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SAÚDE

Geraldo Resende quer responsabilizar prefeitura por ambulâncias paradas em Campo Grande

O ex-secretário de saúde estadual e atual deputado federal acionou o MPF e o Ministério da Saúde alegando negligência no uso de ambulâncias do SAMU adquiridas com recursos federais

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Na segunda-feira (02), o ex-secretário estadual de saúde de Mato Grosso do Sul e atual deputado federal, protocoou um requerimento enviado ao Ministério Público Federal, para solicitar a apuração e responsabilização da Prefeitura de Campo Grande pela omissão no uso de ambulâncias novas destinadas ao Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU).

Conforme o deputado, os veículos foram adquiridos com recursos da União, por meio do Ministério da Saúde, com intermediação direta dele. Além da representação, Resende também oficializou pedido ao próprio Ministério da Saúde, solicitando providências imediatas e, se necessário, intervenção federal para garantir que as ambulâncias entrem em operação.

Segundo ele, ao todo, 14 ambulâncias foram destinadas à capital sul-mato-grossense como parte de um pacote de 32 veículos viabilizados por pelo deputado para diferentes municípios do estado, como parte da estratégia de reposição e de expansão do programa SAMU. “Enquanto cidades do interior já estão utilizando os veículos para atendimento à população, em Campo Grande as unidades permanecem paradas, apesar de plenamente funcionais, equipadas e novas”, lamenta Geraldo Resende.

Conforme divulgado pelo Correio do Estado, o total de viaturas viabilizadas para Campo Grande, seis foram entregues em dezembro do ano passado, outras sete foram entregues recentemente, no dia 25 de abril deste ano, e mais uma, cuja compra já foi garantida com recursos federais, até agora não foi efetivada pela administração da prefeita Adriane Lopes.

De acordo com o texto protocolado pelo deputado, a situação configura grave desperdício de recursos públicos federais e prejuízo direto à população, que segue desassistida em casos de urgência. O valor total das ambulâncias já entregues à capital ultrapassa R$ 4 milhões — investimento do Governo Federal por meio do novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC-Saúde).

“É inconcebível que uma cidade como Campo Grande, com demanda crescente e conhecida sobrecarga no sistema de urgência, deixe ambulâncias paradas enquanto paga mais de R$ 1,9 milhão por ano em contratos de locação com empresa de fora do estado. Estamos falando de um serviço essencial, e da vida de pessoas”, criticou o deputado. 

Em nota enviada ao Correio do Estado, a assessoria de imprensa da deputada federal Camila Jara (PT), afirmou que também tem cobrado o uso das ambulãncias em Campo Grande. Além disso, ela também encaminhou  ofício ao Ministério Público Estadual solicitando a apuração sobre o motivo de 12 ambulâncias entregues pelo Governo Federal no programa de modernização e expansão do SAMU estarem paradas há cinco meses em Campo Grande, enquanto a prefeitura mantém contrato de R$ 1,9 milhão com empresa de locação.

“É inaceitável que veículos novos, prontos para atender a população, estejam inutilizados. Isso compromete o atendimento de urgência do SUS na Capital. É fundamental assegurar que os recursos públicos sejam empregados de forma eficiente e que a população tenha acesso a serviços de saúde de qualidade.”, afirmou a deputada.
 

Camila também cobrou esclarecimentos sobre o plano de substituição das viaturas antigas e a expansão das unidades móveis de UTI. “Essas quatro novas ambulâncias, equipadas com UTI e equipe médica, fazem parte da retomada da política de fortalecimento do SAMU pelo Governo Federal. Precisamos garantir que entrem logo em operação para salvar vidas e reforçar a rede de urgência”, finalizou.

O QUE DIZ A PREFEITURA?

Conforme publicado no site da Prefeitura Municipal de Campo Grande, em abril deste ano, as ambulâncias foram recebidas com festa e divulgadas como “reforço no atendimento de urgência e emergência”. Contudo, cinco meses depois, as viaturas seguem inoperantes sob alegações de pendências com seguro e emplacamento. Essas justificativas são classificadas pelo deputado como “inadmissíveis” e “subterfúgios para encobrir má gestão”.

Além disso, no evento de entrega dos novos veículos,  realizado no dia 25 de abril, a secretaria Municipal de Saúde, Rosana Leite, explicou que, a partir daquele momento, o processo de locação de 10 viaturas seria revisto graças às sete novas ambulâncias que renovaram a frota, o que foi confirmado pela prefeita,  e geraria uma economia de R$ 1,9 milhão. 

"Vencendo o contrato nós não temos mais a necessidade de continuá-lo, tendo em vista o trabalho feito pela nossa equipe técnica em busca da renovação da frota e da reposição também das viaturas mais antigas. Esse contrato foi emergencial para atender, naquele período, um momento crítico do SAMU na capital", afirmou Adriane. 

Em contrapartida, Geraldo Resende destacou que a Portaria de Consolidação nº 6/2017 do Ministério da Saúde estabelece prazo de 90 dias para a ativação das ambulâncias após o recebimento. O não cumprimento pode resultar na devolução dos veículos e dos recursos federais investidos, o que agravaria ainda mais a situação do município.

Diante disso, o parlamentar protocolou o requerimento ao MPF solicitando a instauração imediata de um procedimento investigativo e a adoção de medidas legais cabíveis para garantir a entrada em operação imediata das ambulâncias. Já no ofício ao Ministério da Saúde, Geraldo Resende pede que o órgão intervenha no caso, prestando auxílio direto à Prefeitura, ou, se necessário, exigindo judicialmente o cumprimento do uso das viaturas.

“Essas ambulâncias não são só veículos. São equipamentos que salvam vidas e que podem transformar o atendimento do SAMU em Campo Grande. É inadmissível ver esse patrimônio público parado, enquanto a população sofre”,  argumentou o deputado.

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INCERTEZAS

Gigante da celulose recua e engaveta projeto de R$ 15 bilhões em MS

No fim de novembro a Eldorado informou que ampliaria o plantio de eucaliptos em 2026 de olho da duplicação da fábrica. Agora, porém, diz que esse aumento não sairá do papel

20/12/2025 16h50

A Eldorado, dos irmãos Batista, funciona em Três Lagoas desde 2012 e existe a previsão de que sua capacidade aumente em 100%

A Eldorado, dos irmãos Batista, funciona em Três Lagoas desde 2012 e existe a previsão de que sua capacidade aumente em 100%

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Depois de anunciar, no final de novembro, que a partir do próximo ano pretendia ampliar de 25 mil para até 50 mil hectares o plantio anual de eculiptos na região de leste de Mato Grosso do Sul, a indústria de celulose Eldorado deixou claro nesta semana que engavetou, pelo menos por enquanto, o projeto de expansão. 

Com o recuou, a empresa, que produz em torno de 1,8 milhão de toneladas de celulose por ano, deixa claro que está adiando a prometida duplicação de capacidade de produção da Eldorado, o que demandaria investimentos da ordem de R$ 15 bilhões US$ 3 bilhões), conforme anunciado em abril do ano passado pelos irmãos Joesley e Wessley Batista, donos da empresa. 

Em entrevista ao site AGFeed, especiliazado em agronegócio, o diretor florestal da Eldorado, Germano Vieira, afirmou que a empresa tem atualmente 305 mil hectares de pantações de eucaliptos na região, mas precisa de apenas dois terços disso para abastecer a fábrica. 

Ou seja, a empresa tem em torno de 100 mil hectares de eucaliptos sobrando e este excedente está sendo vendido ou permutado com a Bracell e a Suzano, que opera duas fábricas do setor na região, em Três Lagoas e Ribas do Rio Pardo. 

Então, caso o comando da Eldorado decida desengavetar repentinamente o projeto da duplicação,  já existe um excedente que seria capaz de abastecer a segunda unidade no período inicial, mesmo que não ocorra o início do plantio extra a partir de 2026, explicou Germano Vieira.

Atualmente são colhidos em torno de 25 mil hectares por ano para abastecer a indústria e o mesmo tanto é replantado, fazendo um giro para que sempre haja florestas "maduras".

São necessários, em média, sete anos para que a planta chegue ao estágio de corte e por conta disso havia a programação de começar o plantio agora (2026) para que houvesse matéria-prima suficiente quando a ampliação da fábrica estivesse concluída. Em três anos é possível fazer a ampliação da indústria, acredita Germando Vieira.  

Uma das explicações para o recuo, segundo a reportagem do AGFeed, é que a Eldorado ainda têm uma série de ajustes financeiros a serem feitos depois que os irmãos Batista conseguiram, em maio deste ano, fechar um acordo e colocar fim a batalha judicial com a Paper Excellence.

Para retomarem o controle total da Eldorado, que funciona em Três Lagoas desde 2012 e havia sido vendida parcialmente em 2017, eles se comprometeram a pagar US$ 2,640 bilhões à canadense Paper, que detinha pouco mais de 49% das ações do complexo industrial.  

Para duplicar a produção, segundo Germando Vieira, serão necessários 450 mil hecteres de florestas. Para chegar a esse montante, a empresa teria que arrendar mais 150 mil hecteres, o que demandaria um investimento da ordem de R$ 180 milhões anuais, já que o arrendamento custa em torno de R$ 1,2 mil por ano por hectare. 

Além disso, somente para o plantio de 25 mil hectares anuais a mais, conforme chegou a ser anunciado, seriam necessários em torno de R$ 220 milhões extras no setor florestal por ano, uma vez que o custo do plantio está na casa dos R$ 8,7 mil por hectare. E isso sem contabilizar os custos com o combate a pragas e combate a incêndios, entre outros. 

No final de novembro, Carlos Justo, gerente-geral florestal da Eldorado, chegou a informar ao site The AgriBiz que 15 mil hectares já haviam sido arrendados para dar início à ampliação do plantiu a partir do próximo ano. 

Preços da celulose

Embora Germano Vieira diga que a demanda mundial por celulose cresça em torno de um milhão de toneladas por ano e por conta disso a Eldorado mantem viva a promessa da duplicação, a empresa pisou no freio em meio à queda nos preços mundiais e ao aumento da oferta. 

Neste ano, o faturamento das três fábricas de Mato Grosso do Sul literalmente despencou. Por conta da ativação da unidade de Ribas do Rio Pardo, que tem capacidade de até 2,55 milhões de toneladas por ano, as exportações de Mato Grosso do Sul aumentaram em 57% nos dez primeiros meses de 2025, passando de 3,71 milhões de toneladas para 5,84 milhões de toneladas. 

Porém, o faturamento cresceu apenas 25,6%, subindo de U$ 2,121 bilhões para U$ 2,665 bilhões. No ano passado, quando a cotação da celulose já não estava nos melhores patamares, o valor médio da tonelada rendeu 570 dólares aos cofres das três indústrias. Neste ano, porém, elas tiveram rendimento médio de apenas 456 dólares, o que representa queda de 20%. 

Em decorrência desta queda nos preços, as indústrias deixaram de faturar em torno de 666 milhões de dólares, ou algo em torno de R$ 3,6 bilhões na moeda local, nos dez primeiros meses deste ano. 

Por conta disso, a Suzano, concorrente da Eldorado, chegou a emitir um alerta no começo de novembro dizendo que os preços internacionais estavam "completamete insustentáveis" e por isso estava reduzindo sua produção em cerca de 3,5%. 

O alerta da Suzano foi feito durante a prestação de contas relativa aos resultados do terceiro trimestre da empresa. E, segundo Leonardo Grimaldi, diretor do negócio de celulose da Suzano, a situação é crítica e “o setor está sangrando há meses”. 

Mas, apresar deste cenário de apreensão, investimentos da ordem de R$ 25 bilhões estão a todo vapor em Inocência, onde a chilena Arauco está instalando uma fábrica que terá capacidade para colocar 3,5 milhões de toneladas de celulose por ano a partir do final de 2027. 

Outra empresa, a Bracell, pretende começar, em fevereiro do próximo ano, em Batagussu, as obras de uma fábrica que terá capacidade para 1,8 milhão de toneladas por ano. Os investimentos previstos são da ordem de R$ 16 bilhões. 


 

MATO GROSSO DO SUL

Em pleno período de chuvas, Hidrelétrica Porto Primavera reduz vazão

Com a barragem mais extensa do País (10,2km), redução segue determinação emitida pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e havia sido anunciadano último dia 12, como medida para garantir a "segurança energética" brasileira

20/12/2025 14h14

Usina Hidrelétrica Engenheiro Sérgio Motta, também conhecida como Porto Primavera

Usina Hidrelétrica Engenheiro Sérgio Motta, também conhecida como Porto Primavera Reprodução/Cesp

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Usina Hidrelétrica Engenheiro Sérgio Motta, também conhecida como Porto Primavera, a unidade começou nesta sexta-feira (19) através da Companhia Energética de São Paulo (Cesp) a redução da vazão, para preservar os estoques de água dos reservatórios da bacia do Rio Paraná. 

Com a barragem mais extensa do País (10,2 km), essa redução segue determinação emitida pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e havia sido anunciada pela Cesp no último dia 12, prevista para começar ainda em 15 de dezembro, como medida para garantir a "segurança energética" brasileira. 

"O patamar mínimo defluente será reduzido de forma gradual e controlada, passando dos atuais 4.600 metros cúbicos por segundo para 3.900 m³/s, seguindo diretrizes operacionais do ONS", cita a Cesp em nota. 

Além disso, a Companhia frisa que, durante o processo, será mantido o plano de conservação da biodiversidade que havia sido aprovado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama), e teve início em maio deste ano, para monitoramento do Rio Paraná justamente nos trechos da jusante - parte rio abaixo - da Porto Primavera até a foz do Ivinhema. 

Ou seja, entre outros pontos, equipes embarcadas formadas por biólogos e demais profissionais especializados, devem trabalhar como os responsáveis por acompanhar a qualidade da água, bem como a conservação e comportamento dos peixes locais enquanto durar a flexibilização da vazão. 

Importante frisar a redução adotada também ao final de novembro (24/11) e mantida até 1° de dezembro, a partir de quando houve a retomada gradativa aos patamares originais. 

Problemas com a vazão

Em épocas passadas, como bem acompanha o Correio do Estado, o controle da vazão em Porto Primavera já trouxe prejuízo e revolta de produtores que chegaram a culpar a ONS pelas fazendas alagadas por mais de quatro meses em Batayporã no ano de 2023, por exemplo. 

Nessa ocasião, o problema começou com a abertura das comportas de Porto Primavera no dia 18 de janeiro de 2023, com a usina avisando a Defesa Civil de Batayporã da liberação de até 14,7 mil metros cúbicos de água por segundo. 

Sendo a maior vazão desde o começo do período chuvoso, as águas se somaram ainda à liberação dos cerca de 3 mil metros cúbicos por segundo do Rio Paranapanema, juntando em torno de 18 mil metros cúbicos por segundo. 

Na linha cronológica em 2023, o problema dos alagamentos começou no final de janeiro, indo até o mês de abril diante do fechamento das comportas em 31 de março. 

Quando a água já havia recuado, saindo de boa parte dos nove mil hectares alagados, as comportas foram reabertas na terceira semana de abril, com vazão máxima de dez mil metros cúbicos.

Depois, o aumento da vazão para até 13 mil metros cúbicos chegou a alcançar 14,7 mil m³, sendo que antes disso o volume anterior já havia sido responsável por invadir casas de moradores locais pela terceira vez no ano. 

Estimativas da Defesa Civil de Batayporã à época apontaram que pelo menos sete mil animais tiveram de ser remanejados na região por causa do mesmo problema. E, mesmo depois que a água baixar, são necessários de dois a três meses para que o pasto cresça e esteja em condições para alimentar os rebanhos. 

 

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