Cidades

Improbidade administrativa

Justiça absolve réus em ação de R$ 2 milhões por mortandade de peixes no Aquário do Pantanal

A sentença aponta falta de provas de má-fé de servidores públicos e, por consequência, afasta também a responsabilidade dos particulares envolvidos no projeto de captura dos peixes

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O juiz Ariovaldo Nantes Corrêa, da 1ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos de Campo Grande, julgou improcedente Ação Civil Pública movida pelo Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) que pedia a condenação de sete pessoas e uma empresa por improbidade administrativa, devido ao prejuízo de mais de R$ 2 milhões causado pela morte de milhares de peixes e pelo fracasso do projeto de captura e quarentena para o Aquário do Pantanal.

A morte dos milhares de peixes e o período de quarentena levou mais de sete anos, período em que a obra do Aquário do Pantanal, renomeado Bioparque do Pantanal após a inauguração, ficou paralisado, entre 2015 e 2022. 

Foram absolvidos os ex-gestores públicos Carlos Alberto Negreiros Said de Menezes (ex-diretor do IMASUL) e João Onofre Pereira Pinto (ex-coordenador do programa BIOTA), além do ex-presidente da FUNDECT, Marcelo Augusto Santos Turine. Como consequência, a empresa Anambi - Análise Ambiental e seus sócios, Geraldo Augusto da Silva e Thiago Farias Duarte, bem como o consultor José Sabino, também foram inocentados na esfera cível de improbidade.

Caso

A ação, ajuizada em 2016, era um dos principais desdobramentos judiciais da conturbada história do Aquário do Pantanal, hoje batizado como Bioparque Pantanal, para evitar o desgaste. 

O MPMS alegou que um esquema fraudulento foi montado para direcionar um contrato de R$ 5,1 milhões à empresa Anambi, que não possuía a capacidade técnica necessária para a complexa tarefa de capturar, aclimatar e manter vivos os peixes que povoariam o aquário.

As principais acusações incluíam que a contratação foi disfarçada de “projeto de pesquisa” para evitar uma licitação pública, favorecendo a Anambi.

Período em que peixes foram mantidos em tanques foi investigadoPeríodo em que os peixes foram mantidos em tanques foi investigado/Arquivo

Segundo o MP, a escolha da empresa teria sido influenciada pela amizade entre um dos sócios, Geraldo Augusto da Silva, e o então gestor público João Onofre Pereira Pinto.

A investigação apontou que mais de 6.212 peixes morreram durante o processo por falhas no transporte, adaptação, infecções e até predação por piranhas mantidas nos mesmos tanques. O prejuízo direto foi calculado em R$ 2.086.620,97.

O consultor José Sabino teria recebido R$ 70 mil para ministrar 20 horas de aula, em um serviço que, segundo o MP, serviu para viabilizar gastos ilegais.

Falta de prova e efeito dominó

Na sentença, o juiz Ariovaldo Nantes Corrêa desmontou as acusações sob a ótica da nova Lei de Improbidade Administrativa, que exige a comprovação de dolo (intenção clara e consciente de cometer a irregularidade) para a condenação.

O magistrado concluiu que não havia provas suficientes de que Carlos Alberto “Carlito” Menezes e João Onofre Pereira Pinto agiram com má-fé ou com a intenção de lesar o erário. A decisão reconhece que o projeto era “inovador” e complexo, o que justificaria um modelo de contratação diferenciado, amparado pela Lei de Inovação.

“Inexistindo prova substancial de má-fé dos requeridos Carlos Alberto Negreiros Said Menezes e João Onofre Pereira Pinto (...), ausentes um dos requisitos para a configuração de ato de improbidade administrativa”, destacou o juiz na sentença.

Uma vez que os servidores públicos foram absolvidos por falta de prova de dolo, a Justiça aplicou um entendimento consolidado do Superior Tribunal de Justiça (STJ): particulares não podem ser condenados por improbidade de forma isolada.

A lei exige que eles tenham agido em conluio com um agente público que também cometeu o ato ímprobo. Se o agente público é inocentado, a acusação contra os particulares perde sua base legal.

“Não há como condenar os particulares pela prática do ato ímprobo, haja vista que não podem figurar sozinhos no polo passivo sem a responsabilização de um agente público”, explicou o magistrado, extinguindo a ação contra todos os réus.

Defesa

A defesa dos réus explorou as brechas na acusação e as mudanças na legislação. Os advogados argumentaram que o projeto era de pesquisa e inovação, o que permitia a dispensa de licitação tradicional.

Sustentaram também que não houve direcionamento, que a empresa Anambi possuía a qualificação necessária e que as falhas técnicas e a morte dos peixes decorreram da natureza “inusitada e imprevisível” de um projeto pioneiro, e não de um ato intencional para causar prejuízo.
A decisão ainda é passível de recurso por parte do Ministério Público.

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INVESTIGAÇÃO

Conselho de Saúde aciona TCE-MS para investigar plantões fakes nas UPAs

Caso as irregularidades sejam confirmadas, o impacto financeiro pode alcançar o valor aproximado de R$ 2 milhões por mês.

15/12/2025 17h45

UPA Universitário

UPA Universitário Marcelo Victor / Correio do Estado

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O Conselho Municipal de Saúde (CMS) de Campo Grande acionou o Tribunal de Contas de Mato Grosso do Sul (TCE/MS), por meio de uma representação, para apurar supostas irregularidades no pagamento de plantões médicos na Secretaria Municipal de Saúde (SESAU).

Através do documento, o qual a reportagem do Correio do Estado teve acesso, estima que, caso as irregularidades sejam confirmadas, o impacto financeiro possa alcançar o valor aproximado de R$ 2 milhões por mês. Uma denúncia anônima recebida pelo CMS, em meio às investigações das irregularidades, aponta que as fraudes ocorrem desde 2020.

A mesa diretora requer:

a) O recebimento da presente representação;
b) A instauração de procedimento de fiscalização e auditoria pelo TCE/MS;
c) A apuração da regularidade dos pagamentos de plantões realizados pela SESAU aos profissionais;
d) A análise retroativa dos pagamentos, inclusive a partir do exercício de 2020, conforme narrado na denúncia anônima;
e) A adoção das medidas corretivas e sancionatórias cabíveis, caso confirmadas irregularidades.

Denúncias

Em junho deste ano, veículos de notícias já abordavam sobre a possibilidade de haver uma "máfia dos plantões fake em Campo Grande", o que contribuiu para a ampliação da apuração conduzida pelo Conselho de Saúde.

A denúncia inicial aponta que médicos na função de diretor técnico em unidades de urgência e emergência estariam recebendo, mensalmente, o quantitativo de 14 plantões, sem a necessidade de cumprimento efetivo dessas escalas, limitando-se, em tese, à assinatura dos respectivos registros, como forma de complementação remuneratória e compensação financeira pelo exercício do cargo.

No documento também mostra que o Conselho recebeu uma segunda denúncia, posteriormente, no e-mail do órgão, onde citava nomes de outros profissionais, médicos e enfermeiros, com atuação em funções de gestão, lotados na Sesau.  Além disso, relata que as práticas irregulares estariam ocorrendo de forma continuada desde o ano de 2020.

Ofícios ignorados

A mesa diretora do Conselho passou a adotar providências formais, expedindo sucessivos ofícios à Sesau, solicitando esclarecimentos objetivos e documentação comprobatória acerca dos critérios de controle de frequência, fiscalização do efetivo cumprimento dos plantões e regularidade dos pagamentos realizados.

"Em resposta às solicitações deste Conselho, a Sesau encaminhou manifestações de caráter genérico, limitando-se a informar que os esclarecimentos constariam em manifestação da área técnica, sem apresentar documentos individualizados, registros de frequência, relatórios de auditoria interna ou comprovação objetiva do efetivo exercício dos plantões pagos, não sendo suficientes, até o momento, para afastar os indícios de irregularidades apontados", diz a representação do Conselho.

Após as respostas iniciais encaminhadas pela Sesau, esta deixou de apresentar novas manifestações aos reiterados ofícios expedidos pelo Conselho Municipal de Saúde.

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Cidades

Rachid Neder é interditada para obra no cruzamento com a rua Arthur Jorge

Rotatória ganhará semáforos para maior segurança no trânsito

15/12/2025 17h30

Divulgação

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A partir desta terça-feira (16), a rotatória do cruzamento da Av. Rachid Neder com a Rua Arthur Jorge, ficará temporariamente interditada para uma obra de adequação e reorganização do fluxo viário. 

A intervenção tem como principal objetivo reforçar a segurança viária e melhorar a fluidez do tráfego em um dos pontos mais importantes de interligação entre a região Central e a região do Segredo.

Segundo a Agência Municipal de Trânsito (Agetran), o cruzamento registra grande volume de veículos ao longo do dia, sendo utilizado diariamente por moradores, trabalhadores e condutores que se deslocam entre diferentes regiões da cidade.

Para melhorar o trânsito da região, estudos técnicos apontaram a necessidade de adequações na rotatória, visando organizar melhor os fluxos, reduzir conflitos de tráfego e proporcionar deslocamentos mais seguros e eficientes.

O projeto também prevê a instalação de semáforos no local, como medida complementar para reforçar a segurança viária e melhorar ainda mais a mobilidade e a fluidez do tráfego.

Equipes da Agetran atuarão com sinalização viária adequada e orientação aos condutores durante todo o período de interdição, para minimizar transtornos e garantir a segurança de todos os usuários da via.

A Agência pede que os motoristas redobrem a atenção ao trafegar pela região, respeitem a sinalização provisória e, se possível, utilizem rotas alternativas.

Não foi informado prazo para término das obras e fim da interdição.

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