Policiais de Dourados encontraram na tarde de ontem os corpos de Maicon Hélio Marques Levandosky, 24 e de seu pai José Levandosky Toniazzo, 50, desaparecidos desde o dia sete de setembro. Na mesma data desapareceu também Manuel Leal Araújo, 37. A polícia acredita que os casos estejam relacionados ao tráfico internacional de drogas e com envolvimento do empresário Junior de Souza Pereira, preso no ultimo nove, depois de simular um seqüestro para encobrir o transporte de 800 quilos de maconha.
As investigações estão sendo conduzidas pela Defron (Delegacia de Fronteira) e pelo SIG (Serviços de Investigações Gerais) da Polícia Civil, desde o dia em que houve a comunicação do desaparecimento das três pessoas. Segundo informações de familiares, pai e filho estariam juntos em um veículo Voyage, encontrado abandonado no dia seguinte, enquanto que Manoel estaria sozinho em um Honda Civic, na ultima vez em que foram vistos.
No caso de Manoel, vendedor autônomo residente na Vila Popular, em Dourados, ele teria saído de casa no início da manhã do dia sete de setembro para ir ao supermercado e não retornou. Durante a noite seu carro foi encontrado por uma equipe da Polícia Militar na rua Iguassu, próximo ao bairro conhecido como Portalzinho. No interior do veículo estavam todos os documentos pessoais e do Honda Civic, além de toda a mercadoria que ele havia comprado.
No dia da prisão de Júnior, que é proprietário do Pesqueiro Olho d’Água, localizado na periferia de Dourados, a polícia foi informada, através de denúncia anônima, de que na região do pesqueiro estariam enterrados os corpos dos três desaparecidos. De acordo com o denunciante o empresário estaria envolvido nas mortes, mas a polícia vasculhou a área e não conseguiu confirmar as informações, voltando somente ontem àquela região, depois de obter mais detalhes da localização.
Os dois corpos estavam em uma mata, nas proximidades do pesqueiro, enterrados em uma cova rasa. Pelo adiantado estado de decomposição os peritos não tiveram condições de analisar com detalhes no local, as causas da morte. No entanto, pelo que foi possível verificar, eles teriam sido torturados e tiveram pés e mãos amarradas. Pelo menos um deles recebeu um tiro na cabeça. No início da noite a policia suspendeu as buscas, mas deve voltar na manhã de hoje para tentar localizar o corpo de Manoel Leal.
Tráfico – O delegado da Defron, Carlos Videira disse que está trabalhando com a possibilidade das mortes estarem ligadas ao tráfico internacional de drogas. Ele acredita ainda, com base nas investigações que o empresário Júnior de Souza Pereira, proprietário do pesqueiro localizado próximo ao local onde estavam os corpos, esteja diretamente envolvido. O delegado contou que todas as informações levantadas estão levando a polícia por esse caminho.
Junior Pereira, em abril deste ano, denunciou ter sido vítima de seqüestro, ocasião em que teve duas caminhonetes de sua propriedade, supostamente levada pelos assaltantes. Os veículos foram localizados abandonados no Paraná e, em um deles havia cerca de 800 quilos de maconha. No último dia nove a polícia local prendeu o empresário, por força de mandado de prisão expedido pela Justiça paranaense, acusado de ser o proprietário do carregamento de maconha.
Carlos Videira adiantou que uma pessoa havia sido detida poucas horas antes dos corpos serem encontrados e estava junto com uma equipe do SIG acompanhando todo o processo para identificar outros possíveis envolvidos. Seria Dirceu Vasques, um dos que teriam participado do crime. O policial acredita que uma grande organização esteja por trás desses crimes e espera que nas próximas horas possa juntar as peças do que ele considera um verdadeiro “quebra-cabeças”.
Dr. Flávio Freitas Barbosa em coletiva nesta terça-feira (23) / Foto: Gerson Oliveira/Correio do Estado


