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MANANCIAIS

Enquanto Lageado agoniza, Águas Guarirobas sobrevive graças à preservação

Decisão sobre atividades permitidas ou abolidas ao longo da área de preservação do córrego está em revisão, e texto final deve ser mais duro que o em vigor

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A situação da microbacia do Lageado tem preocupado as autoridades de proteção ambiental. 

Segundo Sérgio Luiz Ferreira Júnior, coordenador do programa Manancial Vivo – criado pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Gestão Urbana (Semadur) com o objetivo de restaurar o potencial hídrico e de controle da poluição – a pasta, junto da Agência Municipal de Meio Ambiente e Planejamento Urbano (Planurb), está revendo o Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da região.

O motivo: a redução na produção de água da região em razão de problemas externos, além da seca que atinge a cidade. 

A microbacia é uma das fontes de água potável de onde a concessionária de abastecimento de Campo Grande, Águas Guariroba, retira o produto para tratá-lo e distribuí-lo para a população.

“O problema lá é que regularmente começou a atingir níveis que o pessoal tem que parar de captar. Está descendo muita areia, o pessoal está tendo que fazer dragagem lá a cada 6 ou 7 meses; até 5 anos atrás era a cada 3 anos. Mas a gente está discutindo para ver o que fazer para melhorar essa situação”, contou Ferreira.  

Nos últimos meses já é possível ver grandes bancos de areia na represa. Conforme o coordenador do programa, essa situação se dá por conta da enorme quantidade de sedimentos que desce para o córrego durante as chuvas.

“No Lageado, o sistema é menor, ele tem muito mais coisa ali, muito mais gente. Até o custo de tratamento dessa água é muito mais elevado. Está descendo muita terra. A gente está tendo problemas, muito mais na cabeceira, na região do [Maria Aparecida] Pedrossian, que já sentiu bastante na represa. Nessa época de seca, qualquer coisinha já vai lá para baixo”, explicou.

FISCALIZAÇÕES

Várias fiscalizações têm sido feitas na região para conter o avanço de sedimentos e evitar que o córrego assoreie. Em uma delas foram flagrados barramentos que não são permitidos para captação de água para tanques de propriedades rurais. 

O proprietário foi autuado e precisou desfazer o barramento para que o nível do córrego fluísse normalmente.  

“A gente vai intensificar a fiscalização; da parte rural não está ruim. Foi feito todo o trabalho de pedir para o pessoal fazer a cerca, isolar a APA [Área de Proteção Ambiental]. 

Foi feito todo um pente fino e o pessoal contribuiu bastante. O problema maior é na parte urbana: você tem muita ligação clandestina, tem muito esgoto ligado na drenagem, que vai direto para o córrego, mas tem muita gente que liga o esgoto direto nessa drenagem e acaba aumentando o aporto para o córrego”, disse.

Em razão desses fatores, o Plano de Manejo está em revisão e, de acordo com Ferreira, até o fim do ano já deve haver um novo texto aprovado sobre o local. 

“Vai ter que restringir bastante coisa, de uso, do que vai se poder ter lá, o que pode-se fazer. A gente vai ter que discutir melhor o que vai poder ter lá, saber qual o problema, se é poluição ou se é simplesmente por ser uma área urbanizada”.

Uma das soluções em discussão é aumentar a quantidade de barramentos, para manter o nível da represa. 

“Tem vários lá que já foram construídos e que estão desativados. A gente está estudando uma estratégia de reativar para manter a água lá armazenada. Mas como envolve área particular também, tem outras questões que vamos ter que estudar melhor como vai fazer”. 

Se colocada em prática, essa intervenção só deve começar em 2021.

Sem poder captar água no Lageado, a Águas tem procurado outras fontes na cidade. O resultado é que constantemente durante a seca a empresa alerta para o consumo consciente, com dias de racionamento na cidade.

Em situação melhor, bacia do Guariroba pode ter medidas de preservação flexibilizadas

Oposta à situação do Lageado, a bacia do Guariroba, formada pelos córregos Guariroba Nascente, Saltinho, Tocos e Rondinha, encontra-se toda em área rural, e desde a criação do programa Manancial Vivo, em 2009, muita coisa evoluiu na região, impedindo que na estiagem a bacia seque.

Segundo o coordenador do programa, o engenheiro agrônomo Sérgio Luiz Ferreira Júnior, a recomposição da mata ao redor da Área de Proteção Ambiental (APA) tem colaborado para que o problema seja evitado, mesmo que, em alguns pontos, já haja processo de desertificação – sem vegetação nativa e com crescimento de banco de areia.

“Isso não interfere muito porque essas são áreas pequenas para o tamanho dessa bacia. Isso vem de muitos anos, muito antes de a APA ter um conselho gestor. Muito antes do programa, que foi criado em 2009”, explica.

Conforme Ferreira, todo o trabalho é feito em parceria com os produtores rurais. As áreas onde devem ser destinadas as APAs são “contratadas” pelo projeto. Nesses locais devem ser plantadas árvores nativas e se evitar a proliferação de ervas daninhas.

PAGAMENTOS

Durante cinco anos, o programa acompanha a situação da área e realiza, inclusive, pagamentos quando o serviço é feito de acordo com o cronograma. 

“As propriedades que têm o contrato com a gente de 5 anos recebem por serviços ambientais. Todo ano eu avalio e, de acordo com o que tiver feito, eu coloco um valor de pagamento para ele. Tem o máximo, médio, o mínimo ou não recebe nada. Por exemplo: 1 hectare de conservação do solo, no valor máximo hoje, está em torno de R$ 100 por ano. Restauração e conservação das áreas já é o dobro, R$ 200 por hectare e por ano”, contou Ferreira.

“A gente está conseguindo com esse projeto que em todos os córregos da bacia tenha uma condição mínimo de vegetação. Algumas vão estar mais restauradas, outras ainda estão com o pasto, mas só de estar isolado já ajuda”, completou.  

A função da vegetação, segundo o agrônomo, é reter a água durante a chuva e impedir que a terra entre no rio e provoque o assoreamento da nascente. 

“Com a vegetação, a gente sabe que vai chover aqui e a água vai parar aqui, na vegetação, então a função dela está sendo cumprida”.

Para o coordenador, se o projeto não fosse feito, a bacia estaria prejudicada. “Ia ter muito mais áreas desertificadas já, de areia branca, praticamente de praia; o nível da represa estaria bem mais baixo. O rio, com certeza, estaria bem pior”.

A estimativa de Ferreira é que durante esses 11 anos de projeto 2 mil hectares tenham passado para alguma fase de preservação. 

“Ou está passando a ser isolada e preservada ou já está em algum nível de preservação”.

CUIDADO

Anvisa alerta para riscos de canetas emagrecedoras manipuladas

Agência emitiu alerta sobre compra e consumo desses medicamentos

21/12/2025 22h00

Anvisa alerta para riscos de canetas emagrecedoras manipuladas

Anvisa alerta para riscos de canetas emagrecedoras manipuladas Divulgação

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Popularizadas por influenciadores e celebridades, as chamadas canetas emagrecedoras, como Mounjaro e Ozempic, vêm sendo cada vez mais buscadas por pessoas que desejam emagrecer de forma rápida, muitas vezes sem orientação médica e sem nenhum critério.

Diante da procura desenfreada, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) emitiu um alerta sobre a compra e consumo desses medicamentos. Segundo a Anvisa, a venda e o uso de canetas emagrecedoras falsas representam um sério risco à saúde e é considerado um crime hediondo no país.

A farmacêutica Natally Rosa esclarece que o uso de versões manipuladas ou de origem desconhecida é uma prática perigosa.

"Uma pessoa que ela se submete, que ela é exposta ao uso de um medicamento fora dessas regulamentações, os riscos dela, com certeza, estão exacerbados. Desde a ausência de uma resposta ideal, como as contaminantes."

A farmacêutica destaca o que observar na embalagem e no produto para conferir sua autenticidade:

"Temos alguns sinais. A própria embalagem já chama a atenção, já que as bulas são de fácil acesso na internet. Então, qual é a apresentação física dessa embalagem? De que forma que ela se apresenta? Como está o rótulo? O rótulo está no idioma do Brasil? Do nosso idioma aqui? Não deve estar em outras línguas, por exemplo. Existe lote e validade de fácil acesso? Você consegue identificar? A leitura, a descrição do medicamento, o princípio ativo, ela precisa estar bem legível. Todas as informações precisam estar bem claras."

Ela também chama a atenção para valores: preços muito abaixo do praticado no mercado são sinal de alerta grave. O medicamento só é vendido com apresentação e retenção da receita médica.

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BRASIL

Dilma será indenizada por tortura física e psicológica na ditadura

Presa por três anos, ela foi submetida a choques e mais violências

21/12/2025 21h00

Presa por três anos, ela foi submetida a choques e mais violências

Presa por três anos, ela foi submetida a choques e mais violências Comissão da Verdade/Divulgação

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A ex-presidente Dilma Rousseff receberá, da União, uma indenização de R$ 400 mil por danos morais, em razão de perseguição política e tortura durante a ditadura militar no Brasil. A decisão foi proferida na última quinta-feira (18) pela 6ª Turma do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1), que também determinou o pagamento de uma reparação econômica mensal, em razão da demissão que ela sofreu na época.

O relator do caso, desembargador federal João Carlos Mayer Soares, afirmou que os atos praticados pelo Estado caracterizam grave violação de direitos fundamentais e ensejam reparação por danos morais.

“Foi evidenciada a submissão [de Dilma] a reiterados e prolongados atos de perseguição política durante o regime militar, incluindo prisões ilegais e práticas sistemáticas de tortura física e psicológica, perpetradas por agentes estatais, com repercussões permanentes sobre sua integridade física e psíquica”, diz Soares.

Ao longo dos anos, a ex-presidente deu diversos depoimentos sobre os interrogatórios violentos que sofreu. A tortura contra Dilma incluiu choques elétricos, pau de arara, palmatória, afogamento, nudez e privação de alimentos, que levaram a hemorragias, perda de dentes, entre outras consequências de saúde.

Dilma Rousseff foi presa em 1970, aos 22 anos, e passou quase três anos detida, respondendo a diversos inquéritos em órgãos militares em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Minas Gerais.

Após deixar a prisão, Dilma mudou-se para o Rio Grande do Sul e, em 1975, começou a trabalhar na Fundação de Economia e Estatística (FEE) do estado.

Ela continuou sendo monitorada pelo Serviço Nacional de Informações (SNI) até o final de 1988 e perseguida por seu posicionamento político de críticas e oposição ao governo militar. Em 1977, o ministro do Exército à época, Silvio Frota, divulgou uma lista do que chamou de “comunistas infiltrados no governo”, que incluía o nome de Dilma, o que acarretou na sua demissão.

De acordo com o desembargador federal, o valor da prestação mensal, permanente e continuada, a ser paga pela União, deve ser calculada de modo a refletir a remuneração que receberia caso não tivesse sido alvo de perseguição política.

Anistia política

Em maio desse ano, a Comissão de Anistia do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania reconheceu a anistia política à Dilma Rousseff e também fez um pedido de desculpas pelos atos perpetrados pelo Estado brasileiro durante a ditadura militar.

Para o colegiado, ficou comprovado que o afastamento de Dilma de suas atividades remuneradas, à época, ocorreu por motivação exclusivamente política.

Então, foi determinado o pagamento de R$ 100 mil de reparação econômica, em parcela única, que é o teto de pagamento previsto na Constituição para esses casos.

Entretanto, para a 6ª Turma do TRF1, é assegurada a prestação mensal, permanente e continuada aos anistiados que comprovem o vínculo com atividade laboral à época da perseguição política, “ficando prejudicada a prestação única anteriormente concedida na esfera administrativa”.

Após a redemocratização de 1988, a ex-presidente também teve a condição de anistiada política reconhecida e declarada por quatro comissões estaduais de anistia, no Rio Grande do Sul, em Minas Gerais, no Rio de Janeiro e em São Paulo, recebendo outras reparações econômicas simbólicas.

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