Cidades

DOURADINA

Indígenas permanecem nas terras após conflito; nova reunião agendada para buscar soluções

Durante a reunião com o MPF, a proprietária das terras afirmou que até uma nova reunião não haverá nenhum movimento ou conflito.

Continue lendo...

Após horas de reunião na sede do Ministério Público Federal (MPF), em Dourados, a 221 quilômetros de Campo Grande, ficou acordado que os indígenas continuarão nas terras até a próxima reunião, agendada para o dia 29 deste mês.

De acordo com o MPF, a proprietária das terras afirmou que não haverá qualquer movimentação ou conflito, tanto por parte dos produtores rurais quanto dos Kaiowá e Guarani, até que uma solução consensual seja alcançada entre as partes.

Em nota à imprensa, o Ministério Público Federal (MPF) informou que estará monitorando o caso por meio de diligências na região.

O conflito ocorrido no último domingo (21) em uma propriedade privada está situado entre duas áreas já ocupadas, denominadas Gwa’aroka e Guyra Kambiy.

Conforme relato de indígenas ao Ministério Público Federal (MPF), durante o final de semana houve uma tentativa de ocupação de parte da área reivindicada como território tradicional pelos Guarani e Kaiowá.

Devido a esse atrito, os proprietários rurais teriam se unido e formado um comboio com várias caminhonetes para realizar a reintegração de posse, portando fogos de artifício e armas de munição letal e não letal. Dois indígenas foram feridos, conforme verificado pelo MPF.

Diante das situações, na última segunda-feira, fiscais do MPF estiveram na região para uma reunião entre as partes envolvidas no conflito e instituições com atribuição para atuar junto aos povos tradicionais e comunidades indígenas. O encontro ocorreu na sede do MPF em Dourados, ao longo da tarde, com o intuito de mediar uma solução para cessar o conflito armado e a violência.

Estiveram à mesa representantes do MPF, do Ministério dos Povos Indígenas, da Advocacia Geral da União, da Defensoria Pública da União, da FUNAI, da bancada parlamentar federal e estadual de Mato Grosso do Sul (incluindo a senadora Tereza Cristina, os deputados federais Rodolfo Nogueira e Marcos Polon, e os deputados estaduais Gleice Jane, Coronel Davi e Renato Câmara), do Governo do Estado (representado pela Secretaria de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos e pela Secretaria de Estado de Segurança Pública), o jurídico dos indígenas, por meio da Aty Guasu, a Assembleia Geral do povo Kaiowá e Guarani, e entidades locais representativas dos produtores rurais.

Também participaram da reunião representantes da comunidade indígena Panambi Lagoa Rica. No entanto, os indígenas se sentiram intimidados por um ato ocorrido em frente à sede do Ministério Público Federal, onde os participantes portavam faixas e cartazes com os dizeres "Chega de Invasão!", entre outros. Em razão disso, optaram por aguardar o desfecho na sede da FUNAI, em Dourados.

Ainda de acordo com a Polícia Federal, durante a reunião chegou-se a uma solução provisória: a comunidade indígena, composta por cerca de 100 famílias, permanecerá na área de ocupação, porém, em um perímetro delimitado a 150 hectares, que pertence a uma produtora rural que estava presente na reunião.

Segundo a proprietária do local, não haveria interação com os indígenas, mas ela reivindica judicialmente a posse da terra. Esta solução provisória visa, primordialmente, a saída da comunidade da propriedade onde teve origem o conflito no domingo, que resultou em indígenas feridos.

Além da apresentação desta proposta, ficou acordado entre os presentes que não haverá qualquer movimentação ou conflito, tanto por parte dos produtores rurais quanto dos Kaiowá e Guarani, até que uma solução consensual seja alcançada entre as partes.

Uma nova reunião foi agendada para o dia 29 de julho, também na sede do MPF, em horário a ser definido.

CONFLITO

Os conflitos fundiários começaram na semana passada (dia 13 de julho), quando o povo Guarani Kaiowá realizou ações com um grupo de 10 pessoas que visava a retomada de território na Lagoa Rica/Panambi. Segundo relatos, pelo menos 10 caminhonetes conduzidas por pessoas armadas foram até o local revindicado, com intenções de intimidar os indígenas que ali estavam.

Dentro desta movimentação de carros que cercaram os guarani kaiowá, um fazendeiro que estava junto de outro homem armado abaixou o vidro do carro e efetuou disparos em direção ao grupo de retomada. A bala atingiu um dos indígenas na região da coxa. 

Após a denuncia deste ataque o Governo Federal enviou para a região uma comitiva para garantir a segurança dos indígenas Guarani Kaiowá de Douradina e Caarapó, que sofreram com os ataques.

Por meio de articulação do MPI, o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, assinou  uma portaria que autorizou o envio da Força Nacional de Segurança Pública para as áreas de conflito. Os agentes estão no território para realizar rondas noturnas nas terras disputadas.

Participaram da operação as equipes do Ministério dos Povos Indígenas, do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), Ministério Público Federal (MPF), Polícia Rodoviária Federal (PRF), Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos, Defensoria Pública, além da Secretaria de Cidadania do Estado. 

A autorização do emprego da Força Nacional segue com prazo de 90 dias, podendo ser renovada para mais 180 dias na região do Conesul sul-mato-grossense.

TERRAS DEMARCADAS
O Território Indígena Panambi-Lagoa Rica já é uma terra oficialmente reconhecida, identificada e delimitada com 12,1 mil hectares no ano de 2011. 

Apesar das áreas revindicadas já estarem delimitadas e reconhecidas como território originário com estudos antropológicos, análises estão sendo feitas pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) referente a aplicação, ou não, da tese do marco temporal nestes territórios, travando a homologação da demarcação.

FICARAM ESCONDIDOS

Clima seco influenciou a redução de acidentes com escorpiões na Capital

O número de relatos de picada do animal diminuiu 6% no ano passado em Campo Grande, em comparação com 2023

02/01/2025 09h30

Escorpiões gostam de tempo quente e úmido; o ano passado, por ter sido o mais seco da história na Capital, teve menos acidentes

Escorpiões gostam de tempo quente e úmido; o ano passado, por ter sido o mais seco da história na Capital, teve menos acidentes Foto: Paulo Ribas / Correio do Estado

Continue Lendo...

A diminuição do número de casos de acidentes domésticos por picada de escorpião entre 2023 e 2024 pode estar relacionada ao tempo seco que perdurou em boa parte do ano em Campo Grande. Matéria do Correio do Estado mostrou que o ano passado foi o mais seco de toda a série histórica do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).

De acordo a Secretaria Municipal de Saúde (Sesau), dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) mostram que, em 2024, foram registrados 1.359 casos de picadas de escorpião, sem ocorrência de óbitos em Campo Grande, e que, em 2023, foram registrados 1.477 casos.

A redução de 6% pode estar atrelada, entre outros motivos, à baixa umidade na Capital, que deixou o ambiente das residências inapto para o aparecimento de escorpiões.

É o que informa à reportagem do Correio do Estado o professor adjunto do Instituto de Biociências da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) Malson Neilson de Lucena.

“Os escorpiões preferem clima quente e úmido, como vemos agora no verão. Consequentemente, apresentarão maior atividade e, assim, maior a probabilidade de acidentes. Quando o clima fica mais seco, os escorpiões diminuem a atividade para gastar menos energia e são registrados menos acidentes”, informou.

O professor bioquímico, especializado em pesquisas sobre peçonhas (venenos) de animais, também ressalta outros fatores que alteram o comportamento dos escorpiões. 

“É importante ressaltar que, além do clima, a disponibilidade de alimento e queimadas também afetam a ocorrência dos acidentes com escorpiões”, afirmou.

Conforme informado no livro “Conhecendo os Escorpiões: Um Guia para Entender como Prevenir os Acidentes com Escorpiões”, da Editora UFMS, o período de maior ocorrência de acidentes varia de acordo com as condições climáticas e ambientais da região. 

Contudo, dadas as condições gerais, o maior número de acidentes ocorre entre outubro e janeiro. No geral, esses são os meses mais quentes e chuvosos do ano. 

A alteração comportamental ocorre em razão da preferência desses animais por ambientes com essas características, ficando mais ativos e, consequentemente, ocorrendo mais contatos e acidentes envolvendo humanos.

De acordo com dados do Centro de Informações e Assistência Toxicológica (Ciatox), em parceria com a Secretaria de Estado de Saúde (SES), Mato Grosso do Sul registrou, entre janeiro e outubro de 2023, 3.623 ataques de escorpiões, sendo 311 no último mês do levantamento.

Naquele ano, Campo Grande liderou o ranking das cidades de Mato Grosso do Sul com mais notificações de acidentes.

Segundo o professor Malson de Lucena, duas espécies conhecidas como escorpião-amarelo são as mais encontradas no perímetro urbano em Mato Grosso do Sul, a Tityus confluens, que é pouca estudada, e a Tityus serrulatus, que tem um veneno perigoso. 

Ao todo, em Mato Grosso do Sul, já foram descritas 16 espécies de escorpiões. 

Conforme informa o guia “Conhecendo os Escorpiões”, entre esses animais existem espécies endêmicas, como o escorpião Tityus paraguayensis, que no território brasileiro ocorre apenas em MS.

CENÁRIO NACIONAL

Conforme pesquisa recente do Ministério da Saúde, em 2023, dos cerca de 340 mil acidentes registrados envolvendo animais peçonhentos, mais de 200 mil foram ocasionados por escorpiões.

A presença de escorpiões em áreas urbanas é uma preocupação crescente, especialmente em regiões onde o acúmulo de entulho e lixo e a falta de limpeza adequada criam ambientes propícios para sua proliferação.

Segundo o biólogo Bruno Conde, professor do curso de Medicina Veterinária da Faculdade Estácio, o aumento de avistamentos desses animais está diretamente ligado à criação de condições favoráveis, como locais escuros e úmidos.

ORIENTAÇÕES

A Sesau passou algumas orientações para evitar acidentes com escorpiões e como lidar se for picado pelo animal peçonhento.

Se for picado, a orientação é: lavar o local da picada com água e sabão; procurar uma unidade de saúde imediatamente; e, se possível, capturar o escorpião com segurança ou fotografá-lo para facilitar a identificação.

A Vigilância em Saúde da Sesau também reforça que picadas em crianças menores de 7 anos e idosos exigem mais atenção, em função do risco de complicações. Também não se deve aplicar substâncias, fazer torniquetes ou realizar sucção após a picada.

Quanto a medidas preventivas, a Coordenadoria de Controle de Zoonoses (CCZ) orienta vedar de ralos e frestas, utilizar grelhas com telas em ralos e manter portas e janelas bem vedadas e evitar o acúmulo de entulhos, restos de construção, folhas secas e lixo, que podem servir de abrigo para escorpiões.

Dentro de casa, a orientação é verificar roupas, calçados e toalhas antes de usá-los, afastar camas e berços das paredes e evitar que lençóis toquem o chão.

SAIBA

A Coordenadoria de Controle de Zoonoses (CCZ) realiza vistorias em locais com infestação. Para agendamentos, a população pode contatar a CCZ pelos telefones (67) 2020-1796, (67) 2020-1802 ou (67) 3313-5000, pelo WhatsApp (67) 2020-1796 ou pelo e-mail [email protected].

Assine o Correio do Estado

CAMPO GRANDE

Prefeita assume com o desafio de resolver novela do transporte

O novo mandato de Adriane Lopes iniciou ontem, e a gestora terá logo de cara um velho problema pela frente: o reajuste do passe de ônibus e a briga com a concessionária

02/01/2025 09h00

Passe de ônibus hoje na Capital custa R$ 4,75, mas reajuste extra pode impactar  e muito  esse valor

Passe de ônibus hoje na Capital custa R$ 4,75, mas reajuste extra pode impactar e muito esse valor Foto: Gerson Oliveira / Correio do EStado

Continue Lendo...

A prefeita Adriane Lopes (PP) tomou posse para mais quatro anos na Prefeitura de Campo Grande. Ela terá pela frente, porém, velhos problemas para resolver, como a briga que já dura anos com o Consórcio Guaicurus, responsável pelo transporte coletivo urbano da Capital.

O serviço – já indo para o 13º ano da concessionária – deve receber o reajuste da tarifa pública de ônibus e também deve definir o valor da tarifa técnica, que baseia o subsídio às gratuidades concedidas na cidade.
Segundo a prefeita, a definição dos reajustes devem ser tomados “nos próximos dias”, contudo, ela não deu a data para que isso ocorra.

“[Isso] vai ser avaliado pela nossa equipe técnica nos próximos dias, e [o valor do aumento] será definido nas próximas semanas”, limitou-se a dizer Adriane Lopes, durante a sua posse.

O principal problema é referente a um possível aumento acima do previsto para a passagem de ônibus, uma vez que – de acordo com matéria do Correio do Estado publicada em dezembro de 2024 – o Superior Tribunal de Justiça (STF) derrubou a decisão que impedia um aumento que poderia levar o passe de ônibus a custar quase R$ 8,00.

Conforme a reportagem, o STJ considerou nula a decisão do presidente do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS), Sérgio Fernandes Martins, no pedido de suspensão de liminar ingressada pela Prefeitura de Campo Grande contra decisão que favorecia o Consórcio Guaicurus.

Em fevereiro do ano passado, Martins anulou a decisão do desembargador Eduardo Machado Rocha, da 2ª Câmara Cível do TJMS, que considerou válido o pedido do Consórcio Guaicurus, o qual requeria o estabelecimento da data-base para o reajuste da tarifa de ônibus em outubro e também o reequilíbrio do contrato.

Com a medida, a tarifa técnica do transporte coletivo na Capital pode saltar dos atuais R$ 5,95 para R$ 7,79, o que deve impactar o valor pago hoje pelo usuário do serviço.

Esse imbróglio começou em outubro de 2023, quando a juíza Cíntia Xavier Letteriello, da 4ª Vara de Fazenda Pública e Registros Públicos de Campo Grande, acatou um pedido do Consórcio Guaicurus em ação que solicitava o reajuste extra e a manutenção da data-base para outubro, como havia ficado estabelecido no contrato de concessão de 2012.

Ainda em dezembro de 2023, o desembargador Eduardo Machado Rocha cassou a decisão, acatando argumento de que os empresários, ao contrário do que alegavam, estavam obtendo lucros acima do previsto em contrato. Mas o mesmo magistrado, em janeiro do ano passado, voltou atrás e manteve a decisão da juíza de primeiro grau.

Foi então que a prefeitura entrou com um pedido de suspensão de liminar ao presidente do TJMS. Martins concordou com o fato de que a medida poderia resultar em um aumento exorbitante na tarifa de ônibus e acabou derrubando a decisão do seu colega desembargador.

Entretanto, o processo ficou parado no STJ até ser julgado pela Corte Especial, o que ocorreu em novembro do ano passado. Com a decisão de anular a decisão de Martins, o presidente do TJMS reconheceu a sentença e deu fim à reclamação feita pela prefeitura, o que abre margem para, agora, ocorrer um novo reajuste – dessa vez muito superior aos dos últimos anos.

No processo que corre na 4ª Vara de Fazenda Pública e Registros Públicos de Campo Grande, para onde a ação voltou, as empresas pedem que a decisão deva ser executada, porém, ainda há necessidade de decisão da juíza do caso.

SAIBA

O que pode apaziguar a situação é a troca de comando no Consórcio Guaicurus, uma vez que, no dia 6, Themis de Oliveira assume a presidência do grupo, no lugar de João Resende, o qual estava no cargo desde 2012.

Assine o Correio do Estado

NEWSLETTER

Fique sempre bem informado com as notícias mais importantes do MS, do Brasil e do mundo.

Fique Ligado

Para evitar que a nossa resposta seja recebida como SPAM, adicione endereço de

e-mail [email protected] na lista de remetentes confiáveis do seu e-mail (whitelist).