Cidades

Saúde na conta

Médico influencer de MS superfatura tratamento para emagrecer, reclamam pacientes

Influenciador e médico, que já surfa na onda das canetas emagrecedoras, aplica margem de 400% em medicamento e de 6.000% em alguns tipos de soro; pacientes reclamam

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Entre a imagem de helicópteros, viagens e muita ‘pompa’, médico famoso nas redes sociais, de Campo Grande (MS), exibe transformações no corpo dos pacientes e, por consequência de seu trabalho, na própria conta bancária. 

Jhonatas Canela faz parte do corpo médico da Clínica Canela, localizada na Rua Joaquim Murtinho, em Campo Grande, e é referência em tratamentos para emagrecimento saudável, saúde da mulher, saúde hormonal e, principalmente, a terapia de injetáveis, conhecida como soroterapia, além das famosas canetas emagrecedoras. 

Canela coleciona um público de mais de 100 mil seguidores na rede social e, por lá, expõea vida luxuosa vivida através dos tratamentos e atendimentos a personagens influentes no estado, bem como sua relação próxima com famosos do país, como Neymar Pai e Rafaela Santos, que também teria sido paciente do médico. 

Em Campo Grande, criou algo como um clube dos carrões (ele tem um Porsche) e costuma promover passeios com os donos de supermáquinas. Em meio a tudo isso, coleciona reclamações de pacientes, sendo que muitos já recorreram à Justiça e ao Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso do Sul (CRM-MS). 

Mas ultimamente, tem sido alvo de pacientes que queixam-se dos altos valores cobrados.

Dr Canela com famosos do país

Queixa do preço

De acordo com ex-pacientes do médico, os valores exorbitantes dos tratamentos não condizem com a realidade do mercado, além do fato de que não são explicados possíveis efeitos colaterais ou reações adversas ao corpo. 

O Correio do Estado teve acesso às farmacêuticas fornecedoras de produtos para a clínica, mas não serão expostas.

A Tirzepatida, por exemplo, medicamento usado para tratamento de diabetes, mas que começou a ser injetada para tratamento de obesidade, é vendida à clínica pelo valor de R$2.300 o frasco.

Uma ex-paciente que não será exposta contou que, quando queria fazer o tratamento com o médico na Clínica, "quando é por dose, é mais caro e chegaram a me cobrar R$11.800 somente a dose, sem contar o restante dos procedimentos no tratamento". A margem de lucro somente com a venda do medicamento é de 413%. 

Outra farmacêutica, responsável pelo fornecimento dos soros para tratamentos injetáveis, se denomina em seu próprio site como a fornecedora oficial do jogador Neymar Júnior, o que poderia explicar a proximidade e amizade de Jhonatas com a família, que foi convidado ao Leilão do Neymar, no começo deste mês, por exemplo. 

Outro paciente, que preferiu não revelar seu nome para não sofrer represália, relatou ao Correio que Canela compra, com a referida farmacêuticados, as ampolas de  soros injetáveis em um valor "que varia de R$13 a R$18". O mesmo produto é vendido no tratamento por R$800 até R$1.300, tendo um lucro de mais de 6.000%. 

"Eu levei minha esposa em outro médico, em outra cidade. Os pacientes que estavam na clínica me reconheceram, também eram ex-pacientes do Canela. Todos reclamaram da mesma coisa, que mudaram de médico e de clínica por causa de valores abusivos", relata o ex-paciente

Em seu perfil na rede social, Jhonatas publicou recentemente um vídeo alertando os pacientes na compra da caneta emagrecedora Monjauro falsificada. No vídeo, ele afirma que “se não for essa caneta, é falsa!”, fazendo menção ao produto que é vendido exclusivamente em seu consultório. 

Vale ressaltar que, em sua receita, o médico deixa bem claro que as medicações devem ser compradas exclusivamente na clínica, já que “esses produtos manipulados não se encontram no mercado na forma de especialidades farmacêuticas e os que são vendidos como especialidades farmacêuticas se encontram em dificuldade de compra”, conforme a imagem abaixo. 

Receituário médico apresentado por ex-paciente

Processos

Ex-pacientes do Dr. Canela, como é conhecido nas redes sociais, afirmam que deixaram os tratamentos por causa dos valores abusivos. Uma das pacientes chegou a processar a clínica, alegando que Jhonatas não teria levado em conta os problemas psiquiátricos dela e seus agravantes no procedimento. 

No processo, a mulher conta que foi vendido a ela um implante hormonal para tratamento da obesidade, com a promessa de que também auxiliaria na questão psiquiatra. Em nenhum momento foi apresentado os possíveis efeitos colaterais, como a piora do estado depressivo e alterações no sistema hepático, apresentados pela paciente. 

Além disso, ela relatou que se sentiu "enganada" e ter consentido a aprovação do procedimento sem ter sido comunicada sobre os riscos das substâncias prescritas e vendidas por ele. 

"A informação prestada pelo médico deve ser clara, precisa e individualizada, não bastanto que o profissional de saúde informe, de maneira genérica, as eventuais repercussões no tratamento, o que comprometeria o consentimento informado do paciente, considerando a deficiência no dever de informação", segundo o processo. 

"Com fim exclusivamente comercial, o médico deixou de esclarecer os riscos das substâncias alertados pelas sociedades médicas brasileiras, bem como não informou que o implante não possuía bula e que não poderia ser utilizado para fins estéticos", continua. 

A mulher relata, ainda, que o modus operandi do médico é a prescrição de implantes a todos os pacientes da clínica para fins estéticos e comerciais, o que é vedado pelo CFM. 

Prontuário médico da paciente, onde é relatado o objetivo estético, de uso das substâncias vedado pelo CFM para tal fim

A mulher conta que, em pesquisa com outros médicos, a aplicação das substâncias componentes no implante hormonal para o tratamento de emagrecimento e ganho de massa magra é vedada pelo Conselho Federal de Medicina. 

Em resposta ao processo, o médico teria dito que as substâncias injetadas têm objetivo estético, além da prevenção de doenças, fatos que não têm respaldo ou evidência científica, de acordo com a sociedade médica. 

Além disso, o Correio do Estado apurou que existem outras denúncias e processos no nome de Jhonatas no Conselho Regional de Medicina e no Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul. 

Sem especialidade

Jhonatas Canela está inscrito no Conselho Nacional de Medicina, onde consta que não possui nenhuma especialidade médica registrada. Formado pela Universidade do Oeste Paulista, se formou em 2018 e, atualmente, é pós-graduando nas áreas que atua. 

No entanto, foi esclarecido ao Correio do Estado que o recomendado é que o médico seja especialista na área para prescrever e realizar tratamentos. A especialidade recomendada na aplicação de substâncias e tratamentos corporais é a endocrinologia, que atua diretamente nas condições de diabetes, obesidade e desequilíbrios hormonais. 

Jhonatas também se envolveu em polêmicas quando, em 2024, o Conselho Federal de Medicina se manifestou, em nota, sobre a decisão da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) de proibir a comercialização e uso de implantes de terapia hormonal manipulados em farmácias magistrais, conhecidos como "chip da beleza". 

Canela continua a promover o tratamento em suas redes sociais, com a justificativa de que são "implantes subcutâneos absorvíveis, hormonais e não hormonais na forma de pellets", conforme sua própria postagem. 

Além disso, Canela faz a aplicação de outros produtos desaconselhados para procedimentos estéticos, como o lipedema e a ocitocina. 

 

O Correio do Estado entrou em contato com Jhonatas e com a Clínica Canela para esclarecimentos das denúncias, mas até o fechamento da matéria, não recebeu nenhuma resposta. 


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CAMPO GRANDE

Bioparque Pantanal terá Papai Noel mergulhador em programação especial de Natal

Atração promete encantar visitantes de todas as idades

14/12/2025 18h00

Atração promete encantar visitantes de todas as idades

Atração promete encantar visitantes de todas as idades Divulgação/ Gov MS

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O Bioparque Pantanal preparou uma programação especial de Natal para receber o público em dezembro, com uma das atrações mais aguardadas do período: o Papai Noel Mergulhador.

A apresentação está marcada para as 10h dos dias 23 e 24 e promete surpreender famílias e visitantes ao unir magia, educação ambiental e o contato direto com a biodiversidade.

A ação, que já se tornou tradicional no calendário do atrativo, leva o personagem natalino para dentro dos tanques, reforçando de forma lúdica a importância da conservação ambiental e da relação harmoniosa entre o ser humano e a natureza.

Atenção nos horários!

No dia 24 de dezembro, o Bioparque Pantanal funcionará em horário especial, das 8h30 às 14h30, permitindo que o público aproveite a véspera de Natal com uma experiência diferente em um dos maiores complexos de água doce do mundo. O último horário de entrada será até 13h30.

Já nos dias 25 e 31 de dezembro, não haverá visitação. O empreendimento também permanecerá fechado entre 1º e 7 de janeiro de 2026, período destinado à realização de manutenções internas, voltadas à segurança dos visitantes e ao bem-estar dos animais. As atividades serão retomadas normalmente no dia 8 de janeiro.

Bioparque Pantanal

Inaugurado em março de 2022, o Bioparque Pantanal já recebeu mais de 1 milhão de visitantes e se consolidou como referência nacional em turismo científico, inclusivo, sustentável e contemplativo. O espaço é reconhecido pela estrutura moderna e pelo compromisso com a educação ambiental, acessibilidade e conservação da fauna.

A visita ao Bioparque Pantanal é gratuita, mas o agendamento é obrigatório e deve ser feito exclusivamente pelo site bioparquepantanal.ms.gov.br.

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MANIFESTAÇÃO

"Sem anistia", manifestantes protestam contra PL da Dosimetria em todo o Brasil

Atos ocorreram em diversas cidades e classificam projeto como anistia disfarçada aos envolvidos no 8 de Janeiro

14/12/2025 17h00

Os atos foram organizados pelas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo

Os atos foram organizados pelas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo Divulgação/ Agência Brasil

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Manifestantes de diversas cidades brasileiras foram às ruas neste domingo (14) em protesto contra a aprovação do chamado Projeto de Lei da Dosimetria, que altera o cálculo das penas aplicadas aos condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. Para os organizadores, o texto representa uma “anistia disfarçada” e abre caminho para beneficiar o ex-presidente Jair Bolsonaro e integrantes de seu governo.

Os atos foram organizados pelas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, que reuniram movimentos sociais, centrais sindicais, estudantes e partidos de esquerda. Pela manhã, manifestações ocorreram em capitais como Belo Horizonte, Campo Grande, Cuiabá, Maceió, Fortaleza, Salvador e Brasília.

Na capital federal, o protesto teve início em frente ao Museu da República e seguiu em direção ao Congresso Nacional. Durante o trajeto, manifestantes entoaram palavras de ordem e exibiram cartazes com frases como “Sem anistia para golpista” e críticas diretas ao presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB).

Campo Grande

Em resposta a aprovação por 291 a 148 votos na última quarta-feira (10), centenas de campo-grandenses liberais se encontraram na esquina da Rua 14 de Julho com a Avenida Afonso Pena para protestar contra a tentativa de Anistia das pessoas que foram condenadas pelo 8 de janeiro, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Além de apoiadores, a manifestação contou com a presença de algumas autoridades da esquerda de MS, como o deputado estadual Pedro Kemp (PT), que foi o primeiro político a chegar no local.

Em conversa com a reportagem, o parlamentar falou sobre o movimento desta manhã e a importância de dar uma rápida resposta ao PL da Dosimetria.

"Mais uma vez, a população dá um recado para a Câmara dos Deputados, que está votando na contramão de tudo aquilo que a população deseja, porque quem atentou contra a democracia, quem quebrou a série dos poderes em Brasília, quem tentou dar um golpe de estado no Brasil tem que ser condenado e pagar por esses crimes. Dar uma lição na história de que nós não aceitamos mais golpes no Brasil", disse o petista.

O ex-deputado estadual e agora candidato ao governo de Mato Grosso do Sul pelo Partido dos Trabalhadores, como oficializado neste sábado (13) pelo presidente do partido, Fábio Trad também compareceu ao protesto.

"É um momento muito importante, mas não só para a esquerda, para todos os democratas. Eu convido também a direita liberal que respeita a democracia, aquela direita dos anos 90 que respeitava a vontade das urnas, que não apoiava os Estados Unidos contra o próprio Brasil. Ela deveria estar aqui conosco, porque o que está em jogo aqui hoje não é só uma disputa partidária, é uma questão de civilização e barbárie", destaca.

Paulista ocupada

Em São Paulo, a Avenida Paulista foi ocupada por manifestantes concentrados nos quarteirões próximos ao Museu de Arte de São Paulo (Masp). O ato reuniu representantes de sindicatos, movimentos sociais, estudantis e partidos políticos contrários ao projeto.

Durante o protesto, o coro de “sem anistia” foi repetido diversas vezes. Cartazes com dizeres como “Congresso inimigo do povo” ganharam destaque, assim como críticas ao comando da Câmara. Parte dos participantes vestiu roupas verde e amarelas para reforçar a rejeição à anistia dos envolvidos nos atos golpistas.

A votação do PL na Câmara ocorreu em meio a um episódio de tensão, após a retirada forçada do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) da Mesa Diretora pela Polícia Legislativa. Jornalistas foram impedidos de acompanhar a ação, e profissionais da imprensa relataram agressões.

Parlamentares da oposição avaliam que, com as mudanças previstas no texto, Bolsonaro poderia ter a pena reduzida de 7 anos e 8 meses para cerca de 2 anos e 4 meses em regime fechado, conforme o cálculo atual da Vara de Execuções Penais.

Segundo Juliana Donato, da Frente Povo Sem Medo, a mobilização foi motivada pela gravidade da proposta. “Nós entendemos que isso é uma anistia. Os crimes cometidos contra a democracia são muito graves e não podem ser perdoados. A impunidade abre espaço para novas tentativas de golpe”, afirmou. Ela acredita que a pressão popular pode influenciar a tramitação do projeto no Senado.

Protestos no Rio

No Rio de Janeiro, milhares de pessoas ocuparam as ruas próximas ao Posto 5, em Copacabana. O ato contou com a participação de movimentos sociais, sindicatos, estudantes, parlamentares, artistas e militantes de esquerda.

A manifestação ganhou caráter cultural com a participação de artistas como Caetano Veloso e Gilberto Gil, que se apresentaram durante a tarde. O evento foi batizado de “Ato Musical 2: o retorno”, em referência a uma mobilização anterior contra a PEC da Blindagem.

Além do PL da Dosimetria, os participantes protestaram contra a escala de seis dias de trabalho por um de descanso, o marco temporal para demarcação de terras indígenas, o feminicídio e cobraram transparência em investigações envolvendo o Banco Master.

Uma performance realizada por um grupo de mulheres chamou atenção ao comparar parlamentares favoráveis ao projeto a “ratos traiçoeiros”, com a distribuição de animais de borracha e fotos de deputados que votaram pela redução das penas.

A aposentada Angela Tarnapolsky, de 72 anos, afirmou que não poderia se omitir diante do que considera retrocessos democráticos. “Depois de tudo o que vivi desde a ditadura, é impossível aceitar um Congresso com esse nível de retrocesso”, declarou.

O deputado Glauber Braga participou do ato e agradeceu o apoio popular. Com a suspensão de seu mandato por seis meses, ele afirmou que levará o gabinete “para as ruas” e seguirá mobilizado contra o PL da Dosimetria e contra as chamadas emendas Pix, que permitem repasses de recursos públicos sem detalhamento do uso.

O que prevê o projeto

O PL da Dosimetria estabelece que os crimes de tentativa de golpe de Estado e de abolição do Estado Democrático de Direito, quando cometidos no mesmo contexto, sejam punidos apenas com a pena mais grave, e não pela soma das penas. O texto também reduz o tempo necessário para a progressão de regime, do fechado para o semiaberto ou aberto.

A proposta pode beneficiar, além de Bolsonaro, militares e ex-integrantes do alto escalão do governo anterior, como Almir Garnier, Paulo Sérgio Nogueira, Walter Braga Netto e Augusto Heleno.

Parlamentares da oposição preveem, para o ex-presidente Jair Bolsonaro, que o total da redução pode levar ao cumprimento de 2 anos e 4 meses em regime fechado em vez dos 7 anos e 8 meses pelo cálculo atual da vara de execução penal, segundo a Agência Câmara de Notícias. Mas a definição dos novos prazos será do STF e pode ser influenciada pelo trabalho e estudo em regime domiciliar, que diminuem o período de prisão.

O texto original previa anistia a todos os envolvidos nos atos de 8 de janeiro e dos acusados dos quatro grupos relacionados à tentativa de golpe de Estado julgados pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Mas esse artigo foi retirado do projeto.

**Colaborou Felipe Machado**

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