Cidades

COLHEITA FANTASMA

Empresário preso em operação que investiga fraude bilionária é solto após pagar fiança

O Magistrado que decidiu pela soltura entendeu que o crime cometido pelo custodiado, de posse ilegal de arma, não envolveu grave ameaça

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O empresário e sócio-administrador da Grãos Soya Comércio de Cereais Ltda., Lício Davalos, de 60 anos, foi liberado pela Justiça nesta quinta-feira (1º) após pagar fiança de R$ 3.036,00.

Ele havia sido preso em flagrante durante a Operação Colheita Fantasma, que investiga um esquema de fraude tributária envolvendo movimentações fictícias de grãos em Mato Grosso do Sul.

Na audiência de custódia, o juiz Carlos Alberto Garcete de Almeida entendeu que o crime não envolveu violência ou grave ameaça e considerou que o empresário é réu primário, possui residência fixa e atividade profissional lícita.

Além da fiança, Davalos deverá cumprir outras medidas cautelares como: cumprir eventual medida cautelar imposta; não resistir ào ordem judicial; não praticar nova infração penal dolosa; bem como não poderá mudar ou se ausentar por mais de 8 dias de sua residência, sem comunicar a justiça o lugar onde será encontrado.

Conforme consta em decisão do alvará de soltura, o magistrado entendeu que não há indícios de que a decisão de conceder liberdade provisória ao custodiado poderá prejudicar o andamento da instrução criminal ou a aplicação da lei penal futura.

Durante o cumprimento de mandado, policiais encontraram em posse do empresário dois revólveres calibre 38, uma pistola calibre 22 e 41 munições. A defesa alegou que as armas pertenciam ao pai do acusado e foram mantidas como herança.

As investigações revelaram que o grupo criminoso utilizava empresas de fachada, registradas em nome de “laranjas”, para emitir notas fiscais eletrônicas falsas, simulando transações interestaduais de grãos que nunca existiram. A manobra gerava créditos tributários fraudulentos de ICMS, posteriormente revendidos ou utilizados para abater dívidas.

Silvia Leal, coordenadora de Administração Tributária da Secretaria de Estado de Fazenda (Sefaz), explica que a operação funcionava em um esquema popularmente conhecido como “noteiro”, em que as empresas emitiam notas fiscais de mercadorias que não têm trânsito ou registro fiscal apenas para que o documento servisse como crédito fictício.

De acordo com a polícia, desde 2020, as empresas movimentaram mais de R$ 1 bilhão em operações fictícias, gerando um crédito tributário indevido superior a R$ 100 milhões e causando prejuízos também na esfera federal.

Durante as buscas, foram apreendidos documentos fiscais, registros financeiros, equipamentos eletrônicos e contratos sociais. Os alvos foram residências, escritórios e locais ligados à administração das empresas envolvidas no esquema.

Mesmo após o bloqueio das atividades de algumas empresas já identificadas anteriormente, os suspeitos seguiram com a fraude por meio da abertura de novas pessoas jurídicas.

Em coletiva de imprensa, a delegada Ana Cláudia Medina, titular do Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado (Dracco), detalhou a atuação de um grupo investigado há pelo menos dois anos por fraudes fiscais envolvendo grãos.

A operação funcionava em dois modos principais: a emissão de notas fiscais referentes a cargas inexistentes e a emissão de documentos para grãos de origem desconhecida, que só passavam a ter registro ao serem vendidos por empresas de fachada.

As investigações indicam que os grãos chegavam a Mato Grosso do Sul sem comprovação de origem e recebiam cobertura fiscal por meio de notas emitidas no Estado. Há indícios de que esses produtos vinham de fora do país, o que levanta suspeitas também sobre a questão sanitária.

Segundo Medina, os caminhões envolvidos evitavam rotas convencionais, o que abre a possibilidade de conexão com o tráfico de drogas e o contrabando. Ela afirmou que o caso possui várias vertentes e que novas diligências serão adotadas a partir do cumprimento de medidas cautelares realizadas recentemente.

A coordenadora da Secretaria de Fazenda (Sefaz), Silvia Leal, informou que desde 2019 foram abertas pelo menos 13 empresas ligadas ao esquema. Quando uma era descoberta e desativada, outra era criada para continuar as operações fraudulentas. As notas fiscais eram usadas para dar aparência de legalidade à entrada de grãos em empresas sul-mato-grossenses, sem comprovação de procedência.

O trabalho de investigação contou com apoio de tecnologias de inteligência artificial, que auxiliaram no cruzamento de dados e na identificação das operações suspeitas, segundo a Sefaz.

Mandados

Ao todo, foram cumpridos três mandados de busca e apreensão em Campo Grande, um mandado de busca e apreensão em Ivinhema, um mandado de prisão temporária expedido contra o suspeito de coordenar o esquema criminoso e o sequestro de bens, incluindo o bloqueio de contas bancárias, na ordem de R$ 20 milhões.

Os mandados foram cumpridos pelo Dracco, que contou com o apoio da Receita Federal e da Sefaz. O chefe do esquema seria o empresário Gilson Alves Lino Júnior, que foi preso nas Moreninhas. Segundo a polícia, o esquema funcionava por meio de laranjas, que registravam as empresas que geravam as notas fiscais eletrônicas sem a efetiva circulação de mercadorias.

Além de Gilson, Lício Dávalos também foi preso, por porte ilegal de arma de fogo. Com ele, foram encontrados dois revólveres e uma pistola, além de 41 munições, em cumprimento de mandado de busca e apreensão realizado no Bairro Monte Castelo.

Os outros mandados de busca e apreensão foram cumpridos em residências, tanto em Campo Grande quanto em Ivinhema, onde o alvo foi a empresária Thais Lopes Pierote, dona de rede de lojas de roupas em Mato Grosso do Sul e no interior de São Paulo. No local também teria sido apreendida uma caminhonete.

Em busca nos dados do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS), tanto Gilson quanto Thais têm processos. No caso da empresária de Ivinhema, um dos casos é por calote, já o chefe do grupo é réu por estelionato.

**Colaborou Alison Silva e Daiany Albuquerque**

Crise na saúde

"Empurra-empurra" entre gestores pode deixar população sem atendimento médico

O CRM afirmou que, além da Santa Casa, outras casas de saúde sofrem com escassez total de medicamentos e materiais e especialidades médicas têm data para parar devido à crise

23/12/2025 18h15

Santa Casa de Campo Grande

Santa Casa de Campo Grande FOTO: Gerson Oliveira/Correio do Estado

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O Conselho Regional de Medicina (CRM) em Mato Grosso do Sul afirmou que algumas especialidades médicas devem paralisar suas atividades na Santa Casa devido à falta de materiais, medicamentos e a falta de recebimento de salários há meses. 

A situação crítica foi confirmada pelo vice-presidente Dr. Flávio Freitas Barbosa nesta terça-feira (23). 

Segundo o médico, o “empurra-empurra” entre os órgãos gestores sobre a responsabilidade da Santa Casa, assim como de toda a crise na saúde municipal, só deve ser cessada através da Justiça, e tem causado prejuízos aos pacientes, bem como desistência de profissionais.

“A saúde do paciente não está em discussão, está vaga. Além de tudo, o maior dever do médico é promover saúde para o seu paciente, e isso está ausente do cenário discutido, há somente falas com acusações de ambos os lados. A gente precisa fazer isso porque, quem vai ser responsabilizado quando realmente acontecer de as pessoas sofrerem por desassistência médica? É a Secretaria Estadual de Saúde? É a Secretaria Municipal? É a própria instituição?”, indagou o Dr. Flávio. 

De acordo com uma nota emitida pelo CRM-MS, já foram realizadas vistorias em Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e nos Centros Regionais de Saúde (CRSs), sendo constatados baixos estoques e, em diversos casos, a completa ausência de medicamentos básicos indispensáveis ao funcionamento dos plantões de urgência. 

Além disso, também estavam escassos insumos fundamentais como luvas, lençóis, cânulas e outros materiais primordiais para a segurança tanto do paciente como dos profissionais. 

Somado a isso, o Conselho ressaltou o decreto emitido pela Prefeitura Municipal que reduzia pela metade a gratificação dos servidores de saúde no período do final do ano. 

“A medida fragiliza as condições de trabalho, desestimula a permanência de profissionais na rede pública e compromete diretamente a qualidade da assistência prestada à população”. 

Assim, algumas especialidades médicas da Santa Casa têm data para paralisar as atividades. 

  • Urologia tem notificação datada para o dia 29 de dezembro de 2025; 
  • A Ortopedia deve parar em 02 de janeiro de 2026; 
  • Cirurgias Pediátricas, Vascular e Geral estão datadas para o dia 07 de janeiro de 2026, que já operam com grandes limitações com risco de interrupção total antes da data; 
  • A Anestesiologia já está parcialmente parada, agravando a capacidade operacional da Santa Casa de Campo Grande. 

O vice-presidente do CRM ainda afirmou que o Conselho já havia alertado o Ministério Público sobre os impactos da crise que a instituição vinha enfrentando através dos resultados das vistorias e denúncias. 

“As vistorias feitas por esse Conselho são todas transparentes e foram encaminhadas a que, de fato, deveria ter o conhecimento, que é o Ministério Público. Esse momento crucial, esse momento de agora, foi alertado ao longo do período. Nossa preocupação é com o bem estar das pessoas, que tem sido precarizado, neste momento, pelo maior hospital do Estado, tanto em atendimento dos profissionais, que já registraram desistência de certas atividades nas próximas semanas, como em questões internas, como falta de leitos e de material de trabalho. É uma situação preocupante para todos nós”. 

Santa Casa de Campo GrandeDr. Flávio Freitas Barbosa em coletiva nesta terça-feira (23) / Foto: Gerson Oliveira/Correio do Estado

GREVE

Para o CRM, caso a greve seja realmente instaurada na instituição, recai ao Sindicato dos Médicos a aceitação ou não do movimento. No entanto, o pedido de greve pela Instituição foi recebido com estranheza pelos órgãos. 

“A greve é o último cenário a ser avaliado. Mas, diante da situação colocada, deve ser avaliada por quem está na base, sempre ressaltando que é uma manifestação pessoal e não pode ser usada como opção política. A greve tem que ser usada como opção de reivindicação do trabalhador, constituída em lei, quando as condições de mudança não são atendidas. Não pode, por exemplo, um médico estar a seis meses sem receber, sem décimo terceiro”, avaliou o médico. 

A estranheza se deu ao fato de que, na última segunda-feira (22), o Sindicato dos Médicos de Mato Grosso do Sul (Sinmed/MS) recebeu ofícios da Santa Casa sugerindo a deflagração de uma greve pela categoria médica, o que implicaria na paralisação completa do oferecimento dos serviços à população. 

A medida foi vista pelo Sindicato como uma tentativa de “lockout”, que é a paralisação total das atividades para exercer pressão, o que é proibido pela legislação brasileira. 

"Este sindicato se propôs a reunir a categoria para discutir o parcelamento proposto. Contudo, antes mesmo da decisão dos médicos, a Santa Casa sinalizou favoravelmente a uma greve que sequer havia sido discutida. Questionamos qual a real intenção por trás dessa conduta", pontuou em nota o presidente do Sinmed, Dr. Marcelo Santana.

Assim, o corpo jurídico do Sindicato pediu a imediata intervenção do Ministério Público do Trabalho (MPT) nas negociações, assim como o pedido judicial pelo pagamento do 13º salário em atraso, responsabilização dos gestores da Santa Casa e a realização de uma audiência de conciliação. 

A paralisação parcial das atividades dos enfermeiros e serviços administrativos da Santa Casa segue em andamento pelo segundo dia consecutivo. 

boletim epidemiológico

Com duas novas vítimas, número de mortes por dengue chega a 20 em MS

Boletim aponta que foram confirmados 8.430 casos da doença no ano e há nove mortes em investigação no Estado

23/12/2025 18h00

MS soma 20 mortes por dengue no ano

MS soma 20 mortes por dengue no ano Divulgação

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Mato Grosso do Sul chegou ao número de 20 mortes por dengue neste ano, após a confirmação de dois novos óbito pela doença nest semana.

Conforme boletim epidemiológico divulgado nessa segunda-feira (22) pela Secretaria Estadual de Saúde (SES), as duas mortes ocorreram em maio e junho, respectivamente, mas a confirmação de que a causa foi dengue ocorreu no dia 22 de dezembro.

As vítimas eram mulheres, sendo uma de 64 anos, moradora de Iguatemi, e uma de 76 anos, de Antônio João. Ambas tinham comorbidades.

Além destas vítimas, as outras 18 mortes por dengue ocorridas de janeiro a dezembro ocorreram nos municípios de Inocência, Três Lagoas, Nova Andradina, Aquidauana, Dourados, Ponta Porã, Coxim, Paranhos, Itaquiraí, Água Clara, Miranda, Aparecida do Taboado, Ribas do Rio Pardo e Campo Grande.

Entre as vítimas, nove delas possuíam algum tipo de comorbidade. Com relação às idades, apenas uma era adolescente, de 12 anos, enquanto todas as demais eram maiores de 24 anos.

Atualmente, há nove mortes em investigação para saber se foram em decorrência da dengue no Estado.

De janeiro até essa segunda-feira, Mato Grosso do Sul já registrou 14.171 casos prováveis de dengue, com 8.430 confirmados.

Nos últimos 14 dias, Itaquiraí, Ribas do Rio Pardo, Jardim, Chapadão do Sul, Maracaju, Aquidauana e Ponta Porã registraram incidência baixa de casos confirmados para a doença.

Em todo o ano passado, foram confirmados 16.229 casos de dengue, com 32 mortes pela doença em Mato Grosso do Sul.

MS soma 20 mortes por dengue no ano

Vacinação

Ainda conforme o boletim, 201.633 doses da vacina contra a dengue foram aplicadas na população alvo neste ano.

Ao todo, Mato Grosso do Sul já recebeu do Ministério da Saúde 241.030 doses do imunizante. O esquema vacinal é composto por duas doses com intervalo de três meses entre as doses.

A vacinação contra a dengue é recomendada para crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos, 11 meses e 29 dias de idade, faixa etária que concentra o maior número de hospitalização por dengue, dentro do quadro de crianças e adolescentes de 6 a 16 anos de idade.

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