Cidades

Quebra Coco

Fazenda que produz 250 mil sacas de soja entra na mira dos sem-terra

Mesmo com alta produção e papel social, a Santa Olinda é cogitada por sem-terra que bloquearam rodovias em abril

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A Fazenda Santa Olinda, propriedade do Grupo Jotapar, localizada a 103 km de Campo Grande, entrou na mira de pelo menos três movimentos de trabalhadores sem terra no mês passado, mesmo produzindo 250 mil sacas soja em seus 6 mil hectares de área, a qual também inclui as reservas legais – volume considerado bom por especialistas.

Durante a safrinha, pelo menos 60% da área tem plantio de milho, cuja produção tem indústrias de Mato Grosso do Sul como destino.

O local teria passado a ser cogitado por autoridades ligadas ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) depois que uma onda de manifestações dos sem-terra ocorreu no mês passado, a pouco mais de 20 km da sede da fazenda, na BR-060, principal via de ligação entre Campo Grande e o sudoeste do Estado.

Ocorre que não há nenhum documento oficial do órgão federal que trate de um possível processo de desapropriação da área.

Em abril, enquanto o diretor e proprietário do Grupo Jotapar, José Pessoa de Queiroz Bisneto, terminava de colher as suas 250 mil sacas na área, os sem-terra fechavam a rodovia federal ali perto, mas não tentaram invadir a fazenda.

Pudera: contra a intenção deles, existe um interdito proibitório concedido pelo Poder Judiciário de Mato Grosso do Sul há dois anos, assinado em abril de 2023, ocasião em que o juízo da 1ª Vara Cível de Sidrolândia impediu que o Movimento Nacional dos Trabalhadores Sem Terra (MST) – ou qualquer movimento social semelhante – tentasse ocupar a área.

O empresário ressalta que a fazenda, além de cumprir sua função social, produzindo e mantendo boas relações com a comunidade local, também é essencial para o encerramento do plano de recuperação judicial da empresa, o qual ainda está ativo, conforme processo que tramita na Justiça do estado de São Paulo, na Comarca de São José do Rio Pardo.

“É da produção da Fazenda Santa Olinda que o grupo tira o rendimento necessário para cumprir o plano de recuperação judicial e pagar os credores da empresa”, afirma.

Queiroz Bisneto também rebate argumentos utilizados pelos sem-terra, de que o Grupo Jotapar deve bastante à União e que, por isso, a fazenda poderia ser incluída em um possível processo de desapropriação.

De acordo com o empresário, o Grupo Jotapar tem uma dívida de R$ 260 milhões com a União. Ele explica que os valores bilionários – pouco mais de R$ 2 bilhões – que aparecem na Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) são reduzidos quando várias empresas do grupo são retiradas dessa soma total.

O Correio do Estado apurou que a dívida está em fase de negociação com a PGFN. Em nota oficial, no início deste mês, o Grupo Jotapar ainda informou que tem um crédito de R$ 2,6 bilhões com a União, já em fase de liquidação.

Trata-se de uma ação já transitada em julgado, em 2012, voltada às perdas que a empresa teve na década de 1990, quando os preços do álcool e do açúcar eram tabelados, e que deve ficar exigível tão logo a Justiça Federal do estado do Rio de Janeiro homologue a perícia judicial já realizada.

FUNÇÃO SOCIAL

Além de ser produtiva, a Santa Olinda também ajuda a comunidade em seu entorno. No ano passado, por exemplo, bancou a reforma de um espaço de convivência na Escola Estadual Vespasiano Martins, no distrito de Quebra Coco, localizado a 9 km da sede da fazenda.

“Eles sempre nos atendem, assim como outros colaboradores da região. No ano passado, colaboraram dentro de um projeto denominado Estudantes no Controle, em que os alunos participam da gestão da escola e buscam o envolvimento da comunidade para melhorar os equipamentos”, esclarece o diretor da unidade escolar, Nelson Ricardo dos Santos Valensuelo.

A Fazenda Santa Olinda, informa Queiroz Bisneto, gera 200 postos de trabalho, entre diretos e indiretos, e promove cursos profissionalizantes.

Ainda, há contribuições recorrentes não apenas para a E. E. Vespasiano Martins, mas também para o Centro Municipal de Educação Infantil (Cmei) Prof.ª Elza Alves Lemes e para a Escola Municipal Domingos Alves Nantes, todas essas unidades localizadas no distrito de Quebra Coco.

Saiba

Em 2015, a Fazenda Santa Olinda chegou a ser invadida por integrantes do MST. O local, na época, abrigava ruínas de uma usina de álcool. Hoje, a fazenda é essencial para a recuperação judicial do grupo Jotapar, que detinha várias usinas de álcool e açúcar Brasil afora.

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27 vagas

UFGD abre concurso para professor com salários de até R$ 13 mil; confira

Inscrições devem ser realizadas até 19 de fevereiro de 2026, exclusivamente pela internet

23/12/2025 18h30

UFGD

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Com salários de até R$ 13 mil, a Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) publicou edital de concurso público para provimento de cargos da carreira para 27 novos professores.

Conforme o edital, a remuneração inicial varia de R$ 3.399,47 a R$ 13.288,85, de acordo com a titulação exigida e o regime de trabalho.

Os valores são acrescidos de auxílio-alimentação (R$ 587,50) para jornadas de 20h semanais e R$ 1.175,00 para 40h semanais. As inscrições devem ser realizadas até 19 de fevereiro de 2026, exclusivamente pela internet.

As oportunidades contemplam campos como Administração, Agronomia, Biotecnologia, Ciência da Computação, Ciências Biológicas, Ciências Contábeis, Ciências Econômicas, Direito, Gestão Ambiental, História, Letras, Engenharia de Alimentos, Pedagogia e Medicina, entre outros, conforme detalhado no edital.

Provas

O processo seletivo será composto por prova escrita, prova didática, ambas de caráter eliminatório e classificatório, além de prova de títulos, de caráter classificatório. O edital de convocação para o sorteio de pontos e para a prova escrita será publicado em 26 de março. O sorteio está marcado para 28 de março, e a prova escrita ocorrerá em 29 de março (domingo).

A prova didática será realizada nos dias 25 e 26 de abril, conforme edital específico dessa etapa. O procedimento de heteroidentificação está previsto para 12 de maio, enquanto o envio dos títulos ocorrerá de 19 a 21 de maio. O resultado preliminar será divulgado em 1º de junho, e o resultado final, após recursos, em 3 de junho.

A taxa de inscrição é de R$ 200, com possibilidade de pagamento até o último dia de inscrição, em qualquer agência bancária durante o horário de expediente. O edital completo, com a descrição das áreas, requisitos e demais orientações, está disponível aqui!

Isenção de taxa

Os pedidos de isenção da taxa de inscrição poderão ser feitos entre 16 e 26 de dezembro. Têm direito ao benefício candidatos inscritos no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico), com renda familiar mensal per capita de até meio salário-mínimo, além de doadores de medula óssea. O resultado preliminar da isenção será divulgado em 9 de janeiro, com homologação final prevista para 13 de janeiro, após análise de recursos.

Do total de vagas, a UFGD assegura políticas de ações afirmativas, destinando 25% para candidatos autodeclarados negros (pretos ou pardos), 3% para indígenas e 2% para quilombolas, independentemente da área. Também há reserva de vagas para pessoas com deficiência. Ao todo, sete vagas são destinadas a candidatos negros, uma para indígenas, uma para quilombolas e duas para pessoas com deficiência.

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Crise na saúde

"Empurra-empurra" entre gestores pode deixar população sem atendimento médico

O CRM afirmou que, além da Santa Casa, outras casas de saúde sofrem com escassez total de medicamentos e materiais e especialidades médicas têm data para parar devido à crise

23/12/2025 18h15

Santa Casa de Campo Grande

Santa Casa de Campo Grande FOTO: Gerson Oliveira/Correio do Estado

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O Conselho Regional de Medicina (CRM) em Mato Grosso do Sul afirmou que algumas especialidades médicas devem paralisar suas atividades na Santa Casa devido à falta de materiais, medicamentos e a falta de recebimento de salários há meses. 

A situação crítica foi confirmada pelo vice-presidente Dr. Flávio Freitas Barbosa nesta terça-feira (23). 

Segundo o médico, o “empurra-empurra” entre os órgãos gestores sobre a responsabilidade da Santa Casa, assim como de toda a crise na saúde municipal, só deve ser cessada através da Justiça, e tem causado prejuízos aos pacientes, bem como desistência de profissionais.

“A saúde do paciente não está em discussão, está vaga. Além de tudo, o maior dever do médico é promover saúde para o seu paciente, e isso está ausente do cenário discutido, há somente falas com acusações de ambos os lados. A gente precisa fazer isso porque, quem vai ser responsabilizado quando realmente acontecer de as pessoas sofrerem por desassistência médica? É a Secretaria Estadual de Saúde? É a Secretaria Municipal? É a própria instituição?”, indagou o Dr. Flávio. 

De acordo com uma nota emitida pelo CRM-MS, já foram realizadas vistorias em Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e nos Centros Regionais de Saúde (CRSs), sendo constatados baixos estoques e, em diversos casos, a completa ausência de medicamentos básicos indispensáveis ao funcionamento dos plantões de urgência. 

Além disso, também estavam escassos insumos fundamentais como luvas, lençóis, cânulas e outros materiais primordiais para a segurança tanto do paciente como dos profissionais. 

Somado a isso, o Conselho ressaltou o decreto emitido pela Prefeitura Municipal que reduzia pela metade a gratificação dos servidores de saúde no período do final do ano. 

“A medida fragiliza as condições de trabalho, desestimula a permanência de profissionais na rede pública e compromete diretamente a qualidade da assistência prestada à população”. 

Assim, algumas especialidades médicas da Santa Casa têm data para paralisar as atividades. 

  • Urologia tem notificação datada para o dia 29 de dezembro de 2025; 
  • A Ortopedia deve parar em 02 de janeiro de 2026; 
  • Cirurgias Pediátricas, Vascular e Geral estão datadas para o dia 07 de janeiro de 2026, que já operam com grandes limitações com risco de interrupção total antes da data; 
  • A Anestesiologia já está parcialmente parada, agravando a capacidade operacional da Santa Casa de Campo Grande. 

O vice-presidente do CRM ainda afirmou que o Conselho já havia alertado o Ministério Público sobre os impactos da crise que a instituição vinha enfrentando através dos resultados das vistorias e denúncias. 

“As vistorias feitas por esse Conselho são todas transparentes e foram encaminhadas a que, de fato, deveria ter o conhecimento, que é o Ministério Público. Esse momento crucial, esse momento de agora, foi alertado ao longo do período. Nossa preocupação é com o bem estar das pessoas, que tem sido precarizado, neste momento, pelo maior hospital do Estado, tanto em atendimento dos profissionais, que já registraram desistência de certas atividades nas próximas semanas, como em questões internas, como falta de leitos e de material de trabalho. É uma situação preocupante para todos nós”. 

Santa Casa de Campo GrandeDr. Flávio Freitas Barbosa em coletiva nesta terça-feira (23) / Foto: Gerson Oliveira/Correio do Estado

GREVE

Para o CRM, caso a greve seja realmente instaurada na instituição, recai ao Sindicato dos Médicos a aceitação ou não do movimento. No entanto, o pedido de greve pela Instituição foi recebido com estranheza pelos órgãos. 

“A greve é o último cenário a ser avaliado. Mas, diante da situação colocada, deve ser avaliada por quem está na base, sempre ressaltando que é uma manifestação pessoal e não pode ser usada como opção política. A greve tem que ser usada como opção de reivindicação do trabalhador, constituída em lei, quando as condições de mudança não são atendidas. Não pode, por exemplo, um médico estar a seis meses sem receber, sem décimo terceiro”, avaliou o médico. 

A estranheza se deu ao fato de que, na última segunda-feira (22), o Sindicato dos Médicos de Mato Grosso do Sul (Sinmed/MS) recebeu ofícios da Santa Casa sugerindo a deflagração de uma greve pela categoria médica, o que implicaria na paralisação completa do oferecimento dos serviços à população. 

A medida foi vista pelo Sindicato como uma tentativa de “lockout”, que é a paralisação total das atividades para exercer pressão, o que é proibido pela legislação brasileira. 

"Este sindicato se propôs a reunir a categoria para discutir o parcelamento proposto. Contudo, antes mesmo da decisão dos médicos, a Santa Casa sinalizou favoravelmente a uma greve que sequer havia sido discutida. Questionamos qual a real intenção por trás dessa conduta", pontuou em nota o presidente do Sinmed, Dr. Marcelo Santana.

Assim, o corpo jurídico do Sindicato pediu a imediata intervenção do Ministério Público do Trabalho (MPT) nas negociações, assim como o pedido judicial pelo pagamento do 13º salário em atraso, responsabilização dos gestores da Santa Casa e a realização de uma audiência de conciliação. 

A paralisação parcial das atividades dos enfermeiros e serviços administrativos da Santa Casa segue em andamento pelo segundo dia consecutivo. 

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