Cidades

CORUMBÁ

Epidemia de influenza supera número de mortes por Covid-19

Desde o dia 21 de dezembro, Mato Grosso do Sul registrou 18 óbitos em decorrência do vírus H3N2

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A variante Darwin do vírus H3N2 tem feito os casos de gripe dispararem em Mato Grosso do Sul. Dados da Secretaria de Estado de Saúde (SES) apontam que desde a primeira morte por influenza no Estado, em 21 de dezembro de 2021, 18 sul-mato-grossenses já perderam a vida para a doença até esta quinta-feira. 

Em Corumbá, oito mortes foram registradas em decorrência da H3N2 entre o dia 28 de dezembro e 11 de janeiro. 

Nesta primeira e segunda semana do ano, a influenza já deixou mais vítimas na cidade que a Covid-19. Enquanto o novo coronavírus vitimou duas pessoas, a H3N2 deixou sete famílias de luto.

As mortes por influenza em Corumbá atingiram mais mulheres, com idades entre 49 e 76 anos. Entre os homens, a doença levou à morte pacientes com idades entre 50 e 83 anos. 

O óbito mais recente ocorreu nesta terça-feira, e foi de um homem de 50 anos, que sofria de diabetes. Todas as pessoas tinham algum tipo de comorbidade, o que agravou o quadro de saúde delas.

O primeiro registo grave de H3N2 no município foi antes do Natal, em 20 de dezembro. Uma mulher de 76 anos contraiu a doença e foi internada no centro de terapia intensiva (CTI) da Santa Casa de Corumbá. 

Ela acabou falecendo no dia 28 de dezembro e foi a primeira morte após complicações do subtipo da influenza. Ela sofria de desnutrição.

Depois desse diagnóstico, houve uma sucessão de pessoas que acabaram parando no CTI do hospital precisando de intubação. 

A influenza na capital do Pantanal vitimou cinco mulheres, e entre os homens foram três. Todos tinham alguma comorbidade.  

Pelo Sistema Único de Saúde (SUS) não é feito o exame para influenza para todas as pessoas que procuram atendimento na UPA ou no Pronto-socorro municipal. Na rede particular, o diagnóstico e cada exame custa em torno de R$ 170 na cidade.

No Estado, o protocolo da SES é de que os municípios devem fazer o exame de influenza somente nas pessoas que tiveram casos graves e estiverem internadas. Esse diagnóstico é para, inclusive, separar se o paciente está com Covid-19 ou gripe.

O secretário municipal de saúde de Corumbá, Rogério Leite, explicou que a vacinação contra a Covid-19 indica que a doença não está se manifestando de forma grave para as pessoas que estão imunizadas. 

Ele indicou que a maioria dos pacientes que apresentou a forma grave da influenza não tinha a vacina contra a doença ministrada.

“Estamos analisando para chegar a uma conclusão certa sobre o motivo [de a influenza estar manifestando-se mais grave que a Covid-19]. Certamente, a vacina contra a Covid-19 está protegendo e evitando os agravos. E muitas pessoas que tiveram a pneumonia viral, decorrente da influenza, não estavam vacinadas para a doença. Assim também, como eles não tinham um controle regular das comorbidades que apresentavam”, detalhou o secretário.

Só em Corumbá, a vacina contra a influenza foi aplicada em 40 mil pessoas. Ainda há doses disponíveis em unidades de saúde do município para aumentar esse grupo de vacinados. 

“É importante que as pessoas acreditem na vacina e acreditem que ela vai proteger contra casos graves. Ela não vai impedir de a pessoa ter a doença, mas vai proteger”, acrescentou Rogério.

Patrícia Decenzo, 47 anos, já tomou três doses contra o coronavírus. Há pouco mais de 12 dias, levou o filho Pedro Henrique, de 24 anos, para consultar porque ele estava com sinais gripais. 

A orientação era fazer exame para influenza, mas como teria de pagar pelo diagnóstico foi primeiro no teste Covid-19, disponível gratuitamente.

“A gente achava que era gripe, mas ele pegou Covid-19. Foi leve, porém, apenas dor de cabeça e dor no corpo por três dias. Eu também peguei, fiz o teste, mas fiquei assintomática. Quando se toma a vacina, ficamos protegidos e a forma mais leve é a que pode acontecer. As pessoas parecem que não entendem que é preciso ir se vacinar. Temos de lutar contra essa ignorância. A gente tem de vacinar em tudo que for possível”, defendeu a servidora municipal.  

ESTADO

Em Campo Grande, quatro pessoas já morreram por complicações da H3N2 desde 21 de dezembro. 

Em relação ao coronavírus, a doença já vitimou quatro campo-grandenses no mesmo período. No restante do Estado, Dourados já contabiliza duas mortes por Influenza, Fátima do Sul (1), Miranda (1), Nioaque (1) e Ponta Porã (1).  

A taxa de letalidade da influenza encontra-se em 8,3% em Mato Grosso do Sul, enquanto a de Covid-19 está em 2,5%. No entanto, é importante salientar que o porcentual é calculado de acordo com o número absoluto de casos notificados. 

Por ora, MS possui 389.880 casos confirmados de coronavírus desde o início da pandemia em março de 2020, sendo 1.603 apenas em dezembro de 2021. Em relação à gripe, 216 casos de H3N2 foram confirmados em MS desde o mês passado.

Conforme último balanço do serviço de imunização fornecido pela Secretaria Municipal de Saúde Pública (Sesau), 203.613 pessoas foram vacinadas contra a gripe em Campo Grande. A cobertura vacinal geral no município está em 81,41%. 

Em MS, a Campanha de Multivacinação de 2021 obteve cobertura de 92,2% apenas no grupo das crianças, mesmo com a liberação da imunização para a população em geral após a sobra de doses.

EFICÁCIA

Especialistas apontam que a efetividade da vacina contra a Covid-19 tem resultado em menos mortes pela doença, ao passo que a falta de vacinação por gripe tem impactado em mais óbitos. 

Segundo o infectologista e pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Julio Croda, em entrevista publicada pelo Correio do Estado no dia 8 de janeiro, sempre quem estiver vacinado terá maior proteção para eventuais internações e evoluções para casos graves das duas doenças.

“É o mesmo conceito, aqueles que estão vacinados com as duas doses para a Covid-19, mesmo com a presença da Ômicron, terão menos risco de internação e morte. O que é importante ressaltar é que a vacina da influenza tem uma cepa H3N2, que é variante Hong Kong que de alguma forma pode proteger por meio de reação cruzada para hospitalização e óbito”, ressaltou Croda.

Apesar de ainda gerar muitas dúvidas na população, o infectologista salienta que os cuidados de biossegurança, como o uso de máscaras, álcool em gel e distanciamento social devem permanecer na rotina de quem também já foi vacinado contra a Covid-19. 

“As pessoas que já receberam pelo menos duas doses da vacina contra a Covid-19 apresentam uma resposta imune ao vírus, e com a dose de reforço essa proteção aumenta. No entanto, a pessoa pode pegar a doença, inclusive a variante Delta, mas não desenvolver quadros graves e severos com hospitalização e óbito”, reiterou.  

VACINAS

As primeiras doses da Pfizer contra a Covid-19 destinadas à população de 5 a 11 anos chegam ao Estado nesta sexta-feira. De acordo com a SES, serão entregues 18.300 doses pediátricas, sendo 7.268 destinadas às crianças indígenas. 

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DECISÃO

Justiça volta atrás em decisão e libera joias apreendidas de famoso designer

O juiz entende que se o Fisco promoveu a apuração do valor tributável e a constituição do crédito, não há justificativa de reter as mercadorias como providência investigativa

23/12/2025 19h34

Ícone global da joalheria, Ara Vartanian

Ícone global da joalheria, Ara Vartanian Site oficial/reprodução

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O juiz Claudio Müller Pareja, da 2ª Vara de Fazenda Pública e de Registros Públicos de Campo Grande, reconsiderou sua decisão e deferiu liminar para determinar que o fisco estadual libere as joias apreendidas do renomado joalheiro e economista Ara Vartanian, independentemente de recolhimento de tributo, multa ou prestação de garantia.

De acordo com os autos, o juiz entendeu, na decisão anterior, que a retenção das mercadorias teria natureza acautelatória (garantia) e investigativa, pois havia a suspeita de irregularidade documental e a possibilidade de providências administrativas e penais. Naquele momento, os fatos não se apresentaram como meio coercitivo de cobrança tributária.

Porém, o Fisco quantificou a base de cálculo, apurou o suposto tributo devido e aplicou a multa a empresa Avartanian Comércio Ltda., com indicação de valores expressivos, inclusive com menção à precificação das mercadorias. Houve,portanto, a constituição do crédito tributário, em linha com o lançamento de ofício.

Diante deste cenário, a situação se altera, pois se a administração promoveu a apuração do valor tributável e a constituição do crédito, não há justificativa de reter as joias como providência “investigativa” por tempo indeterminado. 

"A partir disso, a manutenção da apreensão passa a produzir efeito prático típico de sanção política, pois condiciona, na realidade, a liberação do bem à satisfação de exigência fiscal", diz o juiz Claudio Müller Pareja no documento.

O magistrado dá continuidade e afirma ser inadmissível a apreensão de mercadorias como meio coercitivo para pagamento de tributos, de acordo com as diretrizes do Supremo Tribunal Federal (STF). "A Administração dispõe de meios próprios para a cobrança do crédito constituído, sem necessidade de constrição material destinada a compelir o contribuinte".

Ainda de acordo com a decisão, a manutenção da apreensão só se justificaria caso houvesse ato da autoridade policial indicando a necessidade da medida para a apuração do suposto crime. Contudo, não há informação nos autos acerca desse ato.

A decisão limita-se a reconhecer, em juízo de probabilidade, que a manutenção da retenção, após a quantificação do tributo e da multa, revela-se incompatível com a vedação sumulada pelo STF, devendo a discussão sobre o crédito seguir pelas vias ordinárias de impugnação e cobrança.

Apreensão de joias

O fisco sul-mato-grossense flagrou, em 1º de outubro deste ano, a empresa de Ara Vartanian enviando joias com valor subfaturado para Cuiabá (MT). Na nota fiscal do carregamento, constavam 126 peças de joias avaliadas em R$ 1,9 milhão, mas, após contagem física realizada por auditores tributários da Secretaria de Estado de Fazenda de Mato Grosso do Sul, verificou-se que o carregamento, na verdade, continha 248 peças de joias de alto padrão, avaliadas em R$ 22,6 milhões.

Para piorar, a empresa em Cuiabá que seria o destino das joias, a Fernando S. Perez Lerez Ltda., não possuía em seus registros qualquer vínculo com o comércio de joias ou de metais preciosos. A atividade principal da empresa é o comércio de móveis e, a secundária, a representação comercial.

Diante da constatação dos auditores tributários de Mato Grosso do Sul, a nota fiscal foi considerada inidônea. A Avartanian tentou, 12 horas após a apreensão, utilizar uma nova nota fiscal, desta vez com a discriminação correta dos produtos, mas já era tarde demais.

Habeas Corpus negado

Em novembro, o superintendente de Administração Tributária da Sefaz-MS, Bruno Gouveia Bastos, enviou notícia-crime à Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Defraudações, Falsificações Falimentares e Fazendários (DEDFAZ), da Polícia Civil, para a abertura de inquérito criminal pela prática de crime tributário.

No caso do designer de joias Ara Vartanian, seu advogado Augusto de Arruda Botelho pede que a investigação sequer seja aberta pela Polícia Civil de Mato Grosso do Sul. Ele ancora seu pedido na Súmula Vinculante nº 24, que estabelece que crimes contra a ordem tributária somente se consumam com a constituição definitiva do crédito tributário, o que, segundo ele, não seria o caso da notícia-crime.

Por isso, no pedido de habeas corpus, Botelho alega que seu cliente foi submetido a constrangimento ilegal. O juiz Robson Celeste Candeloro, do Núcleo de Garantias da comarca de Campo Grande, indeferiu o pedido, na última quinta-feira (18), pois "revela-se precipitado impetrar habeas corpus contra mero ofício da Secretaria de Fazenda do Estado de Mato Grosso do Sul, o qual apresentou notitia criminis que sequer foi acolhida pela autoridade policial, além de exagerado elevar tal documento, sem nenhum poder coercitivo estatal".

Cidades

Universidades federais sofrem corte de R$ 488 milhões no Orçamento 2026

Em nota, a Andifes manifestou "profunda preocupação" e afirmou que o corte promovido pelo Congresso no Projeto de Lei Orçamentária Anual enviado pelo Executivo agrava o quadro "já crítico" das instituições

23/12/2025 19h00

Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campus Cidade Universitária, em Campo Grande

Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campus Cidade Universitária, em Campo Grande

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A Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) divulgou um comunicado nesta terça-feira, 23, informando que o orçamento das universidades e institutos federais para 2026 sofreu um corte de R$ 488 milhões, o que representa uma redução de 7,05% nos recursos discricionários (não obrigatórios) das instituições.

Em nota, a Andifes manifestou "profunda preocupação" e afirmou que o corte promovido pelo Congresso no Projeto de Lei Orçamentária Anual enviado pelo Executivo agrava o quadro "já crítico" das instituições. O orçamento discricionário é utilizado para pagamento de contas de água, luz, limpeza, entre outras, como o pagamento de bolsas de assistência estudantil.

O Estadão questionou o Ministério da Educação (MEC) sobre quais serão as medidas para recompor o corte feito pelo Congresso, mas ainda não obteve resposta.

Conforme a Andifes, os cortes "incidiram de forma desigual entre as universidades e atingiram todas as ações orçamentárias essenciais ao funcionamento da rede federal de ensino superior"

A instituição afirma que uma das áreas mais afetadas será a assistência estudantil, fundamental para garantir que estudantes de baixa renda consigam permanecer na universidade. Apenas nesta ação, diz a Andifes, R$ 100 milhões foram cortados, o que representa uma redução de 7,3% no orçamento da área.

"Os cortes aprovados agravam um quadro já crítico. Caso não haja recomposição, o orçamento das Universidades Federais em 2026 ficará nominalmente inferior ao orçamento executado em 2025, desconsiderando os impactos inflacionários e os reajustes obrigatórios de contratos, especialmente aqueles relacionados à mão de obra", diz o comunicado.

A instituição diz ainda que cortes na Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e no Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CNPq) fragilizam o desenvolvimento científico do País.

"Estamos, portanto, em um cenário de comprometimento do pleno desenvolvimento das atividades de ensino, pesquisa e extensão nas Universidades Federais, de ameaça à sustentabilidade administrativa dessas instituições e à permanência dos estudantes em situação de vulnerabilidade socioeconômica", afirma a Andifes.

A instituição diz ainda que está articulando com o Congresso e o Governo Federal para recompor o orçamento.

A luta das universidades federais por mais orçamento é antiga. Após enfrentarem um relação turbulenta com o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, as instituições retomaram o diálogo com o governo federal após o início do mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Apesar disso, também tiveram de enfrentar restrições orçamentárias. Em maio, as universidades anunciaram uma série de medidas de economia, como cortes nos gastos de combustível até a interrupção da compra de equipamentos de informática e passagens aéreas. A medida ocorreu devido a diminuições orçamentárias aprovadas pelo Congresso e sancionadas por Lula. Na época, uma mudança na forma como eram feitos os repasses também estrangulou a verba para universidades. Após reclamações, o governo federal anunciou a recomposição do orçamento.

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