Cidades

ATENÇÃO

Incêndio já destruiu 471 mil hectares de mata na Bolívia

Fumaça deixa Corumbá com 'névoa' há quatro dias seguidos

RAFAEL RIBEIRO E EDUARDO PENEDO

22/08/2019 - 10h29
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O governo da Bolívia decretou desastre departamental na região da Chiquitania, área de mata do Pantanal no país vizinho, localizado na na cidade de Roboré, a cerca de 150 quilômetros da fronteira com Corumbá. A área que engloba cidades como El Carmen Rivero Torrez, San Rafael, San Ignácio de Velasco San Matías, El Porton (ponto turístico) entre outros povoados, está sendo consumida pelas chamas. No total, 471 mil hectares de mata e pasto já foram queimados.

Devido a situação considerada gravíssima, nesta quarta-feira (21), após protestos da população de Roboré, que pede por ajuda internacional, o presidente Evo Morales anunciou a contratação dos serviços do Supertanker, um dos aviões destinados a apagar os maiores incêndios do mundo. 

O governador De Mato Grosso do Sul Reinaldo Azambuja (PSDB) disse que hoje pela manhã teve uma reunião com a área de segurança pública Corpo de Bombeiros para franquiar o abastecimento das aeronaves no aeroporto de Corumbá. "Nós franquiamos isso e a parceria entre o Ibama e o Prevefog  também para ajudar , pois temos um incêndio de grandes proporções a 150 quilômetros da fronteira com o Corumbá.  Nós temos que ter essa parceria , pois tem dois focos grandes ali na região de Corumbá que está sendo combatido pelo Ibama com o Corpo de Bombeiros e o Prevefogo então  e uma integração conjunta estamos com um grande problema que é a estiagem, mas tanto o Itamaraty quando o governo de Mato Grosso do Sul já franquiou  ao governo Bolívia o acesso ao aeroporto de Corumbá e possibilidade de combustível para o abastecimento da aeronave. Nós fazemos uma cedência isso é um caso de urgência e emergência o fogo não pode esperar  não pode ter burocracia", explica.

Na Chiquitania há o registro de cerca de 471mil hectares consumidos pelo fogo em matas e pastos, causando até a suspensão das aulas escolares. "Instruí o ministro da Economia a contratar o avião Supertanker para nos ajudar a apagar o fogo que afeta essa região da Bolívia", disse o presidente por meio de comunicado ao confirmar que a medida foi aprovada em uma reunião do gabinete.

O Supertanker 747-400, é um boeing adaptado para transportar aproximadamente 75.000 litros de água, pode operar em qualquer lugar do mundo e tem um alcance de voo de 13 horas.

A corumbaense Yamara Rayza, que vive há quase seis meses no povoado de Águas Callientes, distante 32 quilômetros de Roboré, disse ao jornal 'Diário Corumbaense' que a situação é muito crítica. O fogo que atinge a vegetação, também matou animais que habitam a região.

“A situação é assustadora. Eu mesma fiquei desesperada com o fogo que quase invadiu o hotel onde trabalho e moro. A qualidade do ar está insuportável. Há fumaça por toda a parte. O fogo está por toda parte, inclusive às margens da estrada Bioceânica (via que liga o o Brasil e a Bolívia). As equipes tentam apagar as chamas, mas não é suficiente, o desespero toma conta de todos”, falou.

Queimadas consomem matas e pastos da região da fronteira com o Brasil na Bolívia (Reprodução)

EM CORUMBÁ

A situação na Bolívia também vem ajudando a afetar a qualidade do ar em Corumbá. Apesar da distância até a fronteira, a cidade pantaneira pelo quarto dia consecutivo ficou coberta por densa camada de fumaça.

Porém, no Pantanal e na área urbana, focos de incêndio são registrados diariamente. Às margens da BR-262, as chamas consomem a mata chegando aos acostamentos e dificultando a visibilidade dos motoristas que utilizam a via.

Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), nas últimas 48 horas, Corumbá registrou 141 focos de incêndio. Nos primeiros 21 dias de agosto, o município já soma 976 focos de queimadas. De janeiro até agora, a Cidade Branca é a segunda do Brasil em número de focos, com 2.193, ficando atrás apenas de Altamira no Pará, que tem 2.354 focos.

Ao 'Diário Corumbaense', o gerente estadual do PrevFogo, Bruno Águeda, informou que os brigadistas estão na Estrada Parque há quatro dias combatendo focos de incêndio e que até o momento mais de 2 mil hectares já foram queimados.

Ainda conforme ele, há registro de fogo também na altura do Morro do Chapéu, onde uma equipe se deslocou para atender a demanda naquela localidade. Incêndios às margens da BR-262 também já foram combatidos pela equipe do PrevFogo em Corumbá.

Não chove em Corumbá desde 26 de junho, quando foram registrados 5,6 milímetros de precipitação. A umidade do ar tem ficado abaixo dos 20%, enquanto o recomendável para a Saúde é 60%. 

Em Mato Grosso do Sul, queimadas estão sendo combatidas (Divulgação)

PRECAUÇÃO

Durante agenda na manhã desta quinta-feira (22) com o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, para tratar sobre a Rota Bioceânica, o governador de Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja (PSDB), disse que o Estado forneceu toda a ajuda pedida pelo governo boliviano para solucionar o incêndio na região de fronteira.

Segundo o mandatário sul-mato-grossense, o Estado vem mantendo contato com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). "Temos alguns problemas pontuais", admitiu. Para Azambuja, a solução para o problema passa pela conscientização e prevenção.

"Muito do fogo é causada por pessoas desinformadas, que precisam ter cuidado com a estigagem. É atenção total dos Bombeiros, Ibama, Prev Fogo para combater as queimadas em Mato Grosso do Sul", disse.

 

Editado às 14h00 para acréscimo de informações 

 

INCERTEZAS

Gigante da celulose recua e engaveta projeto de R$ 15 bilhões em MS

No fim de novembro a Eldorado informou que ampliaria o plantio de eucaliptos em 2026 de olho da duplicação da fábrica. Agora, porém, diz que esse aumento não sairá do papel

20/12/2025 16h50

A Eldorado, dos irmãos Batista, funciona em Três Lagoas desde 2012 e existe a previsão de que sua capacidade aumente em 100%

A Eldorado, dos irmãos Batista, funciona em Três Lagoas desde 2012 e existe a previsão de que sua capacidade aumente em 100%

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Depois de anunciar, no final de novembro, que a partir do próximo ano pretendia ampliar de 25 mil para até 50 mil hectares o plantio anual de eculiptos na região de leste de Mato Grosso do Sul, a indústria de celulose Eldorado deixou claro nesta semana que engavetou, pelo menos por enquanto, o projeto de expansão. 

Com o recuou, a empresa, que produz em torno de 1,8 milhão de toneladas de celulose por ano, deixa claro que está adiando a prometida duplicação de capacidade de produção da Eldorado, o que demandaria investimentos da ordem de R$ 15 bilhões US$ 3 bilhões), conforme anunciado em abril do ano passado pelos irmãos Joesley e Wessley Batista, donos da empresa. 

Em entrevista ao site AGFeed, especiliazado em agronegócio, o diretor florestal da Eldorado, Germano Vieira, afirmou que a empresa tem atualmente 305 mil hectares de pantações de eucaliptos na região, mas precisa de apenas dois terços disso para abastecer a fábrica. 

Ou seja, a empresa tem em torno de 100 mil hectares de eucaliptos sobrando e este excedente está sendo vendido ou permutado com a Bracell e a Suzano, que opera duas fábricas do setor na região, em Três Lagoas e Ribas do Rio Pardo. 

Então, caso o comando da Eldorado decida desengavetar repentinamente o projeto da duplicação,  já existe um excedente que seria capaz de abastecer a segunda unidade no período inicial, mesmo que não ocorra o início do plantio extra a partir de 2026, explicou Germano Vieira.

Atualmente são colhidos em torno de 25 mil hectares por ano para abastecer a indústria e o mesmo tanto é replantado, fazendo um giro para que sempre haja florestas "maduras".

São necessários, em média, sete anos para que a planta chegue ao estágio de corte e por conta disso havia a programação de começar o plantio agora (2026) para que houvesse matéria-prima suficiente quando a ampliação da fábrica estivesse concluída. Em três anos é possível fazer a ampliação da indústria, acredita Germando Vieira.  

Uma das explicações para o recuo, segundo a reportagem do AGFeed, é que a Eldorado ainda têm uma série de ajustes financeiros a serem feitos depois que os irmãos Batista conseguiram, em maio deste ano, fechar um acordo e colocar fim a batalha judicial com a Paper Excellence.

Para retomarem o controle total da Eldorado, que funciona em Três Lagoas desde 2012 e havia sido vendida parcialmente em 2017, eles se comprometeram a pagar US$ 2,640 bilhões à canadense Paper, que detinha pouco mais de 49% das ações do complexo industrial.  

Para duplicar a produção, segundo Germando Vieira, serão necessários 450 mil hecteres de florestas. Para chegar a esse montante, a empresa teria que arrendar mais 150 mil hecteres, o que demandaria um investimento da ordem de R$ 180 milhões anuais, já que o arrendamento custa em torno de R$ 1,2 mil por ano por hectare. 

Além disso, somente para o plantio de 25 mil hectares anuais a mais, conforme chegou a ser anunciado, seriam necessários em torno de R$ 220 milhões extras no setor florestal por ano, uma vez que o custo do plantio está na casa dos R$ 8,7 mil por hectare. E isso sem contabilizar os custos com o combate a pragas e combate a incêndios, entre outros. 

No final de novembro, Carlos Justo, gerente-geral florestal da Eldorado, chegou a informar ao site The AgriBiz que 15 mil hectares já haviam sido arrendados para dar início à ampliação do plantiu a partir do próximo ano. 

Preços da celulose

Embora Germano Vieira diga que a demanda mundial por celulose cresça em torno de um milhão de toneladas por ano e por conta disso a Eldorado mantem viva a promessa da duplicação, a empresa pisou no freio em meio à queda nos preços mundiais e ao aumento da oferta. 

Neste ano, o faturamento das três fábricas de Mato Grosso do Sul literalmente despencou. Por conta da ativação da unidade de Ribas do Rio Pardo, que tem capacidade de até 2,55 milhões de toneladas por ano, as exportações de Mato Grosso do Sul aumentaram em 57% nos dez primeiros meses de 2025, passando de 3,71 milhões de toneladas para 5,84 milhões de toneladas. 

Porém, o faturamento cresceu apenas 25,6%, subindo de U$ 2,121 bilhões para U$ 2,665 bilhões. No ano passado, quando a cotação da celulose já não estava nos melhores patamares, o valor médio da tonelada rendeu 570 dólares aos cofres das três indústrias. Neste ano, porém, elas tiveram rendimento médio de apenas 456 dólares, o que representa queda de 20%. 

Em decorrência desta queda nos preços, as indústrias deixaram de faturar em torno de 666 milhões de dólares, ou algo em torno de R$ 3,6 bilhões na moeda local, nos dez primeiros meses deste ano. 

Por conta disso, a Suzano, concorrente da Eldorado, chegou a emitir um alerta no começo de novembro dizendo que os preços internacionais estavam "completamete insustentáveis" e por isso estava reduzindo sua produção em cerca de 3,5%. 

O alerta da Suzano foi feito durante a prestação de contas relativa aos resultados do terceiro trimestre da empresa. E, segundo Leonardo Grimaldi, diretor do negócio de celulose da Suzano, a situação é crítica e “o setor está sangrando há meses”. 

Mas, apresar deste cenário de apreensão, investimentos da ordem de R$ 25 bilhões estão a todo vapor em Inocência, onde a chilena Arauco está instalando uma fábrica que terá capacidade para colocar 3,5 milhões de toneladas de celulose por ano a partir do final de 2027. 

Outra empresa, a Bracell, pretende começar, em fevereiro do próximo ano, em Batagussu, as obras de uma fábrica que terá capacidade para 1,8 milhão de toneladas por ano. Os investimentos previstos são da ordem de R$ 16 bilhões. 


 

MATO GROSSO DO SUL

Em pleno período de chuvas, Hidrelétrica Porto Primavera reduz vazão

Com a barragem mais extensa do País (10,2km), redução segue determinação emitida pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e havia sido anunciadano último dia 12, como medida para garantir a "segurança energética" brasileira

20/12/2025 14h14

Usina Hidrelétrica Engenheiro Sérgio Motta, também conhecida como Porto Primavera

Usina Hidrelétrica Engenheiro Sérgio Motta, também conhecida como Porto Primavera Reprodução/Cesp

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Usina Hidrelétrica Engenheiro Sérgio Motta, também conhecida como Porto Primavera, a unidade começou nesta sexta-feira (19) através da Companhia Energética de São Paulo (Cesp) a redução da vazão, para preservar os estoques de água dos reservatórios da bacia do Rio Paraná. 

Com a barragem mais extensa do País (10,2 km), essa redução segue determinação emitida pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e havia sido anunciada pela Cesp no último dia 12, prevista para começar ainda em 15 de dezembro, como medida para garantir a "segurança energética" brasileira. 

"O patamar mínimo defluente será reduzido de forma gradual e controlada, passando dos atuais 4.600 metros cúbicos por segundo para 3.900 m³/s, seguindo diretrizes operacionais do ONS", cita a Cesp em nota. 

Além disso, a Companhia frisa que, durante o processo, será mantido o plano de conservação da biodiversidade que havia sido aprovado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama), e teve início em maio deste ano, para monitoramento do Rio Paraná justamente nos trechos da jusante - parte rio abaixo - da Porto Primavera até a foz do Ivinhema. 

Ou seja, entre outros pontos, equipes embarcadas formadas por biólogos e demais profissionais especializados, devem trabalhar como os responsáveis por acompanhar a qualidade da água, bem como a conservação e comportamento dos peixes locais enquanto durar a flexibilização da vazão. 

Importante frisar a redução adotada também ao final de novembro (24/11) e mantida até 1° de dezembro, a partir de quando houve a retomada gradativa aos patamares originais. 

Problemas com a vazão

Em épocas passadas, como bem acompanha o Correio do Estado, o controle da vazão em Porto Primavera já trouxe prejuízo e revolta de produtores que chegaram a culpar a ONS pelas fazendas alagadas por mais de quatro meses em Batayporã no ano de 2023, por exemplo. 

Nessa ocasião, o problema começou com a abertura das comportas de Porto Primavera no dia 18 de janeiro de 2023, com a usina avisando a Defesa Civil de Batayporã da liberação de até 14,7 mil metros cúbicos de água por segundo. 

Sendo a maior vazão desde o começo do período chuvoso, as águas se somaram ainda à liberação dos cerca de 3 mil metros cúbicos por segundo do Rio Paranapanema, juntando em torno de 18 mil metros cúbicos por segundo. 

Na linha cronológica em 2023, o problema dos alagamentos começou no final de janeiro, indo até o mês de abril diante do fechamento das comportas em 31 de março. 

Quando a água já havia recuado, saindo de boa parte dos nove mil hectares alagados, as comportas foram reabertas na terceira semana de abril, com vazão máxima de dez mil metros cúbicos.

Depois, o aumento da vazão para até 13 mil metros cúbicos chegou a alcançar 14,7 mil m³, sendo que antes disso o volume anterior já havia sido responsável por invadir casas de moradores locais pela terceira vez no ano. 

Estimativas da Defesa Civil de Batayporã à época apontaram que pelo menos sete mil animais tiveram de ser remanejados na região por causa do mesmo problema. E, mesmo depois que a água baixar, são necessários de dois a três meses para que o pasto cresça e esteja em condições para alimentar os rebanhos. 

 

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