Cidades

POLÍCIA

Educação de MS se envolve em escândalo pela segunda vez em 18 meses

"Braço direito" de Azambuja, Edio Antonio Resende de Castro Bloch, ex-secretário adjunto de Educação afastado do Governo, estaria entre os nomes alvos na operação de hoje (21)

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Sob os holofotes hoje (21) da operação "Vox Veritatis" da Polícia Federal, que investiga possível esquema de corrupção em licitações e fraudes na Secretaria de Estado de Educação, essa é a segunda vez que um escândalo atinge a pasta da SED no período de 18 meses.

Ao todo, os agentes da Controladoria Geral da União (CGU), da Polícia e Receita Federal cumprem nove mandados de busca e apreensão nesta quarta-feira (21), para tentar esclarecer esse atual esquema que suspeita de contratos fechados com preço maior.

PF toma mais de meio milhão de alvos da Operação VeritatisMarcelo Victor/Correio do Estado

Esses contratos de maior preço, como apurou o Correio do Estado, eram sempre fechados na modalidade de adesão a atas de registro de preços vigentes em outros órgãos/entidades públicas. 

Até o momento, durante as oito diligências que estão sendo cumpridas em Campo Grande e uma no Rio de Janeiro, a Polícia Federal aprendeu meio milhão em espécie, com um único endereço de condomínio na Rua das Garças guardando R$363,4 mil, em um imóvel que estava aparentemente vazio com apenas o cofre cheio. 

Em 2025 o orçamento da Educação voltou a ser o valor destinado à uma pasta estadual, R$3,6 bilhões conforme a peça aprovada para este ano, pelo menos um bilhão a mais do que Secretaria de Saúde, por exemplo. 

Ou seja, em outras palavras, o atual cenário vivido pela estrutura é semelhante ao observado na época do último escândalo envolvendo a SED, que começou a pipocar há cerca de 18 meses, quase um ano e meio, pela operação Turn Off.

Relembre

Em 29 de novembro de 2023, agentes dos grupos de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) e de Combate à Corrupção (Gecoc) deflagraram a Operação Turn Off. 

À época, o esquema era investigado por fraudes em  licitações públicas para compra de bens e serviços em geral, como a compra de aparelhos de ar-condicionado pela SED/MS. 

Com contratos objetos de investigação que passavam de R$68 milhões de reais, entre os oito mandados de prisão à época havia um pedido de reclusão preventiva do então secretário-adjunto da SED, Edio Antonio Resende de Castro Bloch, responsável por manter a "chave do cofre". 

Conforme apuração do Correio do Estado, já afastado do Executivo de Mato Grosso do Sul e cerca de um ano e meio após a "Turn Off", Edio seria também um dos alvos da Vox Veritatis hoje (21). 

Recentemente, após os agentes federais tomarem as ruas da Capital, o Governo do Estado emitiu nota que reforça que nenhum servidor "ativo", ou mesmo a Secretaria em questão, foram alvos das buscas na manhã de hoje (21). 

Abaixo, você confere na íntegra a nota do Governo de Mato Grosso do Sul. 

"O governo estadual acompanha a operação Vox Veritatis e colabora com a apuração. Até o momento nem a SED, tampouco servidores ativos, foram alvos das buscas.

As providências legais cabíveis serão tomadas tão logo tenhamos acesso e/ou haja andamento no processo.

Reafirmamos nosso compromisso com a transparência e lisura na gestão pública, e reforçamos os instrumentos de controle e combate às ilicitudes". diz. 

Importante frisar que a Operação Turn Off teve ainda uma segunda fase, deflagrada em junho de 2024, para prisão preventiva dos irmãos Lucas e Sérgio Duarte, para quem Edio supostamente comandava um grupo de servidores públicos. 

Conforme divulgados à época pelos investigadores, os servidores comandados por Edio teriam uma espécie de jogo de cartas marcadas para que os empresários Lucas de Andrade Coutinho e Sérgio Duarte Coutinho Júnior vencessem licitações.

Cabe frisar que Edio chegou a ser preso em 2023, porém, foi liberado três dias depois e passou a usar tornozeleira eletrônica.

Entenda

Demitido no final de novembro de 2023, um dia após a operação Turn Off, Edio chegou ao segundo mais importante cargo na secretaria de educação pela proximidade com o então governador Reinaldo Azambuja. 

Homem de altíssima confiança de Azambuja, Edio teria ganhado todos esses poderes por acompanhar o ex-governador desde que o mesmo ainda era prefeito em Maracaju. 

Edio aparece pela primeira vez em Diário Oficial em 2009, quando é listado em nomeação para cargo na Assembleia Legislativa, onde atuou como assessor parlamentar do próprio Azambuja. 

Depois disso, são mais de 600 menções em diário, com maior frequência a partir da época em que assumiu a "chave do cofre" da então maior secretaria da administração estadual. 

Só em 2023, à época em que estourou o escândalo, o orçamento da SED estava fixado em R$2,732 bilhões, valor que já era 10,6%, maior que os R$2,470 bilhões do ano anterior. 

Em comparação, no mesmo período o valor recebido pela Saúde era R$650 milhões a manos do que o destinado para a Secretaria de Estado de Educação. 

Esse cenário se repete, conforme a Lei de Diretrizes Orçamentárias aprovadas para 2025, com a SED tendo orçamento de R$3,6 bilhões, enquanto a Saúde obedece a determinação da Constituição de no mínimo 12% da receita bruta do Estado, em torno de R$2,65 bilhões previstos neste ano.  
**(Colaborou Naiara Camargo) 
 

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CLÍNICA DO TERROR

Prefeituras pagavam até R$ 27 mil para internar pacientes em local com sequestros e cadeira elétrica

Inspeção flagrou centro de reabilitação em Campo Grande operando como cárcere privado; Internos eram caçados por recompensa, dopados e mantidos sob tortura física e psicológica, tudo financiado com verbas de famílias e municípios do interior

23/12/2025 14h01

Relatório operava engrenagem de tortura, sequestro e exploração humana

Relatório operava engrenagem de tortura, sequestro e exploração humana Foto: Divulgação

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Sob a fachada de tratamento médico e recuperação de dependentes químicos, a "Clínica de Reabilitação Os Filhos de Maria", na zona rural de Campo Grande, operava uma engrenagem de tortura, sequestro e exploração humana.

A revelação consta no relatório de inspeção do Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura (MNPCT), realizado em outubro de 2024 e divulgado no final de outubro deste ano. O documento descreve um cenário de campo de concentração onde a "terapia" consistia em espancamentos, uso de braçadeiras de nylon para imobilização e dopagem química forçada.

O relatório aponta que ao menos três prefeituras do interior tinham contrato com a clínica e pagavam valores exorbitantes para enviar pacientes ao local. 

Caçadores de cabeças

A entrada na clínica não era um ato médico, mas uma captura. O relatório detalha a existência de "equipes de resgate" formadas pelos próprios internos ou monitores, que atuavam como caçadores de recompensa.

Para cada paciente capturado à força, a equipe recebia uma comissão: R$ 50 reais se o sequestro fosse na capital e R$ 100 se fosse no interior. 

O valor não era pago em dinheiro, mas em "crédito na cantina" da própria instituição, de acordo com o relatório. 

Uma vez capturado, o interno passava pelo protocolo de boas-vindas: o "sossega-leão". Relatos colhidos pelos peritos descrevem a administração forçada de um coquetel de medicamentos apelidado de "abobrão", capaz de deixar uma pessoa desacordada por até três dias.

A inspeção encontrou um estoque ilegal de psicotrópicos (Haldol, Diazepam, Carbamazepina) sem receita médica, manuseados por pessoas sem qualificação, configurando tráfico de drogas e exercício ilegal da medicina.

Tortura Medieval e trabalho escravo

Quem tentava fugir ou reclamar das condições enfrentava o "Grupo de Apoio ao Paciente" (GAP), uma espécie de milícia interna. As punições descritas no relatório são medievais:

Uso de braçadeiras de plástico apertadas nos punhos e pescoço, causando lesões visíveis e risco de asfixia; Relatos de surras com pedaços de madeira e socos e confinamento em quartos sem maçaneta, trancados por fora, por períodos que variavam de sete dias a três meses.

Além da violência, a clínica lucrava com a mão de obra gratuita. Sob o pretexto de "laborterapia", internos eram submetidos a jornadas de trabalho análogo à escravidão. Um dos cozinheiros relatou trabalhar 17 horas seguidas (das 5h às 22h), em dias alternados, sem receber um centavo.

Financiamento público

Enquanto os internos viviam em condições insalubres, com relatos de esgoto vazando sobre os alimentos na despensa, a clínica faturava alto.

A investigação do MNPCT descobriu que prefeituras do interior de Mato Grosso do Sul firmavam contratos para internação compulsória ou voluntária.

Nos prontuários examinados foi constatado que o município de Nova Andradina pagou R$ 27.300,00 pela internação de um único paciente por seis meses, mais taxa de remoção.

O município de Miranda teria desembolsado R$ 21.700,00 por outro paciente.

Famílias particulares também eram extorquidas, pagando mensalidades entre R$ 1.800 e R$ 2.700, além de multas contratuais abusivas caso tentassem retirar o parente do local antes do prazo.

Desfecho Policial

Diante da gravidade do flagrante, que incluiu um interno com 19 pontos na cabeça após tentar fugir e ser recapturado, a equipe de inspeção acionou a Polícia Civil. Cerca de 90 pessoas foram retiradas do local em uma ação de desinstitucionalização de emergência.

O relatório pede a responsabilização criminal dos proprietários por cárcere privado, tortura, sequestro e tráfico de drogas, além de investigação sobre a improbidade administrativa das prefeituras que financiaram a clínica sem fiscalizar o destino dos pacientes.

Até o momento, a defesa da clínica (agora fechada por ordem judicial) não se pronunciou sobre as acusações de tortura e desvio de finalidade médica.

Outro lado

O município de Miranda não retomou os contatos feitos pela reportagem. 

O município de Nova Andradina respondeu em nota que não foi feito pagamento à clínica, ao contrário do que o relatório do MNCPT aponta. Em consulta ao portal da transparência do município, realmente não consta o pagamento ao CNPJ cadastrado pela clínica ou convênio referente. 

“Cumpre esclarecer que não foi localizado qualquer pagamento direto ao CNPJ da clínica “Os Filhos de Maria”, uma vez que o Município de Nova Andradina não possui e nunca possuiu contrato, convênio ou qualquer outro instrumento jurídico com a referida instituição", cita a prefeitura. 

Vale destacar que a atual administração do município assumiu a gestão municipal em janeiro de 2025, antes do período citado pelo relatório. 

“O único contato ocorrido deu-se no ano de 2024, quando o Município instaurou processo licitatório visando à contratação de clínica especializada em internação compulsória. Na oportunidade, foi realizada vistoria técnica in loco, conforme praxe administrativa.

Contudo, a clínica “Filhos de Maria” não foi habilitada no certame (Processo n°4365/2024), por não atender às exigências técnicas, estruturais e legais necessárias à execução do objeto, motivo pelo qual não houve qualquer contratação com o Município de Nova Andradina.”

“Dessa forma, caso algum paciente residente em Nova Andradina/MS tenha sido internado na referida clínica, tal fato não decorreu de contratação administrativa do Município, sendo plausível que eventual internação tenha ocorrido por determinação judicial, situação em que o Poder Judiciário, no âmbito de ações individuais, pode determinar o sequestro ou bloqueio de valores dos cofres públicos, geralmente com base em orçamentos apresentados por familiares ou terceiros, sem ingerência direta da Administração Municipal na escolha da instituição.”

Cidades

Após perder emprego no SBT, filho de David Cardoso vai contra Havaianas

Tomando chimarrão, ator que tem fortes laços com a terra do tereré gravou um vídeo, publicado com a legenda em que afirma que "empresas esquerdistas não são bem vindas"

23/12/2025 13h13

"Tenho meu chinelo da Harley Davidson. Tchau Havaianas, que assim seja com todas as empresas que fazem isso", disse.  Reprodução

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Menos de uma semana após ser desligado e perder o emprego no Sistema Brasileiro de Televisão (SBT), o filho de um dos ícones sul-mato-grossenses da teledramaturgia símbolo da pornochanchada, o também ator David Cardoso Jr., aparece agora engrossando o coro da extrema-direita contra os chinelos Havaianas. 

Após a atriz Fernanda Torres protagonizar uma peça publicitária da marca, em que diz não querer que o telespectador "comece 2026 com o pé direito, não sendo nada contra a sorte", mas desejando que "comece com os dois pés... na porta, na estrada, na jaca", a extrema-direita se mordeu com a expressão antiga e têm se manifestado através das redes sociais como quem se sente atacado, propondo um boicote aos chinelos Havaianas. 

Recentemente, tomando um chimarrão, o ator que tem fortes laços com a terra do Tereré gravou um vídeo, publicado nas redes sociais com a legenda em que afirma que "empresas esquerdistas não são bem vindas. Chega de sermos otários". O ator mostra um par de chinelos Havaianas e diz: "nunca mais". 

"Tenho meu chinelo da Harley Davidson. Tchau Havaianas, que assim seja com todas as empresas que fazem isso", disse. 

Logo em seguida o ator, que diz não querer causar polêmica mas, sim, salvar o Brasil, postou uma nova gravação dizendo que o primeiro vídeo "explodiu" e que não pretende ser candidato, mas querendo mostrar "a força da direita". 

"Vamos nos posicionar sim!!!!! A direita tem mais força do que imagina. Chega de covardia. A palavra é Boicote!!!!!! Eles vão sentir no bolso e vão aprender", comentou o ator.  

Sem emprego

Recentemente, David Cardoso Jr., que chegou a afirmar em janeiro de 2025 que já havia ganhado mais dinheiro com um ano de OnlyFans o mesmo que ganharia em 25 anos de "A Praça É Nossa", foi desligado da emissora após compactuar com as posições de ataque de Zezé de Camargo às filhas de Silvio Santos. 

Após ser desligado, o ator usou das próprias redes sociais para contar sua versão e exaltar sua história, dizendo que trabalhou a primeira vez com Silvio Santos ainda em 1975, sendo inclusive "o príncipe do 'Boa Noite Cinderela' que seria dirigido por Gugu Liberato.  

David diz que nunca quis ofender ninguém, mas expõe a opinião de que, atualmente, "está havendo uma inversão de valores no Brasil", afirmando que nunca foi valorizado na emissora e não possuía contrato nesses 14 anos de serviço prestado. 

"O que está acontecendo no Brasil chama-se inversão de valores, sou a maior prova de que isso está explícito, porque eu, hoje, depois de 14 anos trabalhando e dedicando uma parte da vida para o SBT, sou 'persona non grata' lá dentro. Enquanto que o Lula, que é 'persona non grata' pelo Benjamin Netanyahu, pelo primeiro ministro de Israel, é muito bem quisto no SBT, fundado por um judeu. Ou seja, no Brasil o crime compensa", afirma ele. 

O ator complementa que adora a família, mas que nunca conheceu a esposa de Silvio Santos, por exemplo, lembrando que a Rede Globo chegou a "escurraçá-lo" lá de dentro, enquanto o SBT acabou "desfazendo dos meus serviços de maneira muito feia". 
 

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