Fortes chuvas registradas na segunda-feira (04) elevaram o nível d'água do Lago do Amor, entretanto, se antes era comum esperar um transbordamento por cima da Sen. Filinto Müler, quem passou na avenida na manhã de hoje (05) viu um cenário bem diferente e um lago quase seco.
Com quase 84 mm de chuva acumulada na Capital nas últimas 24h - segundo informativo do Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima de Mato Grosso do Sul (Cemtec) -, o Lago praticamente atingiu sua capacidade, sendo necessária abertura do sistema de comportas.
Conforme equipe que trabalhava no local, a comporta foi aberta nos primeiros horários da manhã, antes mesmo das 06h30, e o resultado extremamente rápido e eficaz surpreendeu quem passava pela região e viu a água cerca de 60 centímetros abaixo da boca do tradicional vertedouro, em forma de tulipa, do Lago do Amor.

Vale ressaltar que, o sistema de abertura de comportas é manual, ou seja, sempre que for necessário abaixar o nível de água do Lago para evitar um transbordamento, um funcionário precisa acionar presencialmente o volante que libera a vazão.
Mesmo com o baixo nível, as informações repassadas pela equipe da CCO no canteiro indicam que o "problema" se resolve antes mesmo do meio-dia.
Engenheiro ambiental de formação, e doutor em recursos hídricos pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Glauber Altrão Carvalho explica os possíveis danos que podem ser causados caso essa vazão de saída não seja controlado.
Segundo o engenheiro, toda vez que houver um grande volume de chuva, haverá, sim, um aumento de nível do lago que, segundo o Dr. Glauber, já está assoreado e não consegue fazer o amortecimento dessa cheia.
"E aí a vazão de saída neste caso será grande. As consequências são problemas em toda a parte do canal do córrego, perda de margem; carregamento de sedimentos e até mesmo alagamento, dependendo se tem moradias próximas do canal do córrego", esclarece.
Assustou quem viu
Sideney Ivanes, de 63 anos, foi um desses moradores que se assustou com a situação do Lago do Amor. Natural de Porto Murtinho e morando na região há pelo menos três décadas, ele conta que essa foi a primeira vez que viu o ponto turístico em tal situação, quase "seco".
"Chega a me arrepiar tudo, eu perdi minha irmã, esses dias, estava passando aqui todo dia. Nunca vi isso seco assim não, normalmente ele está transbordando o 'ladrão', nunca secou assim. Isso aqui era para estar cheio", comenta ele, que passava pela Lago na manhã desta terça.
Outro morador da região que se assustou com a situação foi Edmundo de Carvalho, de 56 anos. Saudosista, ele lembra da "era de ouro" do Lago do Amor e questiona o motivo de não dragarem o lago para resolver o problema de assoreamento.
"Ela [a água] cobria os dois vertedouros, olha o tanto que abaixou. Conheço esse Lago do Amor e até onde hoje tem mato, era água. Era imenso, tinha quem andava de jet-esqui aí dentro, dava para pescar. Foi assoreando, e se não cuidar vai acabar. Se depender, dá para atravessar andando... é muito ruim", completa.
Obras seguem
Cabe lembrar que, passado um mês após a entrega da obra do Lago do Amor, um trecho da nova calçada da Av. Senador Filinto Müler cedeu, ainda em 27 de outubro. Diante disso, uma vistoria foi feita para determinar o motivo do solapamento.
Como já noticiado pelo Correio do Estado, houve um vazamento no tubo que se conecta próximo à comporta do vertedouro. Impermeabilizado, agora a equipe precisou inclusive mudar o tipo de aterro usado no local, já que a terra vermelha torna-se barrosa com o tempo chuvoso e impossibilita o serviço.
Agora, essa última etapa é feita também com ferragens, além da areia branca e água para o chamado "aterro hidráulico", o que deve permitir que a equipe finalize os serviços mesmo diante da temporada de chuva que se aproxima.








