Mato Grosso do Sul registrou ontem o maior número de pessoas internadas por Covid-19 desde o início deste ano. O número já pode ser um reflexo das festas de fim de ano e, segundo especialista, caso esse aumento seja ainda maior nos próximos dias, pode levar a um colapso do sistema de saúde, principalmente na Capital.
Segundo dados do boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria de Estado de Saúde (SES) ontem, 647 pessoas estavam internadas com casos confirmados da doença, quase 50 a mais que no dia anterior, quando 598 ocupavam leitos pelo novo coronavírus.
Esse número é o maior referente a internações de casos confirmados neste ano. A última vez que a ocupação chegou nesse patamar foi no boletim epidemiológico do dia 1º de janeiro, quando 652 pessoas estavam em leitos.
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Esses dados, porém, eram referentes ao dia 31 de dezembro, portanto, não refletia o cenário de 2021.
Esse aumento já pode ter relação com as festas de fim de ano, já que a média de tempo que leva para que pacientes necessitem de leitos após serem diagnosticados com a doença é de até 15 dias.
Atualmente, Mato Grosso do Sul vive um platô da doença, porém, com números muito elevados, com mais de 20 mortes diárias e quase mil casos confirmados por dia.
Segundo o médico infectologista Julio Croda, pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e um dos estudiosos da Covid-19, a partir desta semana o Estado pode começar a sentir os reflexo das festas de fim de ano e, caso tenham acontecido muitas aglomerações, pode haver um “boom” de casos e internações.
“Ainda não sabemos o real impacto das festas de fim de ano, isso demora, pelo menos, até 15 dias. Então já estava em platô muito elevado e se tiver qualquer aumento considerável, pode faltar leito. O problema é manter nesse limite tênue, com muito pouca margem para atender um futuro aumento, se tiver ‘boom’, não vai ter capacidade de atender”, alertou.
HOSPITALIZADOS
Conforme o infectologista, dados estatísticos mostram que mais da metade das pessoas que se hospitalizam vão precisar de uma unidade de terapia intensiva (UTI). “É uma doença que muitos pacientes precisam de UTI e tem um tempo longo de internação, então qualquer variação para cima [no número de leitos ocupados] pode saturar sistema”.
Croda completou dizendo que torce para que “não haja aumento”. Queremos ver isso ao longo de janeiro, uma estabilização com queda, mas também podemos ter uma estabilização com alta, há dias que não atingimos limite de 80% da ocupação dos leitos na Capital”.
Conforme dados do sistema Mais Saúde, do governo do Estado, ontem, Campo Grande tinha 95% de ocupação das vagas de UTI específicas para Covid-19.
No Hospital Regional de Mato Grosso do Sul, a unidade de referência para tratamento da doença no Estado, o setor chegava a 123% de lotação, ou seja, a unidade está com mais pacientes do que sua capacidade normal de atendimento.
BOLETIM
Mato Grosso do Sul registrou ontem mais 1.095 novos casos e 22 mortes. Com isso, o Estado chegou aos 146.143 episódios de Covid-19 e 2.609 óbitos pela doença, de acordo com dados do boletim epidemiológico.
Com essa atualização, a média móvel de casos dos últimos sete dias ficou em 998,7 diários. Já a média móvel de óbitos estava ontem em 21,4. A taxa de letalidade é de 1,8 e a taxa de contágio do vírus era de 1,02.
Ontem, em isolamento domiciliar havia 12.745 doentes. Recuperados somavam 130.142.
Entre os municípios com mais casos registrados estavam: Campo Grande, com 310 novos casos; Dourados, com 202; Corumbá, 56; Três Lagoas, 56; Ponta Porã, 38; Anastácio, 35; Maracaju, 29; Naviraí, 28; Itaquiraí, 26; Aquidauana, 22; e Ivinhema, 21.
As cidades que apresentaram mortes em 24 horas ontem foram: Campo Grande, que foi responsável por quase metade dos casos, 10 óbitos; Dourados, com 3; Jardim, 3; Batayporã, 1; Naviraí, 1; Tacuru, 1; Nova Andradina, 1; Maracaju, 1; e Dois Irmãos do Buriti, 1.