Temporal com fortes chuvas atingiu Campo Grande na tarde desta terça-feira (18).
De acordo com o meteorologista Natálio Abrahão, foram registrados 64,4 milímetros de precipitação, em duas horas e 50 minutos, na região do Lago do Amor.
O lago transbordou e, mais uma vez, a enxurrada abriu uma cratera gigantesca às margens da avenida Filinto Muller e parte do asfalto, passarela, ciclovia e aterro cedeu. A pista está intransitável e interditada sentido cemitérios.
Não é a primeira vez que o Lago do Amor transborda e a estrutura desaba. Em 4 de janeiro de 2023, forte temporal atingiu a região, quando a cratera se abriu no mesmo lugar e pelo mesmo motivo: devido às fortes chuvas.
Em 29 de março de 2023, a empresa de engenharia CCO Infraestrutura LTDA foi contratada por R$ 3.880.427 milhões para reparar os estragos da inundação: execução do segundo vertedouro e reestruturação da calçada, ciclovia e asfalto (avenida).
As obras começaram em 3 de abril e terminaram em 18 de setembro de 2023, com duração de cinco meses.
Vertedouro é uma estrutura que permite o escoamento controlado de água em excesso, evitando enchentes. Ele permite que o excesso de água seja liberado de forma segura, prevenindo inundações e danos à estrutura. Sua função principal é garantir a segurança e estabilidade da infraestrutura hídrica.
A comporta do segundo vertedouro, que foi introduzido na obra e ajuda a escoar/vazar a água, deveria estar aberto no temporal desta terça-feira (18), mas, estava fechado. Se estivesse aberto, poderia evitar o desabamento.

A estrutura não funcionou porque comporta estava fechada ou porque árvore estava caída em cima do suporte há dias.
Com isso, a enxurrada arrastou parte R$ 3,8 milhões do dinheiro público e a cratera “engoliu” a obra que durou cinco meses.
Após novo temporal e abertura de mais uma cratera, a “novela” do Lago do Amor está de volta.
Equipe do Correio do Estado esteve no local na manhã desta quarta-feira (19) e flagrou equipes da Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos (Sisep) interditando a via com manilhas e cavaletes, sentido cemitérios. A via, sentido Manoel da Costa Lima, está liberada.
Com a interdição, condutores invadem a outra pista e trafegam pela contramão, gerando caos e perigo no trânsito.
Ainda não se sabe quando iniciarão as obras de reparos. Em nota enviada ao Correio do Estado, a prefeitura de Campo Grande informou que "o vertedouro estava aberto dentro do previsto, o que ocorreu é que tronco e galhos que caiu há tempos na margem do Lago, perto do vertedouro principal, entrou no vertedouro auxiliar e bloqueou a comporta, e com isso não houve vazão suficiente para evitar o transbordamento. Não houve danos na obra de engenharia, apenas o desbarrancamento de parte da estrutura, que será refeita. As obras terão início o mais breve possível e ainda não há prazo previsto para conclusão".
TEMPORAL
Ruas e avenidas de Campo Grande amanheceram repletas de lama, entulho, pedras, sujeira, galhos e objetos. Avenidas Guaicurus, Campestre, Filinto Müller, 14 de Julho, Saragana, Spipe Calarge e Bandeiras foram as mais afetadas.

Algumas delas foram interditadas pela Agência Municipal de Transporte e Trânsito (Agetran) pois ofereciam riscos à população.
Temporal repentino atingiu Campo Grande na tarde desta terça-feira (18). De acordo com o meteorologista Natálio Abrahão, foram registrados 64,4 milímetros, em duas horas e 50 minutos, na região da avenida Guaicurus e Lago do Amor. Isto significa que choveu em poucas horas o que choveria em 15 dias.
Ruas viraram rios, córregos/lagos se tornaram “mares” e veículos foram arrastados. A água invadiu casas e estabelecimentos. A enxurrada arrastou pedras e objetos.
O Correio do Estado percorreu, na manhã desta quarta-feira (19), os bairros Zé Pereira, Panamá, Jardim Aeroporto, Santo Antônio, Taveirópolis, Caiçara, Leblon, Tijuca, Aero Rancho, Jardim Centenário, Jardim Monumento, Paraty, Piratininga e Vila Carvalho para avaliar os estragos causados pela chuva rápida e intensa. Veja:
- Inundou a avenida Filinto Muller, que virou um rio
- Alagou a avenida Guaicurus, que também virou um rio
- Inundou a rua 14 de Julho
- Abriu, novamente, a cratera do Lago do Amor
- Transbordamento do Lago do Amor
- Abriu, novamente, a cratera da rua Saragana, no bairro Zé Pereira
- Derrubou várias árvores em diversos bairros de Campo Grande
- Interditou ruas e avenidas
- Abriu vários buracos em diversos bairros de Campo Grande
- Lamaçal na avenida Campestre, que chegou a formar um “morrinho” de terra
- Pane em semáforos e provocou caos no trânsito
- Lama, terra, pedra e galhos espalhados na avenida Guaicurus
- Invadiu o quintal de moradores e derrubou muro, cerca, portão
- Invadiu a casa de moradores e estragou móveis e eletrodomésticos
- Arrancou plantações
- Aumentou o nível dos córregos, que quase atingiram as beiradas

Cozinheira e proprietária de uma marmitaria, Rita da Silva Brito, foi quem gravou o vídeo de um homem “surfando” na enxurrada da avenida Campestre (veja o vídeo aqui). Ela afirmou que a água subiu repentinamente e nunca viu nada parecido.
“Nós estávamos aqui dentro conversando e começou a chuva. Do nada veio uma enxurrada muito forte. A água chegou a pegar na cintura. Eu estou aqui há dois anos e nunca presenciei uma cena dessas. Foi assustador. O rapaz do vídeo que estava surfando ele é pedinte, morador de rua. Ele pegou um plástico de reciclagem (bag) e aproveitou o embalo da água e desceu. Ele estava andando a toa e pegou o ‘barco’ dele e desceu”, disse a comerciante.
A enxurrada derrubou o muro da casa do motorista, Anderley Brandão, que fica na avenida Guaicurus.

"A falta de escoamento da água foi o motivo. Como deu uma chuva muito forte e rápida, a força água derrubou o muro e a cerca da minha casa. Foram 55 metros de muro levados. Ainda não estimei o valor do prejuízo. Sujou um pouco dentro de casa, o estrago maior foi no quintal mesmo. Graças a Deus não machucou ninguém, só foi o barulho mesmo. Sempre quando chove muito forte e rápido é assim. Não é a primeira vez que eu tenho problemas com a chuva. Já tive prejuízos outras vezes", contou o morador.
Equipes da Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos (Sisep) e Agetran estavam nos locais críticos, na manhã desta quarta-feira (19), com tratores, caminhões, carretas e carros, interditando ruas, limpando a sujeira e desobstruindo vias.
A prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes (PP) e o secretário de Infraestrutura da cidade, Marcelo Miglioli, estiveram nas áreas afetas pela chuva, na noite desta terça-feira (18), para avaliar os estragos.
“Assim que a chuva cessou, nossas equipes foram imediatamente às ruas para avaliar os danos. Foram mais de 70 milímetros de chuva em apenas duas horas. Percorremos a cidade verificando os estragos para darmos uma resposta rápida e efetiva à população”, disse a prefeita.
“Estamos percorrendo os pontos mais afetados da cidade, acompanhados pela Defesa Civil, Sisep, Guarda Civil Metropolitana e Agetran, que estão mobilizados para avaliar os estragos. Foi uma chuva diferenciada, temos que deixar isso claro. Sobre o Lago do Amor, já convoquei o projetista para que a gente possa estudar e entender o que aconteceu. Não quero me precipitar e dar uma posição sem antes a gente fazer uma vistoria técnica”, afirmou o secretário.
A prefeita Adriane Lopes ressaltou que, assim como em outras ocorrências climáticas extremas, as equipes da Sisep, Defesa Civil, Agetran e Guarda Civil Metropolitana seguem em alerta para atender prontamente qualquer emergência.