Cidades

SEGURANÇA PÚBLICA

Governo vai pagar hora extra para policiais de Delegacias da Mulher

Medida visa aumentar a efetividade no atendimento às vítimas de violência doméstica em Mato Grosso do Sul; MP investiga acúmulo de boletins de ocorrência

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O governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel (PP), publicou hoje uma medida que deve desafogar a alta demanda por procedimento nas delegacias especializadas de atendimento à mulher de Campo Grande e de Dourados.

Trata-se do pagamento de horas extras a policiais para dar mais celeridade aos inquéritos abertos para investigar casos de violência doméstica, situação que tem sobrecarregado os policiais que atuam neste setor.

O decreto que institui o Programa MS Acolhe e Protege reforça, de forma extraordinária e temporária, o efetivo da Polícia Civil.

O decreto de Eduardo Riedel libera a Polícia Civil para empregar policiais em turnos suplementares de trabalho. Cada plantão será de 12 horas, com limite de 60 horas semanais, com o pagamento de R$ 200 por plantão.

A expectativa do governo do Estado, segundo apurou o Correio do Estado, é de que aproximadamente 1.250 plantões mensais nas duas delegacias de atendimento à Mulher de Campo Grande e na delegacia de Dourados sejam realizados.

As horas extras terão impacto orçamentário nulo. 

Os valores do custo dos plantões – que devem se aproximar de R$ 250 mil – serão realocados de outras rubricas da Secretaria de Justiça e Segurança Pública.

“Isso ainda está sendo regulamentado pelo delegado-geral, que estabelerá um plano estratégico de ação para cumprimento de metas e posterior pagamento das horas extras, com anuência da Sejusp”, disse ao Correio do Estado o vice-governador José Carlos Barbosa, o Barbosinha (PSD). 

A justificativa para a criação do programa de pagamento de horas extras para os policiais é o aumento da violência doméstica em Mato Grosso do Sul, e da alta demanda nestas delegacias, o que tem formado um gargalo, que além da sobrecarga aos policiais, potencializa o risco de que as vítimas não estejam sendo protegidas como previsto em lei.

O Ministério Público tem acompanhado de perto a crescente demanda por atendimento nas delegacias que cobrem os casos de violência doméstica no Estado, e já havia sugerido e recomendado o reforço no efetivo.

A ação do governo do Estado deve contribuir para melhorar o atendimento às vítimas de violência doméstica.

Desde o assassinato da jornalista Vanessa Ricarte, em fevereiro deste ano, o governo de Mato Grosso do Sul tem implantado medidas para melhorar a qualidade e a efetividade do atendimento e impedir que tragédias como a de Vanessa, que foi assassinada pelo ex-companheiro horas depois de ser atendida na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), aconteçam.

INVESTIGAÇÃO

Matéria publicada neste mês pelo Correio do Estado mostrou que o Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) instaurou um inquérito civil para acompanhar o andamento dos boletins de ocorrências (BOs) registrados na Deam de Campo Grande. Segundo o promotor responsável pela apuração, Douglas Oldegardo Cavalheiro dos Santos, no fim do mês passado, a delegacia tinha quase dois mil procedimentos sem andamento na unidade.

A investigação começou em fevereiro deste ano, após a morte da jornalista Vanessa Ricarte, que deu entendimento de um problema na delegacia, que é a demora no andamento dos BOs.

Publicação no Diário Oficial do MPMS deste mês trouxe que o procedimento virou inquérito civil porque, na visão de Oldegardo, apesar de terem se passado seis meses desde a fiscalização na Deam, o número de boletins represados segue semelhante ao do início do processo.

A investigação seguirá a cargo do Grupo de Atuação Especial de Controle Externo da Atividade Policial (Gacep), coordenado por Oldegardo.

No documento assinado no fim de agosto, o promotor lembra que, na vistoria realizada no dia 21 de fevereiro deste ano, foi identificado que na Deam, que funciona dentro da Casa da Mulher Brasileira, atuavam 67 servidores, com 11 delegadas e 12 escrivães no total. 

Mesmo com esse time teriam ativos 3.721 BOs no segundo semestre de 2024, “sobre os quais pesou um índice de conversão de 66,19%”.

Oldegardo ainda lembra que por causa desta quantidade de boletins de ocorrência, houve a intitulada Força-Tarefa Deam, que recebeu esses procedimentos e que, com a força conjunta de mais de uma dezena de delegados de polícia durante aproximadamente quatro meses, teria dado andamento para esses boletins que estavam paralisados.

A medida, ao ver do promotor, não teria solucionado a situação da delegacia, já que atualmente há quase dois mil boletins parados e, segundo Oldegardo, “há, em 420 dias, potencial represamento de novos seis mil boletins”.

*SAIBA

Em inquérito do Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) o promotor responsável pela apuração, Douglas Oldegardo, afirmou que de janeiro até agosto haviam 1.814 boletins de ocorrência sem andamento na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) de Campo Grande.

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Itaquiraí

Mãe e filha morrem em acidente triplo na BR-487

Colisão ocorreu em trecho conhecido como estrada boiadeira, próximo ao município de Itaquiraí

13/12/2025 16h30

Foto: Portal Conesul

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Gabrieli de Freitas Vieira e sua filha Julia Pereira de Freitas, de apenas 3 anos morreram na manhã deste sábado após um acidente triplo na manhã deste sábado (13), na BR-487, próximo a região do Assentamento Santo Antônio, situado em Itaquiraí, distante 405 quilômetros de Campo Grande.

Conforme a imprensa local, ambas estavam em um Jeep Compass com uma familiar de 40 anos, e seguiam de Maringá (PR) com destino a Dourados, cidade em que possuíam comércio. A família seguia na rodovia sentido BR-163 quando tentou uma ultrapassagem forçada e atingiu a traseira de um veículo Polo, que seguia na mesma direção.

Com o impacto da colisão, testemunhas afirmam que o veículo teria capotado e batido na traseira de uma carreta que seguia na pista contrária, impacto suficiente para arremessar o carro da família para fora da pista, ao lado de uma borracharia. 

De acordo com a imprensa local, o acidente aconteceu por volta das 9h30. Gabrieli e a filha morreram no local. Socorrida, a outra pessoa da família foi levada ao hospital de Itaquiraí, consciente e orientada, apesar de cortes na cabeça.

Os demais motoristas envolvidos não sofreram ferimentos graves e testaram negativo para consumo de álcool.. Equipes do Corpo de Bombeiros, da Polícia Civil, da Polícia Rodoviária Federal e da Perícia estiveram no local. As causas do acidente serão investigadas na Delegacia de Itaquiraí.

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Cidades

TCE suspende licitação para reforma de ponte sobre o rio Paraguai

Inconsistências e riscos de gastos excessivos na licitação levaram o Tribunal de Contas do Estado a suspender o certame

13/12/2025 13h30

Imagem divulgação

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Menos de um mês depois de assumir como conselheiro do Tribunal de Contas, o ex-integrante do governo do Estado, Sérgio de Paula, suspendeu a licitação de R$ 11,7 milhões para obras na ponte da BR-262, sobre o Rio Paraguai.

A decisão foi publicada nesta sexta-feira (12), em edição extra do Diário Oficial do Tribunal de Contas de Mato Grosso do Sul.

No dia 26 de novembro, a Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos de Mato Grosso do Sul (Agesul) lançou a licitação prevendo investimento de até R$ 11.728.608,10 para a execução de obras de recuperação estrutural.

Os envelopes com as propostas feitas pelas empreiteiras seriam abertos na segunda-feira (15). No entanto, foi determinada a suspensão do certame após a equipe técnica do Tribunal de Contas do Estado (TCE-MS) identificar “inconsistências e lacunas” em informações como:

  • Caderno de desenhos;
  • Relatório de critérios e especificações técnicas;
  • Verificação estrutural;
  • Projeto de recuperação estrutural;
  • Projeto de sinalização temporária;
  • Plano de execução.

A justificativa para suspender o processo licitatório da reforma da ponte foram inconsistências no Projeto Básico, que podem gerar gastos acima do necessário. Para isso, foi apontada a necessidade de atualização dos dados técnicos.

“Tais inconsistências podem acarretar riscos de sobrepreço, aditivos contratuais futuros e execução inadequada da obra, comprometendo a economicidade e a eficiência, em desacordo com a Lei nº 14.133/2021. Embora o projeto tenha avançado em sua conformidade com a nova Lei de Licitações, as lacunas técnicas e a necessidade de atualização são significativas. Para uma decisão embasada e para mitigar risos futuros, é crucial que as informações complementares e as atualizações necessárias sejam providenciadas e analisadas”, consta no ato.

Diante dos indícios de irregularidades no Estudo Técnico Preliminar (ETP) e no Projeto Básico, o relator, conselheiro Sérgio de Paula, determinou a aplicação de medida cautelar para suspender o processo licitatório até a regularização dos pontos apontados.

Previsão

Com previsão de início das obras somente no segundo trimestre de 2026, o valor estimado, como adiantou o Correio do Estado, indica que a reforma da ponte pode custar o dobro do apontado pelo ex-secretário de Obras, Hélio Peluffo.

Em 2023, ele previu gastos em torno de R$ 6 milhões na recuperação da estrutura da ponte, que tem sofrido diversas intervenções e situações que resultaram em tráfego em meia pista.

Essa situação ocorreu em 2023, quando a interdição durou mais de um ano, até que os reparos emergenciais fossem concluídos na pista de rolamento.

Além disso, há situação emergencial nos “amortecedores” instalados entre as pilastras e a parte superior da ponte (pista), que apresentam desgaste por falta de manutenção. Essa obra deverá ser bancada, agora, com recursos públicos.

Pedagiada "até ontem"
 

Investimento público em uma ponte seria algo normal não fosse a cobrança de pedágio, feita até setembro de 2022. Pequena fatia da receita era repassada ao Estado e a única obrigação da empresa era fazer a manutenção da estrutura, que tem dois quilômetros e foi inaugurada em 2001.

Porém, em 15 de maio de 2023 a empresa Porto Morrinho encerrou o contrato e devolveu a ponte Poeta Manoel de Barros sem condições plenas de uso, embora tivesse faturamento milionário.

Em 2022,  com tarifa de R$ 14,10 para carro de passeio ou eixo de veículo de carga, a cobrança rendeu R$ 2,6 milhões por mês, ou R$ 21 milhões nos oito primeiros meses daquele ano.

No ano anterior, o faturamento médio mensal ficou em R$ 2,3 milhões. Conforme os dados oficiais, 622 mil veículos pagaram pedágio naquele ano. Grande parte deste fluxo é de caminhões transportando minério. A maior parte destes veículos têm nove eixos e por isso deixavam R$ 126,9 na ida e o mesmo valor na volta.

Esse contrato durou longos 14 anos, com início em dezembro de 2008, e rendeu em torno de R$ 430 milhões, levando em consideração o faturamento do último ano de concessão. 

Em março de 2017, a Porto Morrinho conseguiu um abatimento de 61% no valor da outorga. Na assinatura, em 22 de dezembro de 2008, o acordo previa repasse de 35%  do faturamento bruto obtido com a arrecadação tarifária estabelecida em sua proposta comercial. A partir de março de 2017, porém, este valor caiu para 13,7%. 

Se tivesse de repassar 35% dos R$ 2,6 milhões arrecadados por mês em 2022, a Porto Morrinho teria de pagar R$ 910 mil por mês ao Estado. Com a repactuação do contrato, porém, este valor caiu para a casa dos R$ 355 mil. Em ambos os casos os valores teriam alguma variação porque ainda seria necessário descontar impostos.

Ou seja, a repactuação garantiu R$ 555 mil mensais a mais aos cobres da concessionária, que mesmo assim não cumpriu com sua única obrigação, que era manter a ponte em condições de uso. 

E, mesmo depois de parar de cobrar pedágio, ela continuou cuidando da ponte, entre setembro de 2022 até maio de 2023.  Neste período, recebeu indenização milionária, de pouco mais de R$ 6 milhões. 

O pedágio acabou por causa do fim do acordo do governo estadual, que construiu a ponte, com o DNIT, já que a rodovia é federal. Porém, o governo federal só aceita receber a ponte depois que estiver em boas condições de uso. 

** Colaborou Neri Kaspary

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