Cidades

CAMPO GRANDE QUE QUEREMOS

Escolas de tempo integral podem colaborar na redução da criminalidade

Dados da Sejusp mostram que, ao longo dos anos, com o aumento de instituições de período integral, os registros de roubos diminuíram

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Segundo o promotor Douglas Oldegardo, o investimento em escolas de tempo integral pode ser considerado uma das formas de contribuir também com a segurança pública de Campo Grande.

“Uma política pública de segurança envolve, para além das forças de segurança pública, também uma secretaria de Educação, os órgãos de educação. Por quê? Porque, quando os órgãos de educação implementam atividades de contraturno para os jovens, eles tiram os jovens que estudam de manhã da rua no período da tarde. Tiram os jovens que estudam no período da tarde da rua no período da manhã”, explicou Oldegardo.

Uma breve análise dos dados da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) mostra que, a partir do momento em que o governo de Mato Grosso do Sul passou a investir nas escolas estaduais de tempo integral, o número de registros de roubos começou a cair no Estado, assim como em Campo Grande.

Com a formatação da proposta e o planejamento realizado pela Secretaria de Estado de Educação (SED), o trabalho começou por meio do programa Escola da Autoria, criado em 2015. Colocado em prática em 2016, no ano seguinte, o programa já contava com 11 escolas nos municípios de Campo Grande, Dourados, Corumbá e Naviraí.

A partir deste momento, segundo os dados da Sejusp, o que se viu foi uma redução constante do número de roubos registrados em todo o Estado. Enquanto em 2016, de janeiro a dezembro, foi registrado o maior número da série histórica, que começa em 2014, com 11.311 ocorrências, em 2017, houve queda, passando para 10.843 casos. No ano passado, ocorreu o menor acumulado até agora, 4.424 registros.

Ao mesmo tempo, em 2023, Mato Grosso do Sul chegou a 172 escolas com oferta de ensino em tempo integral, atingindo aproximadamente 50% das unidades. O modelo estava presente em 72 dos 79 municípios do Estado. Dos mais de 190 mil estudantes atendidos pela Rede Estadual de Ensino (REE), 17% estavam matriculados em turmas de tempo integral.

Este ano, o governo anunciou que chegou a 100% dos municípios sul-mato-grossenses com instituições de ensino em tempo integral. Das 348 unidades que compõem a REE, 217 estão atendendo neste regime, com um total de 54 mil alunos matriculados. 

Pelos dados da Sejusp, neste ano, foram apenas 2.043 boletins de ocorrências registrados por roubo no Estado, de janeiro até o dia 18 deste mês. Apesar de ainda não haver um estudo que consiga comprovar a relação entre a oferta de ensino integral e a redução dos roubos, ela ocorreu paralelamente ao aumento de instituições de ensino integral em Mato Grosso do Sul.

Em relação à Rede Municipal de Ensino (Reme), segundo a Secretaria Municipal de Educação (Semed), hoje a Capital tem seis escolas de tempo integral urbanas, que atendem crianças da Educação Infantil até o 5º ano no Ensino Fundamental. As duas primeiras instituições foram abertas em 2009, ofertando 500 vagas em cada uma.

“As seis escolas, atualmente, atendem 2.253 alunos em tempo integral. A secretaria ressalta ainda que está em análise a possibilidade de mais duas escolas implementarem ensino em tempo integral em 2025, para atender mais de 1.000 alunos”, informou a Semed em nota ao Correio do Estado.

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Análise

Iluminação pública eficaz reduz chance de praticar crimes

Outro ponto apontado pelo promotor de justiça que pode colaborar para que haja redução nos índices de violência é a iluminação pública. Uma rua bem iluminada pode coibir bandidos de praticar crimes.

“Nós podemos aqui elencar um grande elemento, que são os órgãos ligados ao urbanismo. Quando nós temos um criminoso em uma via do Chácara Cachoeira, onde a rua é asfaltada e as casas são iluminadas, o criminoso tem um ambiente claro, já em uma rua do Bairro Dom Antônio Barbosa, onde eu posso ter cinco, oito pontos de luz e a metade da via com terrenos baldios, aquela rua é escura e a chance de um desafeto esfaquear o outro é muito maior, porque aquele meio ambiente social é desfavorável”, analisou Oldegardo.

"Essa mesa de debates vai trazer, para além da quadra da segurança pública, mensagens de outros segmentos que vão somar no enriquecimento social”, Douglas Oldegardo, promotor.

Cidades

STF: Gilmar e Dino votam para derrubar lei que validou marco temporal

Decano do STF também votou para estabelecer um prazo de dez anos para o governo federal

15/12/2025 13h35

Ministro Gilmar Mendes

Ministro Gilmar Mendes Andressa Anholete/STF

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O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), votou nesta segunda-feira, 15, no plenário virtual, para reafirmar a decisão do plenário que declarou inconstitucional a tese do marco temporal, que limita a demarcação de terras indígenas. Ele foi acompanhado por Flávio Dino.

O decano do STF também votou para estabelecer um prazo de dez anos para o governo federal concluir todos os processos de demarcação pendentes.

"Passados mais de 35 anos da promulgação da Constituição Federal, parece-me que já transcorreu lapso suficiente para amadurecimento definitivo da questão, de modo que não há mais como remediar a solução desse problema, cabendo, dessa forma, ao Poder Executivo o devido equacionamento da matéria e finalização dos procedimentos demarcatórios em prazo razoável, porém peremptório", defendeu.

O julgamento no plenário virtual fica aberto até a próxima quinta-feira, 18, para os ministros juntarem os votos na plataforma online. Se houver pedido de vista (mais tempo de análise) ou de destaque (transferência do processo ao plenário presencial), a votação é interrompida.

A tese do marco temporal estabelece que povos indígenas só podem reivindicar terras que ocupavam em 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição Federal.

Em 2023, em uma decisão histórica, por 9 votos a 2, o STF derrubou a interpretação e definiu que o direito das comunidades a territórios que tradicionalmente ocupavam não depende de uma data fixa.

O tema voltou ao tribunal porque, logo em seguida, o Congresso aprovou um projeto de lei para restringir as demarcações com base no marco temporal. O presidente Lula vetou o texto, mas os vetos foram derrubados pelo Legislativo.

Em paralelo, o Senado provou um projeto de emenda à Constituição (PEC) no mesmo sentido. Com isso, os senadores buscam incluir o critério de demarcação na Constituição. O texto seguiu para análise da Câmara.

Em seu voto, Gilmar Mendes reafirmou a decisão do STF. O ministro afirmou que o tribunal "não pode se esquivar de sua missão constitucional" e, em um aceno ao Congresso, defendeu que a atuação da Corte não pode "ser considerada como afronta ao Poder Legislativo".

"A análise do Supremo Tribunal Federal, no exercício do controle de constitucionalidade, equivale à prevalência da Constituição sobre os poderes constituídos quando estes atuam em descompasso com os limites impostos pela própria Lei Maior e pelo papel contramajoritário das Cortes Constitucionais, no caso o direito natural à própria existência dos indígenas, na medida em que a imposição de determinado limite temporal distante no tempo equivale à vulneração de seu status protetivo constitucional", argumentou o ministro.

O decano ressaltou que a lei é desproporcional e gera insegurança jurídica ao impor um marco temporal de forma retroativa, atingindo comunidades que não dispõem de documentação formal de ocupação.

"Nossa sociedade não pode conviver com chagas abertas séculos atrás que ainda dependem de solução nos dias de hoje, demandando espírito público, republicano e humano de todos os cidadãos brasileiros (indígenas e não indígenas) e principalmente de todos os Poderes para compreender que precisamos escolher outras salvaguardas mínimas para conduzir o debate sobre o conflito no campo", diz outro trecho do voto.

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TRANSPORTE PÚBLICO

Prefeitura nega que esteja devendo Consórcio Guaicurus

O encontro, convocado para esclarecer a situação financeira entre o município e a concessionária do transporte coletivo, ocorreu sem a presença da prefeita Adriane Lopes

15/12/2025 12h30

Segundo as informações apresentadas, todos os repasses previstos em lei vêm sendo realizados dentro do prazo

Segundo as informações apresentadas, todos os repasses previstos em lei vêm sendo realizados dentro do prazo FOTO: Divulgação

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Em coletiva de imprensa realizada na manhã desta segunda-feira (15), no plenarinho da Prefeitura de Campo Grande, representantes da administração municipal afirmaram que o Executivo não possui qualquer dívida com o Consórcio Guaicurus. 

O encontro, convocado para esclarecer a situação financeira entre o município e a concessionária do transporte coletivo, ocorreu sem a presença da prefeita Adriane Lopes, que delegou a fala a integrantes de sua equipe.

A coletiva também foi marcada por restrições à imprensa, equipes de diversos veículos, entre eles o Correio do Estado, foram barradas de acompanhar o pronunciamento logo ao chegar no local. 

Apesar disso, a reportagem teve acesso a áudios da entrevista, nos quais aparecem as declarações de Otávio Figueiró, diretor-executivo da Agereg; Ulysses Rocha, chefe de gabinete da Prefeitura; e Cecília Saad Cruz Rizkallah, procuradora-geral do Município, que reforçaram a versão oficial de que não há débitos pendentes com o consórcio.

Segundo as informações apresentadas, todos os repasses previstos em lei vêm sendo realizados dentro do prazo e, em alguns casos, de forma antecipada. De acordo com Figueiró, apenas em 2025 o município transferiu mais de R$ 35 milhões ao consórcio, somando subsídios, vale-transporte e pagamentos de gratuidades. 

“Um contrato que hoje tem 197 ônibus com a idade acima da média que não deveriam estar circulando na cidade de Campo Grande, inclusive já tem duas multas preparadas pela agência de regulação. A agência de regulação aplicou uma multa de R$ 12 milhões e eles, no outro dia, contrataram o seguro. O que comprova que não é somente a falta de dinheiro”, afirmou.

Durante a coletiva, os representantes do município ressaltaram que, na semana passada, a prefeita Adriane Lopes autorizou a antecipação de cerca de R$ 3 milhões referentes a subsídios e valores que só venceriam ao longo do mês de dezembro. A medida teve como objetivo garantir fluxo de caixa ao consórcio para o pagamento dos salários dos trabalhadores e impedir a paralisação do serviço.

“Esse pagamento ainda não estava vencido e foi antecipado dentro do limite legal”, disse o diretor-executivo. Conforme a explicação apresentada, o valor máximo permitido por lei para repasses neste período, de aproximadamente R$ 19,5 milhões, já foi integralmente transferido ao consórcio, não havendo pendências financeiras por parte do município.

A administração municipal também destacou que a paralisação ocorreu apesar de decisão judicial que estabelece regras para greves em serviços essenciais. A procuradora-geral do Município explicou que há determinação para manutenção mínima de 70% da frota em circulação, com reforço nos horários de pico, o que não teria sido cumprido. “A paralisação total caracteriza abusividade”, afirmou.

Diante do descumprimento, a Agência de Regulação (Agereg) notificou o consórcio e iniciou os trâmites para aplicação de multa. Segundo Figueiró, a penalidade já estava em fase de formalização e deveria ser entregue ainda nesta segunda-feira. A Procuradoria-Geral do Município também informou que atua no processo judicial e acompanha audiência marcada para esta terça-feira (16).

Questionados sobre um possível rompimento contratual, os representantes do Executivo afirmaram que a medida exige cautela e não pode ser adotada de forma imediata. Cecília e Figueiró explicaram que há etapas administrativas e jurídicas a serem cumpridas, incluindo notificações, prazos de defesa e análise técnica, além da necessidade de garantir a continuidade do serviço.

Por fim, a Prefeitura reiterou que a prioridade é restabelecer o transporte coletivo. “O município cumpriu suas obrigações financeiras. O consórcio, como empresa privada regulada, também precisa cumprir com as suas responsabilidades perante a população”, declararam.

Segundo dados apresentados, a paralisação afetou cerca de 110 mil usuários do sistema e aproximadamente mil trabalhadores do transporte coletivo.

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