Cidades

Investigação

Esquema de grilagem de terras no Pantanal começou em 2020

Tentativa de registro de titularidade falsa em cartório desencadeou investigação da Polícia Federal, que cumpriu 11 mandados de busca e apreensão ontem

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Investigação da Polícia Federal (PF) mostrou que a articulação de um esquema de grilagem de terras no Pantanal de Mato Grosso do Sul tinha tentativas de regularização fundiária em áreas da União desde, pelo menos, 2020.

Investigados em suposto conluio com servidores da Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural (Agraer) inseriram, em agosto de 2020, por meio do engenheiro cartógrafo Mário Maurício Vasquez Beltrão – um dos investigados pela PF –, pedido de regularização fundiária da Fazenda Carandá Preto, de 2.225 hectares. Imóvel esse que, segundo a corporação policial, iniciou a suspeita de fraude às autoridades.

As apurações indicam que empresários e fazendeiros da região pantaneira falsificavam documentos e os inseriam em processos administrativos de titulação para obterem áreas do Parque Estadual do Pantanal do Rio Negro, localizado em faixa de fronteira.

A Operação Pantanal TerraNullius, deflagrada ontem, visou desarticular esse esquema de grilagem de terras da União no Pantanal Sul-Mato-Grossense, que fraudava cotas de reserva ambiental (CRAs) ou títulos de cota de reserva ambiental estadual (TCRAEs) na emissão e na comercialização desses documentos.

A PF esclareceu que o esquema envolvia agentes internos da Agraer que “escondiam” terras da União no processo de regularização fundiária. Conforme a corporação policial, “de forma dolosa, os responsáveis omitiriam que as áreas em questão pertenciam à União” – o que em tese tornaria a agência em questão incompetente para decidir sobre tais terrenos.

“Ainda assim, os processos tramitavam normalmente no órgão, possivelmente com o envolvimento de propina, até a emissão de títulos irregulares”, expôs a PF, por meio de nota à imprensa.

Foram cumpridos ontem 10 mandados de busca e apreensão em Campo Grande e um em Rio Brilhante, além da apreensão de bens e do bloqueio de valores dos suspeitos que podem superar os R$3 milhões.

Entre os alvos da Operação Pantanal Terra Nullius, além de Beltrão, estão Bruna Feitosa Beltrão Novaes, engenheira sanitarista e ambiental; Nelson Luis Moia, funcionário da empresa Toposat Engenharia e Ambiental Ltda.; Elizabeth Peron Coelho, empresária e pecuarista; André Nogueira Borges, ex-diretor-presidente da Agraer; Evandro Efigênio Rodrigues, funcionário da Agraer; Jadir Bocato, gerente de Regularização Fundiária da Agraer; e Josué Ferreira Caetano, funcionário da Agraer.

Alguns dos investigados nessa operação tinham ligação com a Toposat, que é especialista em topografia, loteamentos e georreferenciamentos.

Conforme dados da Agraer, os nomes de membros da empresa e de seus parentes aparecem como interessados em regularizações fundiárias em terras situadas no município de Aquidauana, em processos datados de 2020.

De acordo com a PF, o esquema funcionava da seguinte forma: se ninguém identificasse a origem pública da terra, a titularização era concluída de forma ilegal. Porém, caso a fraude fosse percebida durante o trâmite, o processo era cancelado sob a justificativa de irregularidade, alegando-se erro no reconhecimento da titularidade da área.

Em um desses possíveis processos de titulação de terras em Aquidauana – onde a empresa Toposat é citada como interessada –, consta no site da Agraer que a situação “não prosperou, faixa de fronteira”.

Em resposta do envolvimento de servidores da Agraer no caso, o governo do Estado afirmou que acompanha a Operação Pantanal Terra Nulliu e que colabora com a apuração.

“Tão logo tenhamos novas informações acerca das investigações, as medidas cabíveis serão tomadas”, manifestou o governo do Estado, por meio de nota.

PARQUE ESTADUAL 

O Parque Estadual do Pantanal do Rio Negro foi criado em 5 de junho de 2000 e está situado nos municípios de Aquidauana e Corumbá, com uma área total de 76.851 hectares.

A partir de setembro de 2021, duas fazendas pertencentes a Elizabeth Peron Coelho, uma das investigadas pela PF na operação, passaram a ser regularizadas pelo governo do estadual na área de proteção ambiental.

Esse processo foi realizado por meio de assinaturas das escrituras públicas de desapropriação amigável de 2.995 hectares da Fazenda Santo Antônio do Rio Vermelho e de 39.614 hectares da Fazenda Redenção/Gleba A. Com isso, foi feito na época a regularização de 42.609 hectares nas fazendas que tinham como representante legal Elizabeth.

Com esse acordo firmado, o parque passou a contar com 53.411 hectares em situação regular (42.609 hectares somados aos 10.802 hectares da Fazenda Esperança, de propriedade do Estado), o que representa 69,49% de sua área total.

A regularização contou com um aporte financeiro de cerca de R$ 36 milhões, investimento que foi garantido por meio de acordo do governo do Estado com a Companhia Energética de São Paulo (Cesp), com complementação de recursos de compensação ambiental destinados ao Parque Estadual do Pantanal do Rio Negro.

A área desse parque contempla ambientes diversificados característicos do Pantanal, como lagoas permanentes, cordões de matas e o brejão do Rio Negro.

O Parque Estadual do Pantanal do Rio Negro faz parte da reserva particular do patrimônio natural (RPPN), 
que junto a outras áreas forma o maior conjunto de áreas naturais protegidas no Estado.

Saiba

Os envolvidos poderão responder pelos crimes de associação criminosa, usurpação de bens da União, falsidade ideológica, inserção de dados falsos em sistema público, infrações ambientais, entre outros.

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Crise na saúde

"Empurra-empurra" entre gestores pode deixar população sem atendimento médico

O CRM afirmou que, além da Santa Casa, outras casas de saúde sofrem com escassez total de medicamentos e materiais e especialidades médicas têm data para parar devido à crise

23/12/2025 18h15

Santa Casa de Campo Grande

Santa Casa de Campo Grande FOTO: Gerson Oliveira/Correio do Estado

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O Conselho Regional de Medicina (CRM) em Mato Grosso do Sul afirmou que algumas especialidades médicas devem paralisar suas atividades na Santa Casa devido à falta de materiais, medicamentos e a falta de recebimento de salários há meses. 

A situação crítica foi confirmada pelo vice-presidente Dr. Flávio Freitas Barbosa nesta terça-feira (23). 

Segundo o médico, o “empurra-empurra” entre os órgãos gestores sobre a responsabilidade da Santa Casa, assim como de toda a crise na saúde municipal, só deve ser cessada através da Justiça, e tem causado prejuízos aos pacientes, bem como desistência de profissionais.

“A saúde do paciente não está em discussão, está vaga. Além de tudo, o maior dever do médico é promover saúde para o seu paciente, e isso está ausente do cenário discutido, há somente falas com acusações de ambos os lados. A gente precisa fazer isso porque, quem vai ser responsabilizado quando realmente acontecer de as pessoas sofrerem por desassistência médica? É a Secretaria Estadual de Saúde? É a Secretaria Municipal? É a própria instituição?”, indagou o Dr. Flávio. 

De acordo com uma nota emitida pelo CRM-MS, já foram realizadas vistorias em Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e nos Centros Regionais de Saúde (CRSs), sendo constatados baixos estoques e, em diversos casos, a completa ausência de medicamentos básicos indispensáveis ao funcionamento dos plantões de urgência. 

Além disso, também estavam escassos insumos fundamentais como luvas, lençóis, cânulas e outros materiais primordiais para a segurança tanto do paciente como dos profissionais. 

Somado a isso, o Conselho ressaltou o decreto emitido pela Prefeitura Municipal que reduzia pela metade a gratificação dos servidores de saúde no período do final do ano. 

“A medida fragiliza as condições de trabalho, desestimula a permanência de profissionais na rede pública e compromete diretamente a qualidade da assistência prestada à população”. 

Assim, algumas especialidades médicas da Santa Casa têm data para paralisar as atividades. 

  • Urologia tem notificação datada para o dia 29 de dezembro de 2025; 
  • A Ortopedia deve parar em 02 de janeiro de 2026; 
  • Cirurgias Pediátricas, Vascular e Geral estão datadas para o dia 07 de janeiro de 2026, que já operam com grandes limitações com risco de interrupção total antes da data; 
  • A Anestesiologia já está parcialmente parada, agravando a capacidade operacional da Santa Casa de Campo Grande. 

O vice-presidente do CRM ainda afirmou que o Conselho já havia alertado o Ministério Público sobre os impactos da crise que a instituição vinha enfrentando através dos resultados das vistorias e denúncias. 

“As vistorias feitas por esse Conselho são todas transparentes e foram encaminhadas a que, de fato, deveria ter o conhecimento, que é o Ministério Público. Esse momento crucial, esse momento de agora, foi alertado ao longo do período. Nossa preocupação é com o bem estar das pessoas, que tem sido precarizado, neste momento, pelo maior hospital do Estado, tanto em atendimento dos profissionais, que já registraram desistência de certas atividades nas próximas semanas, como em questões internas, como falta de leitos e de material de trabalho. É uma situação preocupante para todos nós”. 

Santa Casa de Campo GrandeDr. Flávio Freitas Barbosa em coletiva nesta terça-feira (23) / Foto: Gerson Oliveira/Correio do Estado

GREVE

Para o CRM, caso a greve seja realmente instaurada na instituição, recai ao Sindicato dos Médicos a aceitação ou não do movimento. No entanto, o pedido de greve pela Instituição foi recebido com estranheza pelos órgãos. 

“A greve é o último cenário a ser avaliado. Mas, diante da situação colocada, deve ser avaliada por quem está na base, sempre ressaltando que é uma manifestação pessoal e não pode ser usada como opção política. A greve tem que ser usada como opção de reivindicação do trabalhador, constituída em lei, quando as condições de mudança não são atendidas. Não pode, por exemplo, um médico estar a seis meses sem receber, sem décimo terceiro”, avaliou o médico. 

A estranheza se deu ao fato de que, na última segunda-feira (22), o Sindicato dos Médicos de Mato Grosso do Sul (Sinmed/MS) recebeu ofícios da Santa Casa sugerindo a deflagração de uma greve pela categoria médica, o que implicaria na paralisação completa do oferecimento dos serviços à população. 

A medida foi vista pelo Sindicato como uma tentativa de “lockout”, que é a paralisação total das atividades para exercer pressão, o que é proibido pela legislação brasileira. 

"Este sindicato se propôs a reunir a categoria para discutir o parcelamento proposto. Contudo, antes mesmo da decisão dos médicos, a Santa Casa sinalizou favoravelmente a uma greve que sequer havia sido discutida. Questionamos qual a real intenção por trás dessa conduta", pontuou em nota o presidente do Sinmed, Dr. Marcelo Santana.

Assim, o corpo jurídico do Sindicato pediu a imediata intervenção do Ministério Público do Trabalho (MPT) nas negociações, assim como o pedido judicial pelo pagamento do 13º salário em atraso, responsabilização dos gestores da Santa Casa e a realização de uma audiência de conciliação. 

A paralisação parcial das atividades dos enfermeiros e serviços administrativos da Santa Casa segue em andamento pelo segundo dia consecutivo. 

boletim epidemiológico

Com duas novas vítimas, número de mortes por dengue chega a 20 em MS

Boletim aponta que foram confirmados 8.430 casos da doença no ano e há nove mortes em investigação no Estado

23/12/2025 18h00

MS soma 20 mortes por dengue no ano

MS soma 20 mortes por dengue no ano Divulgação

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Mato Grosso do Sul chegou ao número de 20 mortes por dengue neste ano, após a confirmação de dois novos óbito pela doença nest semana.

Conforme boletim epidemiológico divulgado nessa segunda-feira (22) pela Secretaria Estadual de Saúde (SES), as duas mortes ocorreram em maio e junho, respectivamente, mas a confirmação de que a causa foi dengue ocorreu no dia 22 de dezembro.

As vítimas eram mulheres, sendo uma de 64 anos, moradora de Iguatemi, e uma de 76 anos, de Antônio João. Ambas tinham comorbidades.

Além destas vítimas, as outras 18 mortes por dengue ocorridas de janeiro a dezembro ocorreram nos municípios de Inocência, Três Lagoas, Nova Andradina, Aquidauana, Dourados, Ponta Porã, Coxim, Paranhos, Itaquiraí, Água Clara, Miranda, Aparecida do Taboado, Ribas do Rio Pardo e Campo Grande.

Entre as vítimas, nove delas possuíam algum tipo de comorbidade. Com relação às idades, apenas uma era adolescente, de 12 anos, enquanto todas as demais eram maiores de 24 anos.

Atualmente, há nove mortes em investigação para saber se foram em decorrência da dengue no Estado.

De janeiro até essa segunda-feira, Mato Grosso do Sul já registrou 14.171 casos prováveis de dengue, com 8.430 confirmados.

Nos últimos 14 dias, Itaquiraí, Ribas do Rio Pardo, Jardim, Chapadão do Sul, Maracaju, Aquidauana e Ponta Porã registraram incidência baixa de casos confirmados para a doença.

Em todo o ano passado, foram confirmados 16.229 casos de dengue, com 32 mortes pela doença em Mato Grosso do Sul.

MS soma 20 mortes por dengue no ano

Vacinação

Ainda conforme o boletim, 201.633 doses da vacina contra a dengue foram aplicadas na população alvo neste ano.

Ao todo, Mato Grosso do Sul já recebeu do Ministério da Saúde 241.030 doses do imunizante. O esquema vacinal é composto por duas doses com intervalo de três meses entre as doses.

A vacinação contra a dengue é recomendada para crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos, 11 meses e 29 dias de idade, faixa etária que concentra o maior número de hospitalização por dengue, dentro do quadro de crianças e adolescentes de 6 a 16 anos de idade.

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