Cidades

CÂMARA MUNICIPAL

Ex-motorista diz que até ônibus sem freios rodam em Campo Grande

Durante o andamento da CPI sobre o transporte público, condições trabalhistas precárias também foram relatadas por ex-funcionários do Consórcio Guaicurus

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"Sucatas", foi assim que os ônibus de Campo Grande foram definidos ontem pelo ex-motorista do Consórcio Guaicurus Weslei Conrado Moreli, que foi ouvido pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara Municipal sobre o transporte público.

O ex-funcionário, que trabalhou na empresa de 2019 a 2024, fez várias denúncias sobre a qualidade de manutenção da frota de ônibus do Consórcio Guaicurus, alegando que já dirigiu veículos com freios danificados e com o painel de velocidade quebrado.

"Eu saí da empresa por causa das condições que a empresa dava para trabalhar no transporte. Às vezes faltava freio, o painel de velocidade não funcionava, você não conseguia ver a velocidade em que estava na pista. A potência dos motores também não suportava subir ruas inclinadas", descreveu Weslei.

A superlotação também foi relatada pelo ex-motorista, dizendo para os vereadores que compõe a CPI que a orientação de superiores para os motoristas era de encher os ônibus até não caber mais nenhum passageiro.

"O consórcio tem falta de respeito com o povo, porque ele simplesmente joga o povo dentro daquela sucata [ônibus], que mais parece uma lata de sardinha. Uma vez eu ouvi de um encarregado para colocar até não caber mais", declarou.

Falhas nos elevadores dos ônibus para cadeirantes também foram descritas pelo ex-funcionário, informando que precisou orientar passageiros a pegarem o próximo ônibus porque o elevador do veículo estava quebrado.

"A gente tinha um papel em que podíamos relatar problemas com elevador. Já fui orientado uma vez a continuar a viagem com o elevador quebrado. Já aconteceu também de eu ir embarcar um cadeirante e não ter condições porque o elevador estava travado. É triste, porque a gente tem que falar para o cidadão esperar o próximo", relatou.

Na oitiva passada, realizada na segunda-feira, o atual diretor de Operações do Consórcio Guaicurus, Paulo Vitor Brito de Oliveira, confirmou que 97 ônibus da concessionária estão velhos, tendo mais de 10 anos de uso, o que corresponde a 21% da frota de 460 carros, além de estarem acima da idade permitida pelo contrato com a prefeitura.

CONDIÇÕES DE TRABALHO

Durante a CPI, Weslei Moreli também reclamou da jornada de trabalho dos motoristas, que, segundo ele, é "inaceitável".

"No nosso contrato, a carga horária de trabalho deveria ser de 7 horas e 20 minutos, mas era comum a gente fazer 9 [horas] ou 10 horas. Eu já cheguei a fazer 11 horas. Os nossos intervalos eram de 5 minutos em algum terminal, o que dava uns 20 minutos no total do dia. A gente pegava algum salgado para comer e comia dentro do ônibus", relatou o trabalhador, que também afirmou que essa era uma conduta "comum" entre os motoristas. 

Weslei afirmou que o trabalho excessivo estava afetando sua saúde, em decorrência do estresse e das más condições. Hoje, o rapaz reside na cidade de Florianópolis (SC) e também é motorista de transporte público. Para ele, a diferença entre os dois trabalhos é grande, tanto em condições de trabalho como em salários e
benesses.

O ex-motorista também relatou que, quando trabalhava como manobrista, função que fazia trabalhos mais administrativos no Consórcio Guaicurus, por várias vezes, fez o trabalho de motoristas nas linhas sem ter a remuneração adicional pelo acúmulo de funções.

Ele também explicou que essa era uma prática comum das empresas e que muitos motoristas também realizavam a função de manobrista.

Segundo ex-funcionário ouvido pela CPI ontem, Gabriel da Silva Souza Almeida também alertou os vereadores sobres as más condições de trabalho que ele e outros funcionários do setor de bilhetagem passavam.

Gabriel contou que era comum ter nas cabines de bilhetagem do PegFácil cadeiras inadequadas e desconfortáveis, jornada extensa de trabalho e ares-condicionados que não funcionavam.

Também registrou que as cabines têm infiltrações, goteiras e falha constante no sistema de bilhetagem, chegando a ficar 40 minutos desligado.

Segundo Gabriel, o Consórcio Guaicurus dificultava o ambiente de trabalho propositalmente para forçar os funcionários a se demitirem, com práticas abusivas de assédio e intimidação jurídica.

"O consórcio praticava assédio moral organizacional, que consiste, entre outras coisas, na prática de uma empresa dificultar o ambiente de trabalho para forçar o empregado a pedir demissão, com práticas sistemáticas de desvalorização do funcionário ou gestão de estresse, com uma liderança que pressionava abusivamente para forçar desligamentos espontâneos", contou.

"Meu objetivo é mostrar para a sociedade que, além de um serviço de péssima qualidade, o consórcio contribui com a fragilização dos direitos trabalhistas e a exploração do trabalho, o que, por consequência, piora a qualidade do serviço prestado", acrescentou.

Ao final das oitivas desta quarta-feira, os vereadores da CPI informaram, durante coletiva de imprensa, que vão levar os relatos colhidos durante as oitivas para o Ministério Público do Trabalho de Mato Grosso do Sul (MPT-MS), para o órgão poder investigar as condições de trabalho no Consórcio Guaicurus.

SAIBA

Outro ponto abordado na CPI foi o fato de o Consórcio Guaicurus não ter plano de seguro, serviço que era obrigatório, de acordo com o contrato de concessão assinado em 2012 com a Prefeitura de Campo Grande.

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CAMPO GRANDE

Bioparque Pantanal terá Papai Noel mergulhador em programação especial de Natal

Atração promete encantar visitantes de todas as idades

14/12/2025 18h00

Atração promete encantar visitantes de todas as idades

Atração promete encantar visitantes de todas as idades Divulgação/ Gov MS

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O Bioparque Pantanal preparou uma programação especial de Natal para receber o público em dezembro, com uma das atrações mais aguardadas do período: o Papai Noel Mergulhador.

A apresentação está marcada para as 10h dos dias 23 e 24 e promete surpreender famílias e visitantes ao unir magia, educação ambiental e o contato direto com a biodiversidade.

A ação, que já se tornou tradicional no calendário do atrativo, leva o personagem natalino para dentro dos tanques, reforçando de forma lúdica a importância da conservação ambiental e da relação harmoniosa entre o ser humano e a natureza.

Atenção nos horários!

No dia 24 de dezembro, o Bioparque Pantanal funcionará em horário especial, das 8h30 às 14h30, permitindo que o público aproveite a véspera de Natal com uma experiência diferente em um dos maiores complexos de água doce do mundo. O último horário de entrada será até 13h30.

Já nos dias 25 e 31 de dezembro, não haverá visitação. O empreendimento também permanecerá fechado entre 1º e 7 de janeiro de 2026, período destinado à realização de manutenções internas, voltadas à segurança dos visitantes e ao bem-estar dos animais. As atividades serão retomadas normalmente no dia 8 de janeiro.

Bioparque Pantanal

Inaugurado em março de 2022, o Bioparque Pantanal já recebeu mais de 1 milhão de visitantes e se consolidou como referência nacional em turismo científico, inclusivo, sustentável e contemplativo. O espaço é reconhecido pela estrutura moderna e pelo compromisso com a educação ambiental, acessibilidade e conservação da fauna.

A visita ao Bioparque Pantanal é gratuita, mas o agendamento é obrigatório e deve ser feito exclusivamente pelo site bioparquepantanal.ms.gov.br.

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MANIFESTAÇÃO

"Sem anistia", manifestantes protestam contra PL da Dosimetria em todo o Brasil

Atos ocorreram em diversas cidades e classificam projeto como anistia disfarçada aos envolvidos no 8 de Janeiro

14/12/2025 17h00

Os atos foram organizados pelas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo

Os atos foram organizados pelas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo Divulgação/ Agência Brasil

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Manifestantes de diversas cidades brasileiras foram às ruas neste domingo (14) em protesto contra a aprovação do chamado Projeto de Lei da Dosimetria, que altera o cálculo das penas aplicadas aos condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. Para os organizadores, o texto representa uma “anistia disfarçada” e abre caminho para beneficiar o ex-presidente Jair Bolsonaro e integrantes de seu governo.

Os atos foram organizados pelas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, que reuniram movimentos sociais, centrais sindicais, estudantes e partidos de esquerda. Pela manhã, manifestações ocorreram em capitais como Belo Horizonte, Campo Grande, Cuiabá, Maceió, Fortaleza, Salvador e Brasília.

Na capital federal, o protesto teve início em frente ao Museu da República e seguiu em direção ao Congresso Nacional. Durante o trajeto, manifestantes entoaram palavras de ordem e exibiram cartazes com frases como “Sem anistia para golpista” e críticas diretas ao presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB).

Campo Grande

Em resposta a aprovação por 291 a 148 votos na última quarta-feira (10), centenas de campo-grandenses liberais se encontraram na esquina da Rua 14 de Julho com a Avenida Afonso Pena para protestar contra a tentativa de Anistia das pessoas que foram condenadas pelo 8 de janeiro, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Além de apoiadores, a manifestação contou com a presença de algumas autoridades da esquerda de MS, como o deputado estadual Pedro Kemp (PT), que foi o primeiro político a chegar no local.

Em conversa com a reportagem, o parlamentar falou sobre o movimento desta manhã e a importância de dar uma rápida resposta ao PL da Dosimetria.

"Mais uma vez, a população dá um recado para a Câmara dos Deputados, que está votando na contramão de tudo aquilo que a população deseja, porque quem atentou contra a democracia, quem quebrou a série dos poderes em Brasília, quem tentou dar um golpe de estado no Brasil tem que ser condenado e pagar por esses crimes. Dar uma lição na história de que nós não aceitamos mais golpes no Brasil", disse o petista.

O ex-deputado estadual e agora candidato ao governo de Mato Grosso do Sul pelo Partido dos Trabalhadores, como oficializado neste sábado (13) pelo presidente do partido, Fábio Trad também compareceu ao protesto.

"É um momento muito importante, mas não só para a esquerda, para todos os democratas. Eu convido também a direita liberal que respeita a democracia, aquela direita dos anos 90 que respeitava a vontade das urnas, que não apoiava os Estados Unidos contra o próprio Brasil. Ela deveria estar aqui conosco, porque o que está em jogo aqui hoje não é só uma disputa partidária, é uma questão de civilização e barbárie", destaca.

Paulista ocupada

Em São Paulo, a Avenida Paulista foi ocupada por manifestantes concentrados nos quarteirões próximos ao Museu de Arte de São Paulo (Masp). O ato reuniu representantes de sindicatos, movimentos sociais, estudantis e partidos políticos contrários ao projeto.

Durante o protesto, o coro de “sem anistia” foi repetido diversas vezes. Cartazes com dizeres como “Congresso inimigo do povo” ganharam destaque, assim como críticas ao comando da Câmara. Parte dos participantes vestiu roupas verde e amarelas para reforçar a rejeição à anistia dos envolvidos nos atos golpistas.

A votação do PL na Câmara ocorreu em meio a um episódio de tensão, após a retirada forçada do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) da Mesa Diretora pela Polícia Legislativa. Jornalistas foram impedidos de acompanhar a ação, e profissionais da imprensa relataram agressões.

Parlamentares da oposição avaliam que, com as mudanças previstas no texto, Bolsonaro poderia ter a pena reduzida de 7 anos e 8 meses para cerca de 2 anos e 4 meses em regime fechado, conforme o cálculo atual da Vara de Execuções Penais.

Segundo Juliana Donato, da Frente Povo Sem Medo, a mobilização foi motivada pela gravidade da proposta. “Nós entendemos que isso é uma anistia. Os crimes cometidos contra a democracia são muito graves e não podem ser perdoados. A impunidade abre espaço para novas tentativas de golpe”, afirmou. Ela acredita que a pressão popular pode influenciar a tramitação do projeto no Senado.

Protestos no Rio

No Rio de Janeiro, milhares de pessoas ocuparam as ruas próximas ao Posto 5, em Copacabana. O ato contou com a participação de movimentos sociais, sindicatos, estudantes, parlamentares, artistas e militantes de esquerda.

A manifestação ganhou caráter cultural com a participação de artistas como Caetano Veloso e Gilberto Gil, que se apresentaram durante a tarde. O evento foi batizado de “Ato Musical 2: o retorno”, em referência a uma mobilização anterior contra a PEC da Blindagem.

Além do PL da Dosimetria, os participantes protestaram contra a escala de seis dias de trabalho por um de descanso, o marco temporal para demarcação de terras indígenas, o feminicídio e cobraram transparência em investigações envolvendo o Banco Master.

Uma performance realizada por um grupo de mulheres chamou atenção ao comparar parlamentares favoráveis ao projeto a “ratos traiçoeiros”, com a distribuição de animais de borracha e fotos de deputados que votaram pela redução das penas.

A aposentada Angela Tarnapolsky, de 72 anos, afirmou que não poderia se omitir diante do que considera retrocessos democráticos. “Depois de tudo o que vivi desde a ditadura, é impossível aceitar um Congresso com esse nível de retrocesso”, declarou.

O deputado Glauber Braga participou do ato e agradeceu o apoio popular. Com a suspensão de seu mandato por seis meses, ele afirmou que levará o gabinete “para as ruas” e seguirá mobilizado contra o PL da Dosimetria e contra as chamadas emendas Pix, que permitem repasses de recursos públicos sem detalhamento do uso.

O que prevê o projeto

O PL da Dosimetria estabelece que os crimes de tentativa de golpe de Estado e de abolição do Estado Democrático de Direito, quando cometidos no mesmo contexto, sejam punidos apenas com a pena mais grave, e não pela soma das penas. O texto também reduz o tempo necessário para a progressão de regime, do fechado para o semiaberto ou aberto.

A proposta pode beneficiar, além de Bolsonaro, militares e ex-integrantes do alto escalão do governo anterior, como Almir Garnier, Paulo Sérgio Nogueira, Walter Braga Netto e Augusto Heleno.

Parlamentares da oposição preveem, para o ex-presidente Jair Bolsonaro, que o total da redução pode levar ao cumprimento de 2 anos e 4 meses em regime fechado em vez dos 7 anos e 8 meses pelo cálculo atual da vara de execução penal, segundo a Agência Câmara de Notícias. Mas a definição dos novos prazos será do STF e pode ser influenciada pelo trabalho e estudo em regime domiciliar, que diminuem o período de prisão.

O texto original previa anistia a todos os envolvidos nos atos de 8 de janeiro e dos acusados dos quatro grupos relacionados à tentativa de golpe de Estado julgados pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Mas esse artigo foi retirado do projeto.

**Colaborou Felipe Machado**

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