Cidades

FRONTEIRA DE SANGUE

Ex-chefão do PCC mandou violar caixão e queimar restos de Rafaat

Ato extremo foi o estopim para 'Galã' ser expulso da facção

Da Redação

25/07/2019 - 10h07
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Para marcar a nova era e o período de um ano de controle do tráfico de drogas e armas na fronteira de Mato Grosso do Sul com o Paraguai, um dos principáis líderes do PCC na ocasião mandou violar e queimar os restos mortais do traficante Jorge Rafaat Toumani, executado em 15 de junho de 2016. 

Acontece que o ato extremo foi visto como o estopim para a cúpula do PCC decidir tirar Elton Leonel Rumich, conhecido como 'Galã, do comando da facção em Pedro Juan Caballero, segundo o Correio do Estado apurou.

A profanação do cadáver de Rafaat foi revelada na última terça-feira (23) pela Polícia Civil do Rio de Janeiro. 

Segundo o jornal 'O Dia', no exato aniversário de um ano da execução cinematográfica que incluiu a perfuração do carro blindado do antigo líder da fronteira com artilharia ponto 50, capaz de derrubar aviões, em uma rua de Pedro Juan Caballero- -, 'Galã' mandou seguidores desenterrarem o corpo em um cemitério de Ponta Porã e atearem fogo.

Um vídeo encontrado em um celular de um traficante da quadrilha preso pela polícia fluminense mostra o corpo sendo retirado de dentro do túmulo e queimado. Em um diálogo encontrado no mesmo celular, 'Galã' afirma aos seus comparsas para sumir com o caixão. E que o ato serviria para causar pânico, demonstrando que eles estavam “fortemente na pista”.

Na sexta-feira, a Polícia Federal em Mato Grosso do Sul cumpriu mais um mandado de prisão preventiva contra o traficante. Na investigação, ficou comprovado o uso de imóveis no nome de parentes dele para lavar dinheiro do tráfico.

Carro de Rafaat após o ataque sofrido: veículo também foi alvo de 'Galã' depois de apreensão (Divulgação)

 

Carro de Rafaat após o ataque sofrido: veículo também foi alvo de 'Galã' depois de apreensão (Divulgação)

CONSEQUÊNCIAS

Não foi um ato isolado. Em dezembro daquele 2016, 'Galã' já havia ordenado que seus comparsas recuperassem bens de Rafaat. 

O Correio do Estado noticiou na ocasião que quatro pessoas tentaram incendiar carro blindado onde o antigo chefão da fronteira foi executado e que estava apreendido no pátio de uma delegacia paraguaia. Houve troca de tiros na oficina mecânica onde estava o veículo.

Com ajuda de traficantes locais, como Jarvis Pavão, 'Galã' passou também a perseguir ex-funcionários e familiares de Rafaat. Tomou não só as rotas de tráfico, como as de contrabando e até comércios para lavagem de dinheiro, como prostíbulos. 

Contrariou ordens vindas da cúpula do PCC, entre eles as de Marcos Willians Herbas Camacho, 51 anos, o 'Marcola', principal líder da facção.

Temendo perder o controle na fronteira e que os negócios no Paraguai e Bolívia ficassem prejudicados, Marcola mandou a Pedro Juan Caballero um de seus maiores braços-direito: o ex-ladrão de carros da zona leste de São Paulo (SP) e hoje apontado como o principal 'funcionário' da facção nos países vizinhos, Gilberto Aparecido dos Santos, o 'Fuminho'. 

O Correio do Estado revelou em março de 2018 que, de forma quieta e respondendo apenas a 'Marcola', 'Fuminho' investigou e denunciou ao chefe os desvios de conduta na fronteira de 'Galã', premiado pela chefia da facção por planejar e colocar em prática a execução de Jorge Rafaat.

'Galã' era fiel a dois 'torres' do 'partido', Rogério Jeremias de Simone, o Gegê do Mangue, executado pela facção no Ceará naquele ano junto de Fabiano Alves de Souza, o Paca. 

Ambos eram os integrantes mais poderosos da quadrilha em liberdade. Junto, o trio desviou até R$ 50 milhões dos cofres do PCC, segundo a Polícia Civil de São Paulo.

'Fuminho': braço-direito de 'Marcola' retoma comando da fronteira para o chefe (Divulgação/Polícia Civil de São Paulo)

 

FIM DE JOGO

O estouro de uma mansão que era usada como sede do PCC em Ponta Porã, em agosto de 2017, motivou a Justiça Federal de Mato Grosso do Sul e emitir pedido de prisão por 30 dias para 'Galã', que fora preso em março de 2018 enquanto fazia uma tatuagem em Ipanema, bairro nobre na zona sul do Rio de Janeiro (RJ). 

Com ele estava um BMW, seis relógios de marca e R$ 100 mil em dinheiro. Ele cumpre atualmente pena no presídio carioca de Bangu I, onde subiu na hierarquia do rival Comando Vermelho.

Em 2017, o 'bunker do PCC', como foi chamado pelos agentes federais, foi estourado após tiroteio em casa noturna de Pedro Juan Caballero inaugurada por ele, onde dois integrantes da facção que faziam sua segurança morreram. O ataque foi decidido por 'Marcola' e 'Fuminho'.

Na mansão, quatro pessoas, todas que seriam subordinadas do traficante, foram presas. Um deles era sócio de 'Galã' em uma empresa de auto peças de veículos montada no Paraguai, com forte indício de ser usada para lavagem de dinheiro. Uma caminhonete Dodge Ram blindada foi apreendida no local. 

"A decretação da prisão e o cumprimento do mandado ratificam a periculosidade de 'Galã', determinando que permaneça custodiado e não dificulte as investigações dos delitos em que está envolvido", informou a nota da PF.

Conforme o Correio do Estado revelou, desde essa operação realizada em agosto de 2017 que Galã não era mais visto na fronteira. O traficante passou a ser visto com desconfiança pela alta cúpula da facção por acusações de desvio de dinheiro e fornecimento de entorpecentes e armas para inimigos, além de se envolver com negócios pouco lucrativos à quadrilha, como contrabando e casas de prostituição.

LIGAÇÃO COM HEZBOLLAH 

Segundo o jornal 'O Dia', durante sua prisão, 'Galã' chegou a oferecer R$ 7 milhões aos agentes da especializada para não ter cinco celulares e uma caderneta com anotações de valores levados. O motivo está sendo gradualmente revelado: uma ligação entre o tráfico e o grupo terrorista libanês Hezbollah.

Em dezembro do ano passado, o Correio do Estado revelou a ligação de grupos terroristas com o PCC e o tráfico de drogas e contrabando no Paraguai.

Na sexta-feira, o braço do narco terrorismo no Rio foi citado pelo governador Wilson Witzel (PSC), durante uma coletiva. “Em breve, uma investigação revelará a ligação entre o tráfico e o Hezbollhah”, disse. 

Trata-se justamente do desdobramento da prisão de 'Galã'.

COAF

A polícia fluminense solicitou ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) a listagem de nomes de pessoas que realizaram transações financeiras com 'Galã'. 

O esperado era o retorno de dezenas de nomes. 

O Coaf respondeu com uma surpreendente lista de 30 mil pessoas, revelando uma larga rede. 

Entre elas, supostos terroristas investigados na lavagem de dinheiro do tráfico na Tríplice Fronteira entre o Brasil, Argentina e Paraguai. “Os nomes desses terroristas foram citados, pela primeira vez, em um relatório do Departamento do Tesouro Americano, de 2006”, diz 'O Dia'.

A Polícia Federal também possui informações a respeito dessas movimentações financeiras de Galã, preso em Bangu 1 e condenado a 10 anos por porte ilegal de arma e documento falso. 

VENDAS DE DROGAS E ARMAS:

As autoridades investigam a venda de drogas como uma das fontes de financiamento dos terroristas. Além disso, o grupo libanês abriu canais para o contrabando de armas destinadas ao PCC e ao CV, principalmente pela fronteira entre o Brasil e o Paraguai.

A atuação terrorista do Hezbollah na América do Sul foi um dos temas debatidos durante a Conferência Ministerial Hemisférica de Luta contra o Terrorismo, realizada na sexta-feira, na Argentina. 

Na ocasião, em entrevista a uma revista portuguesa, o secretário-geral dos Negócios Estrangeiros do Brasil, Otávio Brandelli, afirmou que “há atividade do Hezbollah na tríplice fronteira. Isso é um dado da realidade”.

Ainda no congresso, o Brasil ratificou um termo de colaboração no combate ao terrorismo. “O Brasil juntou-se à declaração da Conferência na qual se reconhece que há atividades do Hezbollah na América do Sul. 

Não queremos que o hemisfério seja um espaço para ação de logística, de financiamento ou de atividades operacionais de qualquer grupo terrorista”, disse Brandelli. 

Cidades

Projeto de lei quer converter multas de trânsito em doação de sangue e medula

Infrator que optar pela doação não pagará multa, mas outras sanções podem ser mantidas, como pontos na CNH

19/12/2025 18h00

Multas leves de trânsito poderão ser convertidas em doação voluntária de sangue ou medula

Multas leves de trânsito poderão ser convertidas em doação voluntária de sangue ou medula Foto: Arquivo

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Um projeto de lei protocolado na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (Alems) propõe converter multas aplicadas no trânsito, relativas a infrações de natureza leve, em doação voluntária de sangue ou medula óssea. Como a Casa está em recesso, a matéria tramitará no ano que vem.

Conforme a proposta, de autoria do deputado estadual Junior Mochi, a conversão do pagamento das multas em doação de sangue ou medula teria caráter alternativo e facultativo, não constituindo direito subjetivo do infrator, e deverá ser expressamente requerida pelo interessado, nos termos de posterior regulamentação.

Ainda conforme o projeto, a conversão da multa em doação somente será admitida quando:

  • a infração for de natureza leve, nos termos do Código de Trânsito Brasileiro;
  • não houver reincidência da mesma infração no período de 12 meses;
  • a multa não decorrer de infração que tenha colocado em risco a segurança viária, a vida ou a integridade física de terceiros;
  • a doação seja realizada em hemocentros públicos ou privados conveniados ao Sistema Único de Saúde (SUS), ou em instituições oficialmente reconhecidas;
  • haja aptidão médica do doador, conforme critérios técnicos estabelecidos pelo Ministério da Saúde.

Cada doação de sangue corresponderá a conversão de uma multa de trânsito, assim como a inscrição no Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome).

Caso o doador seja compatível com alguma pessoa precisando de transplante e faça a doação efetiva da medula óssea, poderá ser convertida até duas multas de trânsito.

A comprovação da doação ou da inscrição no Redome será realizada mediante apresentação de documento oficial emitido pela instituição responsável, observado o prazo e os procedimentos definidos em regulamento

O projeto veda a compensação parcial da multa, bem como a conversão de penalidades acessórias, como suspensão ou cassação do direito de dirigir.

A conversão será apenas relacionada ao pagamento da multa, mas não exime o infrator das demais obrigações legais decorrentes da infração de trânsito, inclusive quanto ao registro de pontos na Carteira
Nacional de Habilitação (CNH), quando aplicável.

O Poder Executivo poderá celebrar convênios e parcerias com municípios, hemocentros e instituições de saúde, com vistas à operacionalização da lei, caso seja aprovada e sancionada.

Objetivos

Na justificativa do projeto, o deputado afirma que o objetivo é conciliar o caráter educativo das sanções
administrativas de trânsito com políticas públicas de incentivo à doação voluntária de sangue e de medula óssea, "práticas essenciais à manutenção da vida e à efetividade do Sistema Único de Saúde".

"A proposta não elimina a penalidade, mas a ressignifica, convertendo-a em uma ação de relevante interesse social, capaz de estimular a solidariedade, a cidadania e a responsabilidade coletiva. Trata-se de medida alinhada aos princípios da dignidade da pessoa humana, da função social das sanções administrativas e da eficiência das políticas públicas, diz a justificativa.

Em caso de aprovação e sanção, a adesão pelos municípios será facultativa, preservando o pacto federativo.

"Ressalte-se que a iniciativa respeita a autonomia municipal e o Código de Trânsito Brasileiro, limitando-se às infrações leves e excluindo aquelas que representem risco à segurança viária. A adesão pelos Municípios é facultativa, preservando-se o pacto federativo", conclui o texto.

Campo Grande

Investigada por desvio recebeu R$ 1,7 milhão para iluminar "Cidade do Natal"

Construtora JCL venceu licitação há dois meses e será responsável pela decoração natalina da Capital

19/12/2025 17h50

Foto: Gerson Oliveira / Correio do Estado

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Investigada em operação que apura suspeitas de fraudes em licitações e contratos de iluminação pública em Campo Grande, a Construtora JCL Ltda. venceu há dois meses a disputa para iluminar a decoração natalina da Capital neste ano, orçamento de R$ 1,7 milhão.

Conforme o Portal da Transparência, a empresa será responsável por fornecer, instalar e desinstalar a decoração natalina na Capital, contrato firmado no dia 17 de novembro e que expira no dia 15 de fevereiro. 

Conforme o edital, a iluminação abarca trechos da Rua 14 de Julho, Avenida Afonso Pena local de apresentações culturais, gastronomia e lazer. Para a decoração natalina está prevista a instalação de mangueiras luminosas de led branco quente (âmbar), verde e azuis pelas avenidas Afonso Pena, Duque de Caxias e Mato Grosso.

Na 14 de Julho, a decoração possui flâmulas natalinas, bolas metálicas iluminadas, árvores naturais de porte médio, árvores em formato de cone, anjo iluminado e pórticos metálicos.

As luzes foram acesas no dia 1º de dezembro deste ano, com desligamento previsto para o dia 15 de janeiro de 2026, datas que, conforme contrato, podem ser adiadas ou antecipadas.

De acordo com a prefeitura, a iluminação decorativa natalina tem como objetivo "trazer o espírito natalino para as ruas, praças e avenidas da Capital, aliando beleza, lazer e sentimento de pertencimento urbano".

Iluminação natalina

A Praça Ary Coelho também foi decorada com os portais de entrada até o coreto, além de iluminação nas árvores naturais.

Complementam a decoração em outras vias estrelas dos mais variados tamanhos, árvores de arabesco, cometas, botas, bicicletas, pirâmides e pórticos, entre outros.

Além dessas, receberão decoração as rotatórias da Ceará com Joaquim Murtinho; Duque de Caxias com a Entrada da Nova Campo Grande; da João Arinos com Pedrossian; Três Barras com Marques de Lavradio; Consul Assaf Trad com Zulmira Borba; Gury Marques na rotatória da Coca-Cola; Filinto Muller no Lago do Amor; dentre outras. A iluminação compreende ainda o Paço Municipal.

 

Contradição

A assinatura do contrato entre a prefeitura e a construtora contraria uma lei sancionada pelo próprio Executivo em agosto deste ano, que detinha o objetivo reduzir gastos e otimizar recursos públicos.

A Lei 7.464/25, sancionada em 4 de agosto, previa que a iluminação e ornamentação natalina em espaços públicos fosse patrocionada por empresas privadas, sem custos para a Prefeitura.

Conforme a lei, as empresas interessadas em iluminar a "Cidade do Natal" em troca, poderiam divulgar suas marcas nos locais iluminados. O programa "Natal de Luz", inserido na lei, tem vigência anual, entre 1º de novembro e 10 de janeiro. 

*Colaborou João Pedro Flores

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