Cidades

CONTRATO

Denúncia de irregularidades na concessão da BR-163 é arquivada

Ministério Público Federal iniciou as investigações após deputado estadual Pedro Pedrossian Neto apresentar queixa pelo aumento do pedágio na rodovia

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O Ministério Público Federal (MPF) considerou que não houve irregularidades nos reajustes da tarifa de pedágio autorizados pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e no descumprimento de investimentos pela CCR MSVia na concessão da BR-163, em Mato Grosso do Sul. 

Inquérito aberto em setembro do ano passado aponta que foram obedecidos  o  contrato de concessão assinado em 2014 e os termos aditivos, a partir de 2021.

O procedimento preparatório  foi instaurado  pelo  procurador  da República em Mato Grosso do Sul,  Pedro Paulo Grubits, depois de receber denúncia formal do deputado estadual Pedro Pedrossian Neto afirmando que apesar de ter havido  reiterado descumprimento do plano de investimentos pela concessionária, a tarifa pedágio foi reajustada em agosto de 2023.

Após solicitar informações da autarquia e da empresa, o procurador analisou as informações e recomendou o arquivamento do  inquérito, com a alegação de que foram obedecidas as normas legais. 

Esta decisão foi referendada, por unanimidade, pela 3ª Câmara de Coordenação e Revisão - Ordem Econômica e Consumidor-, em Brasília, em abril deste ano e no dia 31 de maio o procedimento foi efetivamente arquivado no órgão. 

No colegiado formado por três membros, o relator do processo, o subprocurador-Geral da República José Marques Teixeira, afirmou que “o Procurador da República (Pedro Paulo Grubits), após detida análise dos autos, promoveu o arquivamento do feito na origem diante da não constatação de omissão do órgão regulador”.

Ele cita trecho do parecer de Grubits para referendar o arquivamento.

“No caso presente, após tramitar por todas as áreas administrativas necessárias e obrigatórias, o pedido de relicitação feito pela CCR MS-Via foi aceito e, atualmente, a concessão é regida pelo Termo Aditivo ao contrato, que, repisa-se, foi analisado com o pedido de relicitação e aprovado, no qual a ANTT afirma que tem se pautado para executar os atos de sua competência, tais como o reajuste da tarifa de pedágio e a fiscalização do cumprimento das obrigações pactuadas em relação à rodovia concedida”, diz trecho. 

“Dessa forma, não se vislumbrando omissão ou ilegalidade por parte da autarquia federal, há que se adotar postura de deferência às decisões técnicas tomadas pela ANTT no âmbito do mérito administrativo”, complementa.

Estas decisões foram baseadas nas justificativas apresentadas pela ANTT, as mesmas da MSVia, que explicou  que o processo de relicitação não desobriga a concessionária a seguir o contrato. 

O termo aditivo “é claro ao afirmar que até que haja a transferência da concessão, estão suspensos os investimentos essenciais contemplados no Contrato de Concessão originário, todavia, a concessionária deve cumprir os investimentos previstos no Anexo I do Termo Aditivo (por exemplo, a realização de obras e melhorias, conservação)”, estando sujeita a penalidades em caso de descumprimento.

Também foi apresentada tabela com os principais Indicadores de Desempenho fiscalizados pela autarquia, definidos nos contratos e nos  termos aditivos. 

A Agência afirmou que “a BR 163/MS está performando, quanto aos indicadores de desempenho contratuais, dentro dos limites esperados, e quando isto não acontece, a concessionária é notificada e autuada”, destacando que há uma empresa independente acompanhando a relicitação e realizando monitoramentos das ações da empresa. 

É enfatizado que durante a vigência do termo aditivo estão suspensas as obrigações de investimentos do contrato de concessão, devendo a concessionária prestar os serviços de manutenção, conservação, operação e monitoração do empreendimento e executar os investimentos essenciais.

Na avaliação do MPF, o cumprimento destes parâmetros justificam o reajuste do pedágio, uma vez que eles são usados no cálculo  da tarifa, seguindo um fórmula complexa que utiliza, entre outros fatores,  as obras executadas e outros custos que a MSVia tenha para gerenciar a BR-163. 

Em sua conclusão, o procurador da República em Mato Grosso do Sul afirma: “Com efeito, considerando as informações angariadas nos autos e documentos que o instruem, não se avista, nesse momento, razões que justifiquem a continuidade da tramitação do presente procedimento, em face da ausência de fatos que ensejem outras medidas judiciais ou extrajudiciais.”

DENÚNCIA

O inquérito foi instaurado em setembro do ano passado após a denúncia formal do deputado estadual Pedro Pedrossian Neto embasada em dados sobre a gestão da MSVia. 

Ela ocorreu com a  mobilização das bancadas federal e estadual dos parlamentares contra os novos valores do pedágio quatro vezes superior ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) dos 12 meses anteriores, que começaram a ser cobrados no dia 18 de agosto do ano passado. A agência autorizou aumento de 11,89%, contra um IPCA de 3,99%.

O parlamentar afirmou que houve renúncia das garantias milionárias, previstas no contrato, por parte da Agência em favor da concessionária; isenção de penalidades; a desobrigação de a CCR cumprir o Plano de Investimentos, principalmente no que se refere à não duplicação de boa parte do trecho concedido; pagamento de indenização em favor da concessionária, entre outros.

ACOMPANHAMENTO

Só que a o MPF não esgotou ainda a apuração sobre a concessão da BR-163. O órgão aprecia em outro processo, nas Câmaras Temáticas em Brasília, só a  relicitação da BR-163. Ele foi instaurado em outubro do ano passado e vai continuar em análise até que a repactuação seja concluída. 

Só que os novos parâmetros para a MSVia continuar gerenciando a BR-163 ainda depende de parecer do Tribunal de Contas da União (TCU), que deveria ter saído no início deste ano, mas nem foi agendado na pauta da sessão.

R$ 12 bi investimento

Novo contrato da União com a CCR MSVia prevê investimento de R$ 12 bilhões.

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CAMPO GRANDE

Cavalos invadem avenida e são recolhidos no Terminal Guaicurus

Manada estava vagueando pela avenida Guaicurus, em pleno trânsito, no meio dos carros, apresentando risco tanto para os motoristas quanto para os animais

22/12/2025 08h45

Manada permaneceu abrigada no Terminal por algumas horas, até a chegada dos donos dos bichos.

Manada permaneceu abrigada no Terminal por algumas horas, até a chegada dos donos dos bichos. Reprodução

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Uma cena inusitada chamou atenção, na madrugada desta segunda-feira (22), em Campo Grande: seis cavalos foram recolhidos para dentro do Terminal Guaicurus após serem flagrados perambulando pela região.

Conforme apurado pela reportagem, a manada estava vagueando pela avenida Guaicurus, em pleno trânsito, no meio dos carros, apresentando risco tanto para os motoristas quanto para os animais.

Em seguida, o Corpo de Bombeiros (CBMMS) flagrou a tropa andando pela pista e resolveu recolhê-los para dentro do Terminal Guaicurus, com o objetivo de mantê-los em segurança e resguardar a vida da população.

A manada permaneceu abrigada no Terminal por algumas horas, até a chegada dos donos dos bichos.

Os bombeiros acionaram o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), mas, o órgão não possui plantão noturno. Também acionaram a Polícia Militar Ambiental (PMA), mas, de acordo com a PMA, só é possível atender animais silvestres.

Logo em seguida, o dono dos animais foi localizado. Ele afirmou aos bombeiros que a porteira ficou aberta e por isso os animais fugira. Com isso, os militares conduziram o animal até o local de origem.

 

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GRUPO CARIOCA

Facção de Peixão está infiltrada no crime organizado em MS

Chefão do Terceiro Comando Puro que levava família para a Bolívia e foi interceptado pela PRF no Estado já se "instalou" em áreas de Mato Grosso do Sul

22/12/2025 08h40

Facção criminosa do Rio de Janeiro que faz frente ao Comando Vermelho estaria na fronteira de MS

Facção criminosa do Rio de Janeiro que faz frente ao Comando Vermelho estaria na fronteira de MS Rodolfo César

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De forma nacional, três facções criminosas estão com atuação direta no Brasil e o poder emergente identificado como Terceiro Comando Puro (TCP) passou a agir em Mato Grosso do Sul, onde estão rotas para o tráfico de drogas e de armas envolvendo conexões na Bolívia e no Paraguai.

Identificado como líder desse grupo criminoso, Álvaro Malaquias Santa Rosa, o “Peixão”, foi investigado sob suspeita de estar a caminho do Estado para alcançar a Bolívia e fugir da Justiça.

Ele estaria com toda a família, em dois carros, que chegaram a ser parados pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) neste mês, mas o criminoso não foi localizado.

A abordagem aos familiares do criminoso ocorreu perto de Campo Grande, já na BR-262, no dia 8. Dentro do carro estavam joias e dinheiro. O valor do material apreendido não foi divulgado, mas foi classificado como uma pequena fortuna que era transportada pela esposa, três filhos e um sobrinho de Peixão.

As joias, por exemplo, eram personalizadas e remetiam a sinais usados por Peixão e sinais do “Complexo de Israel”, território hoje invadido pelo TCP.

Os motoristas que estavam nos veículos tinham sido contratados na Bolívia para levar os familiares do criminoso até o país vizinho passando por Campo Grande e Corumbá.

Esse caso, que envolveu um trabalho da Polícia Civil do Rio de Janeiro e a PRF em Mato Grosso do Sul, apresenta indícios de como Peixão já estaria com canais construídos em Mato Grosso do Sul, bem como na Bolívia. 

Há outros elementos, mais concretos, que identificaram que o TCP é uma facção criminosa que passou a agir no Estado. A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) elabora relatório estratégico neste ano que identifica a presença do Terceiro Comando Puro não só em MS, como também no Espírito Santo, Minas Gerais, Goiás, Bahia, Ceará, Amapá, Acre e Rio Grande do Sul.

A “nacionalização” dessa facção vem ocorrendo, principalmente, para ocupar espaços que antes eram ocupados pelo Primeiro Comando da Capital (PCC). Contudo, a facção paulista está direcionando suas ações para operações internacionais e deixando territórios “livres” para serem invadidos por outros grupos.

Sobre esse relatório, que só será finalizado no começo de 2026, pontos de alerta foram informados pelo coordenador-geral de Análise de Conjuntura Nacional da Abin, Pedro de Souza Mesquita.

“Existe um terceiro ponto, que não tem sido tão retratado, que é a ascensão de um terceiro polo de poder, (...) Terceiro Comando Puro, do Rio de Janeiro. Eles replicaram o método do Comando Vermelho ocupando espaços em que o PCC era predominante e hoje não é mais, porque [PCC] estão olhando mais para fora [do Brasil]. O avanço do Terceiro Comando Puro está no Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Goiás, Bahia, Ceará, Amapá, Acre, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul”, explicou Mesquita, durante a 6ª reunião de Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência, do Congresso Nacional. O evento ocorreu em 5 de novembro.

Diante desse contexto do crime organizado em Mato Grosso do Sul, um precedente que se cria é uma possibilidade de escalada da violência por conta de disputa para se ter o domínio do território, possível briga do TCP com o Comando Vermelho – também presente no Estado – e características de atividades criminosas mais presentes na realidade do Rio de Janeiro, como milícias e transversalidade de delitos.

Conforme Mesquita, o TCP está dando sinais de um processo de nacionalização para fazer frente ao Comando Vermelho.

“Eles estão oferecendo uma resistência ao Comando Vermelho, oferecendo uma rede de fornecimento de fuzis, uma rede de fornecimento de drogas e uma rede de homiziado [abrigo para fugitivos] em comunidades do Rio de Janeiro. O que mais nos preocupa é que estamos vendo um processo de nacionalização de uma lógica fluminense”, disse.

No relatório em construção da Abin, em todo o País existem 31 grupos criminosos identificados. Destes, o PCC, o CV e o TCP estão com conexões para atuar de forma nacional.

“Por exemplo, no caso que envolve gasolina, um cidadão que resolvia comprar um posto ou mais de um, hoje tem que competir com alguém que bate à porta dele e quer comprar o posto dele apontando uma arma e usando a lavagem de dinheiro para financiar a compra do combustível”, exemplificou o coordenador-geral de Análise de Conjuntura Nacional da Abin para contextualizar uma das lógicas do crime organizado praticado no território fluminense.

PARADEIRO

Álvaro Malaquias Santa Rosa, o Peixão, segue sem nunca ter sido preso. Ele tem 38 anos e é apontado como o chefe da facção TCP que domina as comunidades Cidade Alta, Parada de Lucas, Vigário Geral, Cinco Bocas e Pica-Pau, na zona norte do Rio de Janeiro.

O investigado denominou o território como “Complexo de Israel” e chegou a instalar uma cruz de Davi no topo da região. Sua atuação ficou mais conhecida a partir de 2016 e se consolidou em 2020.

No monitoramento que a Polícia Civil do Rio faz para tentar prendê-lo, no dia 8, houve a identificação que a família do criminoso fazia a viagem até Corumbá, o que foi identificado como possibilidade de fuga do Brasil. 

“Quando percebemos que o carro onde eles estavam passou a se movimentar, acionamos a PRF para realizar a abordagem porque havia grande possibilidade de o Peixão estar no veículo. A investigação continua para capturar este narcotraficante”, disse o secretário de Estado de Polícia Civil, delegado Felipe Curi, via assessoria.

Apesar da interceptação, Peixão não estava em nenhum dos dois veículos. Todos os familiares e os motoristas foram ouvidos na Polícia Federal de Campo Grande e liberados ainda no dia 8, porém sem as joias e o dinheiro.

Conforme apurado, autoridades bolivianas da fronteira com o Brasil não tinham recebido comunicado oficial sobre a possibilidade de fuga até a tarde do dia 11. A PF não detalhou se montou alguma operação de monitoramento.

*SAIBA

A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) identificou a presença do Terceiro Comando Puro não só em MS, como também no Espírito Santo, Minas Gerais, Goiás, Bahia, Ceará, Amapá, Acre e Rio Grande do Sul.

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