Na última semana, a empresa Ceva Saúde Animal anunciou o recolhimento de oito lotes da Leish-Tec, a única vacina existente contra a leishmaniose visceral canina, após identificar teor de proteína A2 abaixo do mínimo exigido, o que representa uma alteração na composição da vacina.
O problema nos lotes foi identificado durante uma fiscalização dentro da própria fábrica. Por segurança, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) determinou a suspensão preventiva da fabricação e da venda do imunizante até que as análises sejam concluídas e novos lotes dentro do padrão de qualidade voltem a ser produzidos.
Segundo o médico veterinário Antônio Abreu, a falta da vacina, além de reduzir a prevenção da doença, vai impactar diretamente no tratamento dos animais que já estão infectados, já que o imunizante também é utilizado no tratamento.
"O tratamento acredito que seja o mais prejudicado pela suspensão da vacina", afirmou. "A vacina é uma proteção, e a gente vê várias doenças sendo controladas com a vacinação. Então (a suspensão) tem um impacto de média a grande proporção", explicou.
Na imunoprevenção é utilizada a primeira dose e mais dois reforços, ou seja, são realizadas três aplicações no intervalo de 21 dias, e no tratamento são realizadas três aplicações de doses duplas, também com intervalo de 21 dias.
"A dose dupla retarda e ajuda bastante no tratamento dos estágios 1 e 2 da leishmaniose", acrescentou.
Ainda não existe comprovação de cura da leishmaniose visceral canina e, até 2018, a recomendação era que os tutores sacrificassem seus pets infectados para evitar que a doença se propagasse. Em 2018, um novo medicamento possibilitou o tratamento dos animais para a redução no número de parasitas presentes no organismo do animal e para aliviar os sintomas.
A qualidade de vida do pet pode melhorar, mas ele vai precisar receber o tratamento para o resto da vida.
Agora, sem a vacina, o ideal é que os tutores redobrem a atenção em relação a medidas preventivas, como o uso da coleira e o controle do mosquito responsável pela transmissão da leishmaniose.
"A gente vai ter que substituir a proteção por outras ferramentas, como o controle do mosquito, coleira, reforçar os controles... Na verdade todos são conjuntos", destacou Antônio Abreu.
Hoje a aplicação custa em torno de R$ 190. Na imunoprevenção é utilizada a primeira dose e mais dois reforços, então são três aplicações no intervalo de 21 dias, e no tratamento são realizadas três aplicações de doses duplas, também com intervalo de 21 dias
Saiba: de acordo com o Mapa, a empresa fabricante já iniciou o recolhimento dos lotes em questão, que são: 29, 37 43, 44 e 60, de 2022; e os lotes 004, 006 e 17 de 2023.
Leishmaniose
A Leishmaniose Visceral (LV) é uma doença causada por um protozoário da espécie Leishmania chagasi. Ela é uma zoonose de evolução crônica, que se não tratada pode levar a óbito em até 90% dos casos.
A doença é transmitida ao homem pela picada de fêmeas do inseto infectado, conhecido popularmente como mosquito palha, asa-dura, tatuquiras, birigui, dentre outros.
Sintomas
Em animais:
- Lesões cutâneas: feridas em volta dos lábios, orelhas, focinho
- Aumento excessivo das unhas
- Secreção ocular
- Emagrecimento
- Baixa imunidade, que pode resultar em infecções secundárias
- Sangramento do nariz
- Vômito
- Diarreia
- Transtornos no sistema renal, hepático e neurológico
Os sintomas da leishmaniose em humanos são:
- Febre constante
- Aumento do baço e fígado
- Indisposição
Prevenção
A prevenção da Leishmaniose Visceral ocorre por meio do combate ao inseto transmissor. É possível mantê-lo longe, especialmente com o apoio da população, no que diz respeito à higiene ambiental. Essa limpeza deve ser
feita por meio de:
- Limpeza periódica dos quintais, retirada da matéria orgânica em decomposição (folhas, frutos, fezes de animais e outros entulhos que favoreçam a umidade do solo, locais onde os mosquitos se desenvolvem);
- Destino adequado do lixo orgânico, a fim de impedir o desenvolvimento das larvas dos mosquitos;
- Limpeza dos abrigos de animais domésticos, além da manutenção de animais domésticos distantes do domicílio, especialmente durante a noite, a fim de reduzir a atração dos flebotomíneos para dentro do domicílio;
- Uso de inseticida (aplicado nas paredes de domicílios e abrigos de animais). No entanto, a indicação é apenas para as áreas com elevado número de casos, como municípios de transmissão intensa (média de casos humanos dos últimos 3 anos acima de 4,4), moderada (média de casos humanos dos últimos 3 anos acima de 2,4) ou em surto de leishmaniose visceral;
- Uso de Coleiras à base de Deltametrina a 4%, cães;
- Vacinação dos cães;
- Instalação de telas de proteção nas residências.


