Genesio Schiavinato Junior, diretor Comercial da Construbase, uma das empresas investigadas na 31ª fase da Operação Lava Jato, deve se apresentar hoje na Superintendência da Polícia Federal (PF) em Curitiba. Existe um mandado de prisão temporária em aberto contra o executivo, e o advogado informou à Justiça Federal sobre a decisão na segunda-feira (4).
O Ministério Público Federal (MPF) e a Polícia Federal (PF) afirmam que o Consórcio Novo Cenpes pagou R$ 39 milhões em propina para conseguir um contrato na Petrobras entre 2007 e 2012. A obra licitada era a do Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello (Cenpes). O consórcio era composto pela OAS, Carioca Engenharia, Construbase Engenharia, Shahin Engenharia e Construcap CCPS Engenharia.
Os procuradores disseram ainda que o grupo de empreiteiras formou um cartel e acertou o preço da licitação, mas a WTorre decidiu participar da disputa, oferecendo um valor menor pela obra. Segundo o Ministério Público Federal (MPF), R$ 18 milhões foram pagos para que a WTorre desistisse da licitação.
O advogado Fernando José Costa, que representa Schiavinato, afirmou que o cliente não foi localizado durante a deflagração da 31ª fase porque passava férias com a família no interior de São Paulo. Ainda de acordo com Costa, assim que o diretor da Construbase soube do mandado de prisão retornou à capital paulista e está à disposição para prestar esclarecimentos.
Para esta fase, que recebeu o nome de Abismo, foram expedidas ainda outras 35 ordens judiciais, sendo quatro de prisão temporária – que tem prazo de cinco dias, prorrogáveis por mais cinco –, 24 de busca e apreensão, além de sete conduções coercitivas, que é quando a pessoa é levada para prestar depoimento.
Foram presos temporariamente Edson Freire Coutinho, ex-executivo da Schahin Engenharia, e Roberto Ribeiro Capobianco, presidente da Construcap. Com a apresentação de Schiavinato, Erasto Messias da Silva Jr., da construtora Ferreira Guedes será o último com mandado de prisão temporária em aberto.
31ª FASE
A ação desta segunda-feira foi batizada pela Polícia Federal (PF) de Abismo e investiga crimes de organização criminosa, cartel, fraudes licitatórias, corrupção e lavagem de dinheiro por meio de contratos da Petrobras.
Um dos principais alvos foi o ex-tesoureiro do PT Paulo Adalberto Alves Ferreira, que está detido desde 24 de junho, quando foi alvo da Operação Custo Brasil, que investiga fraudes no crédito consignado de servidores públicos.
Os mandados de busca e apreensão tiveram como alvo as sedes do consórcio Nova Cenpes, das construtoras Construbase, Construcap, Schachin e WTorre e imóveis residenciais de executivos dessas empresas.
Segundo o MPF, um dos delatores da operação confessou ter repassado mais de R$ 1 milhão do Consórcio Nova Cenpes para Ferreira, por meio de contratos simulados. As contas da escola de samba Sociedade Recreativa e Beneficiente do Estado Maior da Restinga, do Rio Grande do Sul, e de um blog, entre outras, foram usadas para os repasses.
Segundo o procurador Roberson Henrique Pozzobon, a escola de samba teria recebido R$ 45 mil das mãos deste delator.
RESUMO DA 31ª FASE
– Objetivo: organização criminosa, cartel, fraudes licitatórias, corrupção e lavagem de dinheiro;
– Mandados judiciais: 22 mandados de busca e apreensão, um mandado de prisão preventiva, quatro mandados de prisão e sete mandados de condução coercitiva;
– Prisão preventiva: Paulo Ferreira, ex-tesoureiro do PT;
– Prisão temporária: Edson Freire Coutinho, ex-executivo da Schahin Engenharia, e Roberto Ribeiro Capobianco, presidente da Construcap; Genesio Schiavinato Jr, diretor comercial da construtora Construbase; e Erasto Messias da Silva Jr., da construtora Ferreira Guedes (mandado em aberto);
– Conduções coercitivas: - Walter Torre Junior, presidente da WTorre;
- Francisco Geraldo Caçador, executivo da WTorre;
- Raimundo Grandini de Souza Lima, representou a OAS e o Consórcio Novo Cenpes em reuniões;
- José Antonio Marsílio Schuwarz, diretor de engenharia da Schahin;
- Eduardo Ribeiro Capobiano, sócio da Construcap;
- Celso Verri Villas Boas, da Construcap.
– O que descobriu: um grupo de empreiteiras formou um cartel e acertou o preço da licitação, mas a WTorre decidiu participar da disputa, oferecendo um valor menor pela obra. Entretanto, segundo o MPF, R$ 18 milhões foram pagos para que a WTorre desistisse da licitação.
DEFESAS
O advogado de Roberto Ribeiro Capobianco, Aloísio Medeiros, disse que não teve acesso ao processo e negou irregularidades.
Em nota, a WTorre informou que não teve participação nas obras do centro de pesquisas da Petrobras e que não recebeu ou pagou "valor referente a esta ou a qualquer outra obra pública". A empresa diz ter fornecido a documentação sobre o orçamento da licitação e que está à disposição das autoridades.
As construtoras Construbase e Carioca não comentaram até a última atualização desta reportagem. A Construcap, OAS e Ferreira Guedes informaram que não vão falar sobre o assunto.


