Cidades

Campo Grande

Júri condena Jamil Name Filho a 23 anos e 6 meses de prisão por execução de jovem estudante

Herdeiro do clã dos Name, que chegou a afirmar que promoveria a "a maior matança da história de MS" será submetido a sua primeira pena por pistolagem; outros dois capangas também foram condenados

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O corpo de jurados da 1ª Vara do Tribunal do Júri de Campo Grande condenou a 23 anos e seis meses de prisão Jamil Name Filho, o herdeiro do clã amado por uns e temido por muitos, por ser o mandante do assassinato do estudante de Direito Matheus Coutinho Xavier em 9 de abril de 2019, no Bairro Bela Vista, em Campo Grande. 

O ex-guarda municipal Marcelo Rios, também foi condenado pela execução do garoto, a de prisão. Os jurados aceitaram a tese do Ministério Público de Mato Grosso do Sul que ele teve papel de intermediário no fuzilamento do rapaz no portão de casa. 

Vladenilson Daniel Olmedo também está condenado pelo Tribunal do Júri: ele foi submetido a uma pena de pena de 21 anos e 6 meses pelo corpo de jurados. O julgamento teve início da segunda-feira (17) pela manhã, e foi encerrado nesta quarta-feira (19) pouco depois das 23h. 

A defesa dos três acusados promete recorrer da sentença. Ambos deverão cumprir a pena incumbida pelo Tribunal do Júri em regime fechado, estabeleceu o titular da 1ª Vara do Tribunal Júri, Aluizio Pereira dos Santos. 

A condenação de Jamil Name, que foi apontado como mandante de outros dois assassinatos, e pode enfrentar mais um juri: o de Marcel Colombo, o Playboy da Mansão, é a primeira de um integrante do clã Name por crimes de pistolagem.

No contexto da Operação Omertá da Polícia Civil, uma interceptação telemática de Jamil Name Filho em conversa com sua ex-mulher, foi captada as seguintes frases proferida por ele: “a matilha é minha”; “vai ser a maior matança da história de MS: de picolezeiro a governador”. 

Durante o julgamento, Jamil Name Filho não negou a frase, mas justificou ter bebido Frontal (alprazolam, medicamento para dormir profundamente) com cerveja para escrever tal declaração.

Os jurados, porém, não acreditaram nas versões de Name Filho, que negou a autoria de mandar fuzilar o rapaz, e de sua defesa, que pregou falta de provas. 

As penas:

Jamilzinho

Jamil Name Filho, o Jamilzinho, foi condenado a 20 anos de prisão pelo homicídio duplamente qualificado: o motivo torpe e o emprego de recursos que dificultaram a defesa da vítima. Além disso, foi condenado por posse ilegal de arma de fogo (um fuzil AK-47, de calibre 7,62) a 3 anos e 6 meses de prisão e o pagamento de 60 dias multa, que representam 1/15 do salário mínimo à época do crime. 

Vlad

Vladenilson Daniel Olmedo, policial civil e apontado como capanga de Jamilzinho, que além de policial, também trabalhava para a Família Name, foi condenado a 18 anos pela morte do rapaz, por ter atuado como intermediário do crime.

Foi ele que fez o monitoramento para fazer a tocaia para o policial militar reformado Paulo Xavier, que na época também trabalhava para os Name e era o alvo do atentado. Matheus foi atingido por engano ao manobrar a caminhonete do pai no portão de casa. 

Vlad, como é conhecido no meio policial e na Família Name, também foi condenado a 3 anos e 6 meses pelo porte do fuzil que matou o rapaz.

Ele e o ex-guarda municipal de Campo Grande, Marcelo Rios, fizeram a logística do assassinato, repassando o armamento para os executores: Juanil Miranda Lima, que não foi mais visto desde que a organização dos Name desconfiou que estava sendo monitorada pela Polícia Civil, e José Moreira Freire, o Zezinho, pistoleiro que morreu em troca de tiros com a polícia no Rio Grande do Norte.

Vlad e Jamilzinho foram absolvidos de outra acusação feita pelo Ministério Público neste mesmo processo: a receptação de um Chevrolet Onix, usado pelos executores de Matheus Xavier. O carro foi encontrado queimado em 10 de abril de 2019, dia seguinte ao assassinato.

Marcelo Rios

Marcelo Rios não foi absolvido de nada, mas ainda assim, teve sua pena menor que a de Jamilzinho: somadas, suas três condenações (homicídio duplamente qualificado: 18 anos; receptação: 1 ano e 6 meses; e posse ilegal de arma de fogo: 3 anos e 6 meses) somam 23 anos. Inferior aos 23 anos e 6 meses de Jamilzinho.  

Jamil Name Filho, Vladenilson Olmedo e Marcelo RiosJamilzinho, Vlad e Marcelo Rios/ Foto:Marcelo Victor

Outras condenações

Com a condenação da noite desta quarta-feira, Jamilzinho chega a 46 anos e 10 meses de condenação. Ele já está condenado por outras acusações no contexto da Operação Omertá, mas ainda responde a outros processos envolvendo supostos crimes envolvendo as atividades da Família Name. 

Seis meses após a morte do pai, a Justiça condenou, pela primeira vez, Jamil Name Filho a cumprir quatro anos e seis meses de prisão, acusado de ser proprietário de um arsenal de 26 armas apreendidas durante a investigação para esclarecer a morte de Matheus.

Ele também foi condenado a 12 anos e oito meses de prisão, no fim de junho de 2022, por tomar a casa de um casal em razão de um empréstimo de R$ 80 mil.

A terceira condenação saiu em julho de 2022 e determinou mais seis anos de cadeia. A Justiça aceitou a denúncia de organização criminosa porque ele tinha a seu serviço um pequeno batalhão de pistoleiros para executar uma série de crimes. Somadas, as penas chegam a 23 anos de prisão.

E começa a Ormetá...

A execução por engano de Matheus Coutinho Xavierdesencadeou todo o trabalho de investigação da força-tarefa, que foi criada, justamente após este crime. A crise interna gerada na clã dos Name pela execução por engano facilitou o trabalho das equipes de investigação. 

Foi no final de abril, depois do depoimento de um técnico de informática à Delegacia Especializada de Homicídios da Polícia Civil, que seguia remotamente os passos de Xavier, que o motorista Juanil Miranda Lima e o ex-guarda municipal José Moreira Freires, simplesmente desapareceram. Os policiais do Garras e do Gaeco oferecem recompensa de R$ 2 mil para quem fornecer informações sobre o paradeiro deles. 

No inquérito policial os investigadores alegam que, por causa do engano na execução de Matheus  (o pai dele, Paulo Roberto Xavier era o alvo), a dupla de pistoleiros temia retaliação dos que são apontados como chefe do grupo de extermínio. O estudante foi executado por engano porque foi confundido com o pai ao manobrar a caminhonete dele, uma S-10. 

Após o desaparecimento da dupla, e desconfiados de que os policiais do Garras estavam monitorando os passos da quadrilha, os chefes passaram a dar ordens para recolher o material supostamente utilizado nos crimes, que estava guardado em uma casa no Bairro Monte Líbano, em Campo Grande. A esta altura, Marcelo Rios, apontado como gerente do grupo, e outros guardas municipais: Rafael Antunes Vieira e Robert Vitor Kopetski, já estavam mesmo sendo monitorados pela força-tarefa do Garras (Polícia Civil) e do Gaeco (Ministério Público). 

Foi assim que em 19 de maio de 2019, os policiais do Garras interceptaram um trabalho de “limpeza” de evidências. Naquele dia, Rios foi abordado pela primeira vez perto da casa de Jamil Name, com 39 pen-drives, mídias eletrônicas com várias informações utilizadas na investigação (inclusive o dossiê contra o produtor rural de Bonito). Mais tarde, os policiais encontraram, além do armamento pesado (fuzis e pistolas), um carro roubado escondido com uma lona preta, silenciadores, e até um instrumento de tortura (arreadores, aparelhos elétricos utilizados no embarque de bovinos). Foi o início da Operação Omertá (nome alusivo à máfia italiana) desencadeada na sexta-feira, 27 de setembro de 2019.

 

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Combate aos incêndios

Governo federal deve liberar R$ 550 milhões para o combate aos incêndios florestais

O valor será disponibilizado após a cobrança do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Flávio Dino, e tem como objetivo combater os incêndios florestais na Amazônia, no Cerrado e no Pantanal.

17/09/2024 18h00

Bombeiros e brigadistas na região da Serra do Amolar, no Pantanal de MS.

Bombeiros e brigadistas na região da Serra do Amolar, no Pantanal de MS. Foto: Governo de MS/Divulgação

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O governo federal deve divulgar, ainda nesta terça-feira (17), uma medida provisória de abertura de crédito extraordinário no valor de R$ 550 milhões para combater os incêndios florestais na Amazônia, no Cerrado e no Pantanal 

O país há meses enfrenta uma das piores secas já registradas. As chamas localizadas no Pantanal de Mato Grosso do Sul, na Amazônia, na região de Rondônia e na caatinga, próximo a Brasília, geraram alerta

O cenário piorou ainda mais, quando a Capital do país não chove há mais de 110 dias. 

Apesar das chuvas no Pantanal sul-mato-grossense, o solo continua seco e os incêndios devem permanecer por mais tempo. 

Por causa dessas preocupações, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva está reunido desde as primeiras horas desta terça-feira (17) com cúpulas e ministros de Estado para definir os próximos passos para enfrentar essa crise climática.

Ainda hoje, deverá ser anunciada uma autoridade climática que atuará como coordenador fiscal das medidas de enfrentamento das mudanças climáticas. A única dúvida é sobre a subordinação dessa pessoa.

Até o momento, as portas do Palácio do Planalto continuam fechadas, sem nenhum pronunciamento sobre as medidas. Isso porque o desafio de combater os incêndios pode impactar as contas da Casa Civil e do Ministério do Planejamento e Orçamento.

O recurso de R$ 550 milhões poderá ser disponibilizado após a cobrança do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Flávio Dino, para que o Executivo tome ações mais efetivas. Dino autorizou, no domingo (16), o crédito extraordinário, que ficará fora do limite de gastos do governo federal.


Pantanal 

Após a queima de 1,76 milhão de hectares, o Ibama convocou a contratação de 145 novas brigadas para combater os incêndios florestais em quatro municípios pantaneiros de Mato Grosso do Sul. Até agora, o fogo já consumiu 1,76 milhão de hectares do bioma pantaneiro apenas em MS.

A autorização foi publicada no Diário Oficial da União, mas não existe data para que comecem a atuar. Com esses contratações, a estrutura do Ibama no Estado terá aumento de 100%, já que até agora o número de brigadistas é de 145. Eles foram contratados em maio.

A maior parte das contratações temporárias será em Porto Murtinho  e em Corumbá, com 44 contratações em cada município. Para Corumbá está prevista a contratação de dois chefes de brigada, seis chefes de esquadrão e 36 brigadistas para prevenção e combate aos incêndios. Estrutura parecida  está prevista para Porto Murtinho.

Conforme Diário Oficial  da União, serão duas duas equipes temporárias em Aquidauana e uma em Miranda. Cada uma terá 15 pessoas, sendo um chefe de brigada, dois chefes de esquadrão e  mais 12 brigadistas.


Além disso, o Ibama autorizou, ainda, que Mato Grosso do Sul contrate nove brigadistas de queima prescrita e três supervisores estaduais de brigada.

Por causa da frente fria, que trouxe chuva e frio no último sábado, os focos de incêndio foram extintos na região pantaneira. Mas como o volume de chuva foi baixo, de 6,8 milímetros em Corumbá, a tendência é de que os focos recomecem nos próximos dias. 

Para as próximas semanas não existe chuva nos radares dos institutos de meteorologia e a umidade do ar já está abaixo dos 30% em boa parte do bioma. Além disso, há previsão de fortes ventanias. Estes cenários facilitam a propagação do fogo.

Em maio, quando da primeira contratação, a remuneração variava de R$ 1.320,00 (brigadista) a R$ 5,28 mil (supervisor estadual). O período máximo do contrato foi de seis meses e os condidatos deviam ter entre 18 e 59 anos. 

 

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ACUSOU RÉU

Mãe de suposta vítima dos Name é presa após interromper julgamento

Mulher interrompeu depoimento do ex-guarda municipal Marcelo Rios, o chamando de mentiroso e acusando de atirar em seu filho; Ela foi presa por perturbação da ordem

17/09/2024 17h42

Terezinha interrompeu júri para acusar Marcelo Rios pelo assassinato de seu filho

Terezinha interrompeu júri para acusar Marcelo Rios pelo assassinato de seu filho Foto: Gerson Oliveira / Correio do Estado

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Terezinha Brandão Reis, mãe do guarda municipal Fred Brandão Reis, 38 anos, morto em 2019 e que teve o caso arquivado, foi detida e encaminhada à Delegacia de Polícia após interromper o depoimento do ex-guarda municipal Marcelo Rios, em processo sobre a morte do empresário Marcel Colombo, conhecido como Playboy da Mansão, na tarde desta terça-feira (17), em Campo Grande.

A mulher faz parte de um grupo de pais que alegam que os filhos foram assassinados pela milícia comandanda pela família Name.

No caso do filho dela, Fred foi encontrado morto com um tiro na boca em abril de 2019. Inicialmente o caso foi investigado como suicídio, mas depois passou a ser investigado pela força-tarefa da operação Omertà, pois houve informações de que a vítima tinha ligações com a mílicia, além de laudos apontarem que não havia resíduos nas mãos do guarda, o que indica que ele não atirou contra si. 

No entanto, por falta de provas, o caso foi arquivado.

Durante o depoimento do ex-guarda municipal, ele falava sobre o que o motivou a escrever um bilhete e entregá-lo a um advogado, afirmando ter sido agredido, quando a mulher, que estava acompanhando o júri no local, levantou e passou a proferir acusações contra o guarda.

"Larga de ser mentiroso Marcelo, você matou meu filho, você deu um tiro na boca do meu filho", disse a mulher, xingando o réu.

De imediato, o juiz determinou que ela fosse retirada da sala e que o interrogatório seguisse. 

A defesa de Marcelo Rios pediu a anulação do julgamento, alegando que a ação da mulher poderia influenciar na imparcialidade e na decisão dos jurados. O pedido foi indeferido.

O juiz da 2ª Vara do Tribunal do Júri, Aluizio Pereira dos Santos, explicou que a mulher "interviu de forma sorreteira", e que a polícia já estava monitorando-a, por não ser a primeira vez que ela faz interferências.

"Ela foi encaminhada para a delegacia, fazer um BO [boletim de ocorrência] pela perturbação da ordem dos trabalhos", disse o magistrado.

O juiz esclareceu ainda que Terezinha não tem nenhum tipo de relação com o caso em julgamento.

"Ela não é familiar da vítima, não é nada, não está representando ninguém da vítima, no caso, do Marcel Colombo, e por conta do destempero dela, obviamente será apurada a responsabilidade", acrescentou, retomando os depoimentos.

Júri

Começou na segunda-feira (16) o julgamento de Jamil Name Filho e outros acusados de envolvimento no assassinato de Marcel Hernandes Colombo, morto em um bar situado na Avenida Fernando Correa da Costa, em 2018.

Ele e mais dois amigos estavam sentados à mesa na cachaçaria, quando por volta da 0h, um suspeito chegou ao local de moto, estacionou atrás do carro da vítima e, ainda usando capacete, se aproximou pelas costas e atirou.  

A vítima morreu no local e um jovem de 18 anos foi atingido no joelho.

A motivação do crime, conforme o processo, seria vingança por um desentendido anterior da vítima e Jamilzinho em uma boate, em Campo Grande, quando Marcel deu um soco no nariz de Name Filho. Ele já prestou depoimento, por meio de videoconferência, pois se encontra preso em Mossoró (RN) e confirmou o desentendimento, mas negou participação no crime.

José Moreira Freires, Marcelo Rios e o policial federal Everaldo Monteiro de Assis foram são acusados de serem os intermediários, encarregados de levantar informações sobre a vítima, e Juanil Miranda foi o executor.

O ex-guarda Rafael Antunes Vieira não teve participação no homicídio, mas foi o responsável por ocultar a arma usada no crime.

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