Chegar aos 101 anos de vida é algo incomum nos dias de hoje. Zulmira Ferreira Silvério, dona Note (foto) é uma das pessoas que se pode dizer viram e viveram muita história. Ela completa hoje, dia 03 de abril, 101 anos de vida ao lado dos amigos e familiares, em momento de muita alegria e entretenimento. Nascida na Fazenda Serra Negra, às margens do Ribeirão Serrote, atualmente localizada no município de Sidrolândia, onde se casou com Jovenizio Faustino Silvério. Viveu sua infância na Fazenda Limoeiro, de propriedade de seus pais, Evaristo Roberto Ferreira e Perciliana Barbosa Ferreira.
Aos 10 anos de idade, sua avó Olímpia a trouxe para Campo Grande para estudar na Escola Joaquim Murtinho, na Avenida Afonso Pena, onde posteriormente funcionou o Cine Alhambra.
O apelido carinhoso de Note é uma derivação do apelido “Notinha” que sua avó Olímpia lhe colocou, pois quando esteve em Campo Grande, morando com sua avó, ela lhe mandava fazer compras no bulicho e que lhe trouxesse as anotações do que foi comprado, o que ela fazia e dizia para a avó: está aqui a notinha, e então surgiu o apelido e que com o seu crescimento derivou para “Note”.
Note, menina moça, danada, sapeca, costumava brincar nas árvores, passando de um galho para outro, com muita agilidade.
Em 1932 foi uma das primeiras mulheres a tirar o Título de Eleitor, pois o então Presidente Vargas, decretou que as mulheres teriam direito a votar. A partir dali, passou a exercer o seu dever cívico, votando pela última vez no ano de 2005.
Aos 22 anos de idade, no dia 25 de maio de 1933, casou-se no civil, na Fazenda Horizonte, de propriedade de Eugênio Silvério e Josina Faustino Silvério, que passaram a ser seus sogros e naquele lugar passou a residir.
Na época, a Fazenda Horizonte, tinha muitos empregados e agregados (comodatários sem contratos) e Dona Note, todos os anos, na época do Natal, confeccionava uma calça e camisa para cada um deles e um vestido para as mulheres. Além de ser ótima costureira, também era uma excelente cozinheira (fazia um dourado a escabeche de fazer inveja), assim como uma perdiz ao molho, geralmente caçada pelo Dr. Ari Coelho de Oliveira, ex-prefeito de Campo Grande, amigo de infância. Dona de casa caprichosa esmerava-se na higiene e limpeza e ainda alem de fazer farinha de milho e mandioca todos os anos cultivava uma horta de mais de mil metros quadrados.
Exímia atiradora, com sua espingarda calibre 32, fez tombar vários predadores de suas galinhas e também os lagartos de tentavam devorar suas ninhadas e certa vez um porco do mato, um cateto que desgarrado do bando, apareceu na sede da fazenda assustando as empregadas e este também caiu por terra, na mira da Dona Note. Hoje Dona Note ainda mora na rua 13 de maio, em sua casa construída em 1945, cercada pelos seus anjos da guarda, Eva, Judite e Ivete. Apesar da baixa visão, mantém o hábito, conquistado há muito tempo, ler diariamente os principais jornais da cidade, mesmo com uma lupa. E depois uma boa conversa, ela quer saber o seu palpite para o próximo prefeito da Capital. Mulher meiga, às vezes austera, mas sempre sincera, conselheira e antenada com os assuntos atuais. Salve Dona Note! Salve Dona Zu, que a senhora continue iluminado todos os que a cercam.
(*) – Aquidauanense - Autor do Livro Recordar é Viver.


