19h34

Ícone global da joalheria, Ara Vartanian

Ícone global da joalheria, Ara Vartanian Site oficial/reprodução

Continue Lendo...

O juiz Claudio Müller Pareja, da 2ª Vara de Fazenda Pública e de Registros Públicos de Campo Grande, reconsiderou sua decisão e deferiu liminar para determinar que o fisco estadual libere as joias apreendidas do renomado joalheiro e economista Ara Vartanian, independentemente de recolhimento de tributo, multa ou prestação de garantia.

De acordo com os autos, o juiz entendeu, na decisão anterior, que a retenção das mercadorias teria natureza acautelatória (garantia) e investigativa, pois havia a suspeita de irregularidade documental e a possibilidade de providências administrativas e penais. Naquele momento, os fatos não se apresentaram como meio coercitivo de cobrança tributária.

Porém, o Fisco quantificou a base de cálculo, apurou o suposto tributo devido e aplicou a multa a empresa Avartanian Comércio Ltda., com indicação de valores expressivos, inclusive com menção à precificação das mercadorias. Houve,portanto, a constituição do crédito tributário, em linha com o lançamento de ofício.

Diante deste cenário, a situação se altera, pois se a administração promoveu a apuração do valor tributável e a constituição do crédito, não há justificativa de reter as joias como providência “investigativa” por tempo indeterminado. 

"A partir disso, a manutenção da apreensão passa a produzir efeito prático típico de sanção política, pois condiciona, na realidade, a liberação do bem à satisfação de exigência fiscal", diz o juiz Claudio Müller Pareja no documento.

O magistrado dá continuidade e afirma ser inadmissível a apreensão de mercadorias como meio coercitivo para pagamento de tributos, de acordo com as diretrizes do Supremo Tribunal Federal (STF). "A Administração dispõe de meios próprios para a cobrança do crédito constituído, sem necessidade de constrição material destinada a compelir o contribuinte".

Ainda de acordo com a decisão, a manutenção da apreensão só se justificaria caso houvesse ato da autoridade policial indicando a necessidade da medida para a apuração do suposto crime. Contudo, não há informação nos autos acerca desse ato.

A decisão limita-se a reconhecer, em juízo de probabilidade, que a manutenção da retenção, após a quantificação do tributo e da multa, revela-se incompatível com a vedação sumulada pelo STF, devendo a discussão sobre o crédito seguir pelas vias ordinárias de impugnação e cobrança.

Apreensão de joias

O fisco sul-mato-grossense flagrou, em 1º de outubro deste ano, a empresa de Ara Vartanian enviando joias com valor subfaturado para Cuiabá (MT). Na nota fiscal do carregamento, constavam 126 peças de joias avaliadas em R$ 1,9 milhão, mas, após contagem física realizada por auditores tributários da Secretaria de Estado de Fazenda de Mato Grosso do Sul, verificou-se que o carregamento, na verdade, continha 248 peças de joias de alto padrão, avaliadas em R$ 22,6 milhões.

Para piorar, a empresa em Cuiabá que seria o destino das joias, a Fernando S. Perez Lerez Ltda., não possuía em seus registros qualquer vínculo com o comércio de joias ou de metais preciosos. A atividade principal da empresa é o comércio de móveis e, a secundária, a representação comercial.

Diante da constatação dos auditores tributários de Mato Grosso do Sul, a nota fiscal foi considerada inidônea. A Avartanian tentou, 12 horas após a apreensão, utilizar uma nova nota fiscal, desta vez com a discriminação correta dos produtos, mas já era tarde demais.

Habeas Corpus negado

Em novembro, o superintendente de Administração Tributária da Sefaz-MS, Bruno Gouveia Bastos, enviou notícia-crime à Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Defraudações, Falsificações Falimentares e Fazendários (DEDFAZ), da Polícia Civil, para a abertura de inquérito criminal pela prática de crime tributário.

No caso do designer de joias Ara Vartanian, seu advogado Augusto de Arruda Botelho pede que a investigação sequer seja aberta pela Polícia Civil de Mato Grosso do Sul. Ele ancora seu pedido na Súmula Vinculante nº 24, que estabelece que crimes contra a ordem tributária somente se consumam com a constituição definitiva do crédito tributário, o que, segundo ele, não seria o caso da notícia-crime.

Por isso, no pedido de habeas corpus, Botelho alega que seu cliente foi submetido a constrangimento ilegal. O juiz Robson Celeste Candeloro, do Núcleo de Garantias da comarca de Campo Grande, indeferiu o pedido, na última quinta-feira (18), pois "revela-se precipitado impetrar habeas corpus contra mero ofício da Secretaria de Fazenda do Estado de Mato Grosso do Sul, o qual apresentou notitia criminis que sequer foi acolhida pela autoridade policial, além de exagerado elevar tal documento, sem nenhum poder coercitivo estatal".

Cidades

Universidades federais sofrem corte de R$ 488 milhões no Orçamento 2026

Em nota, a Andifes manifestou "profunda preocupação" e afirmou que o corte promovido pelo Congresso no Projeto de Lei Orçamentária Anual enviado pelo Executivo agrava o quadro "já crítico" das instituições

23/12/2025 19h00

Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campus Cidade Universitária, em Campo Grande

Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campus Cidade Universitária, em Campo Grande

Continue Lendo...

A Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) divulgou um comunicado nesta terça-feira, 23, informando que o orçamento das universidades e institutos federais para 2026 sofreu um corte de R$ 488 milhões, o que representa uma redução de 7,05% nos recursos discricionários (não obrigatórios) das instituições.

Em nota, a Andifes manifestou "profunda preocupação" e afirmou que o corte promovido pelo Congresso no Projeto de Lei Orçamentária Anual enviado pelo Executivo agrava o quadro "já crítico" das instituições. O orçamento discricionário é utilizado para pagamento de contas de água, luz, limpeza, entre outras, como o pagamento de bolsas de assistência estudantil.

O Estadão questionou o Ministério da Educação (MEC) sobre quais serão as medidas para recompor o corte feito pelo Congresso, mas ainda não obteve resposta.

Conforme a Andifes, os cortes "incidiram de forma desigual entre as universidades e atingiram todas as ações orçamentárias essenciais ao funcionamento da rede federal de ensino superior"

A instituição afirma que uma das áreas mais afetadas será a assistência estudantil, fundamental para garantir que estudantes de baixa renda consigam permanecer na universidade. Apenas nesta ação, diz a Andifes, R$ 100 milhões foram cortados, o que representa uma redução de 7,3% no orçamento da área.

"Os cortes aprovados agravam um quadro já crítico. Caso não haja recomposição, o orçamento das Universidades Federais em 2026 ficará nominalmente inferior ao orçamento executado em 2025, desconsiderando os impactos inflacionários e os reajustes obrigatórios de contratos, especialmente aqueles relacionados à mão de obra", diz o comunicado.

A instituição diz ainda que cortes na Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e no Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CNPq) fragilizam o desenvolvimento científico do País.

"Estamos, portanto, em um cenário de comprometimento do pleno desenvolvimento das atividades de ensino, pesquisa e extensão nas Universidades Federais, de ameaça à sustentabilidade administrativa dessas instituições e à permanência dos estudantes em situação de vulnerabilidade socioeconômica", afirma a Andifes.

A instituição diz ainda que está articulando com o Congresso e o Governo Federal para recompor o orçamento.

A luta das universidades federais por mais orçamento é antiga. Após enfrentarem um relação turbulenta com o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, as instituições retomaram o diálogo com o governo federal após o início do mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Apesar disso, também tiveram de enfrentar restrições orçamentárias. Em maio, as universidades anunciaram uma série de medidas de economia, como cortes nos gastos de combustível até a interrupção da compra de equipamentos de informática e passagens aéreas. A medida ocorreu devido a diminuições orçamentárias aprovadas pelo Congresso e sancionadas por Lula. Na época, uma mudança na forma como eram feitos os repasses também estrangulou a verba para universidades. Após reclamações, o governo federal anunciou a recomposição do orçamento.

NEWSLETTER

Fique sempre bem informado com as notícias mais importantes do MS, do Brasil e do mundo.

Fique Ligado

Para evitar que a nossa resposta seja recebida como SPAM, adicione endereço de

e-mail [email protected] na lista de remetentes confiáveis do seu e-mail (whitelist).