Com o objetivo de qualificar o atendimento à população indígena e fortalecer o diálogo intercultural, o Hospital Universitário da Universidade Federal da Grande Dourados (HU-UFGD) realizou nesta semana uma reunião com indígenas da aldeia Bororó na Casa de Reza Ñandesy Tereza.
No encontro promissor que ocorreu na quinta-feira (19), a troca de saberes entre a comunidade indígena e os profissionais da saúde foram pilares para o Hospital Universitário firmar um compromisso com o atendimento mais humanizado para a saúde indígena em Dourados.
A ação realizada pelo Comitê de Saúde Indígena (CSIN) buscou construir, de forma coletiva, o Seminário de Saúde Indígena, previsto para ser realizado no dia 8 de abril, no auditório da UFGD.
“Este seminário será um espaço formativo aberto à comunidade interna e externa, no qual o cuidado intercultural será abordado a partir da perspectiva e vivência das pessoas indígenas, protagonistas nesse processo de cuidado”, explicou Jacqueline Cristina Dos Santos Fioramonte, enfermeira e coordenadora do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde com ênfase em Atenção em Saúde Indígena do HU-UFGD/Ebserh.
A coordenadora do programa também explica a importância deste encontro dentro do território indígena. “A cada dia se torna mais evidente a necessidade de aproximação do cuidado terciário com o território, pois é no território que as pessoas vivem, constroem sua saúde e compartilham o cuidado no cotidiano, dentro das casas e com suas famílias. Reconhecer esse contexto torna-se fundamental para qualificar as ações de saúde”, destacou Jacqueline.
Participaram do encontro o superintendente, Hermeto Paschoalick, o gerente de Atenção à Saúde, Tiago Amador Correia, a gerente administrativa, Danielly Vieira Capoano, membros do Comitê de Saúde Indígena, coordenação e tutora da Residência em Saúde Indígena, coordenação da residência em Saúde Mental e Atenção psicossocial, residentes psicólogos, nutricionistas e enfermeiros de Saúde Indígena do HU-UFGD/Ebserh. Representantes da comunidade indígena, incluindo lideranças religiosas, também estiveram presentes.
Ao final do encontro, os participantes receberam a benção da Ñandesy Tereza, uma das lideranças espirituais da comunidade, marcando simbolicamente a intenção de fortalecer o respeito e a integração entre os saberes tradicionais e os serviços de saúde ofertados pelo Hospital Universitário.
ASSISTÊNCIA PRECÁRIA
Desde fevereiro de 2023 reportagens do Correio do Estado já denunciavam a assistência e acesso precário da saúde nas comunidades indígenas de Dourados.
Conforme já informado pelo jornal, mesmo com repasses milionários, saúde indígena administrada pelo Hospital e Maternidade Indígena Porta da Esperança, em Dourados, está desassistida.
Durante a visita a unidade hospitalar, uma ex-funcionária do local, que preferiu não se identificar para a reportagem, informou que presenciou diversos casos de desassistência, negligência e falta de alimentos e de materiais de higiene para os pacientes indígenas internados no hospital.
A equipe do Correio do Estado que esteve presente na época no território indígena, também visitou o Posto de Saúde Indígena Jaguapiru l.
No local indagamos duas servidoras públicas que atendiam os indígenas na farmácia do posto sobre a disponibilidade no estoque de alguns medicamentos básicos como dipirona e paracetamol, em resposta, a farmacêutica nos informou que não tinha estes medicamentos no posto.
Questionamos se é recorrente a falta de medicamentos no posto, informação que nos foi passada pela comunidade indígena. As atendentes responderam que há sim falta de remédios disponíveis para os indígenas.
Foi perguntado também quais são os sintomas mais recorrentes de atendimento na unidade, de acordo com o relato, dores de cabeça, dor no corpo como na coluna por exemplo, são os mais recorrentes.