Cidades

São Gabriel

Financeira quebra e deixa rombo de
R$ 60 milhões

Financeira quebra e deixa rombo de
R$ 60 milhões

BRUNA LUCIANER

25/11/2011 - 00h00
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Moradores da pequena São Gabriel do Oeste, cidade localizada 141 quilômetros ao norte de Campo Grande, estão em polvorosa por conta da quebra de uma empresa de fomento mercantil que atuava no município desde 2005. Estima-se que mais de 600 pessoas tenham sido diretamente prejudicadas e que o rombo atinja a marca de R$ 60 milhões, quase o valor do Orçamento-Geral da cidade para o ano de 2011, de R$ 64.826.135,83, de acordo com o Diário Oficial do município.

O Ministério Público Estadual (MPE) instaurou inquérito civil e encaminhou documentos à Polícia Federal, que deve investigar se houve crime ou se o fechamento da Capital Mercantil e Factoring Ltda. se deu por conta de falhas na gestão. De acordo com o promotor de Justiça Alexandre Estuqui, ainda não se sabe exatamente o valor da dívida nem o valor do patrimônio da empresa. "Estamos reunindo documentos, principalmente sobre a maneira como a negociação com os clientes era feita. Assim que estivermos com toda a documentação necessária, analisa-se a necessidade de ajuizar uma ação civil pública", explicou.

Além do procedimento instaurado na Promotoria do município, ex-clientes já começam a entrar com ações individuais na Justiça. Através da página do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul na Internet, é possível visualizar pelo menos 16 processos que citam a Capital Mercantil ou seu proprietário, João Batista Medeiros, como réus em processos de execução. Somente esses 16 processos, abertos a partir de outubro, batem na casa dos R$ 3 milhões.

A reportagem do Correio do Estado conversou com uma das ex-clientes da empresa, que preferiu não se identificar. Ela explicou como funcionava a negociação. "Íamos lá com certa quantia e o João Batista fazia um contrato simples, no nome dele mesmo. Dependendo do valor, e do tempo que você ia deixar o dinheiro lá, ele te pagava um rendimento de 1,8 a 2,5% sobre o valor aplicado." Lucro bem acima dos índices da poupança, que giram em torno de 0,6%. "Todos sabíamos que era um contrato de risco. Mas estava dando tão certo que acabou ganhando credibilidade junto à população", justifica a ex-cliente. Essa remuneração bem acima do valor de mercado pode ter sido, de acordo com o advogado de João Batista, Márcio Torres, um dos motivos que levou ao encerramento das atividades da empresa.

A reportagem tentou entrar em contato com João Batista durante quatro dias, através do telefone informado no site da empresa, mas não obteve sucesso. O advogado dele informou que o que aconteceu foi um "desencaixe grande" por causa de alguns investimentos que não deram certo. "O que ocorreu é uma operação comum na atividade comercial. É comum encerrar as atividades, ter prejuízo, isso é natural. Mesmo porque o valor que o capital era remunerado estava bem acima do mercado", reiterou o advogado.

João Batista têm convocado reuniões esporádicas com ex-clientes e informado que o problema será solucionado em breve. "Ele não têm se furtado a conversar com o pessoal. Agora ele tem que equacionar devedores e credores, pois ele tem muito crédito a receber também, além do próprio patrimônio", explica o advogado.

De acordo com o advogado, o montante que o empresário tem a receber, mais os patrimônios empresarial e pessoal, devem chegar perto do valor que ele tem a pagar para os ex-clientes. "Mesmo que o valor não seja 100%, vamos equacioná-lo proporcionalmente entre todos os ex-clientes", esclarece, ressaltando que a porcentagem de lucro firmada em contrato não deverá ser mantida.

Ainda segundo Márcio, a Capital Mercantil pertencia a dois sócios, João Batista Medeiros e Carmem Buzzato, empresária conhecida na cidade. Como os contratos eram assinados pelo próprio João Batista, e pessoa física e jurídica não se confundem, o patrimônio de Carmem só poderá vir a ser atingido caso haja desconstituição da pessoa jurídica numa eventual sentença. Informações extraoficiais dão conta de que a própria Carmem fez a denúncia contra  João no Ministério Público Estadual. Nem ela nem o advogado que a representa foram encontrados para comentar o assunto.

 Anfac diz que a prática é ilegal

 De acordo com o presidente da Associação Nacional das Sociedades de Fomento Mercantil – Factoring (Anfac), Luiz Lemos Leite, uma empresa de factoring não pode trabalhar com pessoas físicas, tampouco com recursos de terceiros. "Trata-se de uma prática ilegal. O factoring é uma atividade destinada a apoiar pequenas e médias empresas".

Informado sobre os relatos dos clientes a respeito das negociações, Luiz mostrou-se surpreso e disse que "a rigor, uma empresa de fomento mercantil não pode fazer esse tipo de negócio". O presidente da asociação, da qual a Capital Mercantil era filiada, ficou extremamente surpreso com a informação da "quebra". Segundo ele, tratava-se de uma empresa atuante dentro da asociação que costumava enviar representantes aos encontros, congressos e cursos promovidos pela Anfac com frequência. "O próprio João Batista era muito participativo. Eu não tinha conhecimento desta notícia e posso dizer que fico profundamente surpreso e triste com ela".

 Cidade já começa a sentir os efeitos econômicos

 Além do "susto" generalizado, moradores relatam os reflexos econômicos que já podem ser sentidos, por exemplo, nos setores de comércio e construção civil. "Sabemos de engenheiros que tiveram que paralisar obras, de lojas de materiais de construção que viram o movimento cair consideravelmente, o comércio em geral já está sentindo os efeitos", relata o advogado Ademar Mariani, que, junto com um grupo de mais sete profissionais, representa aproximadamente 70 ex-clientes da Capital Mercantil.

De acordo com o advogado, os primeiros indícios de que algo andava mal começaram a aparecer cerca de 60 dias antes do fechamento efetivo das portas. "O pagamento dos juros começou a ser protelado, as retiradas eram dificultadas. O cliente ligava dizendo que precisava fazer uma retirada e eles adiavam para a próxima semana, depois para a próxima", conta. Por tratar-se de uma cidade pequena, as informações circularam rapidamente e os ânimos ficaram exaltados.

O clima na cidade é de total consternação. Fala-se em "quebra" do município que, hoje, apresenta o terceiro maior Produto Interno Bruto (PIB) per capita do Estado. Haviam investidores de toda sorte na Capital Mercantil, desde o grande produtor rural que aplicou centenas de milhares de reais, até o vendedor autônomo que vendeu a própria casa e investiu todo o capital que tinha na esperança de fazer o dinheiro render um pouco mais.

Cidades

Mulher pede socorro em rodovia após carro capotar e matar adolescente

Além do adolescente, uma criança de 3 anos estava no veículo. As vítimas foram encaminhadas para o hospital em Coxim

22/12/2025 13h00

Crédito: Sidney Assis / Edição MS

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Um adolescente de 16 anos morreu na manhã desta segunda-feira (22), após o veículo em que estava capotar em uma estrada de chão, a cerca de 2 quilômetros da BR-262.

Informações preliminares indicam que o adolescente estaria conduzindo o carro, um Corsa, de cor vinho, quando perdeu o controle da direção, o que resultou no capotamento.

Segundo o site Edição MS, o veículo seguia pela estrada da Cascalheira, com destino à BR-359, que liga Coxim a Alcinópolis.

No veículo estavam mais três pessoas: uma mulher, uma adolescente que não teve a idade divulgada e uma criança de 3 anos.

Durante o tombamento, o adolescente teve a cabeça atingida pelo veículo, e a mulher seguiu até a rodovia para pedir socorro.

Uma equipe do Corpo de Bombeiros se deslocou até o local do acidente e encaminhou as vítimas ao Hospital Regional Álvaro Fontoura, em Coxim.

Ainda de acordo com o site do interior, há suspeita de que os ocupantes do veículo não usavam cinto de segurança.

 

 

 

Crédito: Gerson Oliveira / Correio do Estado

Outro acidente

Um idoso de 80 anos e uma criança, de 11, morreram em acidente envolvendo dois carros, na tarde deste domingo (21), na BR-262, próximo ao Autódromo Internacional de Campo Grande. 

De acordo com informações do Corpo de Bombeiros, as vítimas eram da mesma família e seguiam em um Honda Fit, conduzido por uma mulher, que era filha do homem e avó da menina que faleceram.

Informações preliminares do Corpo de Bombeiros era de que a vítima havia dormido ao volante, mas testemunhas disseram que ela tentou realizar uma ultrapassagem indevida e acabou batendo de frente um HB20, que seguia no sentido contrário.

Com o impacto da colisão, o Fit saiu da pista e parou às margens da rodovia, em uma área de vegetação.

O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e o Corpo de Bombeiros foram acionados para prestar os atendimentos às vítimas.

O pai da condutora e a criança, que estavam de passageiros, morreram no local, enquanto ela foi socorrida com fratura na perna e encaminhada a Santa Casa de Campo Grande, consciente e orientada.

No outro veículo estava apenas o motorista, que também estava consciente e recusou atendimento.

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CAMPO GRANDE

Presidente da Santa Casa cita 'escolha de Sofia' entre pagar 13° e deixar paciente morrer

Alir Terra, que assumiu a presidência em 1° de janeiro de 2023, diz que seu primeiro mês no cargo foi encerrado oficiando ao Ministério Público que contrato já não pagava serviço prestado

22/12/2025 12h25

Presidente da Santa Casa diz que têm buscado empréstimos, mas a própria situação atual de desequilíbrio serve de empecilho para angariar novas verbas. 

Presidente da Santa Casa diz que têm buscado empréstimos, mas a própria situação atual de desequilíbrio serve de empecilho para angariar novas verbas.  Marcelo Victor/Correio do Estado

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Separadas por mais de mais de 7.000 km e algumas estatuetas do Oscar, a presidente da Santa Casa, Alir Terra Lima, citou durante coletiva sobre a greve no hospital na manhã desta segunda-feira (22) o semelhança que tem com Meryl Streep, já que se vê em uma "Escolha de Sofia" entre pagar o 13° aos funcionários ou deixar pacientes morrerem. 

Durante seu pronunciamento hoje (22), ao lado do responsável pelo Sindicato dos Trabalhadores na Área de Enfermagem de Mato Grosso do Sul (SIEMS), Lázaro Santana, Alir - que assumiu a presidência da Santa Casa em 1° de janeiro de 2023 -, diz que seu primeiro mês no cargo foi encerrado com o envio de um ofício para o Ministério Público de Mato Grosso do Sul. 

"Informando que nós estávamos em tratativa, desde 2022, para o equilíbrio econômico-financeiro do contrato, porque o serviço que nós estávamos prestando ele [o acordo, em si] não pagava. O MPMS acompanhou tudo, este ano não aguentamos mais e entramos com uma ação na justiça, na qual o juiz já deu a liminar", descreveu. 

Segundo Alir, o próprio MPMS entrou com ação civil pública, em que expressava que o recurso pago para a Santa Casa não era suficiente, e faz questão de reconhecer que o pagamento do 13° salário é obrigação do próprio hospital . 

"Escolha de Sofia"

Porém, nas palavras da presidente da Santa Casa, quando não há equilíbrio econômico e financeiro do contrato também não é possível colocar mensalmente os devidos valores referentes ao popular décimo terceiro, pois, segundo ela, "vai chegar no final do ano sem esse valor". 

Nesse momento ela faz uma citação ao texto adaptado de um best-seller em filme, que data de 1983 e é estrelado por Meryl Streep, obra essa que lhe rendeu inclusive o Oscar de melhor atriz: "A Escolha de Sofia", que narra a trágica história de uma polonesa católica que sobreviveu ao holocausto, que segue porém atormentada por uma culpa do passado. 

O enredo gira entorno do aspirante a escrito "Stingo", que nos anos 40 torna-se amigo de um casal e vê essa mesma relação deteriorar, sendo confidente da personagem Sofia Zawistowska, que ainda em Auschwitz foi obrigada por um soldado nazista a escolher qual de seus dois filhos seria morto. Caso não escolhesse, morreriam ambos.

"E foi o que aconteceu. Estamos na 'Escolha de Sofia'... ou eu guardava o dinheiro do 13° ou deixava morrer gente na Santa Casa", disse Alir Terra hoje (22), sendo ovacionada em seguida pelos presentes. 

Greve

Segundo repassado pela instituição, durante coletiva de imprensa convocada para a manhã de hoje (22), todos os funcionários celetistas foram prejudicados pela falta do décimo terceiro salário, o que totaliza um montante de aproximadamente R$14 milhões necessários para arcar com essa dívida específica. 

Kristie Lopes é técnica em enfermagem, trabalha na Santa Casa de Campo Grande há pelo menos seis anos, no setor de transplante renal e neurocirurgia, e diz que está esperando o pagamento do 13° integral desde o último dia 20, sem nenhuma resposta até então. 

Ela explica que durante o ano já houveram outros atrasos, o que Kristie classifica como "padrão da Santa Casa", o que enquanto uma funcionária mais antiga na instituição reforça não ter se acostumado, mas cita ter "pegado o ritmo". 

Usando um nariz vermelho, a trabalhadora do setor da enfermagem diz que toda a categoria do hospital se sente "feito de palhaçada". 

"Porque a gente está aqui todos os dias. Seja feriados, natal ou ano novo, sempre estamos disponíveis para poder cuidar com carinho, com atenção e a gente está se sentindo desrespeitada mesmo, porque o 13º não é um favor que eles estão fazendo, é um direito nosso, é um direito do trabalhador", diz.

Além dela, Rafaela Luz, técnica em enfermagem que há 4 anos trabalha no setor de ortopedia da Santa Casa, também frisa essa busca apenas por direitos, que esses trabalhadores e trabalhadoras sequer deveriam estar ali manifestando. 

"A gente está aqui correndo atrás de algo que é garantido por lei, está respaldado, mas eu acho que os próprios gestores, os governantes passam por cima disso. É o que a gente se sente... Palhaço. Língua de frente, humilhados. Sempre quando tem algo do tipo, quem está aqui na frente somos nós, junto com toda a equipe hospitalar.

Hoje, pela primeira vez, os médicos desceram para acompanhar a gente. Mas a maioria das vezes é o pessoal da higienização, é a enfermagem, é os técnicos e o pessoal da copa que está aqui com a gente", cita. 

Sem previsão de pagamento, a presidente da Santa Casa complementa que têm buscado empréstimos, com o intuito de quitar esse 13° salário principalmente, porém a própria situação atual de desequilíbrio serve de empecilho para angariar novas verbas. 

 

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