Cidades

SEPARAÇÃO DO LIXO

Justiça manda prefeitura pagar R$ 105,3 milhões à Solurb por erro da gestão Bernal

Valor é referente aos gastos que a concessionária teve com a área de transição, que foi construída quando lixão fechou

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A Prefeitura de Campo Grande terá que pagar R$ 105,3 milhões para a concessionária CG Solurb, por conta de uma manobra feita durante a gestão do ex-prefeito Alcides Bernal (sem partido) que obrigou a empresa a construir uma área de transição após o fechamento do lixão.

A decisão, proferida no fim de outubro pelo juiz Claudio Müller Pareja, da 2ª Vara de Fazenda Pública e de Registros Públicos, determina que o município pague, em 30 dias, o valor à concessionária, ou seja, o Executivo tem até o fim deste mês para fazer o pagamento.

De acordo com o processo, que foi ingressado inicialmente no Tribunal Arbitral, a concessionária cobrou valores que foram gastos por ela com a criação e a manutenção da área de transição, espaço que ficou em operação entre janeiro de 2013 e fevereiro de 2016.

O espaço foi aberto após o fechamento do Aterro Dom Antônio Barbosa (DAB) I, conhecido como lixão, que ocorreu em dezembro de 2012.
Quando o local foi fechado por determinação da prefeitura, na época sob o comando de Bernal, os catadores de recicláveis que lá atuavam procuraram a Defensoria Pública do Estado de Mato Grosso do Sul para seguir trabalhando.

Com isso, decisão judicial garantiu a entrada dos catadores, entretanto, o acordo previa que os trabalhadores não poderiam mais acessar a área em que estava a montanha de lixo. Para isso, foi criado um espaço ao lado, onde havia a obrigatoriedade de banheiros químicos, água e espaço coberto para descanso.

Segundo a concessionária, todas essas medidas foram impostas para a prefeitura, mas quem foi obrigado a custear foi a Solurb.

“Ocorre que tais serviços oneraram severamente a empresa, que protocolou requerimento para que houvesse a anuência para a emissão de NF [nota fiscal] visando a quitação dos serviços que vinham sendo prestados, o que inaugurou o Processo Administrativo nº 64972/2015-64. Esse serviço não fez parte da PPP [parceria público-privada], contrato nº 332, de 2012, e nasceu por força de decisão judicial”, cita a empresa no processo.

Ainda conforme a concessionária, um dos fatores que levaram à prefeitura a ter de abrir essa área de transição foi o fato de a Usina de Triagem de Resíduos (UTR) não estar com as obras concluídas. O local foi feito para que os catadores de recicláveis que atuavam no lixão continuassem a atividade de separar os materiais recicláveis.

“Destaca-se também que o fato de a UTR não ter sido concluída ao mesmo tempo que entrou em operação o Aterro DAB II, com o encerramento do lixão na Capital, não impõe qualquer responsabilidade à CG Solurb, já que essa obra não tinha qualquer relação com a PPP. Esses são os contornos de fato que levaram a CG Solurb a prestar um serviço não contratado inicialmente e não previsto na PPP, em favor do município, sem qualquer remuneração”, continuou a empresa.

REEQUILÍBRIO

Por conta desse valor, a concessionária tentou, desde agosto de 2014, reaver os valores investidos na área de transição com a prefeitura, porém, segundo os documentos, o valor não foi repassado.

“Apenas em 30/7/2015, quase um ano após o primeiro ofício, foi aberto pela Agereg [Agência Municipal de Regulação dos Serviços Públicos] o processo fiscalizatório 64927/2015-64 para apurar a quitação dos custos referente à área de transição”, descreve a empresa no processo.

“Em 11 de novembro de 2016, a Agência Reguladora determinou que a CG Solurb contratasse, às suas expensas, perícia técnica para a realização dos levantamentos e estudos necessários que embasariam a decisão da Agereg quanto ao direito pleiteado, que indicaria três empresas especializadas para a contratação”, diz a empresa.

Mesmo com a perícia feita e apontando a necessidade de que houvesse valores a serem pagos, a gestão Bernal/Olarte, que terminou em 2016, não efetuou nenhum pagamento.

Com a demora pela solução administrativa, a concessionária recorreu ao Tribunal Arbitral para solicitar o ressarcimento da área de transição. Durante todo esse processo, o valor que começou com R$ 37.394.993,30 passou por diversas correções até chegar aos R$ 105,3 milhões atuais.

“Em razão disso, notadamente em função do parecer técnico da própria Agência Reguladora, decidiu a concessionária recorrer à arbitragem, conforme previsão contratual, a fim de ter uma resposta em definitivo acerca desse conflito que se arrasta por longos anos”, relatou a Solurb.

Em dezembro do ano passado, o Tribunal Arbitral deu sua sentença final e determinou que o município pagasse o valor de R$ 105.332.911,34, além de adotar “providências cabíveis para reequilibrar a equação econômico-financeira do Contrato 332/2012 no prazo de 30 dias úteis”.

Porém, como o Executivo municipal não repassou o valor, em agosto deste ano, a concessionária procurou a Justiça para confirmar a decisão proferida há quase um ano, o que foi feito.
 

Saiba

No processo, a Prefeitura de Campo Grande contesta o valor e diz que ele foi “elaborado com base em estimativas”, além de ir contra os reajustes.

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GOLPE

Polícia prende quadrilha que aplicava golpes de investimentos em MS

Quadrilha se passava por uma rede de investimentos da bolsa de valores de Nova Iorque; Golpes foram aplicados em 12 Estados da Federação

08/11/2024 10h20

Golpistas desviram R$ 8 milhões depositados em 150 contas bancárias espalhadas pelo Brasil

Golpistas desviram R$ 8 milhões depositados em 150 contas bancárias espalhadas pelo Brasil Divulgação: PCSc

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Na mira de uma organização criminosa que aplicava fraudes financeiras de alto valor, a Polícia Civil de Santa Catarina, em uma ação conjunta com as polícias de outros 12 estados, desmantelou nesta quinta-feira (07) uma sofisticada organização criminosa que aplicava golpes milionários em todo o Brasil.

A quadrilha, com base fachada em São Paulo, atraía investidores com a promessa de altos lucros na Bolsa de Valores de Nova Iorque, mas desviava o dinheiro para contas de diversos "laranjas" espalhados pelo país, na tentativa de dificultar o rastreamento dos valores. Em um dos casos, uma única vítima perdeu mais de R$ 10 milhões

Segundo a investigação, o principal suspeito de encabeçar a empresa, que mora em Caruaru (PE) e desviou cerca R$ 8 milhões para dois comparsas que atuavam na divisão do dinheiro entre outros 150 golpistas no país.  Os vários "conteiros" espalhados, funcionam como uma tentativa de dificultar o rastreamento do dinheiro. 
 

Golpes foram aplicados em 12 Estados

A partir da ação coordenada por meio da  Delegacia de Defraudações (DD/ DEIC), com apoio da Polícia Civil de Pernambuco, Paraíba, Bahia, São Paulo, Rio de Janeiro, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte, Goiás, Distrito Federal e Paraná, foram emitidos 74 mandados de busca e apreensão em 12 estados da Federação, sendo 34 cumpridos em Pernambuco, bloqueio de R$ 10.824.268,08 e sequestro de veículos, entre outras medidas cautelares para recuperar os valores transferidos pela vítima.

Durante a operação, foram apreendidos aparelhos eletrônicos, que serão posteriormente analisados para a identificação dos demais envolvidos e vítimas. Além disso, diversos outros veículos também foram confiscados. 

Bolsa de Valores de Nova Iorque

A Bolsa de Valores de Nova York (NYSE), um dos mais antigos e importantes mercados financeiros do mundo, continua a ser um termômetro da economia global. Localizada no coração de Wall Street, a NYSE reúne as maiores empresas do planeta, desde gigantes da tecnologia até tradicionais indústrias. Suas oscilações, influenciadas por fatores como resultados corporativos, políticas monetárias e geopolítica, reverberam em outras bolsas ao redor do globo.

 

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QUESTIONAMENTOS

TCE oferta de graça curso que prefeitura pagou R$ 1,5 mi, diz vereador

Parlamentar professor André Luis apontou que capacitação buscada pelo Executivo está disponível tanto através do Tribunal de Contas de MS quanto pela plataforma Gov.BR

08/11/2024 09h54

Vereador inclusive abriu discurso questionando se há 300 servidores que trabalham com licitação em Campo Grande

Vereador inclusive abriu discurso questionando se há 300 servidores que trabalham com licitação em Campo Grande Reprodução/Camara CG

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Ainda durante a 68ª Sessão Ordinária da Câmara Municipal de Campo Grande, o gasto de R$ 1,5 milhão do Executivo da Capital para inscrever 300 servidores para curso de compras públicas, foi questionado durante palavra livre, apontando que a dita capacitação é ofertada gratuitamente pelo Tribunal de Contas do Estado. 

Conforme o então vereador, professor André Luis (PRD), durante fala na sessão de ontem (07) na Casa de Leis, duas principais preocupações rondam esse tema, sendo o gasto exorbitante por algo gratuito apenas um dos pontos levantados.     

Com 4 coffee breaks e show do Nando Reis na abertura, a inscrição de 300 servidores no 6º Seminário Nacional de Compras Públicas (Senacop 2024) em Campo Grade, custou R$1.559.700,00 ao Executivo Municipal - como publicado pelo Correio do Estado, na data da publicação no Diogrande.

Realizado entre os dias 12 e 14 deste mês, o vereador bem esclarece que as ditas 25 horas-aula desse curso, pelos referidos valores, é de R$ 204,00 a hora, capacitação essa que segundo André Luis poderia ter saído gratuitamente através do Tribunal de Contas do Mato Grosso do Sul ou da plataforma GOV.BR. 

Ele cita, por exemplo, que o TCE traz os cursos: 

  • De capacitação de gestores e servidores públicos; e 
  • Apresentação plano de contratação anual para inovação trazida pela lei das licitações

"Está sendo oferecido para 300 servidores na área de licitação. Primeira dúvida que a gente tem é se há 300 servidores que trabalham com licitação em Campo Grande. Estamos oficiando ao município, pedindo a lista dos que vão fazer esse curso para a gente acompanhar se efetivamente eles fizeram e foram matriculados", conclui o vereador. 

Gasto de R$ 1,5 milhão

Como já abordado anteriormente, o evento deve acontecer  no Centro de Convenções Arquiteto Rubens Gil de Camillo, que tem capacidade para mais de 1,5 mil pessoas, com  show de Nando Reis marcado para a abertura do dia 12. 

Gasto feito sem licitação, para a chamada "inexigibilidade" a Prefeitura aponta para artigo 74 da lei que alega "inviabilidade de competição", dizendo que não é possível estabelecer comparação e julgamento de propostas. 

"Uma vez que a execução do objeto pretendido, de modo a atender plenamente a demanda da Administração, pressupõe o emprego de atributos e qualificações subjetivas, inviabilizando a realização de licitação para contratação do objeto em questão", cita o município em termo de referência. 

Por servidor o investimento singular pé de mais de R$ 5 mil (que é multiplicado por 300), sendo que essas inscrições preveem: 

  • 04 coffee breaks, 
  • Pasta, 
  • Caneta, 
  • Bloco de anotações, 
  • Mochila, 
  • Apostila e 
  • Certificado de participação.

Para a Prefeitura "não é possível comparar os preços de serviços singulares", o que justificaria a falta de cotação de preços junto a potenciais prestadores, desconsiderando as opções citadas, por exemplo, pelo vereador.

"A ATREA PREMUIM está ofertando as inscrições para participação no Seminário Nacional de Compras Públicas - SENACOP 2024 constante na proposta com valores similares para este órgão do que os preços que ela própria prática no mercado, conforme comprovação através da nota fiscal", diz o município.

Considerado o "maior e melhor" evento de compras públicas do País, vale ressaltar que até o fim de maio o Senacop trabalhava ainda com valores de primeiro lote, o que daria uma economia aproximada de R$ 210 mil em inscrição. 

Isso porque, o valor de segundo lote pago pela Prefeitura de Campo Grande, válido a partir de 15 de julho até 04 de novembro, foi R$ 700 reais mais caro por unidade. 

Cabe lembrar que a mesma empresa que agora recebe R$ 1,5 milhão, a Atrea, firmou ainda em abril deste ano um contrato com o município, para ministrar o curso "In Company" personalizado sobre a Nova Lei de Licitações e Contratos (Lei n. 14.133/2021), ao custo de R$ 232.990,00.

À época, esse curso seria para atender turma de 50 participantes, prevendo carga horária total de 90 horas-aulas mais outros três meses corridos de atendimento virtual, que serviriam para sanar qualquer dúvida. 

 

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