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Tensão

Índia e Paquistão trocam acusações sobre ataques de drones em meio a escalada militar

Nas capitais dos países, ficou claro que o risco de escalada estava longe de acabar.

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A Índia e o Paquistão trocaram acusações nesta quinta-feira, 8, após uma nova onda de ataques durante a madrugada entre os dois países. Nova Délhi disparou drones matando pelo menos dois civis, informou o Exército paquistanês.

A Índia, por sua vez, acusou o vizinho de tentar realizar seu próprio ataque, enquanto as tensões aumentavam entre os rivais com armas nucleares.

A Índia reconheceu ter atacado o sistema de defesa aérea do Paquistão, e Islamabad afirmou ter abatido mais de 20 drones indianos. A Índia afirmou ter "neutralizado" as tentativas do Paquistão de atingir alvos militares. Não foi possível verificar as alegações.

Os ataques ocorreram um dia depois de mísseis indianos atingirem vários locais no Paquistão, matando 31 civis, segundo autoridades paquistanesas.

Nova Délhi justificou estar retaliando depois que homens armados mataram mais de duas dúzias de pessoas, a maioria turistas hindus, na Caxemira controlada pela Índia no mês passado. A Índia acusou o Paquistão de estar por trás do ataque. Islamabad nega.

Os dois países, separados um do outro no fim do domínio colonial britânico em 1947, travaram várias guerras, com o principal ponto crítico sendo as disputas sobre a região himalaia da Caxemira, dividida entre eles.

Ambos os lados também trocaram ataques pesados através de sua fronteira na Caxemira, e o Paquistão alegou ter matado dezenas de soldados indianos. Não houve confirmação da Índia.

Na Caxemira indiana, moradores da cidade de Jammu relataram ter ouvido explosões e sirenes. Shesh Paul Vaid, ex-diretor-geral da polícia da região, disse que houve um apagão total em Jammu após fortes explosões. "Suspeita-se de bombardeios ou ataques com mísseis", escreveu ele nas redes sociais.

Jammu fica perto da Linha de Controle, a fronteira de fato que divide a região da Caxemira entre a Índia e o Paquistão.

O primeiro-ministro do Paquistão, Shehbaz Sharif, prometeu vingar as mortes, gerando temores de que os dois países possam estar caminhando para outro conflito generalizado.

Líderes de ambas as nações enfrentam crescente pressão pública para demonstrar força e buscar vingança, e a retórica acalorada e as alegações conflitantes podem ser uma resposta a essa pressão.

O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, falou com o líder paquistanês nesta quinta e pediu que o Paquistão e a Índia trabalhem em conjunto para acalmar a situação, de acordo com uma declaração do gabinete de Sharif.

A relação entre os países tem sido moldada por conflitos e desconfianças mútuas, principalmente na disputa pela Caxemira. Eles travaram duas de suas três guerras pela região do Himalaia, que é dividida entre eles e reivindicada por ambos em sua totalidade.

Com a tensão elevada, a Índia retirou milhares de pessoas de vilarejos próximos à fronteira altamente militarizada da região. Dezenas de milhares de pessoas dormiram em abrigos durante a noite, disseram autoridades e moradores.

Cerca de 2.000 moradores também fugiram de suas casas na Caxemira administrada pelo Paquistão.

Os ataques

A Índia disparou vários drones Harop de fabricação israelense contra o Paquistão durante a noite de quarta-feira, 7, e a tarde desta quinta (horários locais), 8, de acordo com o porta-voz do exército paquistanês, Tenente-General Ahmad Sharif, que afirmou que 29 foram abatidos. Dois civis morreram e outro ficou ferido quando destroços de um drone abatido caíram na província de Sindh.

Um drone danificou uma base militar perto da cidade de Lahore e feriu quatro soldados, e outro caiu na cidade-guarnição de Rawalpindi, perto da capital, segundo Sharif.

"As forças armadas estão neutralizando-os neste momento", disse ele à televisão estatal paquistanesa.

Em Lahore, o policial local Mohammad Rizwan disse que um drone foi abatido perto do Aeroporto Walton, um campo de aviação em uma área residencial a cerca de 25 quilômetros da fronteira com a Índia, que também contém instalações militares.

O Ministério da Defesa da Índia disse que suas forças armadas "atacaram radares e sistemas de defesa aérea" em vários lugares no Paquistão, incluindo Lahore.

Nova Délhi, por sua vez, acusou o Paquistão de tentar "atacar uma série de alvos militares" com mísseis e drones ao longo da Linha de Controle que divide a Caxemira e outras partes da fronteira.

"Os destroços desses ataques estão sendo recuperados em vários locais", afirmou.

Em uma coletiva de imprensa, o Ministro das Relações Exteriores do Paquistão, Ishaq Dar, rejeitou a alegação da Índia de que Islamabad realizou qualquer ataque no Punjab indiano.

"Essas acusações são uma tentativa de incitar o sentimento antipaquistanês entre a população sikh do Punjab na Índia", disse ele.

O Ministro da Informação do Paquistão, Attaullah Tarar, disse ao Parlamento que, até o momento, o Paquistão não respondeu aos ataques com mísseis da Índia, mas que haverá uma resposta. Mais tarde, na quinta-feira, as autoridades indianas ordenaram um blecaute noturno no distrito de Gurdaspur, no Punjab, que faz fronteira com o Paquistão.

Conversas diplomáticas

Apesar da escalada de violência, autoridades paquistanesas afirmaram que oficiais de segurança de ambos os países haviam feito contato inicial para reabrir a comunicação.

O presidente americano, Donald Trump, também expressou sua disposição em ajudar, já que autoridades americanas disseram que estavam se envolvendo com as lideranças da Índia e do Paquistão para buscar uma resolução pacífica.

Houve sinais promissores de engajamento nesta quinta, incluindo uma série de reuniões diplomáticas em Nova Délhi e Islamabad. Diplomatas de alto escalão do Irã e da Arábia Saudita, atores regionais cruciais com laços estreitos com os dois países em guerra, estiveram em Nova Délhi para reuniões.

A União Europeia afirmou em um comunicado que estava "monitorando de perto e com grande preocupação as crescentes tensões na região e as consequências decorrentes, incluindo a possível perda de mais vidas". Apelou a ambos os lados para "reduzir as tensões e desistir de novos ataques para proteger as vidas civis".

A iniciativa diplomática desta semana estava sendo construída em torno da esperança de que o envolvimento militar mais pesado pudesse ser contido.

Autoridades paquistanesas afirmaram que os conselheiros de segurança nacional de ambos os países estabeleceram "alguma interação" após os ataques iniciais de quarta-feira.

O envolvimento foi mencionado pela primeira vez pelo ministro das Relações Exteriores do Paquistão, Ishaq Dar, em uma entrevista ao canal de notícias TRT. Uma segunda autoridade confirmou o contato, mas disse que foi indireto - sugerindo que havia mediadores envolvidos.

Ainda assim, em ambas as capitais, ficou claro que o risco de escalada estava longe de acabar.

Em Nova Délhi, o governo do primeiro-ministro Narendra Modi informou os representantes dos partidos de oposição sobre a ação militar da Índia, e todas as figuras políticas fizeram uma declaração de apoio à ação do governo.

"Esta é uma operação em andamento", disse o ministro de assuntos parlamentares da Índia, Kiren Rijiju, após a reunião.

No início de seu encontro com seu homólogo iraniano, o Ministro das Relações Exteriores da Índia, S. Jaishankar, disse que as ações do governo contra o Paquistão foram "direcionadas e medidas".

"Não é nossa intenção agravar a situação", disse ele. "No entanto, se houver ataques militares contra nós, não há dúvidas de que eles serão recebidos com uma resposta muito, muito firme "

No Paquistão, a liderança do país também demonstrou uma frente unida. Jornais e redes sociais inundaram com imagens do funeral realizado na quarta-feira para um menino de 7 anos morto nos ataques indianos.

A alta liderança do Paquistão, incluindo o primeiro-ministro, o presidente e o chefe do exército do país, estavam presentes.

Após o funeral, o presidente do Paquistão, Asif Ali Zardari, condenou as ações da Índia como "covardia" e prometeu que elas seriam "repreendidas com ações decisivas". 

INCERTEZAS

Gigante da celulose recua e engaveta projeto de R$ 15 bilhões em MS

No fim de novembro a Eldorado informou que ampliaria o plantio de eucaliptos em 2026 de olho da duplicação da fábrica. Agora, porém, diz que esse aumento não sairá do papel

20/12/2025 16h50

A Eldorado, dos irmãos Batista, funciona em Três Lagoas desde 2012 e existe a previsão de que sua capacidade aumente em 100%

A Eldorado, dos irmãos Batista, funciona em Três Lagoas desde 2012 e existe a previsão de que sua capacidade aumente em 100%

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Depois de anunciar, no final de novembro, que a partir do próximo ano pretendia ampliar de 25 mil para até 50 mil hectares o plantio anual de eculiptos na região de leste de Mato Grosso do Sul, a indústria de celulose Eldorado deixou claro nesta semana que engavetou, pelo menos por enquanto, o projeto de expansão. 

Com o recuou, a empresa, que produz em torno de 1,8 milhão de toneladas de celulose por ano, deixa claro que está adiando a prometida duplicação de capacidade de produção da Eldorado, o que demandaria investimentos da ordem de R$ 15 bilhões US$ 3 bilhões), conforme anunciado em abril do ano passado pelos irmãos Joesley e Wessley Batista, donos da empresa. 

Em entrevista ao site AGFeed, especiliazado em agronegócio, o diretor florestal da Eldorado, Germano Vieira, afirmou que a empresa tem atualmente 305 mil hectares de pantações de eucaliptos na região, mas precisa de apenas dois terços disso para abastecer a fábrica. 

Ou seja, a empresa tem em torno de 100 mil hectares de eucaliptos sobrando e este excedente está sendo vendido ou permutado com a Bracell e a Suzano, que opera duas fábricas do setor na região, em Três Lagoas e Ribas do Rio Pardo. 

Então, caso o comando da Eldorado decida desengavetar repentinamente o projeto da duplicação,  já existe um excedente que seria capaz de abastecer a segunda unidade no período inicial, mesmo que não ocorra o início do plantio extra a partir de 2026, explicou Germano Vieira.

Atualmente são colhidos em torno de 25 mil hectares por ano para abastecer a indústria e o mesmo tanto é replantado, fazendo um giro para que sempre haja florestas "maduras".

São necessários, em média, sete anos para que a planta chegue ao estágio de corte e por conta disso havia a programação de começar o plantio agora (2026) para que houvesse matéria-prima suficiente quando a ampliação da fábrica estivesse concluída. Em três anos é possível fazer a ampliação da indústria, acredita Germando Vieira.  

Uma das explicações para o recuo, segundo a reportagem do AGFeed, é que a Eldorado ainda têm uma série de ajustes financeiros a serem feitos depois que os irmãos Batista conseguiram, em maio deste ano, fechar um acordo e colocar fim a batalha judicial com a Paper Excellence.

Para retomarem o controle total da Eldorado, que funciona em Três Lagoas desde 2012 e havia sido vendida parcialmente em 2017, eles se comprometeram a pagar US$ 2,640 bilhões à canadense Paper, que detinha pouco mais de 49% das ações do complexo industrial.  

Para duplicar a produção, segundo Germando Vieira, serão necessários 450 mil hecteres de florestas. Para chegar a esse montante, a empresa teria que arrendar mais 150 mil hecteres, o que demandaria um investimento da ordem de R$ 180 milhões anuais, já que o arrendamento custa em torno de R$ 1,2 mil por ano por hectare. 

Além disso, somente para o plantio de 25 mil hectares anuais a mais, conforme chegou a ser anunciado, seriam necessários em torno de R$ 220 milhões extras no setor florestal por ano, uma vez que o custo do plantio está na casa dos R$ 8,7 mil por hectare. E isso sem contabilizar os custos com o combate a pragas e combate a incêndios, entre outros. 

No final de novembro, Carlos Justo, gerente-geral florestal da Eldorado, chegou a informar ao site The AgriBiz que 15 mil hectares já haviam sido arrendados para dar início à ampliação do plantiu a partir do próximo ano. 

Preços da celulose

Embora Germano Vieira diga que a demanda mundial por celulose cresça em torno de um milhão de toneladas por ano e por conta disso a Eldorado mantem viva a promessa da duplicação, a empresa pisou no freio em meio à queda nos preços mundiais e ao aumento da oferta. 

Neste ano, o faturamento das três fábricas de Mato Grosso do Sul literalmente despencou. Por conta da ativação da unidade de Ribas do Rio Pardo, que tem capacidade de até 2,55 milhões de toneladas por ano, as exportações de Mato Grosso do Sul aumentaram em 57% nos dez primeiros meses de 2025, passando de 3,71 milhões de toneladas para 5,84 milhões de toneladas. 

Porém, o faturamento cresceu apenas 25,6%, subindo de U$ 2,121 bilhões para U$ 2,665 bilhões. No ano passado, quando a cotação da celulose já não estava nos melhores patamares, o valor médio da tonelada rendeu 570 dólares aos cofres das três indústrias. Neste ano, porém, elas tiveram rendimento médio de apenas 456 dólares, o que representa queda de 20%. 

Em decorrência desta queda nos preços, as indústrias deixaram de faturar em torno de 666 milhões de dólares, ou algo em torno de R$ 3,6 bilhões na moeda local, nos dez primeiros meses deste ano. 

Por conta disso, a Suzano, concorrente da Eldorado, chegou a emitir um alerta no começo de novembro dizendo que os preços internacionais estavam "completamete insustentáveis" e por isso estava reduzindo sua produção em cerca de 3,5%. 

O alerta da Suzano foi feito durante a prestação de contas relativa aos resultados do terceiro trimestre da empresa. E, segundo Leonardo Grimaldi, diretor do negócio de celulose da Suzano, a situação é crítica e “o setor está sangrando há meses”. 

Mas, apresar deste cenário de apreensão, investimentos da ordem de R$ 25 bilhões estão a todo vapor em Inocência, onde a chilena Arauco está instalando uma fábrica que terá capacidade para colocar 3,5 milhões de toneladas de celulose por ano a partir do final de 2027. 

Outra empresa, a Bracell, pretende começar, em fevereiro do próximo ano, em Batagussu, as obras de uma fábrica que terá capacidade para 1,8 milhão de toneladas por ano. Os investimentos previstos são da ordem de R$ 16 bilhões. 


 

MATO GROSSO DO SUL

Em pleno período de chuvas, Hidrelétrica Porto Primavera reduz vazão

Com a barragem mais extensa do País (10,2km), redução segue determinação emitida pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e havia sido anunciadano último dia 12, como medida para garantir a "segurança energética" brasileira

20/12/2025 14h14

Usina Hidrelétrica Engenheiro Sérgio Motta, também conhecida como Porto Primavera

Usina Hidrelétrica Engenheiro Sérgio Motta, também conhecida como Porto Primavera Reprodução/Cesp

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Usina Hidrelétrica Engenheiro Sérgio Motta, também conhecida como Porto Primavera, a unidade começou nesta sexta-feira (19) através da Companhia Energética de São Paulo (Cesp) a redução da vazão, para preservar os estoques de água dos reservatórios da bacia do Rio Paraná. 

Com a barragem mais extensa do País (10,2 km), essa redução segue determinação emitida pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e havia sido anunciada pela Cesp no último dia 12, prevista para começar ainda em 15 de dezembro, como medida para garantir a "segurança energética" brasileira. 

"O patamar mínimo defluente será reduzido de forma gradual e controlada, passando dos atuais 4.600 metros cúbicos por segundo para 3.900 m³/s, seguindo diretrizes operacionais do ONS", cita a Cesp em nota. 

Além disso, a Companhia frisa que, durante o processo, será mantido o plano de conservação da biodiversidade que havia sido aprovado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama), e teve início em maio deste ano, para monitoramento do Rio Paraná justamente nos trechos da jusante - parte rio abaixo - da Porto Primavera até a foz do Ivinhema. 

Ou seja, entre outros pontos, equipes embarcadas formadas por biólogos e demais profissionais especializados, devem trabalhar como os responsáveis por acompanhar a qualidade da água, bem como a conservação e comportamento dos peixes locais enquanto durar a flexibilização da vazão. 

Importante frisar a redução adotada também ao final de novembro (24/11) e mantida até 1° de dezembro, a partir de quando houve a retomada gradativa aos patamares originais. 

Problemas com a vazão

Em épocas passadas, como bem acompanha o Correio do Estado, o controle da vazão em Porto Primavera já trouxe prejuízo e revolta de produtores que chegaram a culpar a ONS pelas fazendas alagadas por mais de quatro meses em Batayporã no ano de 2023, por exemplo. 

Nessa ocasião, o problema começou com a abertura das comportas de Porto Primavera no dia 18 de janeiro de 2023, com a usina avisando a Defesa Civil de Batayporã da liberação de até 14,7 mil metros cúbicos de água por segundo. 

Sendo a maior vazão desde o começo do período chuvoso, as águas se somaram ainda à liberação dos cerca de 3 mil metros cúbicos por segundo do Rio Paranapanema, juntando em torno de 18 mil metros cúbicos por segundo. 

Na linha cronológica em 2023, o problema dos alagamentos começou no final de janeiro, indo até o mês de abril diante do fechamento das comportas em 31 de março. 

Quando a água já havia recuado, saindo de boa parte dos nove mil hectares alagados, as comportas foram reabertas na terceira semana de abril, com vazão máxima de dez mil metros cúbicos.

Depois, o aumento da vazão para até 13 mil metros cúbicos chegou a alcançar 14,7 mil m³, sendo que antes disso o volume anterior já havia sido responsável por invadir casas de moradores locais pela terceira vez no ano. 

Estimativas da Defesa Civil de Batayporã à época apontaram que pelo menos sete mil animais tiveram de ser remanejados na região por causa do mesmo problema. E, mesmo depois que a água baixar, são necessários de dois a três meses para que o pasto cresça e esteja em condições para alimentar os rebanhos. 

 

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