Cidades

MEMORIA

Índia de 121 anos de Dourados foi a mulher mais velha do Brasil

Consumo de chá de amarra-pinto era formula do sucesso de anciã supercentenária

RAFAEL RIBEIRO

13/12/2018 - 15h15
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ACONTECEU EM 1975...

"Lúcida, calma, falante, simpática e trabalhadora."

Assim, de maneira direta, a principal reportagem do Correio do Estado daquele 13 de dezembro de 1975 descrevia Teodora Lopes. Moradora da aldeia Jaguapiru, em Dourados, filha de um mestiço paraguaio e de uma índia terena e possivelmente a mulher mais velha do Brasil naqueles tempos com seus chamativos 121 anos.

Pois é caro leitor, nesta semana vosso escriba das mais profundas memórias de Mato Grosso do Sul vai falar de... memória. De uma testemunha viva de uma parcela significativa não só da formação do próprio Estado, como do País.

Segundo a reportagem de Montezuma Cruz, 'Dona Teodora', como gosta de ser chamada, nasceu em Aquidauna, em 13 de junho de 1854, mas se mudou com 11 anos para a aldeia douradensa, onde presenciou dois fatos determinantes para a formação de Mato Grosso do Sul: o êxodo paraguaio, ainda na época do Império, para a chamada 'Terra Virgem', como eram chamado o eixo sulista mato-grossense na rota entre Paraná e São Paulo. E os conflitos armados na década de 1930 promovidos por Getúlio Vargas para, entre outros, garantir a demarcação do território brasileiro na fronteira com o Paraguai, cessar as disputas armadas dos coroneis e conter os ideiais divisionistas.

Foi essa ultima onda de revolta, chamada de guerra pela anciã, que mais marcou Dona Teodora, que contou ter perdido grande parte dos seus 14 filhos nas disputas armadas, além do marido, morto após bater com a cabeça em uma pedra após uma queda de cavalo.

Dona Teodora vivia na reserva com uma filha, de 65 anos, e juntas realizavam os trabalhos de cuidar das lavouras de milho, mandioca, amendoim e feijão, sua dieta básica, mantida pela incrível manutenção dos dentes, descritos no texto como ainda em ótimo estado.

O segredo para a longevidade para a anciã, que tinha aversão a médicos, injeções e remedios, era o chá de 'tapequê', planta conhecida como amarra-pinto, que dá em todo o lugar, e cujo chá era consumido diariamente pela índia. A fé na bebida, consumida pura, vinha da mãe, curandeira em sua aldeia.

Apesar de ter filhas morando em Campo Grande, Dona Teodora ia pouco à cidade. Apesar dos apelos da Fundação Nacional do Índio (Funai) para que aparecesse na televisão e tivesse sua história registrada, o relato do Correio é o único existente da idosa.

SUPERCENTENÁRIOS

A tal idade falada de Dona Teodora é impressionante se considerarmos que a expectativa de vida dos brasileiros saltou de 62 anos naqueles anos 1970 para 73 na década atual, segundo o IBGE.

Casos de 'supercentanários' como são chamados os idosos com mais de 110 anos, tornaram-se comuns no Brasil nas últimas duas décadas, segundo relatos da prórpia imprensa. Mas o próprio instituto pede cautela.No mundo inteiro, só um caso de longevidade para além dos 120 anos foi comprovado, uma francesa, com 122 anos.

Para o IBGE, alguns pontos explicam a condição: a falta de documentos. Seja por morarem longe dos centros urbanos, pela dificuldade de haver representatividade oficial do governo brasileiros em certas localidades e até a própria mudança de Império para República na virada do século.

Em outubro de 2007, o Instituto Nacional do Seguro Social referia haver 159 supercentenários no Brasil, correspondendo a cerca de um supercentenário por milhão de habitantes. O Japão, o país com a maior esperança de vida do mundo, tem uma proporção seis vezes inferior.

Este fenômeno ainda não foi estudado cientificamente. Até o presente, três alegações de idade superior a 110 anos foram reconhecidas pela Gerontology Research Group (GRG) no Brasil. Entre elas, Maria Gomes Valentim, uma ex-escrava, foi considerada a pessoa mais velha mais velha do mundo em sua morte, com 129 anos, no interior mineiro.

O último caso no Brasil que aguarda resposta e está sob analise é a da paranaense Maria Olívia da Silva, que em julho de 2010 com 130 anos e pode ser a mulher mais velha do Brasil e do mundo.

A paranaense Maria Olívia da Silva, morreu com 130 anos em 2010 e pode ser considerada o brasileiro mais longevo da historia (Reprodução)

A população mais velha que foi alvo de estudos estatísticos relevantes foi a dos centenários, abrangendo assim, além dos supercentenários, as pessoas com idades entre os 100 e os 109 anos de vida.

Este estudo, feito no Brasil em 2008, compara a proporção entre o número de pessoas com 85 anos e o número de pessoas centenárias. Em 1991, essa proporção foi de 16% no Brasil. Sendo verdade este valor, o Brasil ficaria num destacadíssimo primeiro lugar, entre os países estudados, ficando os Estados Unidos (o segundo) com modestos 5,8%. 

O mesmo estudo, tentou estimar o número real de centenários, usando métodos estatísticos. Consoante a região do País, o número de centenários declarados no censo de 2000 poderia ser entre duas e 16 vezes maior que o número real. O estudo conclui que no Brasil há uma tendência para estimar por excesso as idades das pessoas muito idosas. Ou seja, muitas pessoas podem alegar ter 100, 110 ou mesmo 120 anos de idade, mas na realidade são muito mais novas.

Embora estatisticamente não faça sentido haver um tão grande número de supercentenários no Brasil, não se poderá ter a certeza absoluta de que cada uma destas pessoas esteja a mentir. Os especialistas da GRG admitem que as afirmações de idades para além dos 120 anos têm uma probabilidade não nula de ser verdadeiras. Considera-se como limite da plausibilidade os 130 anos de idade. Como Dona Teodora.

BOAS FESTAS

A coluna entrará em um breve e merecido recesso de final de ano amigos. Desejamos a todos ótimas festas. Esse escriba agradece, de coração, a todos que nos acompanharam, elogiaram e fizeram colocações sobre os textos publicados até aqui. Muito obrigado pela confiança em nosso trabalho. Em 2019 voltaremos trazendo a vocês semanalmente as melhores histórias já publicadas nas páginas do Correio do Estado. Compartilhe com todos e nos ajude com sugestões e comentários. E feliz Natal e Ano Novo a todos!

*Rotineiramente nossa equipe convida você, leitor, a embarcar com a gente na máquina do tempo dos 64 anos de história do jornal mais tradicional e querido de Mato Grosso do Sul para reviver reportagens, causos e histórias que marcaram nossa trajetória ao longo desse rico período. Você encontrará aqui desde fatos relevantes à história do nosso Estado até acontecimentos curiosos,que deixaram nossas linhas para fomentar, até hoje, o imaginário da população sul-mato-grossense. Embarque com a gente e reviva junto conosco o que de melhor nosso arquivo tem a oferecer.

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Abolição do Estado

Saiba quem são os militares de MS indiciados pela PF por tentativa de golpe

De general da reserva a coronel que compôs tropas dos Black Kids e era "braço direito" do ajudante de ordens Mauro Cid

21/11/2024 18h22

À esquerda, o general da reserva Laércio Virgílio e, à direita, o coronel Bernardo Romão Corrêa Neto, que comandou o 10º R C Mec em Bela Vista e, posteriormente, foi para o pelotão dos Black Kids

À esquerda, o general da reserva Laércio Virgílio e, à direita, o coronel Bernardo Romão Corrêa Neto, que comandou o 10º R C Mec em Bela Vista e, posteriormente, foi para o pelotão dos Black Kids Reprodução Redes Sociais

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A Polícia Federal (PF) indiciou nesta quinta-feira (21) 37 pessoas envolvidas na tentativa de golpe após a vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 2022.

Entre os indiciados, que irão responder por ebulição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa, estão um general da reserva e um coronel que compõe o pelotão conhecido como Black Kids de Goiás.

À esquerda, o general da reserva Laércio Virgílio e, à direita, o coronel Bernardo Romão Corrêa Neto, que comandou o 10º R C Mec em Bela Vista e, posteriormente, foi para o pelotão dos Black KidsReprodução Redes Sociais

Virgílio

O general da reserva Laércio Virgílio, de 70 anos, conforme a quebra de sigilo telefônico, mantinha contato com uma elite de militares cujo grupo ficou conhecido como “alta patente”.

O relatório da investigação, que foi tornado público, apontou conversas que ele teve com Ailton Gonçalves Moraes Bastos, com quem serviu na Brigada de Paraquedistas no Rio de Janeiro e também no 9º GAC, em Nioaque, no ano de 1999.

Em uma troca de mensagens com Ailton (que também foi indiciado), chegou a dizer abertamente que é “momento de ação”; veja:

"O meu próximo áudio agora, assim, vai te dar o conceito da operação, entendeu? O conceito da operação. Que tem que ser executado. Num... num... num tem mais, assim: não, será, que não será, o que que vai... Foda-se! Agora, entendeu, é ação. Então, esse próximo áudio, também, além do ZERO UNO, aí tem que ser passado pra todo aquele pessoal que você passa sempre, entendeu? Então agora, negão, é... assim... a... Já estamos em guerra, né? Só que agora é a... assim... Temos que executar essas ações. Vou dar o conceito da operação. É... A execução eu não tô mais em condições de fazê-la, senão eu ia até aí pra comandar essa porra aí dessa operação que eu vou falar agora pra você."

  • Entenda: “Zero Uno” é a forma como ambos se referiam ao ex-presidente Jair Bolsonaro.

Ailton Gonçalves Moraes Barros, militar reformado com quem o general de Mato Grosso do Sul mantinha um contato estreito, chegou a ser eleito suplente de deputado estadual pelo PL do Rio de Janeiro. Terminou preso pela Polícia Federal, acusado de atuar na inserção no sistema de dados ilegais do cartão de vacina da Covid do ex-presidente. Ele está entre os indiciados.

À esquerda, o general da reserva Laércio Virgílio e, à direita, o coronel Bernardo Romão Corrêa Neto, que comandou o 10º R C Mec em Bela Vista e, posteriormente, foi para o pelotão dos Black KidsReprodução Redes Sociais

Corrêa Neto

O coronel Bernardo Romão Corrêa Neto comandou também o 10º Regimento de Cavalaria Mecanizado (10º R C Mec) em Bela Vista e permaneceu no cargo até 12 de janeiro de 2022, quando passou o comando e seguiu para compor os Black Kids em Goiás.

Corrêa Neto atuou na preparação e seleção de militares formados no curso das Forças Especiais (Black Kids) que agiriam durante a tentativa de golpe de Estado.

Bernardo é apontado pela Polícia Federal como homem de confiança do tenente-coronel Mauro Cid, o ajudante de ordens do ex-presidente Bolsonaro.

Saiba: Enquanto o general Laércio Virgílio fazia parte do núcleo considerado como "inteligência" que discutia o engendramento do golpe com militares de alta cúpula, o coronel Bernardo Romão Corrêa Neto conduziria a tropa dos Black Kids, considerada elite do exército com formação pelo Curso de Operações Especiais.

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Coxim

Ex-sargento da PM é preso por estuprar a neta há oito anos

O crime aconteceu em 2016, quando o ex-sargento da PM abusou de sua neta quando tinha 10 anos

21/11/2024 17h30

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60ed556e 45ab 4bd5 8e7d 46b2d04365e4 1536x1152 PCMS/ Divulgação

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Ex-sargento da Polícia Militar, de 69 anos, foi preso nesta quinta-feira (21), condenado por estuprar a própria neta há 8 anos, no município de Coxim, a 253 quilômetros de Campo Grande.

Conforme informações da Polícia Civil, o crime aconteceu em 2016, quando a vítima, sua neta, tinha 10 anos de idade e foi estuprada pelo suspeito, que é um 3º Sargento aposentado da Polícia Militar. 

A ação, que contou com o apoio da guarnição do 5º Batalhão da Polícia Militar, também teve o auxílio da DAM (Delegacia de Atendimento à Mulher) de Coxim.

O ex-sargento da policial militar está à disposição da justiça. Ele deve cumprir pena de abuso sexual, crimes de estupro praticado por menos que deve ultrapassar 18 anos de prisão

Como denunciar 

Polícia Miliar - 190: quando a criança está correndo risco imediato
Samu - 192: para pedidos de socorro urgentes
Delegacias especializadas no atendimento de crianças ou de mulheres
Qualquer delegacia de polícia
Disque 100: recebe denúncias de violações de direitos humanos. A denúncia é anônima e pode ser feita por qualquer pessoa
 

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