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Gigante do etanol leva multa por incêndio e vira alvo do MPE

A Raízen, maior produtora de açúcar e etanol do mundo, foi punida por um incêndio que em junho atingiu lavouras e área de mata nativa em Rio Brilhante, no sul de MS

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Maior produtor de açúcar e etanol do mundo, a Raízen virou alvo de um inquérito civil instaurado pelo Ministério Público Estadual depois de ter levado uma multa de R$ 260 mil por causa de um incêndio que destruiu 240 hectares de cana e quatro hectares de uma reserva ambiental no distrito de Prudêncio Thomás, no município de Rio Brilhante, na região sul de Mato Grosso do Sul.

O incêndio ocorreu em meados de junho deste ano e a instauração do inquérito foi publicada na edição desta terça-feira (3) do diário oficial do MPE. E, conforme este documento, uma falha mecânica em uma colheitadeira provocou um incêndio no dia 13 de junho e logo o fogo foi controlado por brigadistas da própria usina, instalada às margens da BR-163. 

Porém, horas depois o fogo recomeçou, se alastrou pelo canavial da Fazenda Vacaria e atingiu uma reserva ambiental. Por conta disso, a Polícia Militar Ambiental aplicou multa de mil reais por hectare de cana atingido (R$ 240 mil) e cinco mil por hectare de vegetação nativa destruído pelo fogo (R$ 20 mil). 

A Raízen, que em Mato Grosso do Sul tem três usinas e outras 31 em outros estados, já recorreu ao Imasul para tentar anular as multas. Entre os argumentos utilizados está o fato de esta punição ter sido baseada em legislação federal, o que seria ilegal e eleva o valor da punição. 

Os advogados da empresa alegam que em vez dos R$ 240 mil pelo canavial atingido na Fazenda Vacaria, a lei estadual permite valor máximo de R$ 4.842,00 para esse tipo de ocorrência.

Além disso, alegam os advogados de um dos maiores grupos econômicos do Brasil, que o incêndio foi acidental e que “todos os esforços foram envidados para o combate do incêndio, tanto é que foram utilizados 5 caminhões pipas, além de 01 motoniveladora, 01 tanque de 30 mil litros, estando envolvidos na operação 06 motoristas combatentes e 14 brigadistas (!!!)”.

“Não se tratou, em definitivo, de “mal controle do foco de incêndio”. Ocorre que, por infortúnio, devido aos fortes ventos, alguns tocos reacenderam, vindo a propagar novamente na palhada, que acabou pulando para a cana que ainda seria colhida”, segue a defesa do mega-grupo econômico. 

Defesa da empresa Raízen alega que o fogo atingiu somente as bordas (em vermelho) da reserva ambiental

Eles alegam que o uso do fogo, ao contrário de décadas passadas, não existe mais na colheita da cana, que é totalmente mecanizada e “portanto, o Auto de Infração serve a punir a própria vítima, que, além de ter efetuado combate ao incêndio de forma ostensiva e ter suportado diversos prejuízos, ainda se vê obrigada a pagar uma multa aos cofres do órgão ambiental como se tivesse intencionalmente feito uso de fogo pra destruir vegetação em área de reserva legal com o fim de burlar a legislação?!”, questiona. 

POTÊNCIA EM MS

A empresa também já encaminhou um laudo técnico ao Ministério Público atestando que a vegetação nativa destruída pelo fogo já está se recuperando e que não existe necessidade de replantio de mudas nativas, uma vez que a vegetação atingida já estaria rebrotando. Mesmo assim, o MPE abriu a investigação para apurar o dano ambiental decorrente do incêndio. 

Além desta unidade às margens da BR-163, a Raízen possui outras duas usinas em Mato Grosso do Sul, em Caarapó e em Maracaju. Ela tem em torno de 150 mil hectares de cana plantados no estado. Na última safra foram  produzidos em torno de 508 mil toneladas de açúcar e 398 mil toneladas de etanol. 

Na unidade de Caarapó está previsto investimento de R$ 1,3 bilhão para produção do chamado etanol de segunda geração, produzido a partir do bagaço da cana. A Raízen, do grupo Cosan, assumiu o controle das três usinas que tem em Mato Grosso do Sul em 2021. Antes, elas pertenciam à Biosev. 

SUPERPOTÊNCIA NACIONAL

E esta Raízen, que consiste em 35 usinas de etanol pelo país, é somente uma das empresas do grupo Cosan. Ela atua também na distribuição de combustíveis nos postos com a marca Shell no Brasil e países vizinhos. 

É proprietária também da empresa Compass, que investe e desenvolve a infraestrutura para distribuição de gás natural para o mercado brasileiro.

Outra grande empresa do grupo é Rumo, responsável pela maior parte das ferrovias brasileiras. Ela detém ainda a Moove, que produz e distribui os lubrificantes da marca Mobil.

E se não bastasse isso, ainda controla a Vale, uma das maiores mineradoras do mundo e que até 2021 era proprietária das maiores minas de minério de ferro e manganês de Corumbá. 

 

BR-463

Motorista é preso com pasta-base de cocaína avaliada em R$ 6,5 milhões

O flagrante aconteceu entre os municípios de Ponta Porã e Dourados. Aos policiais, o motorista confessou que receberia R$20 mil pelo transporte.

03/12/2024 18h45

Carga de pasta-base de cocaína foi encontrada escondido em semirreboque

Carga de pasta-base de cocaína foi encontrada escondido em semirreboque DOF/ Divulgação

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Homem de 31 anos foi preso em flagrante nesta terça-feira (3) transportando pasta-base de cocaína avaliada em R$ 6,5 milhões em um semirreboque de uma carreta, na BR-463, entre Dourados e Ponta Porã. Aos policiais, ele confessou o crime e disse que receberia R$ 20 mil pelo transporte.

O flagrante aconteceu durante uma fiscalização dos agentes do Departamento de Operações de Fronteira (DOF), próximo ao trevo de acesso ao aeroporto de Dourados.

Durante o monitoramento, os policiais avistaram um veículo em alta velocidade e decidiram abordar o condutor. Ao fazerem as perguntas, os policiais estranharam o comportamento do motorista, que deu respostas desencontradas em relação aos motivos da viagem.

Durante as vistorias, os policiais localizaram um compartimento oculto na carroceria do veículo, onde foram encontrados 120 tabletes de pasta-base de cocaína, totalizando 127 quilos.

Questionado, o homem afirmou que havia pegado a carreta com a droga em Ponta Porã e a levaria até Dourados, onde receberia R$20 mil pela empreitada criminosa.

O material apreendido, avaliado em aproximadamente R$6,5 milhões, foi encaminhado à Defron (Delegacia Especializada em Repressão aos Crimes de Fronteira) em Dourados.

 

 

 

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Educação

Professora sai da roça com Arte para encontrar alunos superdotados em Campo Grande

Educadora que teve a vida mudada por meio da arte ensina o que aprendeu e surpreende com o talento dos alunos

03/12/2024 18h15

Professora Simone e os estudantes do projeto

Professora Simone e os estudantes do projeto Imagem Divulgação

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A professora formada em Educação Artística, Simone Godoy, de 37 anos, que conseguiu encontrar na arte uma profissão, com apoio da diretora, Shirley Nunes e a coordenadora Evelin Rozon, está descobrindo talentos na escola municipal Maj. Aviador Y-Juca Pirama de Almeida, em Campo Grande.

Nascida em Santa Casa da Misericórdia (SP), no interior de São Paulo, a educadora contou ao Correio do Estado que encontrou na arte uma forma de mudar de vida e, na sala de aula, transmite essa mensagem aos alunos.

Simone relatou que trabalha na Divisão de Arte e Cultura (DEAC), projeto da Secretaria Municipal de Educação (SEMED), em que ensina a alunos do 1º ao 9º ano as principais técnicas de desenho de observação, com moldes e até baseadas na imaginação.

As técnicas envolvem graffiti, sombreamento, enquadramento e abordam desde como aprender a desenhar até melhorar a finalização. Essas práticas resultaram em várias exposições ao longo do ano.

Confira o desenho dos estudantes

Juca Pirama

A atual exposição na escola é sobre o Major Juca Pirama e recebeu o nome de Desenho Artístico com Robótica Aplicada. Os estudantes visitaram a Base Aérea de Campo Grande e pesquisaram sobre a história do aviador.

Em homenagem ao Major, que dá nome à escola, a professora, junto com os alunos, produziu uma réplica da aeronave BT-15, utilizada pela Força Aérea Brasileira (FAB) na década de 1940 para treinamento.

A réplica do avião de 2 metros do Juca Pirama veio de um pedaço de isopor que a professora encontrou na rua. O restante foi orientação e a criatividade pelas mãos dos alunos.

Além do desenho, a educadora usou habilidades adquiridas no curso de robótica para dar dinamismo ao desenho como instalar hélices e luzes e deste modo cativar a atenção dos estudantes. 

O trabalho que chama atenção e, inclusive em outras atividades teve exposições no Teatro Glauce Rocha faz parte de um alinhamento da equipe da escola promovido pela direção.

"Como diretora admiro o trabalho e o talento da professora Simone, pois está sempre disposta novos trabalhos e com ideias inovadoras que encantam os alunos e desperta novos talentos todos os dias com as turmas. É uma professora de arte diferenciada, temos muito orgulho de tê-la em nossa equipe!", avaliou a  professora e diretora, Shirley Nunes

 

 

 

Professora Simone e os estudantes do projetoArte da professora Simone

Cura na arte

A professora Simone enfrentou uma verdadeira saga até descobrir, aos 24 anos, seu talento para o desenho. A família trabalhava em fazendas no interior de São Paulo em Santana da Ponte Pensa, e Simone passava a maior parte do tempo ajudando na lida.

Por isso, sua primeira formação foi como técnica agrícola. Como se destacou nos estudos, ganhou uma bolsa para ir aos Estados Unidos em 2005. No entanto, o local onde estava foi atingido pelo Furacão Katrina (categoria 5).

"Eu estudava em duas escolas, fazia o ensino médio e o curso técnico agrícola, que era gratuito. Em 2004, eu me formei, e a escola indicava os melhores alunos para ir aos Estados Unidos. Fui, fiquei um ano e meio na Flórida. Era para ter ficado mais, mas veio o Furacão Katrina, e eu tive que retornar. Eu estava perto de Nova Jersey", contou Simone.

Com a viagem interrompida, ela voltou para o interior de São Paulo deprimida, sem muita perspectiva para o futuro, e foi morar em um sítio isolada, num período que definiu como o de uma menina “triste e sem cor”.

Na cidade de Jales, chegou a estudar teologia enquanto procurava emprego e planejava cursar uma faculdade. Aos 24 anos, ingressou em uma universidade particular, onde descobriu seu talento nato para o desenho.

Enquanto trabalhava como açougueira, saía na hora do almoço para estudar. Ela recorda que chegava suja na faculdade, mas as cores que faltavam em sua vida foram sendo recuperadas a cada técnica e traço que aprendia.

"Quando comecei a entender o que era arte, aquilo mudou minha vida. A vida da garota depressiva começou a ganhar cores. Eu comecei a criar sentido, a me sentir útil, e isso completou minha vida."

Ao concluir o curso, Simone ganhou outra perspectiva. Sem muitas oportunidades na cidade onde morava, pediu demissão do açougue e decidiu vir tentar a vida em Campo Grande, com R$ 1.000 no bolso, de início morando de favor.

Com a vida consolidada, a noção de não desistir e o leque de oportunidades que a arte proporciona levou a professora Simone a possuir a casa própria, comprar a casa dos pais e ainda iniciar um negócio próprio. Com positividade, fé e o lema "a vida é uma arte e eu faço parte dela". 

Aulas de desenho para detentos

A primeira oportunidade de trabalho surgiu na escola prisional.

"O meu primeiro dia de aula foi dentro do presídio de segurança máxima. Trabalhei lá durante sete anos e meio. Depois, comecei a atuar em escolas estaduais e municipais, desenvolvendo meu trabalho."

Projeto na escola

A paixão pela arte, aliada à sua visão de mundo, permite que Simone ensine uma “interpretação da vida” em sala de aula.

Alunos já tiveram suas vidas transformadas pelas aulas da professora: autistas, vítimas de bullying e outros encontraram refúgio após ela expor suas situações às famílias.

Altas habilidades

A professora explicou que, por meio do projeto, consegue acompanhar a evolução de cada estudante. Por não seguir um formato padronizado, ela adapta o conteúdo às preferências de cada aluno.

Os desenhos são únicos. Simone evita propor réplicas de obras e valoriza a criatividade individual. Por sua experiência com estudantes de altas habilidades, ela desenvolveu a capacidade de identificar talentos.

"Tenho essa visão e, quando encontro um aluno talentoso, apresento-o nas exposições da escola. Na maior parte dos casos, a família é presente. Converso com os responsáveis e, em alguns casos, já indiquei alunos para o Centro Estadual de Atendimento Multidisciplinar para Altas Habilidades/Superdotação."

Simone reforça que, embora ainda seja cedo, incentiva os alunos a não desistirem de seus sonhos, compartilhando sua própria trajetória como inspiração. Isso tem gerado resultados — ou, melhor dizendo, verdadeiras obras de arte.

 

 

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