Cidades

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ENTREVISTA ? ?Piolho gosta de cabelo limpo? ? (Pesquisador Julio Vianna Barbosa)

ENTREVISTA ? ?Piolho gosta de cabelo limpo? ? (Pesquisador Julio Vianna Barbosa)

Redação

15/08/2010 - 10h00
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      A infestação por piolhos é preocupação constante de pais e professores no período de volta às aulas. O pesquisador do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) Julio Vianna Barbosa (foto) alerta para os cuidados que devem ser tomados ao combater o inseto que vive no couro cabeludo, esclarece mitos e verdades sobre o assunto e defende que as ações educativas são a estratégia mais importante para o tratamento eficaz. O IOC oferece à população o serviço gratuito de Disque-Piolho ? que mudou de número e agora atende no (21) 2562-1578, de segunda a sexta-feira, das 10h às 16h. O serviço orienta pais e professores sobre as melhores estratégias para combater a pediculose.

                         

                        A infestação por piolhos está relacionada à falta de higiene?
                        Julio Vianna Barbosa: Esta é uma visão completamente errada. O piolho não está associado a baixa renda ou falta de higiene. Pelo contrário, piolho gosta de cabelo limpo. Por isso, quem lava o cabelo diariamente também pode ter piolho. As crianças sofrem discriminação, ganham apelidos desagradáveis na escola, mas nosso papel é esclarecer que qualquer pessoa, independentemente da etnia ou da renda familiar, pode ser infestada. Prova disso é que a pediculose está descrita na Bíblia, 1.300 anos antes de Cristo.

                         

                        É verdade que, ao contrário do que todos imaginam, o piolho não pula e nem voa? Como ele é transmitido?
                        Barbosa: Apesar de ser um inseto (artrópode), ele não tem asas e nem pernas adaptadas para o salto. A pulga pula, o mosquito voa ? o piolho não voa e nem pula. Ele pode ser carregado pelo vento, porque é leve. Além disso, passa de uma cabeça para outra pelo contato direto. Isso explica a alta incidência e a prevalência em crianças em idade escolar, já que brincam juntos e compartilham os mesmos objetos, como escovas.

                         

                        Por isso a preocupação aumenta com a volta às aulas?
                        Barbosa: Exatamente. Em escolas, com a aglomeração diária de crianças, os piolhos encontram o ambiente ideal para se reproduzir.

                         

                        Não somente em sala de aula, em outras situações, o piolho pode se proliferar com maior facilidade?
                        Barbosa: Sim. Em período de férias, a proliferação também pode ser facilitada. Além da aglomeração em colônias de férias, em shoppings podemos presenciar filas enormes para a diversão de patinar no gelo, por exemplo, ou brincar no kart. O capacete utilizado, neste caso, é compartilhado. Com a transpiração, o local se torna extremamente agradável para o piolho, que prefere um ambiente quente, úmido e escuro. Outro exemplo está relacionado com as novas tecnologias. O uso de celulares com câmeras digitais entre os adolescente pode ser um fator facilitador: para obter uma foto entre duas amigas, elas devem ficar bem juntinhas em um mesmo espaço físico, ou seja, cabeça com cabeça. E desta forma, caso uma delas possua piolho, pode passar para a outra.

                         

                        A coceira intensa é causada pela picada ou por outro motivo?
                        Barbosa: Os insetos têm artifícios para que o hospedeiro não perceba que está sendo parasitado. Com o piolho não é diferente. Na saliva dele existe uma substância que funciona como anestésico e outra que tem propriedades anticoagulantes. O anestésico não deixa que a pessoa sinta que está sendo picada e o anticoagulante não permite que o sangue coagule no abdômen do inseto. Como estas enzimas são estranhas ao organismo, quando ele acaba de fazer a hematofagia, que é a alimentação com sangue, acontece uma reação imunológica que causa a coceira. A coceira intensa pode causar feridas, que acabam funcionando como uma porta de entrada para infecções oportunistas, principalmente bacterianas.

                         

                        Qual a eficácia de medicamentos como loções e xampus?
                        Barbosa: Com raríssimas exceções, os medicamentos disponíveis no mercado trazem em sua embalagem o pente fino. Se o produto funciona, por que esta cortesia? Nosso trabalho educacional tem o objetivo de mostrar que o que funciona mesmo é a velha receita da vovó. Passar o pente fino diariamente, como se escova os dentes. Este é o método mais eficaz, principalmente no caso de crianças em idade escolar devido ao contato contínuo com outras crianças infestadas. Uma boa saída é ensinar a criança a usar o pente fino durante o banho, porque neste momento o piolho é eliminado junto com a água corrente.

                         

                        Antigamente, o uso de inseticidas era prática comum. Isso ainda acontece?
                        Barbosa: Infelizmente, o uso de inseticidas ainda está em vigor. Os inseticidas são venenos e, como já disse, não têm efeito sobre as lêndeas. Se houver uma lesão no couro cabeludo, por exemplo uma ferida causada porque a criança coça frequente e intensamente a cabeça, além de ser a porta para infecções oportunistas, esta ferida pode significar a entrada de substância tóxica na circulação se o inseticida for aplicado. Estes produtos não são recomendados sequer para uso animal.

                         

                        A questão crucial dos medicamentos, então, é a ineficácia sobre as lêndeas?
                        Barbosa: O salto qualitativo da pediculose estaria na descoberta de um medicamento que tenha efeito sobre a lêndea. No processo evolutivo deste parasito, a fêmea desenvolveu uma substância que adere seu ovo ao fio de cabelo. Ou seja: ainda que o medicamento seja usado, ele não tem efeito sobre a lêndea. Caso exista um piolho em desenvolvimento, este vai eclodir em um espaço de uma semana. Por isso, é comum ouvir dos pais que o remédio não fez efeito.

                         

                        Existe lêndea morta?
                        Barbosa: Também é comum ouvir dos pais que seu filho não tem piolho, tem lêndea morta. Isso é um mito. Quando uma lêndea aberta é encontrada, é sinal de que tem um piolho no couro cabeludo. Para complementar, é importante dizer que uma fêmea pode viver entre 30 a 45 dias e durante o seu período de vida faz uma postura de cerca de dez ovos por dia.

                         

                        Muitas pessoas acreditam que a tintura de cabelo funciona como repelente para os piolhos e que, no caso de já existir uma infestação, pode eliminá-los. Isto é correto?
                        Barbosa: É claro que na tintura existem componentes tóxicos que podem realmente matar os piolhos. Mas, novamente, não têm efeito sobre a lêndea. Como prevenção, estes produtos têm um odor muito forte, por isso podem ter efeito repelente. Por estes mesmos motivos, não devem ser usados em crianças.

                         

                        Como surgiu a ideia de criar o Disque-Piolho?
                        Barbosa: A ideia surgiu em função da grande demanda da população, que não sabia a quem recorrer. Nosso papel é fazer pesquisa e atender a população. Queremos mostrar que é possível acabar com uma parasitose milenar por meio de um trabalho educacional.

                         

                        Como funciona o atendimento?
                        Barbosa: As pessoas ligam para o Disque-Piolho e recebem orientação em uma linguagem simples. O que é o piolho, que doenças ele pode transmitir e como tratar. Não prescrevemos nenhum tipo de medicamento. Sinalizamos para a população que, se realmente houver um caso de infestação, é preciso recorrer ao médico. É uma prestação de serviço que o IOC faz à população.

27 vagas

UFGD abre concurso para professor com salários de até R$ 13 mil; confira

Inscrições devem ser realizadas até 19 de fevereiro de 2026, exclusivamente pela internet

23/12/2025 18h30

UFGD

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Com salários de até R$ 13 mil, a Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) publicou edital de concurso público para provimento de cargos da carreira para 27 novos professores.

Conforme o edital, a remuneração inicial varia de R$ 3.399,47 a R$ 13.288,85, de acordo com a titulação exigida e o regime de trabalho.

Os valores são acrescidos de auxílio-alimentação (R$ 587,50) para jornadas de 20h semanais e R$ 1.175,00 para 40h semanais. As inscrições devem ser realizadas até 19 de fevereiro de 2026, exclusivamente pela internet.

As oportunidades contemplam campos como Administração, Agronomia, Biotecnologia, Ciência da Computação, Ciências Biológicas, Ciências Contábeis, Ciências Econômicas, Direito, Gestão Ambiental, História, Letras, Engenharia de Alimentos, Pedagogia e Medicina, entre outros, conforme detalhado no edital.

Provas

O processo seletivo será composto por prova escrita, prova didática, ambas de caráter eliminatório e classificatório, além de prova de títulos, de caráter classificatório. O edital de convocação para o sorteio de pontos e para a prova escrita será publicado em 26 de março. O sorteio está marcado para 28 de março, e a prova escrita ocorrerá em 29 de março (domingo).

A prova didática será realizada nos dias 25 e 26 de abril, conforme edital específico dessa etapa. O procedimento de heteroidentificação está previsto para 12 de maio, enquanto o envio dos títulos ocorrerá de 19 a 21 de maio. O resultado preliminar será divulgado em 1º de junho, e o resultado final, após recursos, em 3 de junho.

A taxa de inscrição é de R$ 200, com possibilidade de pagamento até o último dia de inscrição, em qualquer agência bancária durante o horário de expediente. O edital completo, com a descrição das áreas, requisitos e demais orientações, está disponível aqui!

Isenção de taxa

Os pedidos de isenção da taxa de inscrição poderão ser feitos entre 16 e 26 de dezembro. Têm direito ao benefício candidatos inscritos no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico), com renda familiar mensal per capita de até meio salário-mínimo, além de doadores de medula óssea. O resultado preliminar da isenção será divulgado em 9 de janeiro, com homologação final prevista para 13 de janeiro, após análise de recursos.

Do total de vagas, a UFGD assegura políticas de ações afirmativas, destinando 25% para candidatos autodeclarados negros (pretos ou pardos), 3% para indígenas e 2% para quilombolas, independentemente da área. Também há reserva de vagas para pessoas com deficiência. Ao todo, sete vagas são destinadas a candidatos negros, uma para indígenas, uma para quilombolas e duas para pessoas com deficiência.

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Crise na saúde

"Empurra-empurra" entre gestores pode deixar população sem atendimento médico

O CRM afirmou que, além da Santa Casa, outras casas de saúde sofrem com escassez total de medicamentos e materiais e especialidades médicas têm data para parar devido à crise

23/12/2025 18h15

Santa Casa de Campo Grande

Santa Casa de Campo Grande FOTO: Gerson Oliveira/Correio do Estado

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O Conselho Regional de Medicina (CRM) em Mato Grosso do Sul afirmou que algumas especialidades médicas devem paralisar suas atividades na Santa Casa devido à falta de materiais, medicamentos e a falta de recebimento de salários há meses. 

A situação crítica foi confirmada pelo vice-presidente Dr. Flávio Freitas Barbosa nesta terça-feira (23). 

Segundo o médico, o “empurra-empurra” entre os órgãos gestores sobre a responsabilidade da Santa Casa, assim como de toda a crise na saúde municipal, só deve ser cessada através da Justiça, e tem causado prejuízos aos pacientes, bem como desistência de profissionais.

“A saúde do paciente não está em discussão, está vaga. Além de tudo, o maior dever do médico é promover saúde para o seu paciente, e isso está ausente do cenário discutido, há somente falas com acusações de ambos os lados. A gente precisa fazer isso porque, quem vai ser responsabilizado quando realmente acontecer de as pessoas sofrerem por desassistência médica? É a Secretaria Estadual de Saúde? É a Secretaria Municipal? É a própria instituição?”, indagou o Dr. Flávio. 

De acordo com uma nota emitida pelo CRM-MS, já foram realizadas vistorias em Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e nos Centros Regionais de Saúde (CRSs), sendo constatados baixos estoques e, em diversos casos, a completa ausência de medicamentos básicos indispensáveis ao funcionamento dos plantões de urgência. 

Além disso, também estavam escassos insumos fundamentais como luvas, lençóis, cânulas e outros materiais primordiais para a segurança tanto do paciente como dos profissionais. 

Somado a isso, o Conselho ressaltou o decreto emitido pela Prefeitura Municipal que reduzia pela metade a gratificação dos servidores de saúde no período do final do ano. 

“A medida fragiliza as condições de trabalho, desestimula a permanência de profissionais na rede pública e compromete diretamente a qualidade da assistência prestada à população”. 

Assim, algumas especialidades médicas da Santa Casa têm data para paralisar as atividades. 

  • Urologia tem notificação datada para o dia 29 de dezembro de 2025; 
  • A Ortopedia deve parar em 02 de janeiro de 2026; 
  • Cirurgias Pediátricas, Vascular e Geral estão datadas para o dia 07 de janeiro de 2026, que já operam com grandes limitações com risco de interrupção total antes da data; 
  • A Anestesiologia já está parcialmente parada, agravando a capacidade operacional da Santa Casa de Campo Grande. 

O vice-presidente do CRM ainda afirmou que o Conselho já havia alertado o Ministério Público sobre os impactos da crise que a instituição vinha enfrentando através dos resultados das vistorias e denúncias. 

“As vistorias feitas por esse Conselho são todas transparentes e foram encaminhadas a que, de fato, deveria ter o conhecimento, que é o Ministério Público. Esse momento crucial, esse momento de agora, foi alertado ao longo do período. Nossa preocupação é com o bem estar das pessoas, que tem sido precarizado, neste momento, pelo maior hospital do Estado, tanto em atendimento dos profissionais, que já registraram desistência de certas atividades nas próximas semanas, como em questões internas, como falta de leitos e de material de trabalho. É uma situação preocupante para todos nós”. 

Santa Casa de Campo GrandeDr. Flávio Freitas Barbosa em coletiva nesta terça-feira (23) / Foto: Gerson Oliveira/Correio do Estado

GREVE

Para o CRM, caso a greve seja realmente instaurada na instituição, recai ao Sindicato dos Médicos a aceitação ou não do movimento. No entanto, o pedido de greve pela Instituição foi recebido com estranheza pelos órgãos. 

“A greve é o último cenário a ser avaliado. Mas, diante da situação colocada, deve ser avaliada por quem está na base, sempre ressaltando que é uma manifestação pessoal e não pode ser usada como opção política. A greve tem que ser usada como opção de reivindicação do trabalhador, constituída em lei, quando as condições de mudança não são atendidas. Não pode, por exemplo, um médico estar a seis meses sem receber, sem décimo terceiro”, avaliou o médico. 

A estranheza se deu ao fato de que, na última segunda-feira (22), o Sindicato dos Médicos de Mato Grosso do Sul (Sinmed/MS) recebeu ofícios da Santa Casa sugerindo a deflagração de uma greve pela categoria médica, o que implicaria na paralisação completa do oferecimento dos serviços à população. 

A medida foi vista pelo Sindicato como uma tentativa de “lockout”, que é a paralisação total das atividades para exercer pressão, o que é proibido pela legislação brasileira. 

"Este sindicato se propôs a reunir a categoria para discutir o parcelamento proposto. Contudo, antes mesmo da decisão dos médicos, a Santa Casa sinalizou favoravelmente a uma greve que sequer havia sido discutida. Questionamos qual a real intenção por trás dessa conduta", pontuou em nota o presidente do Sinmed, Dr. Marcelo Santana.

Assim, o corpo jurídico do Sindicato pediu a imediata intervenção do Ministério Público do Trabalho (MPT) nas negociações, assim como o pedido judicial pelo pagamento do 13º salário em atraso, responsabilização dos gestores da Santa Casa e a realização de uma audiência de conciliação. 

A paralisação parcial das atividades dos enfermeiros e serviços administrativos da Santa Casa segue em andamento pelo segundo dia consecutivo. 

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