Cidades

PERIGO PRÓXIMO

Figueira centenária queima diariamente e põe população em risco

Só na terça-feira bombeiros usaram sete mil litros de água para apagar incêndio, mais de uma vez na árvore, que toma conta da calçada, se estende por cima da via e voltou a queimar na manhã de hoje (06)

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Figueira centenária em Campo Grande, que fica localizada na rua Dr. Pacífico Lopes Siqueira, está sendo alvo de possíveis incêndios criminosos que se repetem diariamente e, estendendo-se tanto por cima da via quanto da empresa que divide muro com a árvore, o risco para quem transita pelo local aumento a cada dia. 

Na manhã desta quarta-feira (06), antes mesmo das 09h, a Figueira voltou a queimar após intenso trabalho dos bombeiros no dia anterior, usando cerca de sete mil litros de água em mais de duas ocorrências registradas só ontem (05). 

Apesar do tempo seco, os bombeiros explicam que há pelo menos três substratos que podem entrar em combustão no local (as folhas; o pó de serra e a própria madeira da árvore), porém duvidam que o incêndio possa ter começado com um fator mínimo, como, por exemplo, uma bituca de cigarro. 

"Ontem a primeira guarnição usou uns dois mil litros de água, depois viemos usamos outros três e em seguida voltamos onde foi preciso usar outros dois mil. Esses substratos queimam em tempos diferentes, mas o incêndio nesse tronco, que nem pegou agora, não acontece do nada, foi alguém que colocou", afirmam os agentes do Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso do Sul. 

"Árvore assassina"

Convivendo com a Figueira há décadas, a equipe responsável pela Rodomaq Construtora revelam que há pelo menos 10 anos pedem a retirada da árvore tida como assassina, após a queda de um de seus galhos vitimar um dos funcionários da empresa. 

"Ela matou um guarda nosso. Caiu um galho na cabeça dele, depois no hospital acabou falecendo. Da última vez coloquei uma placa 'árvore assassina' e vou colocar de novo, falar 'acessibilidade não tem' e do outro lado 'cuidado, passagem de cadeirante e pedestre", comenta o empresário Helmuth Maaz, 86. 

Esse acidente, conforme funcionários, aconteceu ainda em 2021, quando um vigia noturno foi encontrado ao lado de um galho da árvore, apresentando um corte na nuca.

Outra funcionária da empresa, Ana Claudia, 36, comenta que além dos riscos à saúde e integridade, não só a queda de galhos traz prejuízos como também os frequentes incêndios deixam suas marcas. 

"Até tirei a televisão, que meio que estragou por conta da fumaça. Mas desde ontem tá pegando fogo e os bombeiros só ontem vieram umas quatro ou cinco vezes e vai pegar fogo de novo depois, porque ela tá queimando por dentro", expõe. 

Eles citam que há mais de 10 anos pedem pela retirada da árvore, inclusive com processo sendo instaurado para tentar levar o pedido adiante. 

"Faz quase 20 anos que eu peço essa retirada. Quando ainda era o Marquinhos ele disse que era para o empreiteiro vir tirar, ele veio aqui e pediu R$ 70 mil para que fosse feito o serviço"

Vale destacar o perfil radicular da figueira, ou seja, as características das raízes dessa planta que, encontrando condições favoráveis, pode apresentar um crescimento lateral bastante intenso e alcançar distâncias consideráveis de até seis metros de profundidade. 

Com essas características, além do tamanho da árvore ocupar todo o espaço do passeio, o perfil das raízes da figueira tem a capacidade de tomar conta e destruir toda a calçada.  

"Aqui ninguém consegue passar, se for virem por esse lado tem que ir pelo meio da rua. Tem um cadeirante que passa aqui todos os dias junto com os carros, porque aqui não tem condições e do outro lado também a calçada não é boa", cita Ana Cláudia.

Pela falta de acessibilidade, eles contam ainda que houve a vez em que um carro atingiu um cadeirante que trafegava pela região, com os próprios funcionários prestando os primeiros socorros, já que o acusado fugiu sem prestar auxílio. 

Figueira centenária que queima diariamenteFigueira invade terreno da empresa e põe funcionários em risco. Foto: M.V

"Já teve caminhão que trombou, teve ônibus de dois andares, passou, arrebentou o vidro, furou olho de gente, quebrou braço e o cara acabou vindo para cima de mim. Eu disse que era rua e que também estava prejudicado, já que esse primeiro quarto da frente não tô podendo nem usar, que a árvore cresce e invade", completam eles sobre a lista de problemas. 

Por fim, os profissionais do Corpo de Bombeiros frisam que, o risco se minimiza com o incêndio controlado, porém, caso a figueira continue queimando, há possibilidade de que afete a estrutura da árvore, que pode tanto acertar veículos e pedestres ao cair na via, quanto destruir o prédio da empresa que mureia a planta colossal.

"Uma possibilidade é alguém que não queira a árvore aí está provocando esses incêndios. Você pode observar agora, não há qualquer indício de chama ou fumaça, o fogo está extinto. Mas como tem voltado, essa situação está estranha. Agora não compromete, mas se continuar queimando isso [queda] pode acontecer", concluem os agentes, apontando para a suspeita de incêndio criminoso. 

 

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Cidades

Adolescente comete latrocínio e capota carro da vítima em MS

Vítima foi encontrada carbonizada após incêndio causado pelo jovem

20/12/2025 10h30

Divulgação/PCMS

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Um adolescente de 17 anos foi apreendido em flagrante pela Polícia Civil de Mato Grosso do Sul, por intermédio da Delegacia de Rio Verde e com apoio da Polícia Militar, na madrugada da última sexta-feira (19). O jovem foi responsável por cometer  ato infracional análogo ao crime de roubo seguido de morte (latrocínio). 

Por volta das 4h30, os policiais foram acionados para atender a uma ocorrência de incêndio em uma casa no bairro Jardim José Antônio. Dentro do imóvel, foi encontrado um corpo carbonizado. A identificação da vítima será confirmada por exames periciais.

LATROCÍNIO

Conforme apurado durante a investigação, o adolescente teria agredido a vítima com o objetivo de subtrair bens. Ele levou dinheiro, um aparelho celular e um carro.

O automóvel foi localizado capotado na BR-163. O adolescente foi socorrido e encaminhado ao hospital municipal.

Na casa do jovem, foram apreendidos dinheiro e o aparelho celular pertencentes à vítima.

Após deixar a unidade de saúde, o adolescente foi apreendido e encaminhado à delegacia, onde foram adotadas todas as providências legais, com comunicação ao Juízo da Infância e Juventude e ao Ministério Público, conforme o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

As investigações prosseguem para o completo esclarecimento dos fatos e para verificar eventual participação de outras pessoas.

APAGAR DAS LUZES

MPMS suspeita de corrupção milionária na iluminação pública

Após passar por várias cidades de MS, grupo de elite contra a corrupção fecha o ano com operação na prefeitura da Capital

20/12/2025 08h00

Operação Apagar das Luzes foi realizada na Capital e na cidade de Balneário Piçarras, em Santa Catarina, com cumprimento de 14 mandados de busca e apreensão

Operação Apagar das Luzes foi realizada na Capital e na cidade de Balneário Piçarras, em Santa Catarina, com cumprimento de 14 mandados de busca e apreensão Marcelo Victor

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O Grupo Especial de Combate à Corrupção (Gecoc) do Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) bateu à porta do 13º município este ano, desta vez em Campo Grande, que foi alvo de investigação por suposto superfaturamento milionário em contratos de iluminação pública que foram firmados pela Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos (Sisep).

Em nota, o MPMS afirmou que os contratos apontados com indícios de corrupção foram firmados no ano passado e ainda estão em vigência.

“As investigações indicam a ocorrência de reiteradas fraudes nos processos licitatórios, tendo sido identificado superfaturamento superior a R$ 62 milhões”, diz a nota do MPMS.

Porém, ao Correio do Estado, o titular da Sisep, Marcelo Miglioli, diz que o promotor de Justiça responsável pelo caso o informou que estão em investigação os contratos que foram firmados em 2018, na antiga licitação, e encerram-se em 2023, quando houve um novo leilão.

Ainda segundo ele, a operação de sexta-feira gira em torno de duas empresas principais: as construtoras B&C e JLC, ambas com sede em Campo Grande.

“O que foi passado para mim é que a investigação foi em cima da B&C e da JLC. Foi o que foi passado para mim pela promotoria e eram as duas que constavam nas licitações lá de trás, de 2018”, explica o secretário que administra a Pasta desde novembro de 2023, quando substituiu o engenheiro civil Domingos Sahib Neto.

Segundo o site de transparência da prefeitura, a iluminação pública de Campo Grande é dividida em sete contratos independentes para cada uma das regiões da cidade: Anhanduizinho (Lote 1); Bandeira (Lote 2); Centro (Lote 3); Imbirussu (Lote 4); Lagoa (Lote 5); Prosa (Lote 6); e Segredo (Lote 7).

A construtora B&C é responsável pelos lotes 4, 5 e 7, que somados estão avaliados em R$ 14.885.371,67. Já a empresa JLC administra a iluminação dos lotes 1, 2 e 3, que resultam em R$ 17.837.068,21. 

Avaliada em R$ 4.300.411,70, o lote 6 ficou sob responsabilidade da M.R Construtora, outra que Miglioli afirma que pode ser investigada por estar envolvida nos contratos, mas destaca que os dois principais alvos são a B&C e JLC por causa da licitação de 2018, quando apenas as duas geriam as manutenções de iluminação pública na Capital. 

Ainda no site da transparência municipal, é possível observar que durante este um ano de vigência dos atuais contratos, todos eles passaram por reajuste que superam a casa dos 100%, ou seja, mais do que dobraram. À reportagem, Miglioli contesta que esse aumento pode ser considerado “abusivo”.

“Tudo que a gente fez na nossa gestão é perfeitamente explicável. Essa é uma conta importante de se fazer, porque esses contratos são com renovação anual, mas é um contrato originário de uma licitação só. Eu não faço uma licitação anual, então, os valores vão sendo cumulativos”, diz o secretário.

Além das empresas, dois servidores públicos também foram alvo do Gecoc, mas não tiveram seus nomes divulgados. De acordo com o titular da Sisep, um dos envolvidos já está aposentado, mas ainda estava ativo quando os novos contratos foram firmados no ano passado, enquanto o outro ainda segue em atividade na secretaria.

Em coletiva realizada após o cumprimento dos mandados, Miglioli disse que, como ainda não há comprovação de que tenha havido superfaturamento, os contratos serão mantidos normalmente, visto que também não existe base legal para a suspensão dos contratos.

O mesmo vale para o servidor da ativa, segundo o titular da Pasta. Por enquanto, nem mesmo perderá seu cargo de confiança, a não ser que haja uma determinação judicial. “Não posso ser irresponsável e fazer juízo de valor. Estamos falando aqui de vidas, de pessoas humanas”, afirmou o secretário.

Operação Apagar das Luzes foi realizada na Capital e na cidade de Balneário Piçarras, em Santa Catarina, com cumprimento de 14 mandados de busca e apreensãoMinistério Público de MS recolheu malotes com documentos de empresas alvo da operação durante a manhã de sexta-feira na Capital - Foto: Marcelo Victor/Correio do Estado

MANDADOS

A Operação Apagar das Luzes foi realizada na Capital e na cidade de Balneário Piçarras, em Santa Catarina, com cumprimento de 14 mandados de busca e apreensão, a maioria no município sul-mato-grossense.

Somente neste ano, são 11 operações deflagradas pelo MPMS contra 13 municípios do Estado. O órgão já identificou corrupção em contratos de publicidade, engenharia, pavimentação asfáltica, informática, tecnologia, saúde, educação e obras, todas em cidades do interior, com exceção da ação de sexta-feira.

IMPOSTO DA LUZ

Uma matéria do Correio do Estado já demonstrou que Campo Grande é uma das capitais que mais arrecada com a Contribuição de Custeio da Iluminação Pública (Cosip) no País. Em 2022, por exemplo, a capital de Mato Grosso do Sul arrecadou mais com a taxa que vem embutida na conta de luz das casas e das empresas que a prefeitura de Curitiba (PR).

No ano avaliado pela Frente Nacional de Prefeitos, foram auferidos R$ 143.941.441,09 com a contribuição, a 10ª maior arrecadação bruta desta modalidade no Brasil. No mesmo ano, a prefeitura da capital paranaense, que tem o dobro do tamanho, arrecadou R$ 132.224.683,35 com a mesma contribuição para o custeio da iluminação pública.

A comparação não fica apenas entre a capital de Mato Grosso do Sul e a do Paraná. Na Região Centro-Oeste, Campo Grande é a campeã em receita com a Cosip, embora tenha 539.299 habitantes a menos que Goiânia (GO) – que tem 1,4 milhão de habitantes, conforme o mesmo Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A capital de Goiás arrecadou R$ 103.115.825,40 com a contribuição em 2022.

Na previsão de receita da Prefeitura para 2025, divulgada em dezembro de 2024, o Município diz ter a expectativa de arrecadar R$ 104 milhões por meio do Cosip.

O montante recolhido a título de Cosip deve ser repassado ao tesouro municipal pela empresa distribuidora. Essa quantia é vinculada à prestação do serviço de iluminação pública e não pode ser utilizada para outros fins.

*SAIBA

A Construtora JLC venceu há dois meses a disputa para fazer a iluminação natalina da Capital neste ano, com orçamento de R$ 1,7 milhão. A empresa é responsável por fornecer, instalar e desinstalar a decoração natalina, em contrato firmado no dia 17 de novembro e que expira no dia 15 de fevereiro.

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